Correio B

Diálogo

Tornou-se pesadelo para prefeita de município do interior de Mato Grosso do Sul "trem da alegria"

Confira a coluna Diálogo na íntegra, deste sábado e domingo, 5 e 6 de outubro de 2024 - Por Ester Figueiredo ([email protected])

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OSVALDO QUEIROZ - POETA DE MS

Ando à procura de uma velha mala de couro gasto, 
surrado e marrom, e de um par de chinelos velhos 
onde meus passos sintam-se cômodos e vadios”.

FELPUDA

Tornou-se pesadelo para prefeita de município do interior de Mato Grosso do Sul “trem da alegria” que aconteceu em época não tão remota. Ela está batalhando pela reeleição e adversários estão esfregando as mãos de contentamento com essa denúncia, que está sendo devidamente apurada em processo que puxou o fio da meada. Fala-se que foram gastos mais de R$ 70 mil só em diárias. Pagos com o meu, o seu, o nosso dinheirinho.

Assédio

Em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas, as unidades do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS) estarão abertas neste sábado e neste domingo, dia das eleições, para recebimento de eventuais denúncias relacionadas 
a assédio eleitoral. O atendimento será das 8h às 17h. As reclamações poderão ser feitas de forma sigilosa, assim como as denúncias, e no anonimato, pelo site do MPT-MS (peticionamento.prt24.mpt.mp.br/denuncia) ou pelo aplicativo MPT Pardal (disponível para Android e iOS).

Porta-retrato

Alguns candidatos à Prefeitura de Campo Grande fizeram questão de mostrar com quem estarão em 2026, quando da disputa 
pela Presidência da República. Rose Modesto (União Brasil) está colada em Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que, inclusive, a indicou para a Sudeco, à época. Beto Pereira, pelo apoio que recebeu, terá de fechar com Bolsonaro, caso este reverta a inelegibilidade, ou com quem ele mandar. Camila Jara, do PT, é Lula desde criancinha, e Adriane Lopes, do PP, aguardará decisão 
da senadora Tereza Cristina.

Cobertura

A Rádio Alems FM 105.5, da Assembleia Legislativa de MS, em parceria com a Rádio Senado, divulgará, pela primeira vez, o andamento da eleição. Vai acompanhar a apuração local e das principais cidades do Brasil. No Estado, a coordenação é da jornalista Karine Cortez.

Crescendo

Em agosto, o setor de bares e restaurantes apresentou o segundo maior aumento entre todos os setores (0,7%), atrás apenas de serviços domésticos (1,62%), segundo a Abrasel, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). 

Ana Carolina Rezende Coutinho

 

Tiago Iorc

Embolados

Na véspera das eleições municipais, o clima é de muita, mas muita mesmo, preocupação nos QGs dos três primeiros colocados, conforme todas as pesquisas, na disputa para a Prefeitura de Campo Grande. Os índices não apontam grande diferença que permita ao trio dormir tranquilo como se estivesse no segundo turno. Com o eleitor não se brinca.

Cicatrizes

Os ataques engendrados nos porões de alguns QGs de campanha terão o troco em 2026. Candidatos sabem quem agiu contra quem nessa briga pela Prefeitura de Campo Grande. A disputa se encerrará no dia 27, se houver segundo turno, porém, todas as artimanhas estarão devidamente anotadas para ser dado o troco em 2026.

Estaca zero

O vereador Thiago Vargas voltou a ficar inelegível e nem mais será readmitido na Polícia Civil, além de não poder brigar pela cadeira de deputado estadual. Desembargador derrubou liminar que lhe dava sustentação. Na sessão da Câmara Municipal de quinta-feira, ele lamentou a decisão, chorou e teve de receber ajuda dos seguranças para sair do plenário, uma vez que ficou deitado no chão. A sessão foi suspensa.

ANIVERSARIANTES

SÁBADO (5)

Dr. João Jackson Duarte,
Irenice Costa Corrêa,
Leandro de Oliveira Ristow, 
Nori de Carvalho,
Claudia Gouveia,
Angelo José Bortoluzzi,
Jorge Lopes Cáceres,
Paulo Francisco Coimbra Pedra, 
José Rodrigues Dias,
Antonio de Figueiredo Brito,
Laura Rose Navarro Campos,
Clair Regina de Souza,
Ronaldo Serrou da Silva,
Glaucy Stella Garcia de Andrade,
Vanessa Hoffmann Boretti,
Ana Cristina Fleitas Pereira,
Paulo dos Santos Santiago,
Izanélio José Rezende,
Antonio Pereira Marques,
Manuel Ferreira da Costa Moreira,
Arildo Espindola Duarte,
Edmilson Luchese, 
Tânia Lourdes Carneiro Cândido, 
Angela Maria Oselane,
Dr. Orcidney Aparecido Bissoli,
Dra. Kátia Dutra do Souto de Arruda Alves, 
Dra. Judith Amaral Lageano, 
Dr. Vaneli Fabrício de Jesus Gouliouras, 
Belkiss Galando Gonçalves Nantes,
Stéfany Mendonza Duarte,
Augusto Tinoco Barbosa Filho,
Marlene Cândida Maneta de Jesus,
Dr. Fernando José Barauna Recalde,
Sônia Pereira da Silva Marques,
Sônia Aparecida da Costa Moreira,
Advaldo Barbosa Furquim, 
Cândido Ottoni,
Geovani Luchiene Antunes Gadelone,
Mario Marcio de Arruda,
Neusa Maria Sobral,
Elisângela Rossetto,
Cleise Wolf Fedrizzi,
Valmiro Nunes de Oliveira,
Cláudio Henrique Bergamin Fabris, 
Osvaldo Jordão Secco Thomé,
José Belga Assis Trad, Oswaldo Maciel Chama,
Jorge Tatsuo Miyashiro,
Eduardo Henrique França,
Regina Hernandez Dibo Nacer,
Raquel Arakaki,
Almir José Felski,
Mário Mitsuo Shiguematsu,
Luciano Hofmann,
Fabrina Bigaton,
Maha Ali Tarchichi Hamie,
Carla Rafaela Devechi,
Palmira Tomikawa Tokeshi,
Fabricio Stivanelli Matheussi,
Claudia Elisa Melo Hodgson,
Paulo Tibana,
Maria Bugosi,
Maria Herminia Rodrigues Kasecker,
Ricardo de Melo Alves,
Márcio Alexandre da Guila Back,
Elio Robalinho Pereira Junior,
Nelson Paschoalotto,
Melissa Azussa Kudo,
Aracy Scaffa Chelotti,
Fernanda Bertoni Strengari,
Juscelino Ferri,
Valquiria Aparecida Vieira Foglia.

DOMINGO (6)

Lisandra Rauanny Queiroz Alves, 
Kátia Aparecida Locatelli, 
Synara Miranda, 
Olinda Beatriz (Bia) Trevisol Meneghini,
Mariana Oliveira Mônaco, 
Adilson dos Reis Rondon,
Marlene Santana dos Santos, 
Nilo Arashiro,
Dagmar Alves,
Iduméa Erotides de Rosa Silva,
Kenzo Takushi,
Feliciano Marcos de Brito,
João Leme Cabral,
Viviane Bueno Bergamo,
Alcione Azevedo Errubidart,
Ivone Aparecida Hotta Perez, 
Jackeliny Dalavale Higa,
Renata Garcia Arguello, 
Bruno Hindo Dittmar, 
Nilza Gomes da Silva, 
Ary Sortica dos Santos Junior,
José Júlio Saraiva Gonçalves, 
Selma Aparecida de Andrade Suleiman, 
Rodrigo Razuk,
Marcelo Santos Alves,
Maura Simões Corrêa Neder Buainain, 
Dr. Oton José Nasser de Mello,
Marcos Aurélio da Rosa Barberis,
Mariana Oliveira da Silva,
Luis (Vitorino) Bruno Amanda Caroline Dias, Caetano Fonseca,
Sonia Manoelina Campos Leite,
Antônio Soares Diniz,
Janaína Lopes Neves,
Aline Emanuelle Acosta,
Vanir Teodoro de Freitas,
Jussara Vieira Fernandes,
Dra. Regina Lúcia de Almeida e Souza,
Dra. Renata Corona Zuconelli,
Sebastião Arruda,
Roselene de Almeida Moraes,
Ivanilze Guimarães,
Luiz Domingos Cardoso Capucci,
José Lima Neto,
Valdecir Costa Campos,
Jarbas Milton Ribeiro,
Fátima Lima,
Keila Ocampos,
Maria Peralta do Carmo,
Dr. José Neder Júnior,
Dr. William Ivan Miyasato, Soraya Rezek, 
Dr. Claudiu Marciu Ferreira Pereira,
Vanderlei Estelvio Michalski,
Célia Regina Cavalcanti Mortari,
Renato Iwai Ogata,
Fernando Lopes Pereira,
Waldemar Oliveira Nunes,
Dra. Tânia Maria Cardoso Arima,
João Eduardo Contar,
Erotilde Arguelho Oruê,
Mauro Pompeu Felice Moreira,
Dra. Lúcia Helena da Silva,
Fátima Eugênia Palhano,
Dr. José Renato Mendes da Silva,
Ricardo Schauberlay Dias Pereira,
Kime Temeljkovitch,
Rosana Tinatsu Ono,
André Luiz Mambelli,
Glauber Tiago Giachetta,
Dorval Baptista Dallagnolo.

*Colaborou Tatyane Gameiro

DE GRAÇA E NA RUA

2º Campo Grande Jazz Festival

15/12/2025 11h30

Felipe Silveira e Daniel Dalcantara

Felipe Silveira e Daniel Dalcantara Montagem / Divulgação

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Após uma primeira edição histórica em 2024, com apresentações em terminais de ônibus e no Armazém Cultural, onde, inclusive, a Urbem conheceu Ryan Keberle, o Campo Grande Jazz Festival deste ano se volta exclusivamente para espaços a céu da capital sul-mato-grossense com grande circulação de pessoas.

É a edição “rua” do festival, que acontece de quarta-feira a domingo, levando o jazz para o cotidiano da população campo-grandense.

A programação vai contar com uma série de cinco jam sessions, sendo três em terminais de ônibus, uma na Rua 14 de Julho (esquina com a Avenida Afonso Pena) e uma na Avenida Calógeras, próximo à Plataforma Cultural.

Sob a condução do produtor musical Adriel Santos, intercâmbios criativos unirão músicos experientes da cena local e nacional, explorando a espontaneidade do jazz tradicional e proporcionando encontros musicais de grande importância para o cenário musical sul-mato-grossense.

Felipe Silveira e Daniel DalcantaraFoto: Divulgação

“O festival busca promover a inclusão cultural, contribuir para o bem-estar social e fortalecer o sentimento de pertencimento e identidade cultural da comunidade de Campo Grande. O jazz misturado ao tecido urbano é uma aposta estética e um jeito de levar a experiência musical para onde as pessoas estão”, afirma o músico e coordenador do evento.

Nos terminais de ônibus, o festival propõe intervenções musicais descontraídas e cheias de vigor, desconstruindo a rotina e oferecendo uma experiência inesperada a trabalhadores, estudantes e todos que passam por ali.

Felipe Silveira e Daniel DalcantaraDaniel Dalcantara (SP) - Foto: Divulgação

A música emerge em meio ao fluxo, democratizando-se para um público diversificado que, muitas vezes, não tem a oportunidade de frequentar eventos culturais com ingresso pago.

“Essa estratégia de levar o Campo Grande Jazz Festival para os espaços urbanos reflete um compromisso firme com a democratização do acesso à cultura e a ressignificação dos espaços públicos”, reforça Adriel Santos.

>> Serviço

Programação

Quarta-feira – às 17h30min,
no Terminal Bandeirantes, com Bianca Bacha, Gabriel Basso, Ana Ferreira, Adriel Santos e Junior Matos.

Quinta-feira – às 17h30min,
no Terminal General Osório, com Juninho MPB, Junior Juba, Matheus Yule e Leo Cavallini.

Sexta-feira – às 17h30min,
no Terminal Morenão, com Adriel Santos, Gabriel Basso e Giovani Oliveira.

Sábado – às 17h30min,
na Praça Ary Coelho (R. 14 de Julho com Av. Afonso Pena), com Felipe Silveira (SP), Daniel D’Alcantara (SP) e artistas da cena local do jazz.

Domingo – às 17h30min,
na Av. Calógeras (em frente à Plataforma Cultural), com
Felipe Silveira (SP), Daniel D’Alcantara (SP) e artistas da cena local do jazz.

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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