A Apple deixou as rivais Amazon, Alphabet (dona do Google) e Microsoft para trás e foi a primeira empresa a atingir US$ 1 trilhão (R$ 3,76 trilhões) em valor de mercado em Wall Street.
O marco foi atingido nesta quinta-feira (2), após três pregões de alta, desde que a fabricante divulgou um balanço sólido na terça-feira (31).
Os papéis da gigante tecnológica fecharam o dia em alta de 2,92%, cotados a US$ 207,39 (R$ 779,4). Assim desde a oferta inicial, em 1982, as ações subiram quase 36.000%.
O desempenho puxou o índice de tecnologia Nasdaq, que subiu 1,24%, e o S&P 500, com alta de 0,49% -o Dow Jones, principal indicador de Nova York, recuou 0,03%.
Na terça, a Apple reportou alta de 32% no lucro do seu terceiro trimestre fiscal (findo em junho), para US$ 11,5 bilhões (cerca de R$ 43,2 bilhões). No dia seguinte à divulgação do balanço, as ações da empresa dispararam 5,89%.
O trilhão atingido pela Apple agora é maior do que a capitalização combinada da petroleia Exxon Mobil, do conglomerado Procter & Gamble e da tele AT&T.
É também um pouco superior à metade do PIB brasileiro de 2017 (R$ 6,6 trilhões).
"Há dez anos, a Apple valia 10% de todo o mercado acionário brasileiro. A diferença era de cerca de US$ 1 trilhão e hoje só a Apple vale isso", observa Einar Rivero, da empresa de informações financeiras
Economática.
Ele destaca que o perfil do mercado americano mudou completamente em dez anos. "O topo da tabela das empresas mais valiosas é ocupado basicamente por empresas de tecnologia. Estamos mais no mundo virtual do que da economia real", afirma.
Segundo a Economática, a Apple agora é seguida por Amazon (US$ 894,7 bilhões), Alphabet (US$ 858,2 bilhões) e Microsoft (US$ 826,5). O Facebook, em quinto lugar, já opera em um nível bem mais baixo, de US$ 509,2 bilhões.
Cabe lembrar que o valor de mercado é uma das muitas possíveis medidas de sucesso de uma empresa. O valor intrínseco da Amazon, que leva em consideração a dívida da companhia, está à frente da Apple em cerca de US$ 50 bilhões, por exemplo.
Vinte anos depois que seu cofundador Steve Jobs voltou à empresa para resgatá-la da beira da falência, a Apple prosperou graças a uma sequência de produtos e serviços de sucesso, do iPod e iTunes ao iPhone e a App Store.
Embora o volume de vendas do iPhone, seu carro-chefe, tenha subido apenas 1% no último trimestre, para 41,3 milhões de unidades, os preços médios de comercialização mais altos elevaram a receita anual da empresa com seu principal produto em 20%, para US$ 29,9 bilhões (R$ 112,3 bilhões).
A fabricante registrou ainda 17% de crescimento em sua receita anual no período, a US$ 53,3 bilhões (R$ 200 bilhões), superando projeções do mercado.
A Apple avançou ainda com um programa de retorno de capital a acionistas que chegou a centenas de bilhões de dólares. No último trimestre, a companhia devolveu US$ 25 bilhões aos seus investidores.
A Apple foi fundada em 1976, com a missão de transformar os computadores -então máquinas industriais complicadas- em produtos capazes de chegar ao mercado de massa. Nos anos 1980, a companhia já havia se tornado uma das marcas mais conhecidas do planeta.
Mas em 1985, Jobs foi derrubado pelo conselho da empresa. Nos anos seguintes, a Apple foi perdendo força e se viu superada pelos rivais no mercado de computadores pessoais que havia ajudado a inventar.
Em 1996, a companhia estava nas últimas. Depois de demitir um terço de seu pessoal, estava a 90 dias da falência, relatou mais tarde Jobs.
A empresa decidiu enfrentar a crise fazendo uma aposta. Adquiriu naquele ano a Next, companhia de tecnologia comandada por Jobs. E o executivo voltaria ao comando da gigante. Jobs cancelou 70% dos planos da Apple para novos produtos. "Estamos tentando voltar ao básico", disse numa à equipe em 1997.
O foco na simplicidade se tornou o traço da Apple.
A revitalização foi confirmada pelo iPod, o player portátil criado em 2001 que mudou quase imediatamente o relacionamento entre os consumidores e a música.
Mas foi o lançamento do iPhone, em 2007, que transformou a maneira pela qual a sociedade interage com a tecnologia, e rapidamente se tornou um dos maiores sucessos de vendas de todos os tempos: mais 1,4 bilhão de unidades vendidas em 11 anos.
Jobs se afastou da presidência da Apple em 2009 para tratar de um câncer. O cargo foi assumido por Tim Cook, atual executivo-chefe da empresa. Desde a troca de comando, as ações subiram 1.600%.
"O preço das ações não uma conquista por si só", disse Cook em uma entrevista à revista Fast Company. "Para mim, é sobre produtos e pessoas."
Os investidores hoje especulam sobre projetos secretos da Apple, como carros autônomos, que a irão sustentar no topo do setor de tecnologia.