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Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator Nicolas Prattes, protagonista da novela 'Fuzuê' da TV Globo

Nicolas é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana. "Ser protagonista de uma novela exige bastante trabalho e dedicação".

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O jovem ator Nicolas Prattes de apenas 26 anos começou sua trajetória muito cedo, na verdade ainda criança. Filho da atriz Giselle Prattes, o ator estreou nos palcos aos 11 anos com a peça O Rei Leão 2 - O Musical e vem se destacando como um dos grandes talentos da sua geração.

"Cresci vendo a minha mãe trabalhar, acompanhando os trabalhos dela. Além de admirá-la muito, esse universo fez parte da minha desde cedo. E sempre vi a entrega, a reponsabilidade da minha mãe com o ofício", explica. 

Prattes interpreta o personagem Diego na novela Todas as Flores exibida pela Globoplay e atualmente é Miguel protagonista em 'Fuzuê'.

"Miguel é um personagem interessante, um cara correto, honesto – ele poderia ser um herói clássico de folhetim. E o fato de ele vir depois do Diego, que tinha uma curva dramática intensa, um caminho torto e de muito sofrimento, Miguel é um outro registro. Gosto de poder estar atuando nesse registro diferente, do mocinho que se apaixona e luta para ficar com o seu amor. O mais interessante da profissão, para mim, é poder exercitar todos esses sentimentos e complexidades do ser humano", explica o ator. 

Em 2021, Nicolas conquistou o público ao participar do programa The Masked Singer Brasil, usando a fantasia de Monstro. Ele ficou em 2º lugar na disputa. A atuação e a música sempre caminharam juntas na sua trajetória profissional. 

Seu primeiro papel na TV foi em 2000 como Francesco de Terra Nostra. Pouco tempo depois morou em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde ingressou no curso NY Film Academy. De volta ao Brasil, integrou o elenco do sucesso Os Saltimbancos Trapalhões, espetáculo de Charles Moeller e Claudio Botelho, em 2014. 

Um ano depois atuou em Malhação: Seu Lugar no Mundo, como Rodrigo. Na sequencia fez Rock Story (2016), O Tempo Não Para (2018) e Éramos Seis (2019). Ele também mostrou seu talento como dançarino no quadro Dança dos Famosos, do Domingão, em 2017.

Já no cinema esteve em O Segredo de Davi (2018), como o protagonista, e Flush (2019). Em dezembro, Nicolas estreia de Pronto, falei!. Na história, ele vive Renato, um jornalista.

Nicolas estreia também a segunda temporada de Vicky e a Musa estreia dia 24 e em conversa exclusiva com o Caderno dessa semana ele fala de trajetória, novelas e novos trabalhos. Ele é a nossa Capa do Correio B+ desta semana.

Escreva a legenda aqui

CE - Porque decidiu seguir a carreira de ator?
NP - 
O mundo artístico e lúdico sempre estiverem presentes na minha vida por causa da minha mãe. Cresci com essa referência dentro de casa e, muito novo, eu percebi que era aquilo o que que queria fazer para a minha vida. Quando fiz o meu primeiro trabalho, isso ficou claro. Não tinha possibilidade de eu fazer outra coisa que não fosse a atuação. Eu gosto desse desafio constante do trabalho, gosto desse processo de criação e troca com a equipe. Descobri, de fato, o meu lugar profissional. 

CE - A influência da sua mãe, a atriz Giselle Prattes, foi determinante para sua escolha em seguir a carreira artística?
NP -
 Claro, muito! Cresci vendo a minha mãe trabalhar, acompanhando os trabalhos dela. Além de admirá-la muito, esse universo fez parte da minha desde cedo. E sempre vi a entrega, a reponsabilidade da minha mãe com o ofício. 

CE - Como foi trabalhar em "Rock Story"? Qual foi o impacto desse papel em sua vida profissional?
NP -
 Foi uma novela muito gostosa de fazer. E, ao mesmo tempo, um desafio. Foi minha primeira novela depois de Malhação, que foi um trabalho muito bem-sucedido. E apesar de fazer o protagonista de Malhação, uma novela das sete tem um outro ritmo, tem uma demanda de trabalho e entrega maior. Fiquei muito feliz com o retorno do público, com o desenvolvimento do personagem. Eu tenho muito carinho pelos trabalhos que eu faço, porque cada um deles impactou na minha formação como ator, no meu amadurecimento profissional. 

CE - Quais foram os desafios e momentos marcantes ao interpretar personagens em "O Tempo Não Para" (2018) e "Éramos Seis" (2019)?
NP -
 O Tempo Não Para foi o meu primeiro protagonista das sete. Sou muito grato ao Silvio de Abreu que apostou em mim para esse trabalho. Grato ao nosso autor, ao nosso diretor... A todos que acreditaram que aquele personagem poderia ser meu. Foi um trabalho intenso, mas que me trouxe muitas coisas boas. Éramos Seis foi uma novela que tive o privilégio de ser filho da genial Gloria Pires. Alfredo era um personagem bem diferente de todos os outros que eu tinha feito, era um cara rebelde, contestador e que lutava por aquilo que ele acreditava. E era uma nova versão de uma história clássica, que as pessoas tinham grande afeto e lembrança. 

Prattes em Todas as Flores - Divulgação

CE - Como você escolhe seus projetos? Quais critérios são importantes para você?
NP -
 Eu gosto muito de trabalhar. Se depender de mim, eu emendo trabalhos. Agora mesmo tenho vivido isso. Fiz Rio Connection, Todas as Flores, Vick e a Musa e Fuzuê – praticamente um projeto atrás do outro. E fico feliz porque são personagem distintos, que eu posso fazer um trabalho de composição e que me tira de qualquer possibilidade de zona de conforto. Acho que o critério é um pouco esse, buscar caminhos diferentes, me sentir desafiado por algo novo e, acima de tudo, acreditar e querer muito estar naquela história. E quando tem uma equipe que eu conheço, que eu admiro por trás, isso também conta muito. 

CE - Você atualmente está na novela “Fuzuê’ com o personagem Miguel, o que mais te atraiu para fazer esse papel e como foi a construção dele?
NP -
 Miguel é um personagem interessante, um cara correto, honesto – ele poderia ser um herói clássico de folhetim. E o fato de ele vir depois do Diego, que tinha uma curva dramática intensa, um caminho torto e de muito sofrimento, Miguel é um outro registro. Gosto de poder estar atuando nesse registro diferente, do mocinho que se apaixona e luta para ficar com o seu amor. O mais interessante da profissão, para mim, é poder exercitar todos esses sentimentos e complexidades do ser humano. 

CE - Como você se prepara emocionalmente para interpretar cenas intensas ou dramáticas?
NP -
 Muito estudo e concentração. Me preparo muito estudando as cenas. Essa é uma profissão que exige estudo. Você não chega no set para gravar e pronto. O trabalho começa antes, quando recebemos o roteiro da semana e vamos nos preparar. Gosto de me sentir preparado e pronto para o que o meu diretor vai propor na gravação. 

O Tempo Não Pára - Divulgação TV Globo

CE - Qual foi a maior lição que você aprendeu ao interpretar o protagonista de uma novela?
NP -
 É muito trabalho (risos). Exige bastante dedicação. Uma novela demora entre preparação e gravação praticamente um ano. E nesse ano, a sua vida é em função do roteiro, dos seus estudos e das gravações. 

CE - Você tem alguma cena favorita de todas as novelas em que participou?
NP -
 Sim, tenho várias. O Segredo de Davi, por exemplo, foi um filme que eu gostei demais de fazer, que me levou para outros lugares. Éramos Seis tive cenas maravilhosas. Todas As Flores, praticamente cada capítulo tinha uma cena emblemática, impactante. Fuzuê, tenho também as minhas favoritas. Acho que todo trabalho traz uma cena que te marca. 

CE - Existe alguma cena que tenha sido especialmente desafiadora de filmar em sua carreira?
NP -
 Em Todas as Flores, eu fiz sequências que eram muito perturbadoras de violência psicológica. E eram cenas sequenciais. Terminava de gravar uma e vinha outra. Lidar com essa carga dramática é um exercício e desafiador. Como ator, eu amo, mas é uma entrega por completo. E essa é uma característica minha. 

CE - Existe algum projeto dos sonhos que você ainda não teve a chance de realizar?
NP -
 Ah, vários! Quero fazer muitos personagens. Eu gosto do trabalho, gosto do ofício... Se for um trabalho que me desafie, eu vou topar. 

Vicky e a Musa - Divulgação

CE - Quais são os aspectos mais gratificantes de ser um ator na indústria do entretenimento brasileira?
NP -
 Eu recebo muito carinho do público. E acredito que esse trabalho que a gente faz, ele só se completa quando chega ao público. Tenho muito respeito por quem nos acompanha, por quem nos prestigia todos os dias. Acho que você ter esse canal que teve para milhares e milhares de casa é um privilégio. 

CE - Como você encara a responsabilidade de ser um exemplo para seus fãs mais jovens?
NP -
 Eu sou esse cara em frente das câmeras e atrás. Acho que isso faz com que eu não sinta esse peso, porque não interpreto um tipo. Atuação é apenas dentro do set de gravação. O que eu compartilho nas redes sociais, por exemplo, é a minha vida, é a forma como eu vivo. Tudo ali é 100% eu. Fico feliz quando alguém diz que se inspira em alguma coisa que eu posto. Eu amo correr, gosto de atividade física – sempre troco com quem me segue sobre esses temas, porque eles são muito presentes na minha vida. 

CE - Como você trabalha a questão da internet na sua carreira?
NP -
 Eu lido bem, porque é como eu falei: compartilho coisas que são muito genuínas da minha vida, coisas que, de fato, eu faço, que refletem quem eu sou. Procuro entender a rede social de uma forma saudável, não é uma obrigação. Gosto muito da troca que eu tenho com os seguidores e acredito que ser verdadeiro com eles é o que posso oferecer. 

CE - E a indústria dos streamings?
NP -
 O mercado vive um novo momento. Acho que os streamings vêm para agregar, para oferecer trabalho para toda a indústria, para explorar novas linguagens. Eu fiz Vick e a Musa para o Globoplay, assim como Rio Connection – foram experiência muito legais e curti muito fazer. Eu amo novelas, mas é legal conhecer também outras formas de se contar histórias. 

CE - Quais são seus planos futuros em relação à sua carreira na atuação, considerando o sucesso recente em 'Fuzuê'?
NP-
Estamos entrando na reta final de Fuzuê. Eu fiquei totalmente dedicado à nossa novela. Estou conversando sobre projetos para o cinema, que é também um lugar que eu amo estar e que me muito me atraí. E acredito que, em breve, terei mais novidades.

Divulgação - Com colegas no programa Encontro

 

DE GRAÇA E NA RUA

2º Campo Grande Jazz Festival

15/12/2025 11h30

Felipe Silveira e Daniel Dalcantara

Felipe Silveira e Daniel Dalcantara Montagem / Divulgação

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Após uma primeira edição histórica em 2024, com apresentações em terminais de ônibus e no Armazém Cultural, onde, inclusive, a Urbem conheceu Ryan Keberle, o Campo Grande Jazz Festival deste ano se volta exclusivamente para espaços a céu da capital sul-mato-grossense com grande circulação de pessoas.

É a edição “rua” do festival, que acontece de quarta-feira a domingo, levando o jazz para o cotidiano da população campo-grandense.

A programação vai contar com uma série de cinco jam sessions, sendo três em terminais de ônibus, uma na Rua 14 de Julho (esquina com a Avenida Afonso Pena) e uma na Avenida Calógeras, próximo à Plataforma Cultural.

Sob a condução do produtor musical Adriel Santos, intercâmbios criativos unirão músicos experientes da cena local e nacional, explorando a espontaneidade do jazz tradicional e proporcionando encontros musicais de grande importância para o cenário musical sul-mato-grossense.

Felipe Silveira e Daniel DalcantaraFoto: Divulgação

“O festival busca promover a inclusão cultural, contribuir para o bem-estar social e fortalecer o sentimento de pertencimento e identidade cultural da comunidade de Campo Grande. O jazz misturado ao tecido urbano é uma aposta estética e um jeito de levar a experiência musical para onde as pessoas estão”, afirma o músico e coordenador do evento.

Nos terminais de ônibus, o festival propõe intervenções musicais descontraídas e cheias de vigor, desconstruindo a rotina e oferecendo uma experiência inesperada a trabalhadores, estudantes e todos que passam por ali.

Felipe Silveira e Daniel DalcantaraDaniel Dalcantara (SP) - Foto: Divulgação

A música emerge em meio ao fluxo, democratizando-se para um público diversificado que, muitas vezes, não tem a oportunidade de frequentar eventos culturais com ingresso pago.

“Essa estratégia de levar o Campo Grande Jazz Festival para os espaços urbanos reflete um compromisso firme com a democratização do acesso à cultura e a ressignificação dos espaços públicos”, reforça Adriel Santos.

>> Serviço

Programação

Quarta-feira – às 17h30min,
no Terminal Bandeirantes, com Bianca Bacha, Gabriel Basso, Ana Ferreira, Adriel Santos e Junior Matos.

Quinta-feira – às 17h30min,
no Terminal General Osório, com Juninho MPB, Junior Juba, Matheus Yule e Leo Cavallini.

Sexta-feira – às 17h30min,
no Terminal Morenão, com Adriel Santos, Gabriel Basso e Giovani Oliveira.

Sábado – às 17h30min,
na Praça Ary Coelho (R. 14 de Julho com Av. Afonso Pena), com Felipe Silveira (SP), Daniel D’Alcantara (SP) e artistas da cena local do jazz.

Domingo – às 17h30min,
na Av. Calógeras (em frente à Plataforma Cultural), com
Felipe Silveira (SP), Daniel D’Alcantara (SP) e artistas da cena local do jazz.

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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