Coalhada com mel, esfiha de banana ou de carne e coxinha de frango: todo mundo tem um prato favorito do Thomaz Lanches.
O espaço, aberto desde 1978, é um dos locais mais tradicionais e duradouros da cidade, justamente por unir gastronomia de qualidade e confiança no cliente.
A história de empreendedorismo do patriarca da família, o libanês José Thomaz, está retratada no livro “José Thomaz: Um Libanês Visionário em Campo Grande”, escrito pelas pesquisadoras Elaine Cristina Paganotti e Maira Nunes Farias, em parceria com a professora Maria Augusta de Castilho, que será lançado amanhã, às 19h30min, no Espaço Joseph.
Famoso na cidade, seu Thomaz, atualmente com 96 anos, já não vai há algum tempo à lanchonete que leva seu nome, mas os filhos tocam as duas unidades – a original, na Sete de Setembro, e a mais recente, na Avenida Bom Pastor – nos mesmos moldes do patriarca. Nada é anotado, e o cliente é que informa no caixa o quanto consumiu.
A motivação por trás desse atendimento peculiar e tantas outras histórias da família são contadas no livro, ideia que teve o apoio da família e dos seis filhos de Thomaz.
“A ideia do livro partiu da professora Maria Augusta, ela é historiadora e sugeriu para as meninas, para essas duas professoras que estavam fazendo uma disciplina de doutorado, que buscassem algum tema que fizesse parte do cotidiano, da história de Campo Grande. Na época, ela falou: ‘Quem sabe a gente não escreve a história do Thomaz?".
"Isso foi o que elas me contaram”, comenta José Thomaz Filho, 58 anos.
É ele que toca o espaço na Rua Sete de Setembro e que foi responsável por boa parte das memórias que constam na publicação.
“Elas entraram em contato com a gente em meados de 2018, há três anos. Em agosto foi a primeira vez que a gente se encontrou. Eu falei com a minha família, com a minha mãe, com o meu pai, que está em casa, mas está acamado".
"Nós achamos a proposta bem legal e interessante, todo mundo se muniu dessa ideia e começamos a costurar que caminho tomaria”, conta.
A professora Maria Augusta ressalta que a história de Thomaz integra uma parte importante da trajetória de Campo Grande.
“Nosso programa na universidade é de desenvolvimento local, e o Thomaz Lanches está dentro da linha de pesquisa porque montou gradativamente um negócio e também contribuiu para o desenvolvimento da cidade, pois para nós não existe desenvolvimento sem esse capital humano”, explica.
“O trabalho de escrever o livro foi muito gratificante para nós, uma honra. A cada dia ouvindo um pouquinho da história a gente também se viu presente. Assim como nós, imagino que muitos campo-grandenses se sentem parte da família Thomaz Lanches, e o livro é uma forma de eternizar tudo isso”, completa Elaine.
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Família é o que não falta para Thomaz. O desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte é um desses clientes fiéis. Há 30 anos ele frequenta o local, sempre para aproveitar a coalhada com mel.
“No mínimo há 30 anos. Nesse período poucas vezes faltei, às quintas-feiras, às 6h45min, para aproveitar as melhores esfihas e a coalhada com mel. Um ponto de encontro com a ótima tradição da comida árabe e com pessoas que são referências em um atendimento diferenciado. Tudo lá é muito bom”, afirma.
Assim como ele, outras pessoas não deixam de frequentar e levam filhos e netos ao local.
“Fazem uns 12 anos que eu venho. Aproveito para vir principalmente pela qualidade. Gosto de tudo, mas a esfiha de banana é a melhor”, diz a comerciante Regina Prado, 60 anos.
Ela estava ao lado da neta, Isadora Aparecida Prado, de 11 anos, que, integrante de outra geração, prefere o enroladinho de salsicha. “Mas tudo é gostoso”, confessa.
Quem também estava aproveitando as esfihas na tarde de ontem era a aposentada Rosane Casamassa, 58 anos.
“Eu moro no Panamá, mas sempre venho aqui quando vou buscar minha filha na escola”, ressalta ela, que prefere a boa e tradicional esfiha de carne.
Tradição
Entre os seis filhos do fundador, José Thomaz Filho e Ricardo Thomaz ficaram responsáveis por gerenciar os negócios, e duas filhas trabalham em cargos relacionados às lanchonetes.
“Eu estou com meu pai desde 1978, desde 1977, mas a gente conta a partir de 1978 por causa do primeiro alvará. Eu quis procurar emprego em 1982 e em 1983, mas meu pai falou que meu lugar era aqui com ele, eu topei e acabei ficando. E assim a empresa foi crescendo, se estabilizando”, frisa José Thomaz.
Sobre o principal ingrediente, a confiança nos clientes, Thomaz Filho explica que toda a história nunca foi premeditada.
“Isso tudo não foi premeditado, ‘vamos trabalhar assim porque vamos atrair mais ou menos clientes’, foi uma coisa natural. Meu pai sempre foi uma pessoa muito dada, muito solícita. No começo ele era muito simples, muito humilde, e nós continuamos assim, só o volume, a proporção do negócio que mudou".
"Sempre chegava um amigo ou outro, um parente, na lanchonete, e ele tirava as bandejas da estufa e colocava no balcão para a pessoa. Acabou virando um case, uma forma que a gente tem de atendimento”, resume.
Serviço – O lançamento do livro “José Thomaz: Um Libanês Visionário em Campo Grande”, publicado pela Life Editora, será realizado nesta quinta-feira, dia 16 de setembro, às 19h30min, no Espaço Joseph, que fica na Rua Sete de Setembro, nº 805.


Foto: Divulgação / Alexis Prappas
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Ryan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas


