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Gabi Petry: "O set do Jayme Monjardim é uma paz, cheio de respeito e profissionalismo"

Gabi Petry tem uma história com seu início na TV Globo, lá no Domingão do Faustão.

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Gabriela Petry, 35 anos, é natural de Florianópolis.

Recentemente essa linda e talentosa catarinense foi aclamada por público e crítica pela minissérie dirigida por Jayme Monjardim, “Passaporte para a Liberdade”. 

A atriz interpretou a cantora Vivi Landau Kruger.

Essa foi a primeira produção da Rede Globo totalmente em inglês, em

parceria com a Sony Pictures Television. A série, gravada, no Rio, e, em Buenos Aires, na Argentina, vai conta a história de Aracy de

Carvalho (Sophie Charlotte), brasileira que salvou a vida de centenas de

judeus, na Alemanha, durante a 2ª Guerra Mundial.

"Minha personagem se chama Taibele Bashevis, mas ela usa Vivi como seu novo nome para poder seguir com a sua carreira artística. Ela é uma mulher judia, forte e decidida, mas que tem que ocultar sua essência familiar para realizar o seu sonho", conta.

 

"A ideia é levar essa história linda de uma heroína brasileira para o mundo todo. A produção é impecável e foi um trabalho minucioso de toda a equipe”, diz Gabi, que se mudou com a família para Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, em 1999, e por lá ficou por quase cinco anos, onde se formou em teatro musical, e atuou em várias peças e musicais, até 2004, quando voltou ao Brasil.

 

Gabi tem uma história com seu início na TV Globo, lá no Domingão do Faustão.

“Sou muito, muito grata a toda aquela equipe, pela confiança e todo aprendizado durante anos de programa. Ganhei uma família”, relembra.

Gabi teve a oportunidade de atuar em grandes projetos musicais, como `Peter Pan´, `Disney Live´, em toda a América Latina, além de dirigida por Miguel Falabella, em ´Hairspray´. 

A atriz fez parte do elenco de novelas fenômenos do SBT como ‘Carinha de Anjo’ e ‘As Aventuras de Pliana’, onde colhe frutos até o hoje.

Gabriela também é famosa no Irã, pois fez a comédia iraniana, ´Texas´, com os maiores astros do gênero no país. 

"Eles estavam procurando uma atriz brasileira para viver a mocinha. Na primeira reunião, me disseram que o filme era todo em persa, mas que eu falaria em português, como se os dois protagonistas entendessem. Recebi o roteiro e memorizei as minhas falas. No primeiro dia de gravação, aqui no Brasil, falaram que eu faria tudo na língua deles. Foi uma loucura e meu maior desafio profissional. Foi sucesso de bilheteria e me convidaram para fazer a continuação, só que dessa vez, seria rodado todo no Irã, onde fiquei durante meu recesso de natal e ano novo, na folga das gravações de `As Aventuras de Poliana´. Foi uma experiência maravilhosa!", explica a ruiva, que interpretou Rubi no longa ´O escaravelho do Diabo´, em 2015. 

Na TV Globo, também fez participações em `Malhação´, `Senhora do Destino´, `América´, ´A Regra do Jogo`, ´A Grande Família´ e `Zorra Total´.

Gabi é a nossa Capa da semana no Correio B+. Ela conversou com a gente com exclusividade sobre carreira, cuidados com a beleza, família e novos projetos.

CE - Como foi passar tanto tempo nos EUA e trabalhar lá também?

GP - Foi uma experiência incrível! Até hoje, eu e minha família lembramos com muita saudade. 

Fazer o high school completo lá e experimentar o ensino americano me abriu muito a cabeça e me deu oportunidade para testar minhas aptidões. Voltei para o Brasil sabendo exatamente o que queria fazer.

 

CE - Como foi viajar com o musical da Disney pela América Latina?

GP - Outra experiência enriquecedora. Ter o reconhecimento da Disney e a confiança deles após me verem apresentando no Brasil para me testarem e levarem para apresentar em espanhol, pela América Latina, foi muito gratificante enquanto artista.

 

CE - Você teve experiências diversas no Domingão do Faustão como cantora, depois repórter, novela... Como foi esse crescimento Gabi?

GP - Eu estava em outro projeto da Globo, como atriz comediante, chamado Laboratório de Humor, onde eu e mais nove humoristas estávamos criando personagens para um possível programa na casa. Na segunda etapa, os roteiristas da casa entraram para trabalhar com a gente e a esposa do Fausto, a Lu Cardoso, fazia parte desse time. 

Eu compus um jingle de abertura e eles usaram no piloto, mas o programa ficou engavetado. 

No mesmo dia que nos avisaram isso, a Lu virou para mim e falou: “Gabi, você é cantora, adorei o jingle, a banda do Domingão vai ser reformulada, já falei de você para o Fausto e a banda quer fazer um teste com para ver se você se encaixa”. 

No dia seguinte, lá estava eu em sintonia total com essa banda maravilhosa, que até hoje mora no meu coração. Lá eu fazia de tudo porque o Fausto e a produção sabiam que eu não era apenas cantora e quando tinham outras oportunidades, eu participava. 

Sou muito, muito grata a toda aquela equipe, pela confiança e todo aprendizado durante anos de programa. Ganhei uma família.

CE - Você fez novelas fenômenos de audiência no SBT, é um outro aprendizado, experiência e público né?

GP - Trabalhar para o público infantil, em uma emissora tão querida, foi demais. 

Foram 3 anos gravando Poliana e 3 anos de alegria pura. Esse público é um presente, que acho que todo ator deveria receber. 

É fiel demais, cheio de amor e carinho. Até hoje sou reconhecida pela personagem Sophie. É uma delícia ver os olhos das crianças brilhando quando te encontram na rua e eu amo a empolgação delas.

CE - Cinema...  Brasil e Irã?

GP - Muito diferente. Outra cultura, outra metodologia, ou seja, se vira nos 30 total, mas eu fui bem treinada por anos no Domingão do Faustão. (Risos)

Fui a protagonista da trilogia “Texas”, uma comédia, que traz no elenco os dois maiores astros iranianos, Sam Derakhshani e Pejman Jamshidi. 

Eles estavam procurando uma atriz brasileira para viver a mocinha. 

Na primeira reunião, me disseram que o filme era todo em persa, mas que eu falaria em português, como se os dois protagonistas entendessem. Recebi o roteiro e memorizei as minhas falas. 

No primeiro dia de gravação, aqui no Brasil, falaram que eu faria tudo na língua deles. Foi uma loucura e meu maior desafio profissional. 

Com o sucesso de bilheteria, me convidaram para fazer a continuação, só que dessa vez, seria rodado todo no Irã, onde fiquei durante meu recesso de Natal e Ano Novo. Foi uma experiência maravilhosa! Quando desembarquei lá, que tive a dimensão do trabalho! Fiquei famosa! Fui recebida por uma multidão de fãs. 

Todo lugar que eu ia todos me reconheciam e tinham muito orgulho de uma atriz estrangeira estar lá, participando dos filmes e da cultura deles. Eles adoram isso. 

Tenho anos de carreira aqui, no Brasil, mas com o filme, virei celebridade por lá. Até hoje tento me acostumar com isso.

CE - O filme foi lançado no Brasil?

GP - Não. É um humor e piadas bem particulares deles. Em maio de 2020, eu estava para ir novamente para gravar o Texas 3, assim que acabasse de gravar Passaporte para a liberdade, mas com a pandemia, em março, ficou tudo parado e ainda não sabemos quando faremos.

 

CE - E trabalhar com o Miguel Falabella...

GP - Um querido, talentoso, generoso, divertido.

 

CE - Você gosta de fazer musicais?

GP - Amo. Em 2007, eu fiz meu primeiro grande musical aqui no Brasil, que foi o Peter Pan. Foi o trabalho mais lindo que fiz até hoje, sem dúvida. 

Quando acabou, em 2008, os executivos da Disney sabendo que eu falo espanhol, me convidaram para apresentar o Disney Live pela América Latina e no Brasil também. 

Daí um trabalho acaba levando a outro... Em 2009, veio Hairspray e foi lindo demais. Foi o musical que mais aprendi, pois tive a oportunidade de fazer 6 personagens diferentes. 

Eu era a substituta de praticamente todas as personagens femininas, então cada semana fazia algo diferente. Apesar da TV ter me tirado dos palcos por anos, quero voltar em breve.

CE - Como foi fazer Passaporte para a Liberdade? Algo de tanta expressividade dentro de fora do país com um dos maiores diretores, o Jayme Monajardim?

GP- Foi demais, um grande aprendizado, pois a linguagem usada na série era mais dramática, um arco sombrio, contido, bem diferente de tudo que já fiz, então com certeza eu aprendi muito. Paramos na pandemia e voltamos a gravar em 2021. 

Então, foram anos com a mesma turma para realizar um dos trabalhos mais lindos e intensos que já fiz.

 

CE - Trabalhar com Jayme Monjardim...

GP - Um gênio, carinhoso, dedicado. O set do Jayme é uma paz, cheia de respeito e profissionalismo. Me encho de orgulho ao falar que fui dirigida por ele. Quero trabalhar mais com ele.

 

CE - Você gosta de fazer humor? Ou prefere o drama?  

GP – Prefiro o humor. Está mais próximo da minha personalidade (Risos).

CE - Gosta de novelas e trabalhos na linha infantil, infanto e adolescente inclusive Malhação?

GP - Sempre assisti Malhação. Hoje em dia, só me restaria ser professora ou mãe de algum aluno. (Risos)

CE - O que gosta de fazer em seus momentos de lazer?

GP - Amo sair para passear, viajar, fazer caminhadas, ficar em casa com a família, e sozinha em outros momentos...

CE - Uma inspiração Gabi?

GP - Minha família.

CE – É verdade que congelou seus óvulos? Ser mãe é um grande sonho?

GP - Ainda não. Quero ser mãe um dia e congelar me dá uma tranquilidade de que poderei fazer isso quando bem entender.

CE - Você se apresenta como cantora? Como concilia as carreiras?

GP - Sempre cantei e dancei, mas nunca tive pretensão de ser uma cantora. 

Por incrível que pareça, quase todos os trabalhos que eu pego envolvem cantar e atuar. Meus personagens sempre têm algo ligado a música. 

Eu uso a música como um bônus artístico, mas nunca foi minha intenção virar uma cantora solo. Gosto de estar em grupos cantando, fazendo backing vocal, harmonizando vozes.

CE - Você toca alguns instrumentos, como violão, bateria, ukulele, castanholas e Kazoo. Desde quando e como aprendeu?

GP - Tenho facilidade com instrumentos e tudo ligado a ritmo. Acho que faz parte da minha curiosidade enquanto atriz. 

Dá a louca e quero aprender castanhola porque acho que, algum dia, irei usar em um personagem, então vou no YouTube e aprendo a tocar em um dia. 

Todo mundo acha que eu fiz aulas por anos... (Risos) Aprendo o que quero, e depois canso e mudo para outra coisa.

CE - Quais os cuidados que você tem com sua beleza e com sua alimentação?

GP - Tento me cuidar com a parte estética e mental. Sou muito branquinha e consequentemente, tenho uma pele mais frágil. Cuido bastante dela. 

Quanto a alimentação, tenho paladar infantil e adoro uma besteirinha, a sorte é que não sou chegada em doces, mas compenso no salgado. 

Não posso reclamar, pois tenho metabolismo muito bom. Eu engordo e emagreço com muita facilidade. Eu amo comer.

CE - Novos projetos?

GP - Estou lançando minha marca de maquiagem com produtos específicos, que vão facilitar a vida das mulheres. Em breve!!!

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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MÚSICA

Entre onças e tuiuiús, o jazz

Em parceria com o trombonista Ryan Keberle, com nove composições inspiradas na exuberância do Pantanal, URBEM lança segundo álbum; 2º Campo Grande Jazz Festival celebra o gênero na Capital, com apresentações gratuitas

15/12/2025 10h00

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno Divulgação / Alexis Prappas

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Sem dar muitos detalhes, o baterista Sandro Moreno, quando conversou comigo, em junho, sobre o álbum que a Urbem gravaria com Ryan Keberle, adiantou que o projeto seria “algo muito especial”.

Após o show – memorável, diga-se – que fizeram juntos no Teatro do Mundo, o quarteto campo-grandense – além de Sandro, Bianca Bacha (vocais), Ana Ferreira (piano), Gabriel Basso (contrabaixo) – e o trombonista norte-americano foram para a zona rural de Miranda e se instalaram na Fazenda Caiman.

Foi lá que a magia aconteceu. Na estrada desde 2013 e com apenas um álbum lançado até então, “Living Room” (2016), a banda disponibilizou “Pantanal Jam” no Spotify no dia 29 de outubro, três dias antes do show que realizaria em Nova York, em um evento na Detour Gallery que uniu arte, gastronomia e turismo para promover o Pantanal.

São nove faixas criadas e gravadas com extremo apuro e sensibilidade, que alcançam os músicos da Urbem e Ryan num ponto bem elevado de suas capacidades.

Os temas soam como se os cinco artistas tivessem se deixado abraçar pela contagiante pregnância da natureza de Miranda, e Bianca Bacha confirma isso em entrevista exclusiva.

Melodias, pulsações e andamentos foram se definindo conforme eles mergulhavam em tudo que viam, ouviam e sentiam por ali: ventos, o canto das aves, “o esturro da onça”, como Bianca relata. Ouvindo os sons naturais, captados previamente por Sandro, que assina a produção musical do projeto, cada um estabeleceu sua conversa criativa com o Pantanal.

O registro dos sons naturais – de aves, por exemplo — introduz, se mescla ou faz a ponte para uma execução instrumental (voz inclusa) coesa e deveras inspirada, que não força a barra para sorver e devolver, em forma de música, a fartura que o habitat de Miranda oferece.

“Suspiro da Terra”, doce e pulsante, e “Paisagem Invertida”, essa mais selvagem e misteriosa, são uma prova disso.

Ryan pontua, preenche ou arremata sempre com uma precisão e desprendimento envolventes. Ana, como se ouve em “Espiral”, migra da base para os solos numa transparência que comove. Gabriel – em “Canção do Ninho”, por exemplo, que começa e segue na cama dos gomos que vai colhendo ao longo do tema – parece deter a justa medida para o desempenho de seu baixo.

"Foi uma grande honra participar da criação do ‘Pantanal Jam’. Os sons da Pantanal, do modo como Sandro captou, tiveram um papel direto no processo de composição das duas músicas que fiz para o álbum.

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro MorenoRyan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

O tom e os ritmos dos sons naturais do Pantanal, inspirados por ideias musicais e paisagens sonoras próprias, criaram um clima que eu tentei capturar nas minhas composições. Quando nós gravamos, literalmente no meio de um dos lugares mais selvagens e remotos do mundo, a beleza e a energia natural nos inspirou a ouvir a natureza e um ao outro mais profundamente, o que resultou numa performance musical que demonstra uma profunda comunicação musical.

Adoro os músicos e a música da Urbem. E, desde que tocamos juntos em diversas ocasiões anteriores, eu compus as minhas músicas especificamente com o talento e a habilidade musical especial deles em mente” - Ryan Keberle, trombonista.

Sandro é um laboratório inquieto, dos pedais aos pratos de condução. E Bianca conduz os vocais numa têmpera e numa fruição que se articula como síntese do conjunto.

Comparações e referências são uma tentação no mundo do jazz. Mas a qualquer palpite sobre “Pantanal Jam”, é melhor calar e ouvir. É um álbum estimulante para esse silêncio de dentro, que nos faculta as melhores emoções da escuta e da experiência musical.

Brazilian jazz? Jazz? Ouça. Música apenas. E quanta música! Embrenhada e revelada nos refúgios de um lugar mágico, onde a natureza se recobra e o espírito se fortalece.

A Urbem lança “Pantanal Jam” hoje, às 18h, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. Apareça.

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