Especialistas dão dicas de como aproveitar as altas temperaturas garantindo conforto e evitando danos ao corpo, a exemplo de queimaduras solares, manchas, envelhecimento precoce e câncer de pele
O verão é sinônimo de dias mais longos, férias e sol brilhante. É a época do ano em que a praia, os parques e os espaços ao ar livre convidam para momentos de descontração. Mas, para curtir o clima quente sem preocupações, especialistas orientam sobre os cuidados essenciais com a pele e o corpo, principalmente em função da maior exposição solar e das altas temperaturas.
A biomédica esteta Andressa Alves alerta sobre os riscos da radiação ultravioleta (UV), que aumentam significativamente durante o verão.
“A exposição prolongada à radiação UV, principalmente sem proteção, sempre tem um risco aumentado de queimadura solar. Além disso, a radiação UV aumenta o aparecimento de manchas, promove o envelhecimento precoce, causa danos ao colágeno na pele e, também, aumenta o risco de câncer de pele”, enfatiza a especialista.
Para garantir uma proteção eficaz, Andressa recomenda evitar a exposição solar entre as 10h e as 16h, horários de maior intensidade. A biomédica também destaca a importância de utilizar medidas de fotoproteção adequadas.
“Um profissional habilitado será a melhor pessoa para indicar o protetor solar ideal para seu fototipo e biotipo cutâneo”, explica Andressa, que é professora do curso de Biomedicina da Estácio.
De acordo com a biomédica, é preferível o uso de fator de proteção solar (FPS) acima de 30, em algumas situações até 70, garantindo a proteção contra os raios UVA e UVB. Além disso, deve ser observado o uso de protetores próprios para o rosto e o corpo.
A radiação ultravioleta é uma forma de energia natural do sol que tem um comprimento de onda mais curto do que a luz visível. A pele pode sentir a radiação UV, mas os olhos, não.
BEBA ÁGUA
A radiação UV é importante para a produção de vitamina D na pele, mas pode causar vários efeitos negativos na saúde, conforme reitera a biomédica.
Vale destacar que o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o câncer de pele não melanoma seja o mais comum no Brasil, representando aproximadamente 31,3% de todos os casos de câncer diagnosticados no País. A exposição excessiva à radiação UV é um fator de risco significativo para o desenvolvimento dessas neoplasias.
Além disso, é vital manter a pele bem hidratada. A especialista aconselha, além do uso diário de um hidratante adequado ao tipo de pele, a ingestão constante de água.
“Alguns ativos antioxidantes presentes em dermocosméticos, como a vitamina C, auxiliam na proteção solar”, complementa Andressa.
UVA E UVB
Os raios UVA e UVB são dois tipos de radiação emitida pelo sol. São radiações eletromagnéticas invisíveis ao olho humano, porém presentes em vários lugares. Uma de suas principais fontes é o Sol, mas ela também está em algumas lâmpadas e equipamentos de laboratório.
O UVA é caracterizado por uma radiação ultravioleta mais intensa, com raios mais longos. Eles têm a capacidade de penetrar mais profundamente na pele, atingindo camadas internas da epiderme e a derme.
Dessa forma, eles podem causar danos estruturais aos tecidos da pele, como: envelhecimento precoce; surgimento de rugas e linhas de expressão; manchas de sol e manchas senis; e flacidez.
Entre outras coisas, a pele é composta por duas proteínas chamadas colágeno e elastina, quebradas pelos raios UVA. Assim, a exposição crônica e prolongada ao sol pode levar a danos no DNA da pele, o que pode aumentar os riscos do desenvolvimento de melasma (manchas escuras e irregulares na pele, geralmente no rosto) e câncer de pele.
Já os raios UVB são mais brandos que os raios UVA, conseguindo penetrar apenas na camada superficial da pele (a epiderme). Apesar de menos nocivos, eles têm uma energia mais alta, o que pode causar queimaduras de sol. Para identificar as queimaduras na pele, observe os seguintes elementos: vermelhidão; descamação; inchaço; dor; e bolhas.
Quando a exposição solar é excessiva, os raios UVB podem causar as mesmas doenças e condições de pele que os raios UVA. No entanto, se você proteger a pele com filtro solar e tomar os devidos cuidados, os raios UVB vão ativar a produção de melanina na sua pele, resultando no processo de bronzeamento.
A melanina é o pigmento responsável pela coloração da pele, dos cabelos e dos pelos. Se a exposição solar for muito intensa, pode ocorrer uma produção excessiva dessa proteína chamada hiperpigmentação. Esse processo é a causa do surgimento de sardas de sol e manchas na pele.
OUTRAS RADIAÇÕES
Existem três tipos de radiação solar: a radiação ultravioleta, a radiação infravermelha e a radiação visível. Os raios UVA e UVB fazem parte do primeiro conjunto, porém, existe ainda um terceiro tipo, os raios UVC. É importante conhecer cada uma dessas manifestações para otimizar a proteção solar.
UVC
Os raios UVC são um tipo de radiação solar altamente energética e perigosa para o corpo humano. Eles podem penetrar o DNA e causar mutações celulares e danos ao material genético, além de causar queimaduras solares graves. Felizmente, a camada de ozônio do planeta Terra absorve todos esses raios.
Em geral, os raios UVC são usados em ambientes controlados, como lâmpadas usadas para matar bactérias e germes em hospitais. Eles também são usados em alguns processos industriais e sistemas de purificação de água, sempre com enfoque em esterilização.
INFRAVERMELHA
Conhecida pela sigla IV, a radiação infravermelha é um tipo de radiação eletromagnética emanada pelo sol. Ela está diretamente ligada ao calor que sentimos quando nossa pele está exposta ao sol. Além disso, esse tipo de radiação também é emitida pelo corpo humano e por equipamentos eletrônicos.
Assim como a radiação ultravioleta, a radiação infravermelha não é visível a olho nu. Para observá-la, é necessário o uso de equipamentos que captam a emissão de calor dos corpos e objetos, como câmeras térmicas e sensores infravermelhos.
VISÍVEL
Enquanto a radiação infravermelha está relacionada ao calor, a radiação visível se conecta com a iluminação que o sol proporciona. Esse tipo de radiação pode ser vista a olho nu e se manifesta dentro do espectro das cores do arco-íris: violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.
Outros tipos de equipamentos eletrônicos também emitem radiação visível, como computadores, celulares, televisores e lâmpadas. No meio ambiente, a radiação visível é essencial para a fotossíntese feita pelas plantas e o sentido da visão em animais (incluindo os seres humanos).
ATIVIDADES FÍSICAS
Para aqueles que aproveitam o verão para se exercitar ao ar livre, o professor de Educação Física João José Cunha da Silva, que também integra o quadro de docentes da Estácio, sugere adaptar as atividades físicas para espaços abertos, como praças e parques.
“Não existem indicações específicas de atividade física para essa época do ano. O interessante é aproveitar o tempo para exercícios ao ar livre, uma caminhada, uma corrida ou até mesmo uma aula de treinamento funcional, que pode sair de uma sala fechada e ser realizada em uma praça”, orienta Cunha.
Contudo, ele reforça que é importante realizar atividades em horários mais adequados, antes das 10h e após as 16h, para evitar exposição demasiada ao sol e a possibilidade de insolação.
O educador físico também destaca a importância de usar roupas leves que facilitem a transpiração, além de cuidados com a hidratação.
“É importante manter-se hidratado ao longo do dia e caprichar na água durante o treino, sem exageros, mas mantendo-se hidratado durante a prática”, diz.
Além disso, ele alerta sobre a alimentação adequada.
“Alimentar-se bem, mas de maneira leve, é fundamental. Comidas muito pesadas antes de uma atividade física não combinam bem, ainda mais em temperaturas elevadas”, recomenda.
INSOLAÇÃO
Cunha ainda enfatiza a importância de estar atento a sinais de insolação e desidratação, como tontura, náusea, dor de cabeça e aumento exacerbado da frequência cardíaca.
“Estar ciente do próprio corpo e de suas necessidades é essencial para evitar problemas durante a prática de atividades físicas no calor”, afirma.
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