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Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator Geyson Luiz destaque na série "Cangaço Novo" da Prime

"Me considero um artista nascido pelo movimento. A cultura popular é presente em minha trajetória".

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Com 26 anos e 20 de carreira, Geyson Luiz é Farmácia, um jovem anarquista que protagoniza a série "Lama dos Dias", que estreou sua segunda temporada no dia 24 de maio, no Canal Brasil. A produção, que teve a primeira parte lançada em 2019, resgata o início do movimento manguebeat e remonta a cena cultural de Recife dos anos 1990.

Também no elenco da primeira temporada da elogiada série "Cangaço Novo", na Prime Video, Geyson Luiz nasceu em Limoeiro, na zona da mata pernambucana, e começou a estudar interpretação na escola até ser chamado para integrar um grupo teatral local, a Cia. Lionarte.

"Eu era um intenso brincante do Cavalo marinho, ogã, dançava e cantava no terreiro que ficava no alto da serra. Fui criado no terreiro de mãe Carminha (avó) e frequentava de forma fluida os encontros de mestres em cortejos e comemorações tradicionais da minha cidade natal, Limoeiro - PE. Foi a insatisfação com o "mundo doente" que me motivou a reconhecer como ator, ter o ofício de comunicar ao povo, com poesia, com arte, aquilo que enxergo, ouço, sinto sobre o outro", explica o artista.

Aos 13 anos fugiu de casa e foi trabalhar num circo. Tempos depois, através do grupo de teatro, o artista teve oportunidade de fazer um intercâmbio em Minas Gerais MG, onde ficou por dois anos. Sem querer retornar à sua cidade natal, chegou a morar nas ruas mineiras até ser convidado para alegrar o público no circo do ator Marcos Frota e no Le Cirque.

Aos 16 anos, o artista retornou para o nordeste, se tornando estudante e monitor do Centro Cultural Piollin, ONG de João Pessoa voltada para o desenvolvimento infanto-juvenil por meio da arte, cultura e educação.

Com vários espetáculos no currículo e se graduando em licenciatura de teatro na UFPB, o pernambucano já atuou em diversos longas e curtas-metragens, como o curta "BOYZIN", que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no 16° Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro em 2021. 

Geyson é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela conta sua história inspiradora e também sua parceria com a arte e estreias.

Geyson Luiz é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Divulgação - Diagramação - Denis Felipe e Denise Neves

 

CE - Geyson Luiz, você estrela a série "Lama dos Dias", que estreou a segunda temporada dia 24 de maio no Canal Brasil. Como é fazer parte de um projeto que retrata um período tão importante da cultura nacional? 
GL -
Me considero um artista nascido também pelo movimento. A influência da cultura popular é presente em toda minha trajetória como artista. Como, por exemplo, ao me vestir com os trajes do caboclo de lança, uma das figuras do folguedo popular Maracatu rural: usava um galho de arruda atrás da orelha e um cravo ou rosa branca na boca para manter o corpo fechado, proteger-me.

Eu era um intenso brincante do Cavalo marinho, ogã, dançava e cantava no terreiro que ficava no alto da serra. Fui criado no terreiro de mãe Carminha (avó) e frequentava de forma fluida os encontros de mestres em cortejos e comemorações tradicionais da minha cidade natal, Limoeiro - PE. Foi a insatisfação com o "mundo doente" que me motivou a reconhecer como ator, ter o ofício de comunicar ao povo, com poesia, com arte, aquilo que enxergo, ouço, sinto sobre o outro. 

O manguebeat se tornou um movimento popular, onde no início, o objetivo era denunciar as desigualdades, a pobreza, os problemas de Recife e propôs uma renovação cultural com o aparecimento de ritmos que misturavam elementos da cultura tradicional com a cultura urbana. O movimento foi além da zona metropolitana, chegando até o sertão com o teatro, a dança, a música, as artes visuais, o audiovisual.

CE - "Lama dos Dias" é passada nos anos 90 quando você ainda nem era nascido. Como se preparou para esse trabalho? E o que pode contar sobre Farmácia, seu personagem?
"Não tente se esconder na realidade, pois na fantasia, cedo ou tarde, lhe dará um golpe de misericórdia" - Essa frase guiará o Farmácia, meu personagem, em sua nova jornada, ele quer fazer um filme!

No meu diário de bordo sobre o "Farmácia", estudava o manifesto "Caranguejo com Cérebro" que foi escrito por Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A. Que foi uns dos precursores na caminhada para o movimento Mangue beat no Recife e afirmava as propostas desse movimento, o manifesto me possibilitou as razões que eu poderia traçar na criação de uma obra.

Tenho assistido entrevistas, histórias do Chico Science e do DJ Dolores que é a minha principal referência na construção do "Farma", além da leitura dos livros, "Homens e Caranguejos" de Josué de Castro e "Vidas secas" de Graciliano Ramos. Tive a preparação de elenco com (Atriz/Preparadora - Nash Laila), que tem sido uma grande parceira em toda minha trajetória com a série desde a primeira temporada.

O Farmácia está mais certo dos seus objetivos, porém difícil de lidar com as consequências. No início encontramos Farmácia cheio de dúvidas e agora estando mais preciso com as suas decisões, baterá de frente com a realidade em seus olhos, e descobrirá na própria arte, a conexão com os seus amigos, as razões que lhe fazem ser o que é.

O "Farmácia" - "Jorge Aleixo" é um chato, sarcástico, insuportável, egocêntrico. Porém sua sensibilidade com tudo em volta é a razão que atraí a vontade de conhecer mais quem é ele, sua chatice se torna um véu que esconde uma peculiaridade, fazendo conectar-se com todes a vontade de estar com o "Farma". O "Farmácia" tem a essência de um "Peixe Betta", é encantador porque ele é único.

Foto: Thereza Helena 

CE - Ano passado, a série "Cangaço Novo", da qual você também faz parte, fez muito sucesso retratando a cultura nordestina e sendo estrelada por um elenco local. Como você analisa o aumento do interesse do público e do mercado por produções ambientadas no Nordeste e que estão dando espaço para novos artistas da região?
GL -
É um momento chave, meio tardio pra reconhecer o óbvio! O país carrega tantas histórias, tantas lutas. Dentro desse eixo norte - nordeste, os olhares estão voltados para novas narrativas e suas complexidades que o nosso país carrega, em cada estado com o seu sotaque, costumes e tradições.

No trabalho do ator, temos de entender que não existe só uma forma de naturalidade, construir uma personagem dentro dos padrões existentes que o público tem acompanhado. Na atuação, não podemos pensar só em estereótipos, todo indivíduo carrega uma história, sua luta, razões que na arte trazemos para reflexão da existência. O Artista tem a responsabilidade com o seu público, fazer pensar, olhar nos  olhos do outro, não ter medo de sentir, se emocionar. A vida é breve.

CE - Você é um grande exemplo de superação: chegou a fugir de casa e até a morar na rua por conta do sonho de viver de arte quando ainda era criança. Hoje, já reconhecido pelo mercado, se arrepende de algo? O que faria se não fosse artista?
GL -
Não. Dizer não às vezes me dói, mas é necessário. Não me arrependo, mesmo um adolescente encarando a solidão das ruas, sempre acreditei na poesia, pois foi a poesia que me fez agir e ela me deu alimento, acreditar na colheita do que planta e ter Exú abençoando os meus caminhos. Sempre acreditei nos xamãs, mesmo em terras de concreto e, não tenho ideia de onde vou chegar e nem como, mas estou vivo e festejo com todo amor e bravura o sol de cada dia.

Se eu não fosse artista, seria de qualquer forma, um educador. Sempre fui pupilo de alguém que quer comunicar, passar a verdade, a história, a responsabilidade. Ser esses vagalumes que iluminam os nossos caminhos.

CE - Impossível não ver a sua história e não imaginar que há muitos jovens pelo país que sonham em serem artistas, mas não têm apoio da família ou não sabem como chegar lá. Como é ser essa inspiração? Quais as barreiras que você ainda identifica para quem deseja seguir seus passos?
GL -
Como diz Paulo Freire: "É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo."
 
Não sei o que do meu movimento, da minha ação possa significar, mas desde a minha infância era chamado de pupilo por muitos mestres e educadores, de todos eles(as) carrego uma verdade, uma memória, o que é valioso da nossa arte, a presença, então desfruto dela.

Acredito que quando passamos a olhar pra dentro, aprendemos a reconhecer o que realmente estamos vivendo naquele momento e, nos tornamos mais tolerantes com a gente e com o outro. A construção de nós mesmos é um processo diário, mas que pede gentileza e tolerância.

Geyson Luiz é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Divulgação - Diagramação - Denis Felipe e Denise Neves

CE - Você tem apenas 26 anos de idade e já festeja 20 de profissão. Como você analisa sua trajetória? O que te move?
GL -
O incentivo artístico veio de muita inspiração do que me afetava na realidade da minha infância, a visceralidade dos fatos de um ambiente caótico e efêmero, tornava a arte uma tradução de inquietude e vulnerabilidade escancarada de um pirralho que adormecia com pesadelos sobre os homens e acordava cheio de sonhos vivos. Admitindo os erros que o ser humano carrega como a fortaleza para quebrar muros da ignorância, da dor  e do caos pela sobrevivência. Como diz Guimarães Rosa: "viver é um rasgar-se e remendar-se".

Foi no medo da realidade que busquei os porquês na arte. Tenho uma trajetória feita por grupos de teatro, dança, o picadeiro, a própria rua e sua poesia, Carrego sonhos intranquilos, e o que me move é saber que um passo à frente não estarei mais no mesmo lugar.

-  No seu currículo tem trabalho em grandes circos do país. Como foi a experiência? O que essa atividade agrega na sua arte?
Um dos motivos de entrada nos circos foi a necessidade de juntar dinheiro da passagem para onde minha arte teria mais sustância, a Paraíba, estado que me abriu portas. A experiência do circo, sendo honesto, é uma vida dura, mambembe, mas uma grande escola. Além de aprender a arte do humor com outros artistas, aprendi a valorizar os afetos, pertencimento de onde venho e para onde vou, ter amor e celebrar a todos os sonhos  que eu possa carregar.

CE - Como você se vê daqui 20 anos?
GL -
Saudosista. Espero que as circunstâncias preservem o tônus de hoje e que a fonte do aprendizado não seque e continue a banhar meus sonhos. Mais vivo do que nunca, com a memória boa e o corpo disposto, presente com a arte, com o meu povo.

CE - Quais seus sonhos profissionais e pessoais?
GL - 
Tenho sonhos intranquilos, tanto profissionais quanto pessoais(...) quero ganhar o mundo. Mesmo jovem tendo muito do que aprender, minha loucura multifacetada me dará bons frutos. Quero fazer cinema sem deixar de fazer teatro.

Quero poder abrir uma escola e escreverei sobre a porta, escola de arte. Quero matar a fome, pois a conheci. Quero ver os amigos que no passado eram apontados como sem futuro, que todos estejam bem hoje, com saúde. É tanta coisa...

CE - Você se assiste? É muito autocrítico?
GL -
Assisto, sou autocrítico, não muito pra adoecer. Minha autocrítica tem como principais ferramentas a escuta, a disponibilidade e a vontade de construir, desconstruir, reconstruir, de novo, com o outro.

Com uma carreira em franca ascensão, o que Geyson Luiz faz quando não está trabalhando?
Estudando licenciatura em Teatro na Universidade Federal da Paraíba. Estudando  sobre os "costumes", "diálogos", os folguedos populares e as danças urbanas, no intuito de reconhecermos as nossas origens, tradições, culturas, memórias coletivas com as manifestações em massa do intenso agora.

 


 

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Há quem garanta que não demorará muito para dois políticos que são parentes...Leia na coluna de hoje

Confira a coluna Diálogo desta quinta-feira (06/03)

06/03/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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LUIS FERNANDO VERÍSSIMO ESCRITOR BRASILEIRO
"Tem muita gente honesta neste País. 
Só não se identificam para não ficar 
de fora se aparecer um bom negócio”.

FELPUDA

Há quem garanta que não demorará muito para dois políticos que são parentes bem próximos colocarem luvas de boxe para embate em conhecido ringue. É que um deles vem posando de oposição, enquanto o outro é “chegado” de cabeça coroada. Na prática, dizem, um vai bater e o outro defenderá. Os dois já estiveram no mesmo partido, mas recentemente deixaram de andar de mãos dadas e foram caminhar politicamente separados. Um deles largou o certo pelo incerto e se deu muito mal. Já o outro tem dançado conforme a música. É esperar para ver.

Em alta

A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou Boletim Logístico, mostrando que o avanço da colheitade soja tem influenciado os preços praticados no mercado de serviços de transporte de grãos nas rotas pesquisadas, como em MS.

Mais

A perspectiva de produção recorde para a oleaginosa, estimada em 166 milhões 
de toneladas, tende a gerar pressão na oferta de caminhões, o que influencia na alta nos serviços de frete.

DiálogoCorah Medeiros
DiálogoCláudio Castro e Rafael Picciani - Corcovado - Foto Lucas Teixeira - Rio Open 4090

 

Diálogo

Após 13 anos no esporte, a atleta Camille Giovanini (foto) parte para uma nova etapa na vida: a carreira como artista do Cirque du Soleil. No começo deste ano, a jovem de 19 anos foi para Montreal, no Canadá, iniciando um período de treinamentos. Aprovada em um processo seletivo muito disputado, ela foi escolhida para integrar a companhia multinacional. “A primeira etapa está sendo de muito treino e preparação. Eles me chamaram para a equipe do espetáculo ‘Russian Swing’, que é um número bem radical composto só de mulheres. Depois de toda a preparação vou adiante para os shows. É isso! O que eles pedirem estarei fazendo”, assegurou. 

Na mira

A tentativa da criação de CPI para investigar o Consórcio Guaicurus, e o pedido de impeachment da prefeita Adriane Lopes são os dois assuntos polêmicos que dominarão as discussões na área política de Campo Grande, neste pós-carnaval. Em ambos os casos, há quem não aposte nem “um dólar furado” de que vão prosperar, por uma série de fatores. Essas questões deixaram claro que a prefeita terá que estar preparada contra as ofensivas, que deverão ocorrer de forma constante.

Alerta

A invasão de hackers, no dia 2, ao sistema do Departamento de Tributação e Contabilidade da Prefeitura de Ivinhema serve de alerta para que outros municípios redobrem a segurança. Essa ação, conforme aquela prefeitura, pode ter resultado na obtenção pelos invasores cibernéticos de dados das pessoas, como nome, CPF, RG, endereço, telefone, data de nascimento e estado civil. As autoridades policiais foram comunicadas.

Bola da vez

Na briga pelo poder, a União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS) é a bola da vez.  Integrantes do Legislativo municipal de Campo Grande estão fazendo articulações, buscando até a Justiça,  com vistas a conquistar  o comando da entidade, que há décadas tem a frente o vereador Jeovani Vieira dos Santos, de Jateí, e que poderá ter como concorrente o seu colega da Capital, Junior Coringa.

ANIVERSARIANTES

  • Adriana Paula Cândido,
  • Eduardo de Melo Spengler, 
  • Dra. Maria Auxiliadora Budib,
  • Sérgio Silva Muritiba,
  • Alessandra Patrícia Pandolfo Simon, Christiane Buainain Gonçalves,
  • Ademir Garcia dos Reis,
  • Benilo Allegretti,
  • Leida Aguero Reis,
  • Pedro Paulo Feronato,
  • Rodiney de Pinho Barbosa,
  • Valdeir de Oliveira,
  • Bento Lebre dos Santos,
  • Donizete Ribeiro de Magalhaes,
  • Maria Alves de Almeida,
  • Sandra Maria Silveria Denadai,
  • Antonio Silvio de Souza,
  • Benedicto Moreira,
  • Maria Aparecida de Oliveira,
  • Katia Tavares,
  • José Carlos Tavares do Couto Filho, 
  • Joao Reston Elias,
  • Edyna Araújo de Almeida,
  • Dr. André Augusto Wanderley Tobaru, 
  • Débora Rondon, 
  • Márcia Tateishi Yamauchi,
  • Dr. Redel Furtado Neres,
  • Dr. Marcos Tadeu Winche Andrade, Jaime Selle, 
  • Oscar Quiroga, 
  • João Adecio Alves,
  • José Narciso Escobar,
  • Marcos Antonio Soares,
  • Andréa Saab Baroli,
  • Nailo Garces da Costa,
  • Marcilio Gianerini Freire,
  • Elizabete Alves da Silva,
  • James Rudy Silveira,
  • Lidio Moraes,
  • Denise Tibal Vasconcelos Dias,
  • Andressa Rafaela de Souza,
  • Sérgio Roberto Mendes, 
  • Elida Brito de Alencar,
  • Joana Inês Bitencourt,
  • Júlio Sérgio Vargas Fernandes,
  • Magda Guimarães Falcão Alves Zamboni Freitas, 
  • Dra. Leonir Wiechert Nogueira Barros, 
  • Deodato Dortas Rodrigues Neto,
  • Fabrizia Ferreira Machado,
  • Júlio Cesar Carvalho,
  • Ivandro Correia Silveira,
  • Dayanny Bento Silva,
  • Kelly Cristina Garcia,
  • Angela Maria Ranconi,
  • Fernanda Marques Yafusso,
  • Milton Martinho,
  • Fernando Lamers, 
  • Antônio João Grande de Melo,
  • Marcelino Rodrigues de Souza,
  • João de Freitas Pinto, 
  • Washington Luiz Castro Júnior, 
  • Bernadete Abrão, 
  • Ivan Mendonça Arruda, 
  • Juailson Canhete da Costa, 
  • Maria de Almeida Metello de Assis, 
  • Cláudio Nakazato,
  • José Luiz Saad Coppola, 
  • Kelly Haruko Kaneki, 
  • Edmar José Panassolo,
  • Carlos Alberto Garcete de Almeida,
  • Diones Figueiredo Franklin Canela, Rener Cruvinel Borges,
  • Kenya Silveira Lopes, 
  • Mara Gimenez Pereira da Silva,
  • Karla Lorena Griesbach Nantes, 
  • Ruth Corrêa de Lima Carvalho,
  • Francisco de Paula Ribeiro Júnior,
  • Ana Keller dos Santos Aleyne, 
  • Luiz Carlos Mandu da Silva,
  • Marcelo Cesar de Oliveira, 
  • Hosana Gonçalves Moraes,
  • José Massayoshi Simabucuro,
  • Roberta Soto Maggioni,
  • João Paulo Tomás,
  • Ana Paula Seles Paco dos Santos,
  • Ozair Kerr, 
  • Emerson Tiogo da Silva,
  • Walderez e Silva de Farias,
  • Jorge Alberto Pizzaro de Menezes,
  • Dênis Peixoto Ferrão Filho,
  • Thaís Iguma, 
  • Higo dos Santos Ferre,
  • Renata Espíndola Virgilio,
  • Vânia Mara Basílio Garabini,
  • Tamara Guimarães da Costa,
  • Edinete Lira Torres Castello,
  • Jean Cleiton Santi,
  • Zenildo de Oliveira,
  • Carlito de Oliveira Boza, 
  • Ademar Gonçalves Machado, 
  • Fabia Elaine de Carvalho Lopes, 
  • Giselly Pitinari Cordeiro, 
  • Marisol Marim Alves de Oliveira,
  • Maria Luiza Businaro, 
  • Patricia Lantieri Correa de Barros, 
  • Christiane Barnard Pereira Utima,
  • Zilma Marques de Bernardo Castro e Silva,
  • Emerson Pereira de Miranda.

 COLABOROU TATYANE GAMEIRO

CULTURA & FOLIA

Conheça a relação do historiador Edson Contar com o Carnaval de Campo Grande

Pioneiro na organização do desfile carnavalesco de Campo Grande, o historiador, jornalista e compositor Edson Contar é uma figura essencial para se entender como a festa tomou conta da cidade e ganhou a dimensão que tem hoje

05/03/2025 10h00

O compositor, cronista, turismólogo e, sobretudo, carnavalesco Edson Contar, no traço do cartunista Éder Flávio: alma do Carnaval de Campo Grande

O compositor, cronista, turismólogo e, sobretudo, carnavalesco Edson Contar, no traço do cartunista Éder Flávio: alma do Carnaval de Campo Grande Foto: Flávio Eder

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“Minha carne é de Carnaval/meu coração é igual [...] onde quer que/eu ande em qualquer pedaço/eu faço/um campo grande/um campo grande”.

A canção de 1972 do Novos Baianos (“Swing de Campo Grande”), embora celebre a alegria dos integrantes do grupo de pular Carnaval em uma das praças mais conhecidas de Salvador, na Bahia, cai como uma luva no estado de ânimo que a festa provoca em Edson Contar.

Figura essencial para o que a festa da Campo Grande sul-mato-grossense se tornou, pelo menos, nos últimos 50 anos, o historiador, jornalista, compositor, turismólogo e, sobretudo, folião Edson Contar, que, inclusive, atuou no Correio do Estado, traz a história do samba, das escolas e dos desfiles da Capital na ponta da língua. Em muitos dos episódios que conta, mais do que testemunha, é ele um dos protagonistas, se não “o” protagonista da situação.

Seu Edson domina o assunto, e quem já bateu um papo com ele sabe o quanto é bom de prosa.

“Quanto a essa quarta [Quarta-Feira de Cinzas], nem eu entendi isso de cair logo após o Carnaval”, brinca, soltando uma risada, ao saber o dia em que seria publicada essa reportagem. O artista da folia segue dizendo que “o Carnaval ainda é uma festa do povo”, para relembrar, em seguida, dos carnavais “de antigamente”, recuperando o nome de Goinha como o responsável pela multiplicação das escolas, na década de 1960, a partir da criação da Acadêmicos do Samba.

PATRIARCA

“Mesmo que as escolas de samba não tenham espaço para tanta gente, os blocos e cordões supriram e deram chance de participação para os que gostam da folia”, reflete o veterano, cujo sangue carnavalesco transmitido ao filho, o também historiador Jefferson Contar, rendeu como fruto o Cordão Valu, que, por sua vez, desde 2007, quando desfilou pela primeira vez, acabou se tornando celeiro de outros blocos que surgiram, como o Capivara Blasé e o Vai Quem Vem.

É que Jefferson, ao lado de sua esposa, Silvana Valu, mais uma historiadora na resenha de hoje, foi quem criou o Valu, o que faz do patriarca uma espécie de “alfa e ômega” do Carnaval campo-grandense. À frente da Secretaria de Turismo da Capital, Seu Edson não mediu esforços para trazer mais profissionalismo à celebração e decidiu, em um esforço conjunto com as escolas, investir na organização, oficializando o desfile.

As alas passaram a ser identificadas e todo um ordenamento de entrada na passarela foi estabelecido, a partir de um regulamento que procurava seguir os ditames do Carnaval carioca – a festança do Rio de Janeiro é uma das paixões confessas do compositor.

A bateria ganhou um “tchan”, a confecção das fantasias passou a ser mais requintada, assim como a definição dos temas e a criação dos sambas-enredo também deram um salto de criatividade. A ala das baianas, a comissão de frente e tudo o mais ganhou outros cuidados.

IGREJINHA

Nada, porém, foi tão fácil quanto pode parecer olhando de longe. Uma das dificuldades era, justamente, encontrar quem compusesse os sambas-enredo. E, na falta de compositores, Edson assumiu a criação do samba de cinco escolas. Aos poucos, foram aparecendo outros bambas bons de verso, como Onésimo Filho, que, no ano seguinte, assinou o samba-enredo da Vila Carvalho.

Apesar do coração grande, onde cabem todas as agremiações, Seu Edson não esconde que as coronárias pulsam com mais força quando o assunto é a Igrejinha, para a qual compôs vários dos enredos que levaram a escola, fundada em 12 de maio de 1975, a ser campeã por 24 vezes.

“E assim fiz história cá na cidade que meu bisavô [José Antônio Pereira] fundou. Quesitos, que não existiam, as escolas tiveram que adaptar. Mas o entrave seriam os sambas-enredo”, relembra o carnavalesco e cronista, que em 2016 foi tema da Vermelha e Branca.

“Ainda não atraía compositores de então, e lá fui eu compor para as cinco ou seis escolas de samba da época. No segundo ano, bem-vindo o querido Onésimo Filho, que assumiu o samba da Vila Carvalho. Em seguida, o grande Cambará traz o balanço corumbaense para a Em Cima da Hora... (Meus respeitos e saudades, mestres!)”, escreve Seu Edson em uma crônica publicada recentemente em seu perfil no Facebook.

“E eu segui fazendo o enredo para a Igrejinha, na qual fui campeão por 12 anos, com letra e música dos enredos, ficando um deles como hino da escola: ‘Maria Fumaça – Um Símbolo e Seus Heróis’, que conta a chegada da estrada de ferro por aqui, em 1914. A maioria dos meus sambas foram puxados pelo amigo Edir Valu, que viria a ser sogro do meu filho mais novo [Jefferson]”, diz o mestre, que também é autor do clássico “Ave Maria Pantaneira”.

SEM MODÉSTIA

Ele conta que também “fez” dois campeonatos pela Unidos do Cruzeiro.

“Salve, salve, querido irmão amigo Renato Picolé, saudoso sambista que também fez história nos carnavais”, exalta o carnavalesco, na conversa por telefone.

Ele passou o Carnaval em Piraputanga, onde se recupera de um resfriado. Deve estar de volta a Campo Grande hoje.

“Tenho orgulho, sim. Modéstia não cabe quando a gente pode contar de cabeça erguida uma história de vida que milhares conhecem por aqui. Fui enredo da Igrejinha quando parei com as composições. O palco da escola tem meu nome. Recebi o troféu Cidadão Samba das mãos da famosa Leci Brandão”, conta Seu Edson, atualmente com 85 anos – “cara de 58”, brinca ele – e lidando com problemas de saúde em decorrência de décadas de baforadas nos “malditos” cigarros.

“Tenho em minha galeria dezenas de troféus, que, somados ao do turismo, que leva meu nome, em mais uma homenagem em vida que me presta a ABBTUR [Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo], me fazem um homem realizado e hoje conformado. Se já não tenho pernas para sambar, resta-me olhar de longe o Cordão Valu passar, e nele um pedaço de mim, pois foi meu filho e sua esposa que fundaram essa agremiação, que hoje é o top do Carnaval em Campo Grande”, emociona-se.

“TORÇO POR TODAS”

“E no dia das escolas, além da minha Igrejinha, torço por todas, pois em cada uma tive um irmão de samba e amigo da vida. Valeu, Dudu, Chipe, Edno, Goinha, Carlão, Zé Carlos, Alceu Adão, Salvador Dodero, Picolé e os meninos da Estação Primeira. Tudo passou , mas ficam as lembranças”, relata Seu Edson, arrematando a conversa com mais uma declaração de amor ao Carnaval de Campo Grande. Ou, melhor dizendo, à sintonia que a vibração carnavalesca pode despertar.

“Ser comparado como primo pobre de Corumbá é coisa do passado. Basta ver a riqueza de nossas escolas e a animação dos blocos. Cada um tem suas características, mas é verdade que os corumbaenses muito contribuíram para o crescimento dos nossos carnavais. Há uma perfeita harmonia entre nossas agremiações e as de lá. E até casos de foliões que desfilam aqui e lá no outro dia”, ameniza Seu Edson. “Tá” falado, mestre.

Eram Outros Carnavais
(Edson Contar)

Fui menino de cordão
Pierrô de colombinas 
Rapazinho, dos danados,
Sem descanso pras meninas...

Já feito, peguei caminho
Ver de perto o carnaval
Fiz do Rio o meu ninho
Tempos de paz e carinhos
De alegria sem igual...

Animado e decidido
Passei por bandas de então:
Ipanema, Miguel Lemos,
Copacabana, Bola Preta,
E no Copa o salão.

Voltei pra casa formado,
(Malandro no sentido figurado)
Assumi cargo importante
Que incluía a folia ...
E era tudo o que eu queria,
Trazer a lei pro meu chão...
Pois aqui organizaria
Com regras e novo formato
Os desfiles de então.

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