Há séries dramáticas e há séries dramáticas, em especial as que recontam a relação tóxica de casamentos aparentemente desfeitos. Posso rapidamente fazer uma lista que vai desde Dra. Foster, da BBC; a Anatomia de em Escândalo, da Netflix e agora, Turismo Selvagem (Wilderness), da Amazon Prime Video.
Nessas três o começo é igual - a relação idílica de um lindo casal vivendo em uma casa de revista - apenas para descobrir que uma traição é a ponta do Iceberg de uma tragédia. Se você gosta de drama e surpresas, elas são prato cheio para devorar. Claro que há ressalvas...
Cada uma das séries tem sua qualidade, mas, todas esbarram com o flerte do gênero conhecido como folhetim. Em outras palavras: novela. A história forçosamente te levará a viradas “surpreendentes”, mesmo que o preço seja se afastar de qualquer realismo ou até mesmo a proposta original do começo.
Nas três histórias que citei, nossa heroína acidentalmente descobre que seu marido está mentindo sobre um caso extraconjugal.
Nem mesmo conseguem recuperar o fôlego do susto como passam imediatamente por um período de gaslighting (quando o parceiro mente e manipula os fatos para parecer que ela está enlouquecendo) até que a tragédia se revela de forma violenta, revelando segredos inimagináveis dos passados de todos. Turismo Selvagem (Wilderness) é a última ‘novelinha’ com essa proposta.
Foto: DivulgaçãoOlivia (Jenna Coleman) e Will (Oliver Jackson-Cohen) são apaixonados, ricos, bonitos e com uma vida dos sonhos em Nova York. Ela vem de uma casa marcada pela separação traumática de seus pais, mas Will vem de uma família rica e os dois estão em Nova York por causa do trabalho dele.
Um dia, sem querer, Liv descobre que Will teve um caso com uma colega, mas o que era “apenas uma noite” na verdade era um relacionamento ainda rolando e, ao ‘investigar’, descobre uma série de mentiras. Em vez de chorar (ou acreditar em Will), Liv é como a Dra. Foster: parte para a vingança. Claro, sem que ele desconfie.
Uma viagem longe dos centros urbanos, inicialmente proposta para reconciliação, se torna um pesadelo cheio de armadilhas. E piora quando a amante aparece “coincidentemente”, mesmo que acompanhada de seu marido. A pressão aumenta, Liv ultrapassa seu limite e um acidente muda toda dinâmica dos dois casais. Paro que contar mais detalhes porque já dei spoiler suficiente.
A série é a adaptação do romance homônimo de B. E. Jones, cuja tagline era amor pode machucar, traição pode matar. Divida em seis episódios, ela vai razoavelmente bem na proposta até a metade, depois é completamente incompreensível.
Por exemplo, Liv tem motivos e oportunidades para deixar Will, mas fica com ele em um relacionamento tóxico e dramático sem muita justificativa. Afinal, em pleno milênio, Will é um marido típico dos anos 1950s que espera que ela fique em casa enquanto ele trabalha, mas tampouco fica clara a razão que o faz querer continuar casado se coleciona amantes à parte.
Foto: DivulgaçãoSem entender exatamente a razão dos dois que claramente devem se separar, mas insistem em “salvar o casamento” é raso, mas todas as histórias fossem de relacionamentos saudáveis não teríamos drama.
O empoderamento (criminoso) de Olivia oculta uma frieza de raciocínio e projeta um desejo de aniquilação criminoso, que até pode ter sido sonhado por muitas mulheres traídas e que planejavam dar uma ‘lição’ ao marido infiel, mas que ainda bem não é nem perto do real. Ficamos tensas meio que querendo que ela se livre ou que o deixe, mas a tragédia vai crescendo.
Jenna Coleman está comprometida em mostrar o lado sombrio de Olivia e tem carisma para nos encantar com ela. Outro destaque de Turismo Selvagem (Wilderness), com sucessos dos anos 1980s. Se você está em busca de algo para distrair… são seis horas dando sopa!
Foto: Prime Vídeo

As pinturas de Isabê também estarão na Casa-Quintal 109 de Manoel de Barros, museu na antiga residência do poeta, no Jardim dos Estados - Foto: Divulgação


Filme lança hoje - Foto: Divulgação


