Os preparativos começaram há mais de dois meses e a festa será amanhã, mas você ainda pode ajudar. Basta dar uma ligada e ver o que o pessoal do Instituto Maná do Céu para os Povos está precisando para arrematar – ou completar mesmo – o cardápio da Ceia Solidária
Para comemorar o Natal e atender cerca de 500 pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social no Bairro Jardim Canguru e nas regiões do entorno, o instituto realiza, nesta quinta-feira, a sua tradicional Ceia Solidária.
A ideia é contribuir com as ações de segurança alimentar e nutricional proporcionadas pela Feira Solidária, projeto que ocorre semanalmente no Maná do Céu, em parceria com o Sesc/Mesa Brasil.
A iniciativa, que está em sua terceira edição, também propõe o fortalecimento dos vínculos comunitários, com a reunião dos moradores locais em uma confraternização especialmente promovida para eles e permeada pelo estímulo à colaboração em uma data repleta de significado.
“O planejamento da ceia teve início desde outubro, planejando cardápio, decoração, atrações e outros detalhes. E, para a preparação do que vai ser oferecido na ceia em si, iniciamos sempre um dia antes. Já deixando os alimentos pré-prontos para apenas serem montados no dia e assim dar tempo de alimentar todas as famílias participantes”, afirma Ester Alaminos, coordenadora de comunicação do instituto.
CARDÁPIO E DOAÇÕES
Para viabilizar o projeto da Ceia Solidária, o Maná do Céu parte em busca de parceiros e voluntários para arrecadar alimentos e apoiar na montagem da infraestrutura do evento.
O corre-corre de hoje, véspera do banquete, começou bem cedo por lá, mobilizando os colaboradores de sempre e os que aparecem para dar uma força ocasionalmente, em mutirões como o que foi ganhando adeptos nas últimas semanas por conta da ceia.
Segundo os organizadores, o cardápio para as centenas de pessoas da comunidade convidadas demanda 15 peças de pernil suíno, 70 frangos e 30 quilos de bacalhau, além de itens para guarnição, sobremesa, sucos e refrigerantes.
A parceria também pode ser em termos de recursos para a estrutura do evento, como mesas, cadeiras, palco, som e iluminação, entre outros.
Se você pode ajudar de alguma forma, ligue já. Nunca é tarde para se tornar um elo de uma corrente solidária que busca aproximar a oferta de apoio para quem precisa de ajuda.
Para mais informações, o contato pode ser feito por meio dos números (67) 3331-4127 e 99350-4394. O endereço do Maná do Céu é: Rua Caraíba, nº 449, Jardim Canguru.
TRADIÇÃO E INOVAÇÃO
“A ceia já se tornou uma tradição do instituto para a população, e nós mesmos da equipe de colaboradores também esperamos ansiosamente por esse dia. Um dia de muito trabalho pesado e exaustão, mas que sempre nos recompensou pela experiência que podemos proporcionar para as famílias. Conhecemos a realidade da comunidade atendida, e realizar a ceia é fazer com que eles possam ter acesso a diferentes tipos de gastronomia e a entretenimento”, diz Ester Alaminos.
A coordenadora de comunicação do Maná do Céu conta que o maior desafio é buscar inovar anualmente para erguer a Ceia Solidária.
“Realizar uma ceia diferente de todas, todos os anos, é algo que o instituto preza. E, para isso, precisamos de parcerias e apoio, ainda mais nessa época do ano, por existir diversos projetos que buscam auxílio também. Sair do óbvio é essencial”, afirma.
ALEGRIA E INCLUSÃO
Ester diz que a “maior alegria” é poder ouvir e presenciar os testemunhos das famílias.
“A ceia é o momento de as famílias se unirem e deixarem de lado as dificuldades que vivem para poder participar de uma grande ceia de Natal. Para algumas famílias, a Ceia Solidária é a única comemoração natalina por que passarão”, observa.
Iniciativas como a Ceia Solidária integram a missão do Instituto Maná do Céu para os Povos, Organização Não Governamental da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) criada há 13 anos.
Nos últimos dois anos, o número de domicílios com moradores que enfrentam insegurança alimentar grave – ou seja, literalmente não têm o que comer – saltou de 9,5% para 15,5% no Brasil. Dito de outra forma, trata-se de uma população de 33 milhões de pessoas passando fome.
São dados de um documento divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Por meio da ação social, o Maná do Céu vem tentando, e conseguindo, fazer a diferença na reversão desse quadro alarmante, desde quando começou suas atividades de filantropia, em 2009.
O instituto apresenta-se como uma organização que atua para cooperar no crescimento e no desenvolvimento da sociedade, com ações que promovem o resgate e a inclusão social de pessoas historicamente marginalizadas, propiciando condições para transformar suas vidas desde a infância e agregando valores livres de discriminações de qualquer ordem, para garantir o respeito entre as pessoas.
“Assim, a ceia faz parte da nossa missão de inclusão”, frisa Ester Alaminos.
VOZES DA PERIFERIA
Na seara artística, a música vem sendo o passaporte para uma das maiores vitrines entre os projetos tocados pelo Maná do Céu. O Coral Vozes da Periferia foi criado há cinco anos e reúne 60 crianças e adolescentes com idades entre seis e 17 anos.
O grupo é um dos projetos de grande impacto social da Oscip.
“O coral hoje é o portfólio do instituto. Neste ano, o Vozes ganhou uma maior visibilidade, o que consequentemente trouxe atenção ao instituto. A última apresentação do ano do coral será na Ceia Solidária. E será um marco”, aposta a coordenadora de comunicação.
“Porque, depois de todos os lugares em que estivemos e nos apresentamos, cantar em nossa comunidade nos faz lembrar de onde viemos e levamos esperança para as pessoas do território, trazendo assim um pouco da experiência que o coral tem vivido”, completa Ester, sempre mirando adiante.
“Para 2023, estamos planejando ações de fortalecimento institucional e parcerias com outras instituições”.
RAIO X DA FOME
O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, analisou dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, por meio de pesquisas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, nos 26 estados e no Distrito Federal.
De acordo com o estudo, no fim de 2020, a fome no Brasil retrocedeu a patamares de 2004, quando havia 9,5% dos domicílios com moradores com insegurança alimentar grave.
Neste ano, o índice de domicílios com moradores passando fome saltou para 15,5%, o que significa mais de 33 milhões de pessoas nessa situação.
A pesquisa também mostrou que, em média, considerando todas as regiões do País, três em cada 10 famílias relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo.
Nas regiões Norte e Nordeste, são quatro em cada 10 famílias. Na Região Centro-Oeste, são três em cada 10 famílias.
AÇÕES
A equipe do Instituto Maná do Céu realizou pesquisas em mais de mil domicílios entre 2020 e 2021, na região do Anhanduizinho, em Campo Grande.
Entre outras informações relevantes, os dados mostraram que grande parte dos líderes de famílias são mulheres, desempregados e/ou que não possuem qualificação profissional.
A partir dessa constatação, o instituto auxiliou mais de 1.080 famílias, durante três meses, com cestas de alimentos e kits de higiene e de limpeza em 2020 e em 2021.
Já em 2022, o Instituto Maná do Céu atendeu 80 famílias durante seis meses, com a doação de cestas básicas e com oficinas de aproveitamento integral dos alimentos recebidos.