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Cinema B+: "My Oxford Year": Entre velhas poesias e amores impossíveis, um clichê irresistível

Do livro à versão da Netflix, a elegância de Oxford envolve uma história clássica de amor e perda, com ecos de poesias e dramas românticos

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Há histórias que a gente já conhece o desfecho antes mesmo do primeiro beijo. Que entregam desde o início a promessa de um amor grande demais para durar. Que fazem chorar não pela surpresa, mas pelo cuidado com que transformam o previsível em inevitável. My Oxford Year é exatamente isso — e ainda assim, se você é fã de filmes descaradamente açucarados e emocionais, funciona.

Estrelado por Sofia Carson e Corey Mylchreest, a produção da Netflix adapta o romance homônimo da atriz e escritora Julia Whelan, lançado em 2018, e transforma o que poderia ser apenas mais um “romance de câncer” em uma elegia delicada sobre o tempo, o amor e o que nos transforma.

Julia Whelan e a origem do livro

Antes de se tornar autora best-seller, Julia Whelan era atriz — ficou conhecida ainda adolescente por estrelar a série Once and Again ao lado de Billy Campbell e Sela Ward, e também atuou em A Filha do Presidente. Mas foi longe das câmeras, durante seu próprio intercâmbio em Oxford, que ela começou a amadurecer a ideia de My Oxford Year.

O livro surgiu da vontade de retratar aquele ambiente entre o literário e o sagrado, mas com uma personagem que vivesse um choque de culturas, prioridades e perdas. Publicado com elogios da crítica e dos leitores, especialmente nos EUA, o romance rapidamente se destacou como um híbrido entre o drama romântico à la Love Story e o humor irônico e sensível que lembra Jojo Moyes. E logo ganhou adaptação da Netflix — ainda que com várias mudanças significativas.

A história: poesia, dor e viagem não feita

Na trama, Anna (no filme) ou Ella (no livro) é uma jovem americana brilhante que consegue uma cobiçada bolsa para estudar em Oxford. Ambiciosa e politicamente engajada, ela chega disposta a cumprir um plano de vida — até cruzar o caminho de Jamie, um professor de literatura com um humor mordaz e um segredo devastador: ele tem câncer terminal.

Enquanto Ella luta entre seguir seus sonhos e se entregar ao amor, Jamie apresenta uma visão diferente da existência: “My candle burns at both ends; it will not last the night; but ah, my foes, and oh, my friends – it gives a lovely light!”, diz ele, citando Edna St. Vincent Millay com a mesma leveza com que bebe uma pint no pub local. A ideia de viver intensamente, mesmo com data de validade, guia não só o personagem, mas a narrativa inteira.

A outra citação que define o filme vem de Alfred, Lord Tennyson, poeta laureado inglês:

“É melhor ter amado e perdido / Do que nunca ter amado.”

A frase, originalmente escrita por Tennyson em homenagem ao amigo Arthur Hallam, morto precocemente, sintetiza tudo o que Anna aprende com Jamie. Amar, mesmo que por pouco tempo, é melhor do que nunca ter sentido.

O que mudou do livro para o filme — e por que funciona

Eu diria que como tudo é previsível e segue à letra todas as regras de dramalhão romântico, o único spoiler é justamente a cena final, que faz uma adaptação do que está no original.

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No livro, Jamie sobrevive o bastante para fazer uma viagem pela Europa com Ella. A morte dele nunca é mostrada, mas insinuada como algo inevitável. O foco é na transformação de Ella: ela começa rígida, programada, mas termina livre, vulnerável, inteira.

Já no filme, Jamie morre antes da viagem. O roteiro, porém, usa a imaginação de Anna para mostrar o que teria sido: ela visita Paris, Amsterdam, Grécia, aparentemente com ele, como sonharam, mas em um twist feito para te fazer chorar, percebemos que na verdade ela fez toda a viagem sozinha, após a morte dele, mas sentindo Jamie presente em cada passo. Isso muda o impacto emocional. O livro dá esperança, o filme dá catarse. E ambas funcionam.

Foi uma escolha acertada da direção, que compreendeu que nem sempre o final feliz é necessário — desde que o amor, mesmo breve, seja plenamente vivido. Tennyson ficaria orgulhoso.

O romance em tela: clichê com química

Sofia Carson, conhecida por Descendentes e Purple Hearts, entrega uma Anna equilibrada entre pragmatismo e coração. Ela tem carisma, brilho, e segura bem os momentos mais doloridos — especialmente quando a voz embarga com um poema na garganta.

Já Corey Mylchreest, que já havia me feito chorar em Queen Charlotte como o jovem Rei George, volta a usar sua vulnerabilidade como força. Jamie é sarcástico, encantador e trágico. Corey não precisa de grandes gestos: seus olhos fazem o trabalho. E juntos, ele e Sofia constroem uma química envolvente, mesmo quando o roteiro cai em velhos clichês — o que, nesse caso, é mais qualidade do que defeito.

O charme de Oxford — e seu peso simbólico

Nada disso funcionaria da mesma forma sem o cenário de Oxford. Fundada em 1096, a universidade é mais que um pano de fundo: é personagem. Os pubs centenários, as bibliotecas silenciosas, os corredores de pedra — tudo carrega uma reverência histórica que molda a narrativa. Estudar ali é um privilégio — e uma responsabilidade.

Entre seus ex-alunos estão Oscar Wilde, J.R.R. Tolkien, T.S. Eliot, Malala Yousafzai, Emma Watson, Margaret Thatcher, Indira Gandhi e dezenas de prêmios Nobel. É esse peso de tradição e glória que Anna carrega nos ombros ao mesmo tempo em que aprende, com Jamie, que talvez viver seja mais urgente do que vencer.

Cinema B+: “My Oxford Year”: Entre velhas poesias e amores impossíveis, um clichê irresistível - Divulgação

Ecos de Love Story e Como Eu Era Antes de Você

Se você é cinéfilo, vai perceber de cara que My Oxford Year ecoa Love Story no romance de uma jovem de origem simples com um rapaz rico, mas afastado da família. O amor dos dois é atravessado por uma doença terminal, na promessa de um amor maior que a vida, na juventude ceifada. Mas é mais esperançoso.

De Me Before You, herda o tom contemporâneo e o dilema moral: ficar com alguém que está morrendo é egoísmo ou generosidade? Assim como Lou, Anna descobre que não precisa salvar ninguém — apenas viver o presente com coragem.

No fim das contas…

My Oxford Year não quer reinventar o gênero. Ele sabe o que é: uma história sobre amar, perder e crescer. Sobre ver beleza na brevidade. Sobre aceitar que não controlamos tudo — mas podemos escolher como reagir.

Com poesia, performances sinceras e um cenário lendário, o filme da Netflix entrega um romance clássico com coração moderno. E se você terminar com lágrimas nos olhos, como aconteceu comigo, saiba que Tennyson avisou que “É melhor ter amado e perdido / Do que nunca ter amado.”:

E talvez, só talvez, ele estivesse certo.

Cinema B+: “My Oxford Year”: Entre velhas poesias e amores impossíveis, um clichê irresistível - Divulgação

 

Diálogo

O ex-governador Reinaldo Azambuja e o governador Eduardo Riedel começam a... Leia a coluna de hoje

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08/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Davi Roballo - escritor brasileiro

O verdadeiro silêncio não é a ausência de som, mas a presença devastadora de tudo aquilo que jamais ousamos dizer”

Felpuda

O ex-governador Reinaldo Azambuja e o governador Eduardo Riedel começam a se preparar para, como bons marinheiros que singram as águas nem sempre calmas da política, tentar tapar as pequenas brechas que começam a aparecer no caso da embarcação preparada para viagem às eleições 2026. Como os vikings, eles sabem que poderão enfrentar tempestades em alto mar e serem alvo dos adversários. O que, até então, parecia estar em calmaria total, agora tem a previsão de borrascas. Naufrágio, nem pensar! Mesmo que não haja botes salva-vidas suficientes...

Diálogo

Só depois

Nos meios políticos, a previsão é de que no PSDB as coisas serão ajeitadas somente quando da abertura da janela partidária. Dizem que o deputado federal Beto Pereira não deverá ficar no partido e migrar para o Republicanos, a fim de disputar a reeleição.

Mais

Já o seu colega Pedro Caravina teria planos de permanecer no ninho tucano, desde que seja o presidente estadual. Entretanto, também poderá deixar a sigla se o deputado federal Geraldo Resende assumir o comando. Resta esperar para conferir.

DiálogoCelina Merem, que comemorou idade nova dia 6, e Viviane Borghetti Zampieri Filinto

 

DiálogoSig Bergamin, Romeu Trussardi Neto e Felipe Diniz

Transparência

A Caixa de Assistência dos Servidores de MS (Cassems) terá que dar satisfação ao Tribunal de Contas do Estado. Os conselheiros votaram, por unanimidade, para que o plano de saúde submeta relatório à auditoria daquele órgão, referente aos repasses efetuados pelo governo do Estado. A informação foi dada pelo deputado João Catan, durante sessão na Assembleia, quando disse que são repassados R$ 500 milhões à Cassems.

Muda tudo

Sobre essa questão da Cassems, o deputado Gerson Claro explicou que a atual decisão muda todo o entendimento Jurídico, e considerou isso muito plausível. Antes da decisão do TCE-MS, a subvenção “era dada ao servidor e não à empresa privada”, no caso, à caixa de assistência. “R$ 500 milhões é o Estado que dá em Saúde ao seu servidor. E se houver mesmo a mudança do entendimento Jurídico, de intepretação legal, eu assino com vossa excelência”, frisou.

Demorou

Somente cinco dias depois do episódio em que integrantes da Guarda Civil Metropolitana e manifestantes se confrontaram durante protesto contra a Administração Municipal, é que houve uma reunião sobre o episódio. Vereadores ouviram, no dia 4, esclarecimentos do secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga. Ele defendeu a guarnição e disse que as imagens serão encaminhadas ao Ministério Público Estadual e à Polícia Civil, responsáveis pela investigação. arquivo pessoal arquivo pessoal arquivo pessoal arquivo pessoal arquivo pessoal.

ANIVERSARIANTES

Dr. Gabriel Morilhas Corrêa da Costa,
Arusa Dayana Salgado e Santos Cabral, 
Cleir Ávila Ferreira Júnior, 
Loridani Martins,
Divoncir Schreiner Maran Júnior,
Tânia Conceição Battaglin 
Brum Berti,
Luciana Anunciação,
Carlos Issa, 
Maria Helena Rozin Barbosa, 
Carlos Augusto Melke Filho,
Inês Conceição da Silva,
Jane Terezinha Lino, 
Nayara Regina dos Anjos,
Ana Cristina Camargo de Castro,
Paulo Claudiano Freire Netto,
Daniella Barroso Netto,
Zeleida Aparecida Siqueira Moura,
Rafaella dos Santos Pereira Interlando,
Geraldo de Souza,
Lívia Machado Maksoud, 
Neiva Conceição Faria Campos D’Oliveira,
Abdalla Yacoub Maachar Neto,
Floriza Cardoso,
Cristina Conceição Oliveira Mota,
Anali Neves Costa,
Daniela Rocha Rodrigues Peruca,
Eriko Silva Santos,
Fábio Hilário Martinez de Oliveira,
Gabriela Alves de Deus,
Jean Junior Nunes,
Magda da Conceição Ormay Molas Pianezzola,
João Luiz Rosa Marques,
Marco Andre Honda Flores,
Adelaide Teresinha Seider,
Neudir Simão Ferabolli,
Vânia Barreto de Queiroz,
Luiz Valentim da Silva,
Valcilio Carlos Jonasson,
Teamajormar Glauco Bezerra de Almeida,
Riad Emilio Saddi,
Gladiston Reisktins de Amorim, 
Dr. Diomedes Borges do Amaral, 
Vera Lúcia Verde Selva,
Dr. Washington Cassio Justino Pedroso, 
Carlos Vicente de Almeida,
Renato Carlos Vieira Mangelli,
Dr. Alexandre Alexiades, 
Conceição Quintana,
Marco Antonio Rodrigues,
Mayra Ribeiro Gomes,
Ramão Sobral,
Maria Cacilda Brandão,
Andréia de Souza Ferreira,
Paulo Márcio Machado Metello,
Sebastião Moreira Ferro,
Gisela Nantes D’Avila,
Aldonso Vicente da Silva,
Maria Campos Pacheco,
Nilma Coutinho,
José Carlos de Andrade,
Mariângela Gaspar,
Rafael Ibanês de Moraes Neto,
Anilton da Costa Duarte, 
Gilma Gonzales Chaves,
João Lino Rodrigues,
Roberto César Catelan, 
João Freire de Oliveira,
Edison Gutierres,
Jaime Douglas Belintani,
Pedro Yonehara,
Tânia Maria de Lima,
Adão Luiz Pereira,
Pedro Paulo Cardoso,
Roberto Schifer Bernardi,
Ambrozina Oliveira Dutra,
Cícero da Silva,
José João Pires Oliveira,
José Ferreira dos Anjos Neto,
Maria do Nascimento,
Jeferson Barbosa Marques,
Narduche Pavão, 
Edson Nogueira,
Hilda Panhoti Ribeiro, 
Viviane Vignolli Nascimento,
Suzana Tomie Fukuhara, 
Mauro Lúcio Rosário,
Regiane de Queiroz Santos Delmondes,
Luciano Ribeiro de Souza,
Oscar Ramos Louveira,
Carlos Alberto Salgueiro da Cunha Rosa,
Luiz dos Santos Souza,
Alencar Lemos Passos,
Rui Aparecido da Silva Martins,
Wania Conceição de Oliveira Fernandes,
Pedro Farias de Oliveira,
Amariles Diniz Ramires,
Pedro Luiz Sanches Junior,
Adriana dos Santos Piornedo,
Paola Lincetti Ferreira,
Antonio Paulo Nunes de Abreu,
Evaldo Luiz Pereira da Rosa

*Colaborou Tatyane Gameiro

documentário

'Apocalipse nos Trópicos', cotado ao Oscar, vence duas categorias em prêmio internacional

Documentário em longa-metragem aborda a relação entre política e religião no Brasil

07/12/2025 21h00

Documentário aborda a relação entre política e religião no Brasil

Documentário aborda a relação entre política e religião no Brasil Foto: Divulgação

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Apocalipse nos Trópicos, documentário de Petra Costa, venceu as categorias de melhor produção e melhor roteiro do International Documentary Awards (IDA) neste sábado, 6, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

O filme também concorria nas categorias de melhor documentário em longa-metragem, a principal da noite, e melhor direção.

A primeira foi vencida por The Tale of Silyan, de Tamara Kotevska, que retrata a família de um agricultor em meio ao cenário político e econômico da Macedônia do Norte. Já o prêmio de direção ficou para Brittany Shyne, de Seeds, que aborda a vida de fazendeiros negros.

"Que orgulho e que honra receber esse prêmio que não é apenas nosso, mas de toda equipe incrível de Apocalipse nos Trópicos", afirmou Costa em seu Instagram.

O prêmio de roteiro foi dado a Petra Costa, Alessandra Orofino, Nels Bangerter, David Barker, Tina Baz, e o de produção a Petra e Alessandra.

Disputa pelo Oscar

Há expectativa de que Apocalipse nos Trópicos seja um dos escolhidos para concorrer ao Oscar de melhor documentário em longa-metragem na lista que será divulgada pela Academia em 22 de janeiro de 2026.

O filme aborda a relação entre política e religião no Brasil e traz entrevistas com personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o pastor Silas Malafaia.

Não seria a primeira disputa de Petra Costa em um Oscar. Em 2020, seu filme Democracia em Vertigem também concorreu na mesma categoria. Na ocasião, porém, a estatueta ficou com American Factory.

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