Pedro Pascal, aos 50 anos, tornou-se um dos rostos mais adorados da cultura pop contemporânea, unindo carisma, talento e uma trajetória improvável rumo ao estrelato. Em um universo em que a juventude e a passagem rápida da televisão para o cinema são regra, Pascal surge como uma exceção encantadora. Latino, chileno e com uma carreira moldada principalmente pela TV, ele agora conquista espaços nobres do cinema e o coração de um público que parece unânime em uma coisa: Pedro Pascal é o ser humano favorito de todos.
Comparado a George Clooney em seus tempos de transição da televisão para o cinema, Pascal leva o paralelo a um passo adiante. Clooney estreou no cinema com destaque aos 34 anos, Pascal faz isso com 50 em um cenário mais diverso, mas ainda pouco acolhedor para atores latinos.
Ainda assim, ele acumula lançamentos de peso. No segundo semestre deste ano, estão previstos três filmes: “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, no qual interpreta Reed Richards, o Sr. Fantástico; “Amores Materialistas”, uma comédia romântica com a Dakota Johnson e a direção de Celine Song; e “Eddington”, um faroeste dirigido por Ari Aster, com Joaquin Phoenix e Emma Stone.
“Eddington” causou furor no Festival de Cannes. Um momento específico viralizou: durante os aplausos, Pascal se inclinou para o Phoenix e disse algo inaudível. Phoenix respondeu com um “alright, man”.
Especialistas em leitura labial sugeriram que Pascal estava tentando evitar que a saudçação do colega parecesse ofensiva. Se verdadeiro ou não, o episódio reforçou a imagem de Pascal como figura gentil, atenta e afetuosa.
Enquanto o cinema o consagra, a televisão segue sendo o berço do seu sucesso. “The Last of Us”, da HBO, o apresenta como Joel Miller, sobrevivente de um apocalipse que se torna figura paterna para Ellie, a única esperança da humanidade. A atuação emocionada e contida de Pascal reforça o apelido carinhoso que ganhou nas redes sociais: “daddy” – um pai protetor, com uma aura sensual e acolhedora.
Esse arquétipo se repete em “The Mandalorian”, do Disney+, em que ele vive Din Djarin, um caçador de recompensas de poucas palavras que se torna guardião de uma criaturinha adorada, Grogu (ou “baby Yoda”). A série, sucesso global desde 2019, terá continuidade nos cinemas em 2026. Esses personagens consolidaram Pascal como um herói improvável, vulnerável, mas confiável.
LADO HUMANO
Esse carisma também transborda para fora das telas. Seja em comerciais dançando com fones da Apple, seja no tapete vermelho com sua irmã trans como acompanhante, Pascal emana empatia, leveza e inclusão. No Met Gala de 2023, vestiu terno e sobretudo vermelhos com coturno, todos Valentino, em um dos visuais mais comentados da noite. Sem medo de ousar, ele reforça que seu estilo é parte da narrativa que quer contar ao mundo.
A relação com colegas de trabalho também revela seu lado humano. Em “Narcos”, de 2015, contracenou com Wagner Moura, formando uma parceria intensa na tela e fora dela. Moura viveu Pablo Escobar, e Pascal, o agente Javier Peña, papel que não era exatamente glamouroso, mas ganhou a simpatia do público.
A trajetória de Pascal é marcada por desafios. Sua família saiu do Chile rumo à Dinamarca e depois aos Estados Unidos, fugindo da ditadura de Pinochet. Estabelecer-se como ator em Nova York não foi fácil. Por anos, acumulou testes sem sucesso. Começou a atuar aos 16 anos, mas a estabilidade só veio décadas depois. Seu papel em “Game of Thrones” como Oberyn Martell, na quarta temporada, foi um ponto de virada. Em poucos episódios, conquistou o público e a crítica.
Mesmo assim, Pascal não se deixou levar pela fama rápida. Manteve sua humildade, aproximando-se dos fãs e dos colegas com naturalidade. Um dos poucos astros que consegue transitar entre filmes de heróis, produções indies e séries dramáticas sem perder a identidade. Seu papel em “Freaky Tales”, comédia de ação ambientada na Califórnia dos anos 1980, é exemplo disso. No filme, ele interpreta Clint, agiota que tenta mudar de vida ao descobrir que será pai.
Pedro Pascal é, portanto, mais do que um rosto bonito ou um nome em ascensão. Ele simboliza uma nova masculinidade: empática, protetora, e acessível. Um homem que não tem medo de demonstrar a vulnerabilidade, que abraça a diversidade e que entende o poder das narrativas que escolhe representar. Sua popularidade não é fruto de uma campanha de marketing, mas de uma trajetória autêntica, feita de resiliência, de escolhas inteligentes e, sobretudo, de humanidade.
Não à toa, o mundo se derrete por Pedro Pascal. Em uma era de divisões, ele parece ser um raro ponto de concordância. Seja como herói apocalíptico, caçador de recompensas ou agiota arrependido, Pascal tem o dom de nos lembrar porque amamos contar histórias – e porque algumas pessoas parecem ter nascido para vivê-las em nosso lugar, com alma, dignidade e uma melancolia suave que diz mais do que palavras jamais diriam.





