Começa a ser apresentada na quarta-feira (15) a peça “Esparrela”. O monólogo será encenado pelo ator Espedito di Montebranco na sede do Teatral Grupo de Risco, que terá entrada gratuita.
A história apresenta uma relação incomum entre o urubu Arquimedes e seu adestrador, Manuel. Expulso da cidade em que morava após uma morte drástica, o homem decide ensinar a ave a dançar e, com isso, impressionar a população de seu antigo lar. Ao acompanhar a história de Arquimedes, um entre inúmeros urubus que povoam os sertões brasileiros, e de seu adestrador Manuel, o público é conduzido a lugares, povoados e ações que demarcam o espaço ficcional da narrativa e desvelam a condição animal de Arquimedes.
Essa é a curiosa relação entre dois seres, que não deixam de ser simultaneamente caçadores, mas passam por transformações ao longo do curso da história.
Segundo o ator, a peça provoca a reflexão. “Nós todos vivemos a cada dia o mistério de lutar pela sobrevivência física e psíquica, procuramos o amparo de crenças materialistas ou espiritualistas, às vezes aceitando a prisão confortável que as circunstâncias nos impõem. Contudo, sempre nos defrontamos com os momentos em que somos convidados a encarar a nossa liberdade como o bem mais precioso”, argumenta Montebranco.
PERNAMBUCANO
O monólogo é de autoria do dramaturgo paraibano Fernando Teixeira.
“Eu o encontrei em 2009, durante uma turnê nacional que acompanhei como iluminador em 13 estados brasileiros. Assisti ao espetáculo, me encantei e, depois de um tempo, consegui trazê-lo para o Festival Nacional de Teatro de Campo Grande [Festcamp]”, explica.
Com o afastamento de Teixeira do teatro, surgiu a oportunidade de Montebranco adaptar a obra. “Na época, o Fernando estava mais próximo do cinema e da televisão, depois chegou a fazer a novela ‘Velho Chico’. Então, tomei coragem e pedi a autorização para montar ‘Esparrela’. O Fernando brincou dizendo que achava que eu jamais pediria, já que há tempos ele me cantava para isso e eu nunca falava nada”, relembra.
Para Di Montebranco, apesar de ser natural de Pernambuco, essa é a primeira vez que o ator consegue adaptar uma obra nordestina.
“Eu sou pernambucano, ele é da Paraíba. Somos primos, a comida é a mesma, o ritmo é o mesmo, a caatinga é a mesma. Nunca tinha feito um texto da minha região, da minha terra, do Nordeste e do agreste. Apesar de ter deixado a cidade muito pequeno, o Nordeste não sai da gente”,
SERVIÇO – A peça será encenada entre os dias 15 e 19 de janeiro e de 22 a 26 de janeiro, sempre às 20h. O Teatral Grupo de Risco fica na Rua José Antônio, 2.170. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados uma hora antes do espetáculo. A peça tem investimentos do Fomteatro (Programa Municipal de Fomento ao Teatro).

Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


