Ante o número recorde de casos e mortes por Covid-19, sem falar na gripe influenza, a realidade concreta pede muita cautela e prudência na hora de escolher o que fazer no fim de semana.
Na segurança do lar, uma das boas pedidas é aproveitar a temporada de filmes franceses que inunda as telinhas domésticas, gratuitamente, com a 12ª edição do My French Film Festival (MFFF), o destaque “Cinema #emcasacomsesc” da plataforma de conteúdo do Sesc e o evento A Noite das Ideias, encontro on-line que acontece hoje, realizado pela Aliança Francesa de Campo Grande e pelo Museu da Imagem e do Som (MIS/FCMS).
A Noite das Ideias pega carona no evento de mesmo nome realizado desde 2016 pela Embaixada da França no Rio de Janeiro e em outras cidades do mundo.
O objetivo é “celebrar a livre circulação das ideias e conhecimentos, oferecendo, na mesma noite, conferências, encontros, fóruns e mesas redondas, bem como projeções sobre um tema especial”.
Dois filmes embalam a versão local da noite, que, sob o tema desta sétima edição, “(Re)Construir Juntos”, promove um debate logo mais, a partir das 17h30min, pelo Instagram da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul – @fundacaodeculturams.
DISTOPIA E ISOLAMENTO
“Tudo o que Me Resta da Revolução” (“Tout ce qu’il me reste de la révolution”, 2018), de Judith Davis, e “Com Toda a Minha Força” (“De toutes mes forces”, 2017), de Chad Chenouga, serão o foco do debate, que contará com a participação de Marcia Saddi (AF), Marinete Pinheiro (MIS) e Vitor Zan (UFMS).
Os filmes estão disponíveis na plataforma do Institut Français – https://ifcinema.institutfrancais.com/fr/streaming/alacarte – e foram liberados pela Cinemateca da Embaixada Francesa do Rio, que, aliás, tem um relevante histórico de serviços prestados para a cinefilia brasileira desde os tempos do cinema de película e da tela grande.
“Tudo o que Me Resta da Revolução” é o primeiro longa-metragem dirigido pela atriz francesa Judith Davis e acompanha Angèle. Interpretada pela própria diretora, Angèle vem de uma família de ativistas e luta contra a distopia em uma época de depressão política global.
“O que lhe resta da revolução, das suas transmissões, das suas desilusões e esperanças? Este longa-metragem explora com humor e inteligência a desordem política de uma geração de jovens franceses, ansiosos por perpetuar as lutas revolucionárias da antiga geração (a famosa ‘Geração 1968’), ao mesmo tempo em que tenta trilhar um caminho em um mercado de trabalho cada vez mais fechado”, informa a sinopse.
Segundo filme do diretor Chad Chenouga, “Com Toda a Minha Força” conta a história de Nassim (Khaled Alouach), estudante de uma prestigiosa escola secundária de Paris. Nassim parece ter uma vida tão ordinária quanto a de seus colegas de escola.
Ninguém suspeita que ele acabou de perder a mãe e passa as noites em um abrigo provisório. Apesar da ajuda da diretora (Yolande Moreau), ele não se adapta ao jeito de ser dos outros jovens.
Os dois filmes procuram dar vazão ao conceito da temática geral, que “visa gerar discussões em torno da reconstrução das nossas sociedades, que enfrentam desafios singulares, bem como em torno da solidariedade e dos esforços de cooperação entre indivíduos, grupos da sociedade civil e Estados”.
CURTAS E LONGAS
Já o My French Film Festival, com a 12ª edição no ar até 14 de fevereiro, oferece 26 produções – nove longas e 17 curtas de gêneros variados, como a comédia de humor negro “Os Demônios de Dorothy” (2021), de Alexis Langois, recomendado para maiores de 16 anos.
No curta, uma diretora fracassada se diverte bastante enquanto escreve o seu roteiro. Mas um telefonema cessa a alegria. A ordem de sua produção é parar de fazer comédias queer e partir para filmes universais. Para não se afundar na angústia, Dorothy se refugia na sua série favorita, Romy e os Vampiros.
É quando criaturas demoníacas decidem visitá-la.
O drama teen “Love Hurts”, com 30 minutos de duração, retrata Sam, uma garota reservada e misteriosa. Ela conhece Troy, um adolescente insensível à dor, e se deixa lentamente levar pelo mundo ultraviolento do rapaz. Um mundo cheio de amor, socos e música. Dirigido por Elsa Rysto e recomendado para maiores de 12 anos.
Os longas-metragens disponíveis são: “Calamidade”, “O Céu de Alice”, “O Meio do Horizonte”, “Playlist”, “Uma Vida Doida”, “As Índias Galantes”, “Embarque”, “Teddy” e “Um País que Sabe se Comportar”, produção documental dirigida pelo jornalista David Dufresne que é um dos destaques do MFFF.
Dufresne reúne imagens impressionantes, captadas por cinegrafistas amadores, que mostram a violência policial na França, em 2018, durante o levante que ficou conhecido como o movimento dos coletes amarelos.
GARREL
Na seção “Cinema #emcasacomsesc” da plataforma https://sesc.digital/home, três longas do diretor Philippe Garrel, que serão abordados mais detidamente nas próximas edições do Correio do Estado, completam a festa: “O Ciúme” (2013), com o galã Louis Garrel, irmão do diretor no elenco; “A Sombra de Duas Mulheres” (2015); e “Amante por Um Dia” (2017).
Por mais que o cinema de Philippe Garrel tenha perdido o sabor de novidade para muita gente, os três filmes mostram com despojamento o que os franceses sabem fazer de melhor: um cinema de sensibilidade e reflexão sobre relacionamentos humanos e suas paixões, culpas e redenções.


Felipa Araujo Coimbra e Edson d’Alcantara Rodrigues Coimbra, que comemoram 57 anos de casamento neste domingo


