Correio B

DIA DO PROFESSOR

Neste Dia do Professor,
confira uma história de ensinamentos

Neste Dia do Professor,
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Às vésperas de completar 83 anos, Ayako Matsunaga é uma velhinha de fala mansa, que usa vermelho e escreve, de próprio punho, poesia e sua história de vida. Coleciona a experiência de ter trabalhado ao lado do educador Paulo Freire e visto a teoria dele sendo aplicada em assentamentos de Mato Grosso do Sul. 
Professora há quase 60 anos, ao relatar seu passado à frente de escolas, ainda no interior de São Paulo, parece descrever um momento presente, de quem era ameaçada por pai de aluno, precisava servir café ao governador quando faltava até giz em sala e preteria a polícia em prol da educação.

“Tive um incidente horrível, me marcou para o resto da vida. Um aluno trouxe um canivete no recreio e as crianças começaram a gritar. Vi que ele estava querendo furar a barriga de um menino e não tive dúvida: ‘Tragam a régua da professora’. E meti mesmo”, recorda. O aluno foi embora, mas voltou a cavalo com o pai, que ameaçou Ayako. O delegado, que foi acionado pela família da jovem professora, orientou que ela assumisse outra classe para trabalhar.

Em 1964, foi enquadrada pela polícia, que queria saber o paradeiro do diretor da escola em que ela lecionava. “Ele sumiu, a gente não sabia onde estava. E eu recebi ameaças de que, se eu não dissesse a verdade, não ia nem escolher minha cadeia”. 

Firme na luta por seus direitos e pelos de seus alunos, Ayako assume que brigava muito. “E me dizem: ‘Como você briga? É tão calma, tão boazinha’. Mas, se eu tiver que entrar, eu entro. Não tenho dúvidas”, afirma. 

A professora, que poderia ter tido uma carreira promissora na rede particular, preferia ensinar nas periferias de São Paulo. Tinha aluno bandido, mas, como mestre, enxergava não só o fragmento dos crimes, mas todo o contexto social. 

“Era diretora de escola onde a polícia não entrava. Enfrentei mesmo. A polícia vivia perseguindo o Negaça, um aluno meu, e me gritavam: ‘Dona Ayako, já colocaram o Negaça no camburão’. Eu saía e mandava tirar, dizia que ele era problema meu”, conta. De volta, ouvia dos policiais que abandonariam a escola dela de vez. 

Ayako trabalhava em uma escola estadual de São Paulo quando veio a notícia de que o governador da época reinauguraria o prédio e que ela deveria providenciar o coffee break. “Eu passei para os professores, mas disse: ‘Do meu bolso não sai um tostão’. Não tínhamos giz, era uma barbaridade, não tínhamos nada e eu ainda teria que pagar café para governador?”. 

Para melhorar o trabalho do grupo de professores que liderava, tirou um dia das aulas para que todos se sentassem ao redor dos livros. Como uma espécie de rodízio, estudavam pelo mesmo objetivo: melhorar a educação em sala de aula. “A gente trabalhou neste projeto uns dois ou três anos, mas os professores eram muito rotativos, não eram efetivos, e sim contratados”, explica.

O programa Escola Democrática Inserida no Contexto chegou ao conhecimento da prefeitura de São Paulo e ela recebeu o convite para trabalhar como assistente técnica do então secretário de Educação, Paulo Freire. “Eu tinha paixão por ele, por trabalhar o princípio da interdisciplinaridade, que são vários olhares em cima de uma realidade”, discorre. 

Usando o que tem nas mãos como exemplo, a caneta de dona Ayako tem uma flor de plástico amarela nas pontas. “Esta é a beleza de Paulo Freire, que prega a metodologia problematizadora, em que não interessa ver o fragmento flor, e sim ver o todo que envolve essa flor”.

Munida de todos os livros de Paulo Freire, dona Ayako é enfática ao dizer: “O maior problema do Brasil é a educação”. 

METODOLOGIA APLICADA

Ao se aposentar, depois de 30 anos trabalhando em São Paulo, a professora veio para Mato Grosso do Sul e iniciou aqui, em 1995, um trabalho que até implantaria escola itinerante em barracas do Movimento Sem Terra. “A minha irmã disse: ‘Ayako, tem uma reunião do movimento, um congresso estadual, vamos? Ali eu percebi que eles eram democráticos, buscavam entender o mundo, tinham vontade, mas não tinham conhecimento de Paulo Freire e suas metodologias”, recorda.

Aí começaram as andanças por assentamentos e acampamentos no trabalho de educação e formação. “Abriram uma escola itinerante na beira da estrada, mas não sabiam como formar uma escola. Eu disse que sabia, fiz todos os registros de matrícula, de chamada, todo o bê-a-bá”, descreve. Um ano depois do funcionamento, a escola em Itaquiraí foi regularizada na Secretaria de Educação do município. “E, quando o secretário viu aquilo, disse: ‘Nem na cidade tenho escola tão organizada assim’”. Dona Ayako guarda o elogio até hoje.

São 23 anos de educação e formação de educação básica junto à população que luta por terra. Até hoje, ainda há alunos que lhe batem à porta, no Bairro Autonomista, em Campo Grande, pedindo orientação quanto às teses de mestrado. 

Ayako não se casou nem teve filhos, mas soube desde sempre enxergar nos alunos sua descendência. “Eu passava em São Paulo e sempre tinha alguém buzinando: ‘Oi, professora!’. Foi muito bonito e é, e aqui, com meus alunos, tem rapazes que eu tenho admiração e esperança neles e nelas, as mulheres que são fortes”. 

Muito mais que ensinar, dona Ayako aprendeu com o movimento. “A prática deles, o dia a dia que casou com a teoria de Paulo Freire. Hoje se trabalha praticamente sem metodologia; vem o livro explicando como faz e acabam seguindo. Eu penso que tem professor que chega à aposentadoria sem consciência nenhuma do seu papel”.

Quanto ao papel do professor, Ayako responde: “É o de formar, de trabalhar pela cidadania plena, pelo cidadão, por seus direitos e deveres”.

magia

Caravana de Natal da Coca-Cola passa por Campo Grande nesta terça; veja o trajeto

Caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d'água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel

16/12/2025 12h00

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande DIVULGAÇÃO/Coca Cola

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Faltam 9 dias para o Natal e a tradição de sair às ruas para acompanhar a passagem das carretas de Natal da Coca-Cola está de volta.

Caravana Iluminada de Natal percorre ruas e avenidas de Campo Grande nesta terça-feira (16). 

Os caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d’água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel.

Confira os trajetos e horários:

CAMPO GRANDE - 16 DE DEZEMBRO -  19H

  • INÍCIO - 19 horas – Comper Itanhangá – Avenida Ricardo Brandão
  • Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camilo
  • Avenida Afonso Pena – Bioparque Pantanal até a 13 de maio
  • Avenida Ceará
  • Avenida Mato Grosso – apenas três quadras
  • Avenida Antônio Maria Coelho
  • Avenida 14 de julho
  • Avenida 13 de Maio – apenas três quadras
  • Avenida Eduardo Elias Zahran
  • Avenida Bom Pastor
  • Avenida Toros Puxian
  • Avenida Dr. Olavo Vilella de Andrade
  • FIM – Avenida Gury Marques

Carretas natalinas da Coca Cola vão passar em Campo Grande

 

ALERTA PARA A EXAUSTÃO

A síndrome do dezembro perfeito

16/12/2025 11h30

Divulgação / Renata Carelli

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Dezembro traz dois fenômenos digitais que podem afetar o bem-estar: as retrospectivas de um ano supostamente perfeito e a pressão estética pelo chamado corpo de verão. O que deveria servir de inspiração tem se tornado gatilho de ansiedade para quem tenta conciliar o esporte com uma rotina de trabalho exaustiva.

O canal Atleta de Fim de Semana, criado pela produtora audiovisual Renata Carelli para servir de guia a uma prática mais saudável do esporte amador, defende que a matemática dessa comparação é injusta.

O erro comum do amador é comparar sua vida integral, que inclui boletos, trânsito, cansaço e limitações, com os melhores momentos editados de influenciadores ou atletas que vivem da imagem.

A vida é complexa demais para caber em um post. Quando nos comparamos com a retrospectiva de alguém, ignoramos o contexto, como a rede de apoio, o tempo livre e os recursos financeiros.

Essa busca por uma estética ou performance irreal no fim do ano gera uma sensação de fracasso, mesmo para quem teve um ano vitorioso dentro de suas possibilidades.

Para virar a chave em 2026, o Atleta de Fim de Semana sugere trocar a meta do corpo de verão pelo corpo funcional. A ideia é valorizar o corpo não pela aparência na praia, mas pela capacidade de viver experiências, aguentar a rotina e gerar disposição.

Confira três dicas que Renata considera essenciais para sobreviver ao fim de ano sem culpa.

NÃO DESISTIR

Não desistir é a verdadeira medalha: no mundo amador, a consistência vale mais que intensidade. Se você teve um ano difícil no trabalho e, mesmo assim, conseguiu treinar duas vezes na semana, isso é uma vitória.

O importante é celebrar o fato de não ter voltado ao sedentarismo, sem se comparar com quem treinou todos os dias.

FILTRE O FEED

Filtre o feed e a mente. Nesta época, o algoritmo privilegia corpos expostos e grandes feitos. Se isso gera ansiedade, a recomendação é prática: silencie perfis que despertam a sensação de insuficiência. O esporte deve ser sua válvula de escape para o stress, não mais uma fonte dele.

REDEFINA O SUCESSO

Redefina o sucesso para 2026: ao fazer as resoluções de Ano-Novo, evite metas baseadas apenas em estética, como perder peso a qualquer custo, ou em números de terceiros.

Trace metas de comportamento, como priorizar o sono ou se exercitar para ter energia para a família. Quando o objetivo é funcional, a pressão diminui e a longevidade no esporte aumenta.

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