Economia

Crise hídrica

Apesar de bandeira vermelha, termelétricas de MS permanecem desligadas

Medida emergencial foi adotada apenas em regiões que sofreram apagões nos últimos dias, e tiveram atividade de usinas hidrelétricas interrompidas pela baixa vazão dos rios

Continue lendo...

Foi aprovada nesta terça-feira (3), pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) do Governo Federal, a ampliação da contratação de usinas termelétricas à gás natural no Brasil. No entanto, as unidades de Mato Grosso do Sul, localizadas em Campo Grande e Três Lagoas, não devem ser ativadas neste primeiro momento.

As termelétricas do estado, caso estivessem funcionando, seriam abastecidas pela MS Gás. A estimativa da empresa é de que, para funcionamento a pleno vapor, ou seja, utilizando capacidade máxima, seriam necessários 3 milhões de metros cúbicos de gás por dia para as usinas, sendo 1,8 milhões de m³ para a usina de Três Lagoas e 1,2 milhões de m³ para a de Campo Grande.

Não é possível estimar quanto isso custaria, já que a compra de gás pode variar de acordo com a demanda.

Segundo o Relatório da Energia Elétrica de Mato Grosso do Sul, feito pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), as termelétricas equivalem a 6,5% da capacidade de geração de energia de todas as fontes do Estado.

A ativação das termelétricas é uma medida emergencial, adotada quando a crise hídrica, causada pela seca dos rios, começa a prejudicar o funcionamento das hidrelétricas e o abastecimento de energia de municípios, como aconteceu em Rondônia, por exemplo.

A hidrelétrica de Santo Antônio teve as atividades paralisadas devido ao baixo nível de vazão do Rio Madeira. A estiagem prejudicou a geração de energia, o que vem causando apagões em todo o estado desde a segunda quinzena do mês passado.

No dia 30 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária de setembro será vermelha patamar 2, que corresponde a um acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A bandeira patamar 2 não era acionada desde agosto de 2021.

Segundo a Aneel, é esperado que os reservatórios hidrelétricos do país fiquem 50% abaixo da média neste período de seca.

Apesar de Mato Grosso do Sul ser um dos estados inseridos no cenário de seca severa, a medida emergencial ainda não será adotada por aqui.

Outras medidas já começaram a ser adotadas

Nos meses de setembro, outubro e novembro do ano passado, Mato Grosso do Sul teve diversos apagões, causados pela grande quantidade de aparelhos de ar condicionado ligados ao mesmo tempo. Para evitar que isso volte a acontecer, a Energisa substituiu mais de 600 transformadores nas regiões onde ocorreram as sobrecargas e interrupções no fornecimento.

Cenário desfavorável

O cenário hidrográfico desfavorável se deve às chuvas abaixo da média no Norte e no Centro-Oeste do Brasil, além das "temperatura acima da média histórica em todo o Brasil", alega o comitê.

Assim, é esperado que os reservatórios das hidrelétricas fiquem mais baixos que o necessário para dar conta da demanda, que por sua vez deve subir em razão do calor.

"O CMSE monitora, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do Brasil e reforça que segue adotando as medidas para a garantia do suprimento de energia elétrica", destacou em nota o governo federal.

Mais cedo, antes da reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, havia se reunido com diretores do ONS.
Após o encontro, ele já havia defendido o uso de termelétricas para dar conta do suprimento de energia durante a seca.

Integrantes do governo afirmam, sob reserva, que a situação ainda não é tão grave quanto em crises históricas, como a de 2021.

Alegam que as medidas tomadas ao longo do ano, como de retenção de água nos reservatórios, fez com que hoje o nível da água seja mais que o dobro do registrado durante a crise daquele ano.

Aprovações do CMSE

O primeiro despacho aprovado pelo Governo Federal amplia a contratação de energia das Santa Cruz (RJ) e Linhares (ES) até o mês de novembro, quando acontece a transição entre o período de seca e o chuvoso, momento crítico para o abastecimento do Sistema Integrado Nacional (SIN).

O outro permite a contratação destas duas, mais Porto Sergipe (SE), de modo flexível, modalidade utilizada para suprir a demanda de energia nos horários de maior pico.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico também autorizou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a flexibilizar critérios de desempenho e segurança, caso necessário, para poder garantir o suprimento durante o período.

Essa mudança faz com que o operador possa alterar limites na utilização da energia elétrica gerada para evitar que haja desabastecimento.

O comitê ainda aprovou uma resolução que visa acelerar a entrada em operação de três novas linhas de transmissão no país (Porto do Sergipe - Olindina - Sapeaçu; Rio - Lagos e Leopoldina 2 - Lagos).

Com Informações da Folhapress

Assine o Correio do Estado.

Economia

Com mais uma megafábrica de celulose, MS vira "hub para o mundo", diz Alckmin

Vice-presidente lançou pedra fundamental da Arauco em Inocência e destacou que maiores indústrias estão instaladas no Estado

09/04/2025 15h01

Geraldo Alckmin participou do lançamento da fábrica de celulose da Arauco em MS

Geraldo Alckmin participou do lançamento da fábrica de celulose da Arauco em MS Foto: Saul Schramm / Secom MS

Continue Lendo...

O vice-pesidente da República, Geraldo Alckmin, disse que as grandes indústrias instaladas em Mato Grosso do Sul transformam o Estado em "um grande hub para o mundo". A afirmação foi feita durante lançamento da pedra fundamental da megafábrica de celulose da Arauco, em Inocência, nesta quarta-feira (9).

"É o maior projeto do mundo de celulose em uma única etapa, R$ 25 bilhões de investimentos”, ressaltou o vice-presidente.

“A indústria da exportação da celulose cresceu, de 2023 para 2024, 24%. É importante na pauta da exportação brasileira e no saldo da balança comercial, agrega valor, gera emprego, está na vanguarda da inovação, certamente uma das indústrias mais modernas do mundo. Mato Grosso do Sul é um grande hub para o mundo, as maiores indústrias estão hoje aqui instaladas”, disse Alckmin.

“Nós estivemos com o presidente Lula, a ministra Simone [Tebet], o governador Eduardo [Riedel], há poucas semanas em Ribas do Rio Pardo e agora aqui em Inocência. Destacar a Arauco, um dos maiores investimentos do mundo aqui em Mato Grosso do Sul, isso mostra confiança no Brasil”, acrescentou.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou o potencial industrial do Estado, especialmente no chamado "vale da celulose", com quatro grande fábricas do segmento, sendo duas da Suzano em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo; a Eldorado, também em Três Lagoas, além da Bracell, que solicitou estudos de viabilidade para construir unidades no Estado e da Arauco, lançada hoje.

"É Mato Grosso do Sul ajudando o Brasil naquilo que o presidente Geraldo Alckmin deixou muito claro aqui, ajudando no desenvolvimento. Uma coisa importante quando a gente fala em exportação, em balança comercial, superavitária, nós estamos falando em trazer mais dólares e, quando a gente traz mais dólares, isso fortalece a nossa moeda", disse a ministra.

"Como tudo que a gente compra tem componente com moeda estrangeira, trazer mais dólar para o Brasil através da exportação, por exemplo, da celulose, significa, inclusive, lá na ponta, diminuir a inflação, dos produtos e a inflação dos alimentos, essa é a importância deste momento", explicou Simone.

Ela destacou ainda a Rota Bioceânica, que irá trazer investidores de outros países, além de diminuir a distância dos produtos do Estado exportados para o mercado asiático.

Já o governador Eduardo Riedel ressaltou que é um desafio a mão de obra qualificada, mas que as indústrias têm gerado milhares de emprego e que é importante investir na qualificação para preencher essas vagas.

"Mato Grosso do Sul está em pleno emprego e a gente está atraindo pessoas de outros estados num movimento de crescimento muito grande. Então nós temos realmente que trabalhar na qualificação, na capacitação, na educação, para proporcionar a toda uma geração acesso às oportunidades que estão colocadas", disse o governador.

Arauco

A fábrica de celulose da Arauco será instalada em Inocência. A obra integra o projeto Sucuriú, que investe 4,6 bilhões de dólares no país. O investimento inclui a construção de uma planta com capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose ao ano.

A etapa de terraplanagem começou em 2024 e a previsão de entrada em operação é no final de 2027.

Durante as obras, a Arauco vai oferecer capacitação e gerar mais de 14 mil oportunidades de trabalho. Depois, a expectativa é que o Projeto Sucuriú empregará cerca de 6 mil pessoas nas unidades florestal, fábrica e operações de logística.

Para ter matéria-prima, cerca de 400 mil hectares de eucaliptos já foram ou serão plantados no entorno. 

Além de celulose, a previsão é de que o Projeto Sucuriú, que ficará às margens do rio como mesmo nome, produza eletricidade em larga escala e em um ciclo fechado (completo), com capacidade de geração superior a 400 megawatts (MW) e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.

O excedente, suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes, será fornecido ao sistema de comercialização de energia elétrica nacional.

Antes mesmo de iniciar as obras da primeira etapa a direção da Arauco já fala em dobrar a capacidade de produção em uma segunda fase. 

No país desde 2002, a Arauco atua nos segmentos Florestal e de Madeiras e conta com cinco unidades industriais brasileiras. A unidade de Inocência será a primeira fábrica de celulose branqueada.

Risco sanitário

Às vésperas de "churrasco em Paris", ação na Justiça expõe gado clandestino em MS

Fazenda no Pantanal pode ter até 1,6 mil animais sem documentação; no fim do mês, Estado recebe status de área livre da aftosa

09/04/2025 08h00

Gado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da

Gado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Divulgação

Continue Lendo...

A poucos dias do “churrasco em Paris” prometido por autoridades de Mato Grosso do Sul, como o governador Eduardo Riedel (PSDB) e o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, no dia em que o Estado receber o status de área livre da febre aftosa sem vacinação, a disputa por uma fazenda no Pantanal da Nhecolândia – distante 230 quilômetros de Corumbá – expõe um possível descontrole sanitário em MS: até 1,6 mil bovinos que estão na Fazenda Clarão da Lua simplesmente não existem para a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).

O rebanho sem nenhum controle, como a vacinação contra doenças como raiva e brucelose e mesmo a aftosa – que era exigida até dois anos atrás –, estava na Fazenda Clarão da Lua, que é alvo de uma disputa judicial por sua titularidade, envolvendo o atual arrendatário, Amerco Rezende de Oliveira, o atual proprietário, Rodrigo Ricardo Ceni, e o antigo proprietário, Marcos Garcia Azuaga.

Em meio às disputas pela fazenda, Rodrigo Ricardo Ceni conseguiu o cumprimento de um mandado de reintegração de posse contra Amerco Rezende. A fazenda, que era de Marcos Garcia, foi comprada por Rodrigo e, quatro dias depois, revendida a Marcos. O inadimplemento dos contratos de compra e venda foi o que causou a enxurrada de ações judiciais pela posse e propriedade da fazenda.

O problema surgiu antes do cumprimento do atual mandado de reintegração de posse, determinado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), que ordena que Ceni devolva a posse da fazenda a Amerco Rezende. Quando tomou posse da propriedade, no dia 20 de março, o oficial de Justiça que esteve no local teve contato com dois capatazes, e cada um informou um número diferente de bovinos na fazenda de 3 mil hectares. O primeiro disse que havia 800 rezes no local, já o outro falou em 1,6 mil. Não houve contagem, e o mandado de reintegração de posse também não determinava tal feito.

Agora, Ceni tenta adiar a devolução da posse porque, ao consultar a Iagro, não encontrou nenhum animal registrado na fazenda objeto da disputa. O temor de Ceni, além do financeiro, de ter de arcar com responsabilidades sobre os bovinos que estão na área, é também sanitário: não há nenhum controle sobre os bovinos clandestinos.

Nos bastidores, há peões da região que acreditam que os animais que estão na Fazenda Clarão da Lua tenham vindo da Bolívia.

Guilherme Bumlai, o presidente da Acrissul, que disse que estaria no “churrasco em Paris” com Eduardo Riedel, advoga para Amerco Rezende, que mantinha os supostos bois clandestinos, nas ações.

A disputa está em pleno vigor. A expectativa é de que os técnicos da Iagro vão ao local, acompanhados de oficiais de Justiça, na segunda quinzena deste mês. Também é na segunda quinzena deste mês que uma comitiva de Mato Grosso do Sul vai a Paris, à sede da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), para receber o certificado de área livre de aftosa sem vacinação.

Mais mercados

O certificado de área livre da febre aftosa sem vacinação pode ajudar Mato Grosso do Sul. O certificado nas mãos das autoridades sanitárias abrirá muitos mercados para o Estado, em meio às restrições impostas pelo governo do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos.

Em entrevista ao Correio do Estado na semana passada, o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que Mato Grosso do Sul não tem outro mercado para alocar o volume comprado pelos Estados Unidos, que é o segundo maior destino das exportações locais, só atrás da China.

Em 2024, por exemplo, os norte-americanos importaram quase US$ 700 milhões de carne sul-mato-grossense, o que, com as tarifas em vigor, geraria um custo adicional de US$ 70 milhões para acessar aquele mercado.

Conforme Verruck, o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação mitiga parte dos impactos das tarifas norte-americanas. “Ele [o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação] minimiza [o impacto], no sentido de nós podermos deslocar nossa produção para novos mercados”, explica.

“Ele [o reconhecimento] vai se posicionar como alternativa de entrada em novos mercados daqueles produtos que nós não conseguimos mais colocar nos Estados Unidos”.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail marketing@correiodoestado.com.br na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).