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Diálogo

Nos bastidores políticos, há quem garanta que importante cargo estaria... Leia na coluna de hoje

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Rita Levi-MontaLcini - escritora italiana

As mulheres que mudaram o mundo  nunca precisaram mostrar  nada além da sua inteligência”.

Felpuda

Nos bastidores políticos, há quem garanta que importante cargo estaria sendo cobiçado que só por partido político e os entendimentos estariam até adiantados. Ocorre que se trata de uma pasta importante e a situação vem sendo tratada “cheia de dedos”, de forma a evitar “ruídos”  no que se relaciona à aliança atual e à que vem em frente. De qualquer forma, segundo os comentários, a questão teria entrado em ebulição e, se realmente acontecer, seria mais  um ingrediente no cenário das próximas eleições. Resta aguardar para ver.

Construção coletiva do Plano de Visitação das terras indígenas  é o eixo central da proposta para consolidação do turismo  de base comunitária, em nioaque (Ms). o projeto, liderado pela prefeitura, vem sendo implementado nas comunidades terena  e atikum em parceria com a fundação de turismo de Mato grosso do sul e o sebrae, e segue a metodologia do turismo de Base Comunitária, de acordo com as diretrizes da funai. o niocac – turismo e Cultura indígena, além da valorização cultural, busca geração de renda e fortalecimento da autonomia dos povos originários, segundo o prefeito, andré guimarães. as comunidades Água Branca, Vila atikum, Brejão, taboquinha e Cabeceira já receberam ações como validação dos mapas turísticos, fortalecimento dos centros de memória e apresentação de planos de negócios às famílias. uma das cenas marcantes foi o registro oficial da dança putu-putu, que passa a integrar o banco de imagens do projeto.

Carlos Bonatto e Simone Flores Bonatto

 

Juliana Dalmo e Rafael Dalmo

Posição

Do continente asiático, onde permanecerá até o dia 16,  o governador Eduardo Riedel  se manifestou sobre a prisão domiciliar imposta  ao ex-presidente Jair Bolsonaro.  Em post nas suas redes sociais escreveu, entre outros alertas, que “prisão domiciliar,  com restrição de direitos fundamentais e sem julgamento concluído são excessos judiciais que geram temerária tensão política  e jurídica no País”. Só!

Sinal

O governador Eduardo Riedel tornou-se, com o ex-governador Reinaldo Azambuja e a senadora Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, um dos “consultores”  de Bolsonaro nas questões políticas de Mato Grosso do Sul.  Ele tem participado de reuniões com o ex-presidente para discutir as eleições de 2026,  e sua postagem sobre a prisão domiciliar sinaliza que será  do time da direita, “afugentando” o PT.

Tolerância zero

Rebeldia não está sendo tolerada pelo PL e atos de insubordinação estão resultando em punição, como aconteceu com o deputado federal Antonio Carlos Rodrigues,  de São Paulo, que foi expulso da legenda depois de defender o ministro do STF Alexandre de Moraes, criticar Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Bolsonaro, e o presidente  dos EUA, Donald Trump.  Por aqui, seria bom que colocassem as barbas de molho  e parassem com mi-mi-mi. Dizem que a corda está esticando cada vez mais. Vai que...

ANIVERSARIANTES

Bruno Pagani Quadros  
Rita Terezinha de Queiroz Figueiredo  
Dr. Claudionor Miguel Abss Duarte  
Pauline Zanardo  
Acy Mary Corrêa Gregol Dib  
Auzenete Vinagre Franjotti  
Eneu Fett de Magalhães  
Lauro Miyahira  
Maurici Aparecida de Moura França  
Joaquim Ângelo Lopes de Souza  
Rose Mary Guidi  
Rosana Morilhas Corrêa da Costa  
Dr. Francisco José Soares Barroso  
Luiz Antônio de Jesus Saran  
Maria Aucinéia de Souza  
Anecy de Almeida Lopes  
Delcina Goes Rodrigues de Souza  
Rosângela Aparecida Guiraldelo Pasqualotto  
Adriano Garcia Geraldo  
Ricardo Massaharu Kuninari  
Judenez Souza de Jesus  
Sônia Maria de Abreu Sirena  
Márcia Helena Hokama Razzini  
Rodolfo Alfredo Martin  
Nilton José Barauna  
Marcia Cecília Serenza Ferreira Alves  
Liana Chianca Oliveira Noronha  
Solange Martins Meira Damico  
Dr. Antônio Martins França  
Carlos Eduardo Cury  
Amilcar Silva Júnior  
Gustavo Helder Vinholi  
Jurandir Martins  
Paula Cristaldo  
Aparecida Sirlei Casachi  
Bernardes de Melo  
Mário Antonio Barbosa dos Santos  
Nilza Mont Serrat Oliveira Cirineu  
Maria Helena Pires Boschilia  
Claudenir Gonçalves de Godoy  
Tânia Marques Fogaça Souza  
Natalie Arce de Sousa  
Terezinha Rubi Falco  
Patrícia Manvailer Dias Lemos  
Marcos Roberto Arashiro  
Ítalo Regis Pinto  
José João Rezek Júnior  
Clotilde Martins Araújo  
Dr. Mário Gonzalo Alberto Araóz Siles  
Arminda Pereira de Souza  
Dr. João Luiz Pinheiro  
Alexandre Magno Calegari Paulino  
Alfredo Kassar  
Noêmia Ferreira Leite  
Eneida Fernandes Barbosa  
Osmar Morello Pacheco  
Elizabeth de Oliveira  
Tanner de Andrade  
Zailda Rocha Zeola  
Sônia Maria Azambuja de Almeida  
Cecília Kehdi Crepaldi  
Joice Oliveira de Faria  
Luiz Alberto Bochete  
Nilva Aparecida de Azambuja Lopes  
Júlio Kenko Shimabukuro  
Mário Márcio Ribas Teixeira  
Juruena de Barros  
Helena Sônia Lechuga  
Margarida Baptista dos Santos  
Otilia Maria Garcia Rosa  
Lourdes Rezende  
Geise Souza Calves  
Raimundo Barizon  
Gilberto Vieira Veloso  
Tânia Santana Casas  
Guaracy de Miranda Corrêa  
Paola da Rosa Siqueira  
Gilson Sato  
Mário Henrique Araújo Leite  
Antonino Ferreira Chaves  
Márcio Eduardo Oliveira Dias  
Neila Maria Ferreira de Castro  
Wilson Ribeiro Lopes  
Ciriaca Freitas da Silva  
Liana Andrea Takahashi  
Sidney Antonio Arioza  
Daura Rosa dos Reis Menezes  
Dra. Blanche Falcão Chauviere  
Iolanda Ferreira Neri  
Sônia Hiroko Suzuki  
Irineu Bacchi Neto  
Mônica Teixeira de Souza e Souza  
Osvaldo Batista de Oliveira  
Thaís Queiroz  
Gabriela Muller Junqueira  
João Rosa Filho  
Reginaldo Nogueira Lima  
Tânia Mara Silva Campos  
Maurício Vieira Gois Junior  
Margarete Junko Kurashige Kishinoto  
Lara Costa Viana  
Patricia Simioli de Brito  
Ricardo Meirelles Bernardinelli  
Lúcia Silvana Norbuta Michels  
Vandira Conte  
Alberto Fiori Adelaido  

*Colaborou Tatyane Gameiro

ENTREVISTA COM BIANCA

"A fauna pantaneira é a base musical das nove composições de 'Pantanal Jam'"

Cantora Bianca Bacha, da Urbem, fala como a paisagem natural de Miranda afetou o processo de criação e gravação do segundo álbum da banda, sobre a diferença entre o canto com letra e as vocalizações que são a sua marca e anuncia projetos nos EUA e Espanha

15/12/2025 11h00

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste ano Divulgação / Alexis Prappas

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ENTREVISTA COM BIANCA

Recuperando para o leitor: como se deu a oportunidade do encontro e da parceria com o Ryan para o projeto do álbum “Pantanal Jam”?

Conhecemos Ryan Keberle no Campo Grande Jazz Festival [em março de 2024] e com ele tivemos uma troca musical instantânea. Tocamos juntos em um show no Sesc [Teatro Prosa] em setembro de 2024 e, a partir de lá, tivemos a certeza de que ainda faríamos muita música juntos.

No Pantanal, onde Ryan esteve pela primeira vez durante as gravações, ficou nítido que ele conseguiu transpassar para o repertório o encantamento que ele estava vivendo em meio a toda aquela natureza.

É o segundo disco, nove anos depois de “Living Room”. O que “Pantanal Jam” representa para a Urbem?

Este projeto é o nosso território sonoro: onde a música que criamos se entrelaça à natureza que nos guia em forma de jam. Na música, uma jam significa um encontro musical sem aviso prévio, as coisas vão acontecer ali na hora, portanto, o inesperado é bem-vindo e, com ele, você improvisa.

Qual seria o conceito geral do álbum?

O conceito do álbum nasce da escuta profunda da fauna pantaneira. Os cantos dos pássaros, o esturro da onça e os sons das águas e dos ventos não são efeitos nem pano de fundo: são a base musical das nove composições. A natureza atua como um músico a mais na banda de jazz, dialogando conosco em frases de pergunta e resposta.

Sandro Moreno registrou esses sons in loco, mergulhando no Pantanal para captá-los com precisão. Depois, analisou esse vasto material para identificar melodias, ritmos e motivos que se tornariam a essência das composições.

E, para fechar o ciclo, o álbum também foi gravado no coração do Pantanal. Com geradores a gasolina e um estúdio móvel, nós, a Urbem e o trombonista Ryan Keberle, levamos a música para o ambiente que a inspirou. E ali criamos, novamente in loco, em plena natureza selvagem.

Que tipo de referências buscaram para os arranjos, as sonoridades e as texturas?

Toda a referência e textura do álbum “Pantanal Jam” nascem dos próprios sons do Pantanal. A imersão no território e a escuta atenta transformaram cantos de pássaros, esturros, movimentos da água e vozes da mata em matéria-prima musical.

Cada faixa traduz essa convivência direta com a fauna e seus ritmos naturais, convertendo sons de bichos em música. Viva, orgânica e profundamente enraizada na paisagem pantaneira.

Isso está bastante perceptível. Os sons e toda a atmosfera do Pantanal atravessam o mood e talvez a própria concepção dos temas. Pode comentar um pouco mais sobre essa presença de elementos da natureza – e dessa natureza tão singular de MS – na criação de vocês?

A fauna, a luz, o silêncio amplo, os ventos, os cantos e até os vazios típicos da paisagem pantaneira influenciam diretamente a forma como criamos. É como se o ambiente nos orientasse musicalmente: às vezes guiando uma melodia, às vezes sugerindo um pulso, às vezes impondo uma pausa.

Esse encontro com a natureza não é decorativo, é estrutural. Ela atravessa tudo, o gesto musical, o espírito do disco e a maneira como a banda se relaciona com o som.

No “Pantanal Jam”, a paisagem não é cenário: é presença, é voz, é parceria criativa. É música.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Onde exatamente estiveram e gravaram? E quando foi?

As gravações foram feitas na Fazenda Caiman, em junho deste ano, num cenário que não poderia ser mais inspirador. Foram escolhidas pela produtora três locações diferentes, e para cada uma delas, três músicas.

A cantora Bianca Bacha se prepara para mais uma gravação na Fazenda Caiman, em Miranda, em junho deste anoFoto: Divulgação / Alexis Prappas

Com uma equipe ultraprofissional que trouxe segurança e leveza para uma gravação ao vivo numa condição completamente inusitada.

E quanto ao repertório? Como chegaram às nove canções do disco?

Entre as composições, temos duas músicas do Paulo Calasans [“Swingue Verdejante” e “Suspiro da Terra”], um dos maiores produtores, arranjadores e instrumentistas do País, além de duas canções do Ryan Keberle junto com Sandro Moreno [“Paisagem Invertida” e “Entre Folhas”] e cinco composições nossas [“Espiral”, “Pluma”, “Voo Curvo”, “Barro” e “Canção do Ninho”].

Penso que o Pantanal é experimentado de um jeito bem particular por cada pessoa. Como é para você? Como aquele ambiente lhe toca e eventualmente interfere no seu jeito de cantar?

Tudo ali era extremamente inspirador. Dormir e acordar naquele lugar por alguns dias já me fazia até respirar de jeito diferente, com menos pressão e mais imersão.

Isso com certeza influenciou no jeito de cantar. Porém, o mais impressionante era saber que estava gravando um disco com toda aquela fauna ao redor, um jacaré no lago ao lado e uma onça a alguns quilômetros.

Embora domine há duas décadas o canto com letra e muitas vezes cante dessa forma em apresentações ao vivo, na Urbem, você investe sempre nos vocalizes e scats.

Todas as músicas do álbum “Pantanal Jam” usam a voz como instrumento, ou seja, não há letras nas músicas. Além de ser uma característica jazzística, esse estilo de canto se aproxima mais do cantar dos pássaros, a busca por seus fonemas e emissões.

Cada música exige uma altura e um escolher apropriado de sílabas que encaixem com a afinação e a expressão.

Adoro o canto com letras. Ali você tem palavras, interpreta, coloca ênfases. É até uma emissão de voz diferente. Só que comecei a me encantar com o mundo do jazz e toda essa coisa do canto que não usa palavras, o vocalize. E comecei a ouvir cantoras que cantam assim.

Tatiana Parra [cantora, compositora e professora paulistana] canta assim, nossa, de um jeito maravilhoso. A [portuguesa] Sara Serpa também. Tem também as divas mais antigas que faziam mais questão de improviso, o scat singing.

O canto sem palavra é muito desafiador porque ele é mais cru, mostra mais imperfeições de respiração, de emissão, de escolha de sílabas. E é muito improvisado. Porque a cada dia você pode usar uma sílaba diferente, pode caracterizar de uma outra forma.

Num dia vou fazer “u”, no outro dia posso fazer “a”, no outro posso fazer “e”. E você tem que descobrir ali, numa forma você com o seu corpo. E além de ter o desafio de você demonstrar o interpretar com emoção sem ter palavras.

Então é muito jazz [risos]. E acho muito bonito. Sempre vai ser um desafio. Sou com o meu corpo, com as palavras que eu escolho, que nem sempre são pensadas.

Claro que tem uma questão técnica de que o “i” você vai mais para um agudo, no “u” também; nos graves, você vai para outras escolhas, as consoantes também interferem. Gosto muito de passear pelas duas áreas. Tanto a área da interpretação com letra quanto a área dos vocalizes e texturas.

E Nova York? Pode contar um pouco sobre a recente temporada de vocês por lá?

O “Pantanal Jam” foi lançado em novembro deste ano com um show memorável em Nova York, durante a feira internacional de turismo Visit Brazil Gallery [na Detour Gallery], e a recepção foi extraordinária.

Pessoas do mundo inteiro, agentes de turismo, diretores da National Geographic, fotógrafos de natureza e profissionais de diversas áreas assistiram ao show com atenção absoluta.

Desde a primeira música, compreenderam nossa proposta e permaneceram maravilhados até o fim. Foi um momento histórico para Mato Grosso do Sul e para a arte sul-mato-grossense.

Esse resultado só foi possível graças ao apoio total da Fundtur e do seu diretor-presidente, Bruno Wendling, que acreditou no projeto desde o início e se comprometeu a nos apoiar tanto nas etapas de captação no Pantanal quanto no lançamento em Nova York. Além disso, segue impulsionando a campanha contínua de apresentar o “Pantanal Jam” ao mundo.

E faz sentido: ouvir o Pantanal desperta o desejo de visitá-lo, conhecê-lo e preservá-lo. O projeto reúne arte, natureza, conservação, turismo e toda a beleza única do nosso bioma, uma combinação que emociona e conecta o público global ao coração do Pantanal.

Além do álbum que já está lançado em todas as plataformas, temos uma série de vídeos das nove músicas e um minidocumentário.

Quando teremos shows da Urbem? Quais os próximos passos e projetos da banda?

A Urbem se sente profundamente entusiasmada em seguir os passos de Manoel de Barros, da família Espíndola, de Guilherme Rondon, Paulo Simões, Grupo Acaba, Geraldo Roca e tantos artistas que sempre beberam dessa fonte primária que é o Pantanal, transformando-a em arte para o mundo.

Recentemente, pesquisadores de Harvard e professores da UFMS colheram sons do Pantanal [pelo projeto Pantanal Sounds, que conta, entre outros, com nomes como o do violoncelista e professor William Teixeira], e esse movimento nos inspirou a ir a campo gravar os sons pantaneiros e a fazer composições dentro da nossa linguagem jazzística, incorporando esses registros naturais ao nosso modo de compor e evidenciando em música as belezas pantaneiras.

Temos planos de retornar aos Estados Unidos em breve e estamos em diálogo com a Embaixada do Brasil em Barcelona, onde palestraremos em março.

Além disso, a Urbem participará do Campo Grande Jazz Festival de Rua, no dia 21 de dezembro [neste domingo], em uma jam session com músicos locais e de São Paulo.

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MÚSICA

Entre onças e tuiuiús, o jazz

Em parceria com o trombonista Ryan Keberle, com nove composições inspiradas na exuberância do Pantanal, URBEM lança segundo álbum; 2º Campo Grande Jazz Festival celebra o gênero na Capital, com apresentações gratuitas

15/12/2025 10h00

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro Moreno Divulgação / Alexis Prappas

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Sem dar muitos detalhes, o baterista Sandro Moreno, quando conversou comigo, em junho, sobre o álbum que a Urbem gravaria com Ryan Keberle, adiantou que o projeto seria “algo muito especial”.

Após o show – memorável, diga-se – que fizeram juntos no Teatro do Mundo, o quarteto campo-grandense – além de Sandro, Bianca Bacha (vocais), Ana Ferreira (piano), Gabriel Basso (contrabaixo) – e o trombonista norte-americano foram para a zona rural de Miranda e se instalaram na Fazenda Caiman.

Foi lá que a magia aconteceu. Na estrada desde 2013 e com apenas um álbum lançado até então, “Living Room” (2016), a banda disponibilizou “Pantanal Jam” no Spotify no dia 29 de outubro, três dias antes do show que realizaria em Nova York, em um evento na Detour Gallery que uniu arte, gastronomia e turismo para promover o Pantanal.

São nove faixas criadas e gravadas com extremo apuro e sensibilidade, que alcançam os músicos da Urbem e Ryan num ponto bem elevado de suas capacidades.

Os temas soam como se os cinco artistas tivessem se deixado abraçar pela contagiante pregnância da natureza de Miranda, e Bianca Bacha confirma isso em entrevista exclusiva.

Melodias, pulsações e andamentos foram se definindo conforme eles mergulhavam em tudo que viam, ouviam e sentiam por ali: ventos, o canto das aves, “o esturro da onça”, como Bianca relata. Ouvindo os sons naturais, captados previamente por Sandro, que assina a produção musical do projeto, cada um estabeleceu sua conversa criativa com o Pantanal.

O registro dos sons naturais – de aves, por exemplo — introduz, se mescla ou faz a ponte para uma execução instrumental (voz inclusa) coesa e deveras inspirada, que não força a barra para sorver e devolver, em forma de música, a fartura que o habitat de Miranda oferece.

“Suspiro da Terra”, doce e pulsante, e “Paisagem Invertida”, essa mais selvagem e misteriosa, são uma prova disso.

Ryan pontua, preenche ou arremata sempre com uma precisão e desprendimento envolventes. Ana, como se ouve em “Espiral”, migra da base para os solos numa transparência que comove. Gabriel – em “Canção do Ninho”, por exemplo, que começa e segue na cama dos gomos que vai colhendo ao longo do tema – parece deter a justa medida para o desempenho de seu baixo.

"Foi uma grande honra participar da criação do ‘Pantanal Jam’. Os sons da Pantanal, do modo como Sandro captou, tiveram um papel direto no processo de composição das duas músicas que fiz para o álbum.

A partir da esquerda, Bianca Bacha, Ana Ferreira, Ryan Keberle, Gabriel Basso e Sandro MorenoRyan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

O tom e os ritmos dos sons naturais do Pantanal, inspirados por ideias musicais e paisagens sonoras próprias, criaram um clima que eu tentei capturar nas minhas composições. Quando nós gravamos, literalmente no meio de um dos lugares mais selvagens e remotos do mundo, a beleza e a energia natural nos inspirou a ouvir a natureza e um ao outro mais profundamente, o que resultou numa performance musical que demonstra uma profunda comunicação musical.

Adoro os músicos e a música da Urbem. E, desde que tocamos juntos em diversas ocasiões anteriores, eu compus as minhas músicas especificamente com o talento e a habilidade musical especial deles em mente” - Ryan Keberle, trombonista.

Sandro é um laboratório inquieto, dos pedais aos pratos de condução. E Bianca conduz os vocais numa têmpera e numa fruição que se articula como síntese do conjunto.

Comparações e referências são uma tentação no mundo do jazz. Mas a qualquer palpite sobre “Pantanal Jam”, é melhor calar e ouvir. É um álbum estimulante para esse silêncio de dentro, que nos faculta as melhores emoções da escuta e da experiência musical.

Brazilian jazz? Jazz? Ouça. Música apenas. E quanta música! Embrenhada e revelada nos refúgios de um lugar mágico, onde a natureza se recobra e o espírito se fortalece.

A Urbem lança “Pantanal Jam” hoje, às 18h, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo. Apareça.

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