Em quase 100 anos de Oscar nunca houve um ano como o de 2025. Quem lacrar que sabe quem vai ganhar (fora as categorias de coadjuvantes) está blefando. E se tem uma coisa que La La Land deixou como História é que nenhuma vitória é exatamente anunciada, nem mesmo quando ela é no palco.
Sempre pode haver surpresas. Nós brasileiros estamos certos de vermos Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres fazendo história, mas, se olharmos alguns “especialistas” talvez pudéssemos considerar uma preparação para não ser como queremos.
Não mudei de sentimento ou esperança, estou há um mês como um disco arranhado: as chances de Fernanda Torres ganhar são imensas. Ela é uma das favoritas, mas isso, em parte vai “contra” ela e Mikey Madison, a jovem menos conhecida e que tem uma atuação incrível em Anora, assumiu essa posição de azarão, com maior torcida (estrangeira) do que nossa querida Fernanda.
E na liderança tem a lendária Demi Moore, nunca tida até aqui como grande atriz, mesmo estando em alguns dos clássicos recentes de Hollywood, em uma atuação corajosa e incômoda por A Substância. O podium do Oscar não tem prata ou bronze, só vale o ouro. Quem já é a vencedora?
Isso mesmo: a festa está definida, nós é que ainda não sabemos o resultado e ele é divulgado ao vivo. Que ansiedade, não é?
São muitas as fontes de palpite que usam dados de levantamentos do voto popular para tentar antecipar quem vai ganhar. Segundo o Gold Derby, Fernanda hoje seria bronze, mas Ainda Estou Aqui é o favorito para Melhor Filme Estrangeiro.
O Gold Derby é uma fonte confiável para acompanhar tendências na temporada de premiações, mesmo que suas previsões não sejam infalíveis. O site reúne apostas de especialistas e membros da indústria, o que oferece um bom panorama sobre os favoritos, especialmente em categorias como Melhor Filme, Direção e Atores principais.
Estou no humor fominha, e encaro essa “derrota” de Fernanda, que os americanos insistem em dizer mais provável, como erro visto de um contexto xenófobo.
O New York Times reflete o que eu penso e dá à Fernanda a estatueta. E à Ainda Estou Aqui também. Em ambos os casos, teríamos que agradecer à Karla Sofía Gascón por ter carbonizado a campanha de Emilia Perez – o filme com mais indicações da noite – e indiretamente colocar o Brasil na liderança. Fernanda tem mais disputa, mas Walter Salles Jr. já é o favorito.
Quanto à atriz? É o maior suspense da noite. O NYT sabe que a disputa está entre Demi e Mikey, dando a vantagem de Fernanda ser o azarão da equação. O que me desanima é que a Variety, que é a bíblia de Hollywood, garante que a vitória, mesmo que acirrada, será de Demi Moore.
O incrível é que a revista diz que Fernanda é quem deveria ganhar, mas ela está dividindo os votos dos votantes internacionais com Mikey Madison, enquanto Demi Moore é a favorita “local”de Hollywood.
Tudo confabula a favor dela: seria a sexta vencedora mais velha na história da categoria, uma mensagem alinhada com o filme dela e incentivo para astros como ela, ou seja, tudo que o cinema ama.
O que a revista também sugere é que Mikey “ganha” de Fernanda porque de 1977 até hoje, todas Melhores Atrizes estão nos filmes que ganham de melhor filme, diretor e roteiro. E, em 2025 todos apostam em Anora. Para reforçar um tanto essa teoria, esse ano as cinco indicadas estão em títulos indicados para melhor filme.
O sentimento de que a noite será de Demi Moore é compartilhado pela outra bíblia de Hollywood: a The Hollywood Reporter, que também acha que Fernanda deveria ganhar, mas que ela “chegou tarde” na corrida.
Isso é porque Ainda Estou Aqui só entrou no circuito de cinema nos Estados Unidos quando os concorrentes já estavam em plena campanha. E sim, Ainda Estou Aqui vai ganhar como Melhor Filme Estrangeiro.
O resumo é esse: Ainda Estou Aqui “já ganhou” como Melhor Filme Estrangeiro, como os meios dizem, uma retificação à Walter Salles Jr. por não ter levado por Central do Brasil e um filme importante para o momento.
Já Fernanda, vamos combinar: já é a grande vitoriosa da temporada. Se esbarrou com “a hora de Demi Moore” não é algo a se lastimar. A festa pode ficar pela metade, mas, anda assim, é nossa.