Por Flávia Viana e Denise Neves
Nadja Haddad é atualmente uma referência como apresentadora e também no jornalismo gastronômico.
A “âncora” do programa Bake Off Brasil, um dos maiores realities shows de culinária do mundo, faz da sua paixão pela cozinha a arte de entreter e de se comunicar com o seu público na TV e nas redes sociais, onde também atua como influenciadora digital.
Reconhecida pelo seu enorme carisma, Nadja busca desmistificar as complexidades em volta da confeitaria oferecendo afetividade transmitidos através das suas receitas.
Além da cozinha, a apresentadora mostra e demonstra seu amor pela família, pelos animais e causas sociais, sendo bastante envolvida em ações beneficentes ao ajudar ONG’s de diversos segmentos.
Durante uma entrevista exclusiva para o Correio B+ em meio a rotina intensa de gravações, Nadja Haddad conversou sobre a sua carreira e vida pessoal, revelando curiosidades que nem todos conhecem ainda.
CE: Nadja, pode começar contando um pouco sobre a sua trajetória no jornalismo até se tornar hoje a apresentadora de um dos maiores realities shows do país?
NH: “Eu comecei no jornalismo na Rádio Tupi AM, enquanto era estagiária. Quando eu estava em vias de ser contratada, fui convidada para o canal Rede 21 da TV Bandeirantes, era um canal UHF, e eu assumi a pauta e produção do veículo, voltado para Economia e Política, lá eu fazia boletins de notícias desse canal que ia ao ar pela UHF.
Depois, eu fui para o jornalismo da Band Rio fazer reportagens diárias e especiais, cobertura de eventos, e, eventualmente, apresentava o jornal da Band Rio também.
Depois, fui convidada para o primeiro jornal em São Paulo, já em rede nacional, e assumi a apresentação ao lado do âncora do telejornal.
Passei para o Jornal da Band, onde eu cobria férias da titular e fazia os plantões junto com a editoria do tempo e, assim, eu fui conquistando novos patamares.
Passei a fazer muitos eventos de Entretenimento, como Carnaval e coberturas especiais, onde me entendo mais feliz, trabalhando no Entretenimento.
Ganhei de presente uma revista eletrônica chamada Vídeo News, onde eu fiquei até o meu período final na TV Bandeirantes, e dali em diante eu só fiquei no Entretenimento, onde eu quero permanecer.
No SBT, de fato, eu me consagrei como apresentadora do Entretenimento. Comecei no SBT pela web, no digital, fazendo reportagens e apresentações.
Fiz parte da bancada do ‘Dez Ou Mil’ do Ratinho, no Programa Silvio Santos, Carnaval, Grammy Latino etc, fiz até entrevista com o professor Girafales, e depois conquistei a apresentação do Bake Off Brasil.”
CE: Além da sua vida profissional, você é mãe, dona de casa, esposa, empreendedora etc... Como faz para conciliar toda a sua rotina? Você conta com ajuda de alguém?
NH: “Minha rotina é de multitarefas. Tenho muitas pessoas que me ajudam, sim, até porque eu tenho um péssimo defeito, que é tentar fazer tudo ao mesmo tempo, e eu tenho que aprende cada vez mais a delegar.
Na minha casa, tenho duas ajudantes. Elas me ajudam inclusive com todos os meus cachorros que moram comigo.
São incríveis para cuidar deles e de todos nós.
Com as ações sociais, eu tenho um gestor do fundo social a quem eu delego e ele orienta toda equipe e os demais projetos. No mais, tenho pessoas que trabalham comigo em equipe, como o meu produtor e as minhas secretárias que me ajudam na parte dos meus negócios.
Então, eu tenho muitas pessoas que me ajudam a conciliar com a minha tarefa principal, a profissional, no caso, que é a TV e que não é fácil. Eu preciso da ajuda das pessoas até pela minha saúde física e emocional, mas não abro mão de me cuidar e ter um tempo para mim.”
CE: Como começou a sua relação com a culinária?
NH: “Eu cresci em um lar onde todas as mulheres frequentavam a cozinha e gostavam de cozinhar. A gente sempre ajudou muito minha mãe. Eu gostava demais de ver ela preparar os alimentos e ver as cozinheiras que passaram lá em casa também.
Eu tinha um banco de madeira, que minha mãe tem até hoje, e eu ficava lá em pé nele, observando a mulherada cozinhar.
Então, a minha relação com a cozinha vem do meu crescimento mesmo como ser humano, vendo as mulheres prepararem as gostosuras da família.
Conforme eu fui crescendo e podendo fazer, eu adorava inventar as coisas... Final de semana, eu e as minhas irmãs criávamos bastante coisa na cozinha. Elas são bem mais velhas do que eu. Lembro bem que minha mãe dizia: ‘Ao arrumarem um namorado, agora vocês que vão preparar o almoço, o jantar, enfim, para o namorado de vocês’. E eu participava do preparo.
Sempre gostamos muito de nos reunir na cozinha e preparar alimentos.
A minha relação com a culinária sempre foi muito afetiva e voltada para a minha família.
Depois que eu fui morar sozinha, continuei com o prazer de cozinhar para mim mesma e para os meus amigos. Eu tenho uma relação com a culinária de muito amor.”
CE: O que você mais gosta de cozinhar?
NH: “Eu gosto de criar pratos com o que a gente tem na geladeira, de improvisar. Eu amo comida temperada, erva fresca, condimentos, especiarias... Não existe um prato específico, justamente porque eu gosto de inventar moda. A única coisa que eu não faço muito em casa, posso ter feito uma ou duas vezes, no máximo, é fritura, pois, não tenho o hábito e o meu marido também não.
Eu gosto muito de cozinhar comida saudável e bem condimentadas, mas não existe uma específica, eu gosto de várias.”
CE: No seu canal no YouTube, além da gastronomia, você também produz conteúdos voltados para o artesanato e dicas de utilidades domésticas. Como começou o seu interesse por esses temas e quando decidiu que poderia trabalhar como influenciadora nessa área também?
NH: “Nasceu comigo, eu sempre amei artesanato. Minha mãe é artesã e artista plástica. Ela pinta telas e sempre pintou imagens em gesso, e eu a acompanhava nos cursos. Ela fazia muito artesanato em casa, até mesmo para vender, como presilhas de cabelo, flores decorativas, e eu a ajudava e adorava. Eu lembro que eu era criança e assistia um programa chamado ‘Mãos Mágicas’, que ensinava a fazer artesanatos com papelão, era um programa infantil mesmo. E eu sempre gostei de criar, começar algo com as minhas mãos e ver aquilo se desenvolver, evoluir, e ter um resultado incrível, além de reaproveitar as coisas pensando sempre na sustentabilidade e no aproveitamento de tudo e até hoje a minha vida é assim.
Quanto às dicas domésticas, eu herdei da minha mãe e minha avó também. Quando fui morar sozinha, minha mãe me deu um livro chamado ‘Sebastiana Quebra Galho’, que é um dos meus livros preferidos. Eu tive uma das primeiras edições, que tinha muita dica de coisas para casa, para quem mora sozinho, e eu fui pegando mais gosto. Eu adoro truques domésticos.”
CE: Como a comunicadora renomada que você é, quais são os seus maiores desafios na profissão?
NH: “Eu acho que o maior desafio é ser autêntico e ser diferente dos demais. Isso, para mim, acaba não sendo difícil porque eu sempre atribuo a minha profissão à uma missão, então, dentro do meu meio de trabalho onde a concorrência é tão grande, eu penso que cada vez mais ser essência é um diferencial, e é o que eu procuro fazer.
Ser diferente dos demais, transformar a vida das pessoas, acolher e levar o sorriso e a paz para dentro da casa das famílias, esse é o meu maior desafio, conseguir sempre ser essência, tocar no coração das pessoas através da minha profissão.”
CE: Fora da TV, você faz parte de iniciativas muito bacanas com algumas ONG’s. Pode contar um pouco sobre cada uma delas para a gente?
NH: “A minha vida, a minha criação, sempre foi baseada em uma educação solidária, em um lar solidário. Ser solidária, ajudar e praticar ações sociais é um hábito, fazem parte da minha real essência, como faz parte da vida da minha família como um todo. Eu não saberia ser diferente.
Hoje, eu ajudo várias ONGs, não somente as voltadas aos animais.
Tenho aqui um trabalho social junto com o meu marido na cidade onde ele está prefeito.
Eu sou presidente do fundo social, e aqui a gente consegue fazer ações lindas, voltadas para as famílias em vulnerabilidade e para quem deseja participar. A gente não segrega ninguém, mas, sempre com trabalhos que façam a pessoa se dignificar, jamais como uma assistência livre, formando o ser humano pra vida.
Para mim, é muito simples conciliar. Eu costumo falar que quando o ‘bichinho da caridade’ pica, nos contamina. É um caminho sem volta porque é muito gratificante a gente poder estender a mão para o outro e saber que de alguma maneira a gente transformou uma vida, eu não saberia ser diferente. Conciliar é a coisa mais fácil do mundo. É só eu viver, já faz parte da minha rotina.”
CE: Como funciona o “Beleza de Ester”?
NH: “O ‘Dia de Beleza de Ester’ é a coisa mais linda, inclusive, estou a bastante tempo sem conseguir fazer por conta da pandemia, mas, esse ano nós faremos. E quando eu falo nós, eu me refiro a Priscila, uma grande amiga com quem eu faço a ação. Nessa ação, ela beneficia mulheres que de alguma maneira precisem de um up na autoestima, de um carinho na alma, e a gente sabe que uma mulher e qualquer pessoa que se sinta bem e bonita, fica encorajada a seguir em frente.
É usar a vaidade a favor e não para tratar o ego. A gente acolhe mulheres em vulnerabilidade para essa ação, as encontramos e as levamos para salões de beleza que atuam como voluntários e lá elas têm um dia de beleza, com tudo que tem direito. E no meio entre elas, temos especialistas em alguns assuntos voltados a emoção para tudo que elas precisam ouvir e saber, eles conversam com elas de maneira muito discreta. Essas mulheres também ganham presentes, e saem de sentindo mais fortes e acolhidas.
A próxima ação é agora em outubro, que será voltada para mulheres que foram acometidas com o câncer. Vamos acolher essas mulheres, orientá-las a respeito do problema, de maneira discreta, não é uma palestra. A gente se mete no meio da mulherada e vai conversando com uma a uma. É uma maneira de acolher e fortalecê-las através de um dia de beleza, amor e orientação.”
CE: Você é uma pessoa muito engajada nas causas sociais e é até mãe de pet de cachorros resgatados... Pode contar para a gente a história deles e como foram desenvolvidos os processos de adoção dos bichinhos?
NH: “Eu sempre fui completamente apaixonada por animais. O meu primeiro adotado foi o Hulk que já está comigo há mais de 10 anos. A mãezinha dele foi resgatada grávida, por uma ONG chamada ‘Vila do Amigo’, de São Paulo (SP), e eu comentava no pet onde eu deixava o meu outro cachorrinho, o Luka, o mais velho, que eu queria uma companhia para o Luka, mas queria adotar. E aí, a mãezinha foi recolhida para o pet ‘Vila do Amigo’, e eu disse que queria um deles. Nessa época, eu fui estudar fora, na Espanha. Eles me mandaram foto e imediatamente eu me apaixonei e adotei o Hulk.
Foi um processo de adoção muito responsável. A Silvana, que é a dona da ONG, foi até o meu apartamento e conversou comigo, eu preenchi os termos de adoção, e ela viu como era a minha vida, o espaço que eu tinha etc, e até hoje eu tenho contato com ela.
Na sequência, foi acontecendo... Passei por uma maneira acho que quase ‘instintiva’... Eu via animais na rua e resgatava, salvava de atropelamentos etc, levava para o hospital e depois eu mesma colocava para adoção.
Quando eu casei, eu vim para uma casa com mais estrutura. Se eu fizesse lar temporário, não adiantava, eu acabava adotando, e, assim aconteceu. Eu já tinha o Ygor, um cachorrinho que era da minha mãe, ele não andava e era 100% dependente da gente. Eu trouxe para São Paulo, reabilitei, mas infelizmente ele faleceu. Eu encontrei o Pitoko em uma rodovia. Estava indo visitar uma amiga no interior, e ele era muito filhotinho ainda, o trouxe para casa na intenção de colocar para adotar, mas acabou ficando.
Depois veio a Glorinha, junto com o grupo no qual eu faço parte de resgate e adoção. Colocaram ela a porta da casa de um amigo ativista. Ela totalmente machucada, destruída, passou por maus tratos, agressão e tinha cinomose. No dia, eu estava indo entregar um cachorrinho de adoção, e vi no grupo de troca de mensagens dos amigos ativistas que tinha essa cachorrinha. Eu orientei para levar em um hospital próximo da minha casa, e fiquei dando assistência. Me apaixonei e acabei adotando. Reabilitei e, hoje, ela está 100% feliz e saudável.
Depois veio a Princesa. Ela foi resgatada por uma amiga na Raposo Tavares. Eu consegui um lar temporário para ela, mas com a pandemia, eu não consegui entregar, e ela ficou para sempre aqui em casa. Por último veio o Lobão. A família não queria mais ele e o meu marido o adotou. Ele é um cachorrinho hiperativo, tem dado muito trabalho para a gente, mas com muito amor e dedicação intensa, estamos conseguindo reabilitá-lo também. Gastando a energia toda de hiperatividade dele e de ser um cachorro com qualidade de vida, também está aqui em casa.
Além disso, temos também o Skol. O nosso burrinho que tinha sido colocado na zoonose e ninguém queria. O meu medo era dele ser sacrificado e acabei adotando-o. Ele fica junto com outros animalzinhos em um espaço que tem gramado com um terreno para ele e com pessoas que cuidam dele. É um espaço nosso, e lá tem também mais um cachorrinho, que é o Neguinho.”
CE: Quando não está trabalhando, quem é a Nadja Haddad?
NH: “Eu sou uma pessoa caseira, que gosta de cuidar da casa, das plantas, dos meus bichinhos, do meu marido, da minha família... Uma pessoa que gosta de cuidar de mim, emocionalmente e espiritualmente. Eu sinto falta de ter os meus momentos de sossego e de me sentir parte da minha casa. Quando não estou trabalhando, eu sou gente da gente, uma pessoa completamente comum. Faço mercado, coisas do dia a dia, porque tenho prazer em fazer, e sinto falta... Como pessoa física, sou completamente comum.”
CE: Qual é a sua maior qualidade?
NH: “Ser uma pessoa solidária, que gosta de servir, de cuidar e ser responsável. Isso acaba sendo um misto de qualidade e defeito, porque pesa a gente exigir responsabilidade e disciplina o tempo inteiro, mas, sou uma pessoa muito disciplinada. De tudo, do dom de servir e de cuidar do outro e das pessoas, talvez essa seja a minha maior qualidade, sim.”
CE: E qual é o seu maior defeito?
NH: “Ser muito atrasada. Tenho um problema sério com pontualidade. Sempre exigi muito de mim em pontualidade, e, hoje, acabo pecando em não cumprir muito o horário de chegada nos lugares.”
CE: Uma frase ou pensamento que te define?
NH: “Eu tenho ideologias, mas, uma frase ou um pensamento eu não tenho.”
CE: Sobre os seus próximos projetos profissionais, há algo em vista? Pode adiantar algo para a gente?
NH: “Eu tenho projetos para minha vida. Me preparo para eles, mas eu nunca conto sobre os meus projetos, seja pessoal ou profissional, eu nunca conto, até porque os nossos pensamentos podem mudar... Eu tenho objetivos e os coloco nas mãos de Deus. Eu faço a minha parte e Deus faz a parte Dele.
Quero, sim, continuar seguindo no ‘Bake Off Brasil’, que, para mim, é uma paixão muito grande. O programa não é meu, mas, adotei como se fosse um filho e quero algo a mais, evoluir profissionalmente fazendo algo a mais... Evoluo a cada temporada, e não quero dizer o contrário, mas quero, sim, um projeto além do Bake Off, que tenha a ver com família, mulher e a vida real.”



Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


