Everaldo Marques sempre foi bastante decidido sobre os rumos de sua vida. Ainda na infância, ao notar suas poucas habilidades esportivas, ele encontrou outra forma de participar das brincadeiras com os colegas: a narração.
No entanto, o que era apenas uma diversão entre amigos virou uma trajetória profissional bastante sólida e que completou 25 anos recentemente.
E é no cenário impressionante e tecnológico do “Zig Zag Arena” que Everaldo resgata suas primeiras emoções e memórias como narrador.
Com luzes e cores, a mega-arena reproduz brincadeiras, como pique-pega, pique-esconde e queimado.
“Nesse projeto, eu volto para a minha infância. Eu gostava de narrar os meus amigos competindo nos esportes tradicionais, como o futebol. Agora, a minha função é narrar brincadeiras como pega-pega, polícia e ladrão... É uma oportunidade de colocar um pezinho no entretenimento também. Pude dar uma turbinada na leveza que já apresento nas minhas narrações do esporte”, afirma.
Com passagens pela Jovem Pan e ESPN Brasil, Everaldo acumulou modalidades esportivas em sua carreira, como Fórmula 1, NFL, NBA, futebol e, mais recentemente, chamou a atenção do público ao comandar as disputas de surfe e skate durante as Olímpiadas de Tóquio, na Globo. Ao longo de seu trabalho na tevê, o narrador ficou conhecido pelo bordão “você é ridículo(a)”.
“Foi ‘open bar’ de bordão durante o ‘Zig Zag’. Todo mundo mereceu. Tiveram momentos muito especiais. Todo mundo que participou saiu apaixonado e querendo voltar”, vibra.
Bate-papo
P – Após quase dois anos no esporte do Grupo Globo, o que mais chamou a sua atenção nessa oportunidade no entretenimento?
R – Fiquei muito feliz de ter sido chamado para esse projeto. Durante as gravações, eu pude relembrar o meu sonho de ser narrador. Era um sonho de infância. Eu era muito ruim de bola. Pensa em alguém ruim de bola... eu era pior. Por isso, eu jogava pouco ou nem jogava. Então, ficava narrando as brincadeiras dos meus amigos. Foi muito gostoso relembrar como cheguei até essa minha profissão de narrador. Fiz 25 anos de profissão esse ano. O “Zig Zag” foi uma viagem no tempo para mim.
P – Como assim?
R – Quando narrava aquelas brincadeiras na infância, eu não era o Everaldo de 10 anos de idade. Eu era o Galvão Bueno, Luciano do Valle, Silvio Luiz, Osmar Santos... Meus amigos não eram o Cacau, Rogério ou Fábio. Eram o Careca, Maradona e Pelé. Criança pensa que está em um filme (risos). Sonha tudo gigante. Sabe aquele meme início de um sonho, deu tudo certo. Então, deu tudo certo e posso celebrar minha carreira de narrador. No “Zig Zag”, volto para minha infância e pago a dívida das coisas que não narrei.
P – Com 66 modalidades narradas no currículo, você conseguiu buscar algum tipo de referência profissional em outras experiências para o “Zig Zag”?
R – Acho que o desafio de todo mundo foi começar de uma folha em branco. Tem esportes que eu nunca narrei. Se amanhã eu for narrar golfe ou karatê, vou ver outras transmissões como referência. No “Zig Zag”, eu parti do zero. Eu não fazia a menor ideia de como narrar o “Zig Zag”. Fui aprendendo ao longo da temporada. Tenho certeza de que terminei melhor do que comecei. Inclusive, quando me convidaram, eu disse: “Vou narrar o programa 18 melhor do que o primeiro”. Eu fui testando, vendo o que funcionava em cada fase, ajustando umas coisas e retirando outras. Fui evoluindo a cada programa que era gravado. Quando a temporada acabar, vou atualizar a minha “bio” de modalidades narradas (risos).
P – Você sentiu muita diferença das narrações tradicionais para as realizadas no programa?
R – Mais ou menos. A minha ideia era narrar tudo com seriedade, mas isso não significaria não ter leveza. Eu descrevia a competição, narrava a emoção, falava das chances de virada, as dinâmicas do jogo... Em boa parte dos programas, os vencedores ganhavam muito perto do limite. Coloquei o que tenho de mais intenso nessas narrações. Foi, aliás, “open bar” de “você é ridículo” durante a competição.
P – Ao longo do programa, você está ao lado da ex-jogadora de basquete Hortência e do humorista Marco Luque. Como foi trabalhar ao lado desses comentaristas?
R – O entrosamento foi incrível. Ninguém sabia o que o outro iria falar. As piadas do Luque, por exemplo, não estavam combinadas. Ele tinha umas sacadas durante as disputas. Tivemos uma química muito legal. Além disso, a Fernanda (Gentil) também é um fenômeno. Trabalhei com muita gente fera, mas fiquei impressionado com o domínio de palco dela, a facilidade de girar entre as trocentas câmeras, a rapidez do improviso. Já era fã como espectador e agora só comprovei como ela é “ridícula” (risos).

Estener Ananias de Carvalho e Renata dos Santos Araújo de Carvalho
Anderson Varejão, Luiz Fruet e Aylton Tesch


