“Eu acredito que a única forma de evoluirmos enquanto nação é termos indivíduos saudáveis, e para isso necessita-se de saúde mental, emocional, física, espiritual e financeira. E sabemos das necessidades e dos problemas de saúde mental enfrentados pelas comunidades indígenas. Por isso, esse projeto quer trabalhar as emoções, o resgate do valor das tradições e da cultura desse povo, refletindo positivamente na autossatisfação, no autoconhecimento e na autorregulação, reverberando na saúde coletiva”.
Assim a farmacêutica Fernanda Fialho de Oliveira, bisneta de indígenas que se dedica à elaboração de projetos de educação e à publicação de livros infantis voltados para a saúde desde 2015, faz a defesa de sua iniciativa. Trata-se do projeto-piloto Apytu’u resãi, “saúde mental” em guarani-kaiowá.
O projeto pretende dar suporte ao desenvolvimento da educação emocional de alunos das escolas em aldeias indígenas da região da cidade de Amambai, no sul de Mato Grosso do Sul.
Todas as atividades serão aplicadas no próprio idioma dos povos originários, sob a coordenação e a tradução dos professores Flaviano Franco e Uilian Sanches Martins.
O projeto envolve ainda a atuação de uma equipe multidisciplinar de especialistas. Lis Damasceno (psicanalista), Rosana Pratis (psicodrama), Vanessa Velasquez (coaching), Janaína Goulart (psicóloga), Claudine Bernardes (escritora) e Amanda Novak (ilustradora) estão entre os profissionais engajados.
O material que será trabalhado durante a execução do projeto é composto por quatro livros de leitura, quatro cadernos de atividades, dois tabuleiros com quatro jogos e dois baralhos. Todo esse material já está traduzido para o guarani-kaiowá. As oficinas socioemocionais previstas no projeto serão realizadas sob a orientação da psicóloga Janaína Goulart.
“Além da distribuição do material pedagógico, são realizadas capacitações presenciais com psicólogos, psicopedagogos, neuropedagogos. Todo o material está aliado à metodologia ativa de aprendizagem, 100% vivencial, transversal e integrando diferentes áreas do conhecimento, promovendo o desenvolvimento cognitivo da criança de forma integral”, complementa Fernanda Fialho de Oliveira, que, além de ter mestrado e doutorado também em Ciências Farmacêuticas, cursa atualmente graduação em Medicina.
VAQUINHA ON-LINE
Para que o projeto seja aplicado, os organizadores buscam recursos para a produção dos materiais e outras despesas por meio de uma campanha de arrecadação de recursos financeiros pela internet. Lançada no dia 7 de novembro, a campanha permanece no ar até 6 de janeiro. O endereço é: kickante.com.br/vaquinha-online/projetoapytu. As contribuições podem ser a partir de R$ 15 e chegam a R$ 250 mil.
O custo individual para cada criança é de R$ 250, e a meta é alcançar até 5.660 crianças da primeira infância – até seis anos de idade – de aldeias guarani-kaiowá da região de Amambai. O material será utilizado durante um ano.
Com os valores arrecadados, serão impressas e confeccionadas 5.660 caixas individuais compostas por quatro livros de leitura, quatro cadernos de atividades, dois tabuleiros (quatro jogos), dois jogos de baralho – tudo isso em idioma guarani-kaiowá – e conjuntos de fantoches e dedoches confeccionados em feltro, além de manuais para os professores.
TURMINHA DO BEM
O projeto Apytu’u resãi faz parte do Programa Turminha do Bem, uma iniciativa socioeducativa, de cunho pedagógico, informativo e preceptivo dentro das escolas, que tem como uma das frentes de atuação o Projeto Nossas Emoções e a transformação social com o objetivo de trabalhar a saúde emocional de crianças e adolescentes em idade escolar da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Criado em Campo Grande, em 2015, pela doutora em Ciências Fernanda de Oliveira Fialho, o programa tem o objetivo de fornecer materiais e conteúdos educativos interdisciplinares diferenciados e complementares para os alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio por meio de contos expressivos e de ferramentas da metodologia ativa.
A Turminha do Bem é formada pelos personagens Bacbem, Kito, Raio, Neural e Denoka. Cada um deles tem uma função na didática aplicada aos alunos. O projeto oferece cinco propostas de trabalho para as equipes pedagógicas das escolas.
A Turminha do Bem já alcançou mais de 35 mil alunos em escolas públicas e particulares, além de ter capacitado mais de sete mil professores. Para mais informações, acesse: projetoturminhadobem.com.br.



Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


