Christiane Torloni é do tipo que está sempre de olho no futuro.
Porém, com boa parte dos projetos nos palcos e na tevê em pausa por conta da pandemia de coronavírus, a atriz acabou ficando mais saudosista que o normal.
Sem o hábito de assistir a trabalhos mais antigos, Torloni agora se permite fazer uma viagem ao passado por conta da reprise de produções importantes de sua trajetória, como “A Viagem” e “Mulheres Apaixonadas”, exibidas pelo Viva, e a segunda versão de “Ti-Ti-Ti”, que atualmente ocupa a faixa “Vale a Pena Ver de Novo”, da Globo.
“A melhor parte dessa exposição é saber o quanto trabalhei ao longo dos anos e que escolhi estar nos projetos certos. A reprise é um parâmetro de sucesso e da saudade do público”, acredita a atriz, que tem deixado a forte autocrítica de lado e se divertido com a possibilidade de se assistir em três momentos bem diferentes.
“Quando uma novela está no ar, fica difícil ter uma visão mais ampla sobre o trabalho. Só assistia para saber no que eu poderia melhorar. Agora, embarco melhor nas histórias e fico relembrando os bastidores”, ressalta.
Mais frescas na memória, as lembranças de “Ti-Ti-Ti”, exibida em 2010, pesam por ter sido o encontro que Torloni e o diretor Jorge Fernando já planejavam há algum tempo.
“A gente tinha uma energia parecida. Nos encontrávamos nos estúdios e sempre rolava essa promessa de trabalhar juntos. E o momento foi perfeito! Me diverti muito fazendo a Rebeca e é sempre bom estar em uma produção bem-sucedida. O clima é outro”, detalha.
Sob o comando de Jorge, ela ainda esteve em “Alto Astral”, de 2014, e estava pré-escalada para “Verão 90”, de 2019, derradeira produção dirigida por ele, que acabou falecendo meses depois do final da trama.
“Estava tudo certo, mas acabei sendo transferida para 'O Tempo Não Para'. As coisas acontecem da maneira que têm de acontecer”, analisa.
Em “Ti-Ti-Ti”, Torloni viveu um estereótipo que conhece muito bem: a dondoca elegante.
Com uma penca de personagens do tipo nas costas, ela defende que cada uma tem suas especificidades e é nessa diferença que ela baseia sua atuação.
“Rebeca é uma mulher de posses, mas bem pé no chão. Ela não tem os caprichos que marcam esse tipo de papel”, justifica.
Últimas notícias
Homenagem ao novelista Cassiano Gabus Mendes, o “remake” de “Ti-Ti-Ti” escrito por Maria Adelaide Amaral acabou “pescando” personagens de outras tramas clássicas do autor.
Rebeca, por exemplo, é uma das protagonistas de “Plumas & Paetês'', de 1980.
Na história, ela é uma mulher que abriu mão de suas atividades para se dedicar à família. Após a morte do marido, ela tem de assumir os negócios do clã.
“A Rebeca mostra que não precisa ter medo de entrar para o mercado de trabalho. Que é melhor trabalhar do que ficar em casa tomando toneladas de antidepressivos”, destaca.
Filha dos atores Geraldo Matheus e Monah Delacy, a atriz paulistana tem ligação com os palcos desde sempre.
A estreia profissional na tevê foi em 1975, sob o comando do exigente Walter Avancini na série “Caso Especial”, da Globo.
Ao longo dos anos, conquistou o teatro, virou protagonista de tramas como “Selva de Pedra” e “A Gata Comeu”, teve uma breve passagem pela extinta Manchete nas novelas “Corpo Santo” e “Kananga do Japão” e retomou o contrato com a Globo com “Araponga”, no início dos anos 1990.
A partir daí, se manteve como um nome forte dentro da emissora, com sucessos como “A Viagem” e “Mulheres Apaixonadas”.
“Sempre trabalhei muito. Gosto de estar sempre em movimento”, entrega.
Hoje, aos quase imperceptíveis 64 anos, Torloni já está vacinada e só aguarda uma trégua do Covid-19 para colocar seus planos em ação.
Na lista, dois espetáculos teatrais, projetos na tevê e uma turnê por escolas e universidades debatendo a preservação da Floresta Amazônica tendo como mote o documentário
“Amazônia, O Despertar da Floresta”, de 2019, sua estreia como diretora. “É um projeto que me empolga muito! Toda a agenda de circulação de exibição e debate do filme no segmento acadêmico foi paralisada. Estamos em um momento de muita perplexidade, esperando que a vacinação coletiva possa realmente acontecer para que a vida possa voltar ao normal”, torce.
Assine o Correio do Estado

Estener Ananias de Carvalho e Renata dos Santos Araújo de Carvalho
Anderson Varejão, Luiz Fruet e Aylton Tesch


