Em março de 2020, a CNN chegou ao Brasil cercada de dúvidas. Implementada por aqui por Douglas Tavolaro, ex-diretor de jornalismo da Record, muito se especulou sobre qual seria a linha jornalística do canal pago.
Um ano depois da estreia, é perceptível que muito mais que ideologias políticas ou alinhamento com o governo, o canal busca equilíbrio entre o prestígio e popularidade para garantir sua relevância.
Inicialmente, as contratações ocorreram de forma tímida. Sem a credibilidade para atrair nomes mais fortes, a CNN Brasil focou em formar seu elenco a partir de nomes conhecidos e decadentes, casos de Alexandre Garcia e William Waack, para garantir uma espécie de “peso” ao seu “casting”.
Para aliviar os ânimos, focou na contratação de nomes secundários da tevê aberta, como o popularesco Reinaldo Gottino, da Record, e a apagada das madrugadas Monalisa Perrone, da Globo.
Como estratégia para atrair um público mais jovem, até o casal Mari Palma e Phelipe Siani entrou na onda de contratações que causou mais especulações do que uma real alteração no mercado jornalístico.
O perfil mais sóbrio e conservador logo foi deixado de lado. Com medo de virar chacota, aos poucos, o canal foi silenciando vozes que poderiam ser prejudiciais para sua imagem.
Um dos episódios mais graves foi protagonizado por Alexandre Garcia que, contrariando a ciência, defendeu o uso de remédios considerados ineficazes no tratamento contra o coronavírus.
O jornalista vive passando vergonha nas redes sociais e achou que poderia fazer o mesmo na tevê a cabo.
Para equilibrar as forças, um dos grandes destaques do canal é a advogada Gabriela Priolli. Polida e articulada, Priolli foi uma aposta desconhecida do canal que realmente conseguiu se destacar ao longo do último ano.
Em debates que beiravam o absurdo, em especial com Caio Copolla, ela se manteve disposta a escutar, mas também se fez ouvir de forma clara e competente.
Entre erros e acertos, é fato que a CNN Brasil acabou se tornando uma eficiente alternativa de informação em um mercado ainda dominado pela excelência e assepsia da Globo News.
Ainda buscando seu tom e sempre de olho no que o principal concorrente está produzindo, o canal agora investe em programas de reportagens mais elaborados e que flertam com o entretenimento.
O resultado nem sempre é tão satisfatório como o esperado, visto a falta de repercussão do “CNN Séries Originais”, a tão propagada volta de Evaristo Costa ao vídeo depois de um período sabático pós-Globo.
Com contratações recentes de bons nomes como Márcio Gomes, Luciana Barreto e Carla Vilhena, o canal se prepara para uma boa expansão ao longo de seu segundo ano de vida.
É aí que o público e o mercado poderão avaliar se a CNN Brasil tem poder de ser protagonista no mercado ou se seguirá como uma coadjuvante de luxo e que até agora tem apenas uma grande reportagem no currículo: a reveladora entrevista com a então Secretária Especial da Cultura, Regina Duarte.



