Por Flávia Viana
Colaborou Denise Neves
Meu encontro com a atriz Cris Vianna já estava em processo fazia algum tempo.
E, finalmente ele aconteceu! Logo no início da nossa conversa, fiquei feliz em ver uma mulher que mistura beleza, doçura, força e personalidade. No mês de aniversário do Correio B+, não poderíamos comemorar de maneira diferente.
Cris Vianna é rosto referência de sua geração na TV, no teatro e no cinema.
A atriz, que começou sua carreira cantando, tentou conciliar na época com sua profissão de modelo, mas no final, nem uma, nem outra, porque sua trajetória passou a ser escrita mesmo nos mais variados palcos, mas como atriz.
Atualmente Cris está com vários projetos na TV/ Streaming, entre eles, a nova temporada de “Arcanjo Renegado” e “Musa Música”, sendo a última não só na Globoplay, mas também na TV Globo.
Ela está também na série intitulada “Beijo Adolescente” e “Me Tira da Mira”, ambas pela HBO Max, que se soma a estreia do longa “O Segredo de David”, pela Netflix.
Na TV Globo, depois de atuar em sua última novela, “O Tempo Não Para”, Cris também relembrou seus velhos tempos ao ser finalista da primeira edição do “The Masked Singer Brasil”.
Na Rede Globo, a atriz fez parte de elencos estrelados de novelas como: “América”, “Sinhá Moça”, “O Profeta”, “Duas Caras”, “Salve Jorge”, “Império”, Fina Estampa, entre outras.
A atriz também é premiada e reconhecida no cinema por suas atuações em longas como “Besouro” - Trófeu Raça Negra de Melhor Atriz e, “Última Parada 174”, de Bruno Barreto - Prêmio Contigo de Melhor atriz.
Cris Vianna é Capa do Correio B+ edição de aniversário desta semana, e conversou com exclusividade com o Caderno sobre sua carreira, relembrando os seus trabalhos nas novelas e no cinema, seu amor pelo Carnaval, sua relação com a música, do orgulho de ser uma mulher negra e de nunca desistir.
Confira na íntegra a entrevista da atriz Cris Vianna:
CE: Cris eu não imaginava que você tinha sido modelo, como foi essa época e esse começo?
CV: Sim. Inclusive, já desfilei no São Paulo Fashion Week. Eu tive uma passagem muito bonita como modelo, na verdade.
Eu trabalhei com a moda e nessa época a gente ainda tinha a abertura das prefeituras, fazíamos bastante comercial de TV, o que hoje em dia vem diminuindo por conta da internet...
As modelos se tornavam bastante conhecidas porque os meios de comunicação naquela época eram muito rápidos e grandiosos dependendo, da marca que você era contratada e fazia uma campanha.
E eu peguei essa época, que foi muito bonito para a minha vida, enquanto eu estudava e fazia teatro paralelamente.
Aí, eu terminei o meu curso de teatro em São Paulo, fiz um filme, e depois eu vim para o Rio de Janeiro estudar na oficina de atores da Rede Globo.
CE: E esse seu caminho de modelo te levou para a dramaturgia?
CV: Sim. Como modelo, eu acabava sendo convidada para fazer comerciais e tinham textos que me pediam para falar, e eu era mais tímida e não me sentia tão tranquila para fazer algumas coisas, eu entendia que precisava de algo a mais, então, eu fui buscar o teatro para desenvolver esse lado.
E eu fui me apaixonando, até porque já era algo que eu gostava muito, de estar no palco...
Não só na moda, mas, por exemplo, eu sempre fiz aula de dança e apresentações... Eu achava que funcionava muito fazer teatro.
Foi a minha busca inicial dentro dos cursos de teatro, e em paralelo, eu fazia cursos de cinema.
E aí eu fiz cinema, de fato, fiz filmes com atores conhecidos, e uma coisa foi puxando a outra, eu entendi que fazia sentido.
Quando eu comecei a fazer o teatro, no primeiro mês eu já entendi que era algo que funcionava para mim, até porque a carreira de modelo era algo que eu não me via para sempre. Eu me matriculei em um curso e fiquei por cinco anos.
E só depois eu iniciei na minha primeira novela.
CE: E aí você se apaixonou e começou a fazer uma novela atrás da outra, né?
Muitos trabalhos de grande expressividade...
CV: Foi um caminho que eu agradeço, porque foi tudo muito bonito.
Uma oportunidade de trabalho que foi encabeçando um com o outro, né. Assim como os filmes, que muitas vezes fiz junto com as novelas.
Foi um processo corrido, mas eu também adoro esses desafios. Eu entrei na profissão mesmo de cabeça.
Eu penso que a gente não pode parar. Se você não puder estar fazendo um curso de algo que você esteja tentando se informar, a internet ajuda muito nisso hoje.
E esse novo processo que a gente já viu de fazer cursos on-line, por exemplo.
CE: Geralmente, os atores mergulham nos seus trabalhos de uma forma profunda. Vocês fazem personagens muito diferentes e se transformam independentemente de alguma caracterização física ou não. Vocês encaram o personagem com personalidades completamente diferentes. Teve algum personagem que você teve mais dificuldade ou facilidade ou algum que te marcou muito dentro desse processo como atriz?
CV: Sim! Eu tive duas personagens que foram evangélicas, a Marisa e a Indira.
A Indira batia no marido (risos) e eu tinha dificuldade porque entendo que é um comportamento muito diferente.
Então, eu olhava com muito cuidado para esse lugar devido à religião dela, que é um lugar de extremo respeito, seja qual religião for.
Existe uma entrega que não tem que ser limitada, mas tem que ser observada. Você não carrega não só a personagem, mas também toda a história dela. E qualquer mulher neste lugar deva olhar com carinho e cuidado para isso.
A minha profissão é muito legal nesse sentido, porque a arte te convida a conhecer, respeitar, entender e mergulhar na vida do outro.
CE: Você tem algum ritual para se desprender de um personagem e começar outro?
CV: Não tenho um ‘ritual’ exatamente, mas, por exemplo, quando eu fazia a Marisa, eu tive que finalizar para embarcar em uma outra série, e eu fui de uma deputada para uma professora.
A Marisa lidava com homens, com o universo do machismo etc, e a Palmira era uma professora que entende que os jovens são o futuro.
São bem diferentes. Então tenho que me desprender de uma para iniciar outra.
CE: Cris você já recebeu prêmios importantes em sua trajetória. Quando você é premiada, você vê isso como um reconhecimento? Como você enxerga isso?
CV: Ao longo do tempo, a gente vai aprendendo o melhor sobre esse processo.
Quando a gente faz uma obra, não sabemos se vai dar certo...
A gente tenta de tudo, não só para mim, mas para a obra inteira.
E que esse personagem seja visto.
Por exemplo, eu ganhei um prêmio no qual eu estava concorrendo com mulheres absurdas como a Fernanda Montenegro, e eu lembro que chamaram o meu nome e eu nem conseguia levantar, eu congelei (risos).
Eu estava muito feliz de já estar concorrendo, mas nunca pensei que fosse ganhar.
Quando você dá o seu máximo e isso é reconhecido, é muito legal. Isso te dá a certeza de que você está no caminho certo.
CE: Você participou de um programa da TV Globo cantando. Sei que você canta desde a época que trabalhava como modelo. Pode contar um pouco sobre esse processo?
CV: Cantar foi a primeira coisa artística que eu fiz na minha vida. Acho que como modelo a vida vai te ensinando as suas oportunidades vão te fazendo aprender sobre novos caminhos.
E atuar também.
Eu sempre quis estudar, e já fiz vários cursos de canto e até mesmo tentei fazer faculdade de Música, mas eu tive que parar.
Não digo que isso me desmotivou, mas aí eu senti que não estava me dedicando da forma que devia, porque tinha momentos que eu estava fazendo teatro ou aula de canto, e eu acabei me distanciando um pouco da música, mas continuei fazendo as minhas aulas de canto, cheguei a gravar coisas minhas por desejo próprio...
Na pandemia, eu fiz duas gravações, e depois acabou me surgindo o convite do ‘The Masked Singer Brasil’, o que foi uma surpresa para muitos, e eu acho ótimo, foi tudo muito bonito!
CE: Bom, você é apaixonada pelo Carnaval. Nos fale sobre essa paixão...
CV: Para minha vida, o Carnaval é um amor eterno. É uma paixão que me movimenta sempre, estando desfilando ou não.
É um dos maiores espetáculos do mundo.
O que o Brasil entrega para o Carnaval é absurdo, o que, de fato, emociona a gente.
Para mim, não existe sensação melhor do que estar dentro dele e também de uma bateria, é algo emocionante, inexplicável, só quem vive sabe qual é o sentimento, é realmente um amor eterno pra mim...
CE: Você estpa com muitos trabalhos no ar nas plataformas de streaming, outros que estão por vir... Atualiza a gente Cris...
CV: Podemos ver agora a minha personagem Angela em ‘Me Tira da Mira’ na HBO MAX, no qual eu faço a filha do Stênio Garcia, com quem foi um prazer contracenar novamente em minha trajetória de vida.
Tem a Maíra em ‘Arcanjo Renegado’, onde eu faço a presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).
Ela é uma mulher muito potente e foi uma conquista para mim poder fazer uma personagem como ela.
A outra série que estamos gravando se chama ‘Musa Música’, que é algo lúdico, é um musical que também será para TV aberta (Globo), ela é muito linda.
Tem o “Beijo Adolescente” também pela HBO Max, que se soma a estreia do longa “O Segredo de David”, pela Netflix.
Tem muita coisa que vocês já podem ver e outras que já estão chegando, espero que vocês gostem...

As pinturas de Isabê também estarão na Casa-Quintal 109 de Manoel de Barros, museu na antiga residência do poeta, no Jardim dos Estados - Foto: Divulgação


Filme lança hoje - Foto: Divulgação

Patricia Maiolino e Isa Maiolino
Ana Paula Carneiro, Luciana Junqueira, Beto Silva e Cynthia Cosini


