Na garagem, localizada em uma casa, em rua tranquila do Bairro Carandá Bosque, estão, lado a lado, fragmentos de instantes importantes da história nacional e internacional dos últimos 200 anos.
São retratos, livros, medalhas, desenhos, uniformes, mapas, revistas, recortes, entre outros. Todos, cuidadosamente, organizados, ao longo de vários anos, pelo coronel Nylson Reis Boiteux e, mais recentemente, também por sua esposa, Maria das Graças Leal de Souza Boiteux, e que, agora, formam painel, no mínimo, precioso para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o passado, tendo como referência o ponto de vista de integrantes das Forças Armadas do Brasil em vários períodos.
O acervo foi formado para homenagear os familiares do coronel que tiveram suas trajetórias marcadas pela dedicação à rotina militar. O espaço foi batizado de “Memorial da Família Boiteux”.
“No total, foram 21 – dez no Exército, nove na Marinha e dois na Guarda Nacional do Império –, cujos retratos estão estampados em quadros, na parede do memorial”, destaca o coronel, que nasceu em Florianópolis e passou a morar novamente em Campo Grande há 4 anos, depois de se casar com Maria das Graças – anteriormente, viúvo, ele morava em Brasília.
O contato com a cidade é bem anterior ao período do atual matrimônio. Quando era major, entre os anos de 1968 e 1974, morou por aqui. Na época, entre outras ações, coordenou, no antigo Mato Grosso uno, uma das ações mais importantes do regime militar no campo da educação, o Projeto Rondon, iniciativa que possibilitou o contato de universitários de várias áreas à realidade do interior do Brasil. Nessa fase, também formou-se em Direito pela Faculdade Católica Dom Bosco (Fucmat).
O interesse pela preservação histórica teve como modelo a a trajetória do avô, o almirante Lucas Alexandre Boiteux, que, além de importante atuação na Marinha Brasileira, publicou vários livros sobre acontecimentos brasileiros e da vida militar, algumas das suas obras estão em destaque no memorial. O próprio coronel é autor de dois livros (veja matéria na página).
PEÇAS
No seu caso, a dedicação à pesquisa ganhou impulso após passar à reserva, em 1984, depois de 40 anos de serviços prestados ao Exército, quando atuou em vários estados e testemunhou momentos importantes como a crise política do início da década de 1960 e o período do governo militar. Atualmente, ele está com 87 anos.
Observando os itens colecionados é possível ter referência sobre acontecimentos distintos. Por exemplo, do fim da escravidão no Brasil, em 1888, é possível encontrar a capa de uma publicação do período. “É um material original, que, como outros, fui colecionando ao longo da minha trajetória. Além do material da minha família, também fui visitando vários sebos e ampliando o que tinha”, afirma.
Da Coluna Prestes, podem-se ver fotografias e recortes de publicações. O mesmo é possível de outros fatos marcantes do século 20, como a Segunda Guerra Mundial e a guerra fria.
Do primeiro, expõe peças – medalhas e botões – dos uniformes de soldados e oficiais nazistas, assim como peças de artilharia. “Tive um primo que lutou pela FEB [Força Expedicionária Brasileira] e alguns dos materiais que tenho sobre esse período foi repassado por ele”, destaca.
Do segundo, mostra fotografias e ilustrações das Forças Armadas dos Estados Unidos e da União Soviética, incluindo revistas importantes dessa fase histórica como a americana Life.
Outro item curioso da coleção é a reprodução em desenho de vários fortes militares brasileiros, incluindo a do Forte Coimbra, em Mato Grosso do Sul.
O coronel conta que o espaço da garagem possibilitou maior organização do acervo e até sua ampliação. Porém, por enquanto, a visitação não está aberta ao público. “Mostramos somente para nossas visitas. Futuramente, podemos abrir, mas de forma limitada; atualmente, estudamos essa possibilidade ”, explica o coronel.

As pinturas de Isabê também estarão na Casa-Quintal 109 de Manoel de Barros, museu na antiga residência do poeta, no Jardim dos Estados - Foto: Divulgação


Filme lança hoje - Foto: Divulgação

Patricia Maiolino e Isa Maiolino
Ana Paula Carneiro, Luciana Junqueira, Beto Silva e Cynthia Cosini


