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AGENDA CULTURAL

Fim de semana tem rock, blues teatro e muito cinema

Além da 8ª edição do Bonito Blues & Jazz Festival, shows de Cassino Boogie, Blueasy e outras bandas dominam programação e prometem fim de semana roqueiro

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Embora o Quinteto de Jazz da Secult e o violonista Alan Almeida, que abrem hoje a primeira noite do Bonito Blues & Jazz Festival, tenham anunciado uma apresentação de temas clássicos e novidades da música brasileira, o repertório das atrações escaladas deve se concentrar mesmo na tríade blues-jazz-rock e em outras vertentes da música negra norte-americana. 

O quinteto será conduzido pelo saxofonista Marcos Bezerra, e Alan promete soltar a voz para mostrar sua releitura da MPB. 

A banda Tubarões do Rio Formoso, de Bonito, fecha a primeira noite rezando na cartilha de Chuck Berry e BB King.

Últimas notícias

Amanhã, apresentam-se o duo Crossroads, de Ponta Porã, a banda Mr. Willie, com destaque para os vocais de Méri Oliveira, e o guitarrista Simão Gandhi, de Dourados, que vai comandar uma jam session aberta ao lado do gaitista e saxofonista paraguaio Dominique Bernal. 

Corvo e os Malditos do Cerrado, de Campo Grande, Sócios Band e o baterista Caio Ignácio são os nomes da noite de encerramento no domingo. 

De formação, repertório e estilos variados, as atrações prometem uma animada geleia geral, sem perder de vista o jazz e o blues como denominadores comuns, especialmente na feição que os gêneros ganharam a partir de 1939, com a introdução da guitarra elétrica.

Tendo como mestre de cerimônias o jornalista e bluesman Clayton Sales, o BB&J Festival será realizado pela primeira vez no Espaço Cultural Sesc Bonito (Av. Pilad Rebuá, s/n, ao lado do Sebrae), com programação sempre a partir das 20h. 

O falecimento do fotógrafo Aurélio Vinicius, no dia 10, torna ainda mais especial a exposição que o artista preparou com Afonso Rodrigues, curador do festival, com imagens do guitarrista Zé Pretim (1954-2021) durante suas apresentações no evento clicadas por Aurélio. Ingressos à venda no local – R$ 30,00 por noite. Mais informações: (67) 99868-3373.

CG roqueira

Na Capital, a moçada do rock e do blues também se mobiliza. Hoje é dia de curtir, gratuitamente, a partir das 18h30min, na Praça Ary Coelho, integrando a programação do Sextou na Praça (Sesc), a banda Fusca 69, que vai destilar seu vasto leque de influências, de Rolling Stones a Bêbados Habilidosos, passando por Celso Blues Boy e Raul Seixas.

Mais cedo, a partir das 17h, o aquecimento no palco da Cervejaria Canalhas (Rua Dom Lustosa, 214) fica por conta do power trio Frenesi (R$10). 

A casa de cervejas especiais receberá amanhã, no mesmo horário, uma das grandes bandas de rhythm & blues do Estado, a Cassino Boogie (R$ 15), que, aliás, já marcou presença no BB&J Festival.

Com dois shows programados para este sábado, a Blueasy (Willian Nogueira na guitarra, Flávio Motta no vocal e baixo e Miguelito na bateria) se apresenta, às 12h, na Cervejaria Louvada (R. Alfazema, 21, Chácara Cachoeira) e, às 19h30min, na Casablanca Adega, Bistrô & Tartuferia (R. Euclides da Cunha, 89, Jardim dos Estados, telefone: 3382-0030).

Feiras

O guitarrista William Nogueira fará ainda uma terceira apresentação, às 19h30min, ao lado da cantora Ana Cabral, um dos destaques da 23ª Feira Afro de MS, na Praça dos Imigrantes (Rua Rui Barbosa, 65, Centro). 

A feira contará ainda com show de Erico Bispo, roda de capoeira, dança, artesanato, culinária e moda africana. Na Praça do Ceguinho (Rua Arlindo de Andrade, 361, Cabreúva), além dos estandes de artesanato e comes & bebes, o destaque da Feira Multicultural, das 16h às 21h, é o show da banda Haiwanna, com clássicos do pop-rock nacional.

Samba

Para não dizer que só falamos de blues e rock, domingo será a vez do samba, com a apresentação gratuita do grupo Sampri, formado exclusivamente por mulheres, a partir das 19h, como parte da programação do projeto Domingo na 14, no cruzamento das ruas 14 de Julho e Barão do Rio Branco.

Teatro

O Campo Grande em Cena, que começou na semana passada, encerra suas apresentações de montagens teatrais amanhã no Sesc Cultura. 

Hoje, estão em cartaz, às 18h, a peça “Gritaram-me Bugra”, do Grupo de Teatro Liberdade PKR Pa’iKuaraRendy Aldeia, de Amambai, rara oportunidade de conferir um grupo teatral indígena, que vai conversar com a plateia depois do espetáculo, e, às 19h30min, “Todo Redemoinho Começa Com um Sopro”, da Cia OFIT, com direção de Nill Amaral e participação de Patricia Saravy no elenco. 

Neste sábado, no mesmo horário, a OFIT encerra o CG em Cena com a última apresentação do espetáculo na temporada. 

Mais cedo, às 18h, o Teatro Imaginário Maracangalha apresenta “As Miragens do Asfalto”. Os ingressos podem ser retirados gratuitamente no link https://linktr.ee/ofit.

No Domingo na 14, 18h, o Grupo Tareco-Treco faz a alegria da meninada e também dos adultos com seu teatro de bonecos que lutam pela sobrevivência com muita música e algazarra no espetáculo “Pantanália”. 

Araras, onças, capivaras, tuiuiús e diversos outros animais, em um total de 50 personagens, são as estrelas de um musical sem palavras cheio de ritmo.

E no teatro virtual, o destaque da semana é a companhia goiana Nu Escuro, que apresenta os espetáculos “Barbas” e “Gato Negro”, hoje e amanhã, com transmissão pelo canal do YouTube da companhia Flor e Espinho, de Campo Grande, que estabeleceu parceria com os colegas de Goiás para trazer, ainda que virtualmente, a Nu Escuro para MS no contexto do projeto Dentro do Centro, de itinerância on-line de peças teatrais. 

Mais recente criação da trupe, “Barbas” procura estabelecer um diálogo com o público sobre afetos, doenças e perdas. “Gato Negro” resgata uma história de 100 anos atrás, ocorrida no interior de Goiás, que envolve a promessa de casamento entre Samuel Godói e uma de suas irmãs, envolvendo realismo fantástico e drama familiar.

Literatura

Com apenas 23 anos, o escritor e ator Febraro de Oliveira, ou simplesmente Febraro, como ele costuma se apresentar, lança seu quinto livro, o romance “Uirapuru”, inspirado na rua onde vive desde que nasceu, nesta sexta-feira, às 19h, no Espaço Refazenda (Rua Frederico Soares, 357). 

Escrito ao longo de cinco anos, o romance versa sobre carências e a necessidade de pertencimento a partir da história de Léo, personagem que não é um duplo do autor na vida real, avisa Febraro. “Uirapuru” pode ser adquirido no local ou pelo site www.febraro.com.br (R$ 30).

Produção em Foco

Com o objetivo de dar suporte a gestores culturais e a artistas que desejam investir na formação de público, o projeto Produção em Foco, que começou ontem, segue até domingo com mais três atividades gratuitas transmitidas on-line. 

Para participar, basta se inscrever pelo site www.producaoemfoco.com.br. Hoje, às 19h, Greice Barros, do Paraná, apresenta a palestra “Práticas culturais e a relação com o público”. Amanhã e domingo, haverá duas oficinas. 

De 9h às 12h, Nerie Bento, de São Paulo, coordena a oficina “Dimensões da produção de conteúdo digital na cultura”, e, de 14h às 17h, Laísa Gabriela, da Bahia, conduz os trabalhos a partir do tema “Assessoria de imprensa e direcionamento de público”.

Motivacional

No Ginásio de Esportes Dom Bosco (Av. Julia Maksoud, 815, Monte Castelo), o pastor Cláudio Duarte realiza a palestra de cunho motivacional “Como ser feliz – fé, inspiração, conquista”, hoje, às 20h. 

Os ingressos, de R$ 30 a R$ 120, podem ser adquiridos pelo site www.ingressodigital.com.br ou no estande da Pedro Silva Promoções & Jamelão (Comper Jardim dos Estados). Mais informações: (67) 99296-6565/3326-0105. Classificação indicativa: livre.

Dança

Entre as atividades promovidas pelo Sesc no Shopping Bosque dos Ipês, neste sábado, a Cia Dançurbana apresenta o espetáculo “R.U.I.A. – Realidade Ultrassônica de Invasão Aleatória”. 

Seis intérpretes-criadores da companhia mergulham na antroposofia e nos ensinamentos do seu mestre Rudolf Steiner (1861-1925) para fazer um mergulho lúdico no imaginário de jovens do segundo setênio, dos sete aos 14 anos. 

Quem quiser pode participar do jogo cênico, “mas não vale pular frases nem cuidar do caixão”, provoca o texto de divulgação da montagem, que está programada para as 15h30min.

Circo

A Caravana de Circo de MS – Hoje o Circo Foi Lá em Casa, que conta com recursos do Fundo de Investimentos Culturais (FIC-MS) da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), volta a pôr o pé na estrada. 

Desta vez, as companhias Circo do Mato, de Campo Grande, e Circo Le Chapeau, de Dourados, circulam pelas ruas de pelas ruas de Aquidauana, no sábado, às 9h, e do Distrito de Camisão, às 15h; e no domingo, em Anastácio, a partir das 9h.

MIS presencial

Para quem preferir um cineminha de corpo presente, a melhor pedida é garantir lugar no Museu da Imagem e do Som (Av. Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar), nesta sexta-feira. 

O MIS retoma as sessões presenciais por meio do projeto Cine Mulher, que exibe, às 14h, “Somente Minha” (2019), de Michael Civille. Na trama, um namorado policial, inicialmente encantador, transforma-se em um perseguidor obsessivo. 

A protagonista faz de tudo para se livrar da ameaça representada pelo seu parceiro, em uma narrativa que combina drama e suspense. Filme de 2019, com classificação 14 anos, dirigido por Michael Civille, com drama e suspense na tela.

Após a sessão haverá debate e troca de experiências entre o público presente. O evento é gratuito e será realizado dentro dos protocolos estabelecidos de prevenção e combate à Covid-19.

No circuito de salas de exibição dos shoppings de Campo Grande, além de “Marighella” e “Família Adams 2”, que seguem em cartaz, estão, entre as opções de estreias, “Querido Evan Hansen” e “Deus Não Está Morto”.

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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MÚSICA

Entre onças e tuiuiús, o jazz

Em parceria com o trombonista Ryan Keberle, com nove composições inspiradas na exuberância do Pantanal, URBEM lança segundo álbum; 2º Campo Grande Jazz Festival celebra o gênero na Capital, com apresentações gratuitas

15/12/2025 10h00

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno Divulgação / Alexis Prappas

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Sem dar muitos detalhes, o baterista Sandro Moreno, quando conversou comigo, em junho, sobre o álbum que a Urbem gravaria com Ryan Keberle, adiantou que o projeto seria “algo muito especial”.

Após o show – memorável, diga-se – que fizeram juntos no Teatro do Mundo, o quarteto campo-grandense – além de Sandro, Bianca Bacha (vocais), Ana Ferreira (piano), Gabriel Basso (contrabaixo) – e o trombonista norte-americano foram para a zona rural de Miranda e se instalaram na Fazenda Caiman.

Foi lá que a magia aconteceu. Na estrada desde 2013 e com apenas um álbum lançado até então, “Living Room” (2016), a banda disponibilizou “Pantanal Jam” no Spotify no dia 29 de outubro, três dias antes do show que realizaria em Nova York, em um evento na Detour Gallery que uniu arte, gastronomia e turismo para promover o Pantanal.

São nove faixas criadas e gravadas com extremo apuro e sensibilidade, que alcançam os músicos da Urbem e Ryan num ponto bem elevado de suas capacidades.

Os temas soam como se os cinco artistas tivessem se deixado abraçar pela contagiante pregnância da natureza de Miranda, e Bianca Bacha confirma isso em entrevista exclusiva.

Melodias, pulsações e andamentos foram se definindo conforme eles mergulhavam em tudo que viam, ouviam e sentiam por ali: ventos, o canto das aves, “o esturro da onça”, como Bianca relata. Ouvindo os sons naturais, captados previamente por Sandro, que assina a produção musical do projeto, cada um estabeleceu sua conversa criativa com o Pantanal.

O registro dos sons naturais – de aves, por exemplo — introduz, se mescla ou faz a ponte para uma execução instrumental (voz inclusa) coesa e deveras inspirada, que não força a barra para sorver e devolver, em forma de música, a fartura que o habitat de Miranda oferece.

“Suspiro da Terra”, doce e pulsante, e “Paisagem Invertida”, essa mais selvagem e misteriosa, são uma prova disso.

Ryan pontua, preenche ou arremata sempre com uma precisão e desprendimento envolventes. Ana, como se ouve em “Espiral”, migra da base para os solos numa transparência que comove. Gabriel – em “Canção do Ninho”, por exemplo, que começa e segue na cama dos gomos que vai colhendo ao longo do tema – parece deter a justa medida para o desempenho de seu baixo.

"Foi uma grande honra participar da criação do ‘Pantanal Jam’. Os sons da Pantanal, do modo como Sandro captou, tiveram um papel direto no processo de composição das duas músicas que fiz para o álbum.

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro MorenoRyan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

O tom e os ritmos dos sons naturais do Pantanal, inspirados por ideias musicais e paisagens sonoras próprias, criaram um clima que eu tentei capturar nas minhas composições. Quando nós gravamos, literalmente no meio de um dos lugares mais selvagens e remotos do mundo, a beleza e a energia natural nos inspirou a ouvir a natureza e um ao outro mais profundamente, o que resultou numa performance musical que demonstra uma profunda comunicação musical.

Adoro os músicos e a música da Urbem. E, desde que tocamos juntos em diversas ocasiões anteriores, eu compus as minhas músicas especificamente com o talento e a habilidade musical especial deles em mente” - Ryan Keberle, trombonista.

Sandro é um laboratório inquieto, dos pedais aos pratos de condução. E Bianca conduz os vocais numa têmpera e numa fruição que se articula como síntese do conjunto.

Comparações e referências são uma tentação no mundo do jazz. Mas a qualquer palpite sobre “Pantanal Jam”, é melhor calar e ouvir. É um álbum estimulante para esse silêncio de dentro, que nos faculta as melhores emoções da escuta e da experiência musical.

Brazilian jazz? Jazz? Ouça. Música apenas. E quanta música! Embrenhada e revelada nos refúgios de um lugar mágico, onde a natureza se recobra e o espírito se fortalece.

A Urbem lança “Pantanal Jam” hoje, às 18h, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. Apareça.

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