A “campanha” por um Oscar nunca foi exatamente “bonita”, há um peso enorme da equipe de Marketing para garantir visibilidade e na reta final, em vez de mérito, frequentemente o que prevalece é “estratégia”.
E sim há jogo sujo nos bastidores, mas as redes sociais nunca ficaram tão evidentes como um “problema” como no Oscar 2025. O que até poderia “ajudar” Fernanda Torres pode, no final das contas, prejudicá-la. Porque os fãs estão criando saias justas vergonhosas para a atriz.
Desde que venceu o Golden Globes, na primeira semana de janeiro, Fernanda virou uma estrela internacional, despontando como a grande favorita da Academia no ano. Simpática, autêntica e profissional, ela tem encantado a todos. O problema? Para brasileiros é como “copa do mundo” como se o que fazemos com futebol não fosse vergonha o suficiente.
Campanhas enaltecendo Fernanda se multiplicam em todas as contas em redes sociais (eu mesma abertamente torço por ela), mas ao assumir a vibração agressiva do futebol, a festa do Oscar virou cenário de drama e vergonha.
Primeiro, transformaram a oportunidade em “vingança”, algo extremamente delicado, agredindo a atriz Gwyneth Paltrow com comentários negativos e agressivos por sua vitória há 25 anos por Shakespeare Apaixonado. Para piorar, Gwyneth torce por Demi Moore o que os insanos online consideram uma “agressiva” oposição à Fernanda como se fosse despeito e porque ela fosse contra Fernanda Montenegro.
Gente, Gwyneth nem sabe quem são nenhumas das duas Fernandas, ela não pode ser agredida por nada no mundo. Ela ganhou porque foi eleita a melhor, mesmo que Harvey Weinstein tenha pressionado nos bastidores. Não há provas de má fé. É péssimo para ambas Fernandas que as pessoas agridam pessoas na base de suposições.
Por outro lado, em 2025 nada está exatamente “limpo”. O fato de que um vídeo de 2008 do Fantástico tenha ressurgido nas redes sociais logo agora mostra Fernanda Torres usando blackface para interpretar uma empregada doméstica, não é casual. O vídeo foi encontrado e divulgado para ferir Fernanda (confirmando seu favoritismo).
Em resposta às críticas, Fernanda Torres emitiu imediatamente um pedido público de desculpas, afirmando que, na época, a conscientização sobre o racismo associado ao blackface não era amplamente difundida no Brasil. Ela reconheceu que, embora movimentos negros já denunciassem a prática, a compreensão de sua gravidade não era generalizada. A atriz enfatizou a importância de discussões contínuas para evitar a normalização de práticas racistas.
E, nem bem essa questão tenha esfriado, um segundo golpe: a atriz Karla Sofía Gascón, que compete com Fernanda, tem sido alvo de agressões nas redes sociais e se queixou oficialmente do tratamento que vem recebendo dos fãs brasileiros de Fernanda.
“Você nunca me verá falando mal de Fernanda Torres ou de seu filme, mas, pelo contrário, vejo muitas pessoas trabalhando com Fernanda Torres que falam mal de mim e de Emilia Pérez”, Karla disse à Folha.

Bastou o comentário para que fãs sugerissem que Karla Sofía quebrou as regras da festa (ninguém pode falar mal da concorrência) e assim Fernanda, mais uma vez esteja mais associada a barraco do que talento. Karla Sofía, que é primeira pessoa abertamente trans indicada ao Oscar de atuação, insistiu que separou os fatos: Fernanda é uma “aliada maravilhosa” e não faz parte do problema.
“Em meus comentários recentes, eu estava me referindo à toxicidade e ao discurso de ódio violento nas redes sociais que infelizmente continuo a vivenciar”, disse ela. “Ninguém diretamente associado a ela tem sido nada além de solidária e extremamente generosa.”
Alguns usuários online circularam o clipe da entrevista da atriz espanhola, que foi revisado pela Academia, que concluiu que “não há violação do regulamento promocional da campanha”. O fato, meu povo, é que Cinema não é Futebol e nem no Futebol o nível de assédio e violência que circula deveria ser tolerado.
Toda discussão só prejudica ambas atrizes, mesmo que sugira a chance de Fernanda como vencedora. Para piorar, Emilia Pérez vem sendo criticado fortemente por ser um retrato inautêntico da cultura mexicana e da experiência trans.
O filme francês, é falado em inglês, com história passada no México e o diretor, Jacques Audiard, não fala espanhol, não filmou o musical no México, nem incluiu atrizes mexicanas para nenhum dos seus três papéis principais. Honestamente, ninguém precisa falar de Karla Sofía, que está ótima no papel título.
Enquanto isso, as indicadas para Melhor Atriz no Oscar ao lado Karla Sofía e Fernanda – Demi Moore, Mikey Madison, e Cynthia Erivo – estão virtualmente ignoradas. Os votos acabam dia 18 de fevereiro: vamos nos comportar melhor até lá? Fernanda Torres merece amor e respeito, e não ser associada a baixaria. Ela está acima disso tudo!