Em Heads of State, um atentado terrorista global coloca o mundo à beira do colapso, e a única salvação vem de uma dupla improvável: um primeiro-ministro (Idris Elba) e um ex-agente das Forças Especiais (John Cena) que precisam trabalhar juntos, mesmo sem confiar um no outro.
No melhor estilo buddy movie, a missão os leva por perseguições, explosões, intrigas políticas e situações absurdas — tudo regado a piadas, ação exagerada e carisma em alta voltagem.
A direção é de Ilya Naishuller, conhecido por Nobody (2021), o que explica o ritmo frenético e o uso intenso de coreografias de ação que flertam com o cartunesco. O roteiro é assinado por Josh Appelbaum e André Nemec (Mission: Impossible – Ghost Protocol), com pitadas de sátira política e espionagem à la True Lies. Embora o enredo seja completamente inverossímil, o filme assume isso desde o início — e é essa autoconsciência que o torna divertido.
Idris Elba está claramente se divertindo e entrega uma performance leve, zombando de sua fama de durão. Para muitos fãs, é o mais perto que o veremos de um James Bond — ainda que como primeiro-ministro. Seu personagem mistura elegância, sarcasmo e brutalidade, provando que ele teria sido um ótimo 007.
John Cena, por sua vez, repete com segurança a fórmula que o consagrou em Peacemaker: um brutamontes com coração, senso de humor e timing cômico afiado. A química entre os dois funciona tão bem que carrega o filme nas costas — literalmente em algumas cenas.
No elenco, Priyanka Chopra Jonas surpreende: mesmo que insista em sua persona de mulher fatal e agente de ação, aqui ela parece mais confortável, com uma performance segura e até autodepreciativa. Jack Quaid, conhecido por The Boys, aparece como um assessor atrapalhado e ajuda a manter o equilíbrio entre sátira política e pastelão.
Cinema B+: Heads of State: Diplomacia Explosiva com uma dupla improvável para salvar o mundo Heads of State foi filmado em Atlanta, com locações adicionais em Washington e no Marrocos. A produção enfrentou atrasos por conta da greve dos roteiristas em 2023, mas foi retomada com ajustes no script e foco total no que o filme queria ser: entretenimento puro, sem compromisso com lógica ou realismo.
É uma aposta da Amazon MGM Studios no modelo de blockbusters para streaming — e pode dar certo. Com o sucesso de duplas como Hobbs & Shaw e Red Notice, há claramente espaço para mais aventuras desse tipo.
Claro que há problemas: o roteiro escorrega em conveniências, a sátira política às vezes é rasa, e algumas piadas soam recicladas. Mas no geral, Heads of State entrega exatamente o que promete: ação, humor e dois protagonistas em total sintonia.
No final, o mundo talvez não sobrevivesse a esses “chefes de Estado”, mas o público certamente pode se divertir com o caos. Haveria espaço para uma continuação? Quem sabe. Pelo menos garantimos boas risadas no caminho.

Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


