Na última sexta-feira de novembro, dia 27, o comércio adere à Black Friday, um dia marcado pela oferta de descontos em produtos e serviços.
Em Campo Grande, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-CG), cerca de 33,7% dos empresários pretendem participar da ação e outros 29% talvez participem. A estimativa é ampliar as receitas em até 30% e ser o impulso para o crescimento das vendas de Natal.
Para o presidente da CDL-CG, Adelaido Vila, campanhas pontuais são essenciais para que os empresários se preparem para as vendas natalinas.
“O comércio tem uma demanda reprimida principalmente no setor de vestuário, calçados, acessórios, joias, cosméticos, etc. Muita gente ficou em home office por um longo período e agora voltou a sair, e quando as pessoas saem precisam de roupas, sapatos, então a nossa expectativa é muito positiva. O crescimento deve ser de no mínimo 30%”.
A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, explica que ainda não há uma projeção de movimentação financeira para a data, mas alguns elementos devem contribuir para o desempenho das vendas.
“Uma delas é a mudança de comportamento das pessoas, que têm encarado o momento para a compra de bens duráveis. Isso porque as pessoas estão tendo mais tempo em casa e percebem outras necessidades, como compras de móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e a parte de decorações”, analisa a economista, destacando que a proximidade com o Natal pode influenciar no crescimento.
“Temos propositalmente a aproximação de datas comemorativas de fim do ano. A Black Friday é até conhecida como ‘esquenta’ para o Natal, então pode ser que as pessoas aproveitem o momento para a compra de presentes para o Natal. A gente tem de considerar que, apesar dessa proporção maior de pessoas voltadas aos gastos com bens duráveis, elas estão um pouco mais cautelosas comprando aquilo que elas acham realmente necessário. E diante das perspectivas de que para mais de 60% dos empresários as pessoas gastarão menos no Natal, pode ser que a Black Friday seja importante”, considera Daniela.
Empresas
Para a economista, além de oferecer promoções verdadeiras, os empresários precisam se aliar a tecnologias.
“Durante a pandemia, as pessoas passaram a comprar mais pela internet. O comparativo de preços deve acontecer e os que tinham medo de comprar perderam o receio. Pode ser que, diante dessa maior adaptação das pessoas, a gente tenha uma maior movimentação financeira nas compras pela internet. Então é importante que os lojistas se preparem para as compras a distância e façam a divulgação pelas redes sociais”, orienta Daniela.
A gerente da loja de roupas Club Denim, Gleicy Campos, diz que a expectativa é a melhor possível e que novembro gera um impulso para o último mês do ano.
“A gente sempre espera o melhor, estamos positivos, principalmente os comerciantes aqui do Centro. Aguardamos um movimento melhor para este mês, justamente para nos aquecermos para dezembro. A loja sempre conta com alguns descontos, mas durante este mês teremos peças com até 50% de desconto”, disse.
Ainda no ramo do vestuário, a gerente da Mega Jeans, Kelly Martins, explica que a loja já se antecipou e os descontos começaram já no início de novembro.
“Vários itens já estão com preços promocionais, mas nosso intuito é baixar ainda mais os valores. Estamos com descontos de 20% a 70%. Esperamos um grande movimento, pensando positivo. Tem gente que antecipa as compras de Natal para aproveitar os descontos, não deixar para última hora e evitar aglomeração”, afirma.
Na loja de móveis e eletrodomésticos Eletrosom, a gerente Patrícia Cirqueira conta que a intenção é que os descontos cheguem a 80% na data.
“A nossa loja trabalha com algumas promoções pontuais, com margem de descontos de até 50% em itens selecionados, mas no dia 27 entraremos com descontos de 70% até 80%. Estamos com uma perspectiva não tão grande, mas também não tão baixa, esperamos aumentar nosso lucro de fim de ano com a Black”.
Na loja de acessórios para celular Rei das Capas, o gerente Hugo Artheman explica que as promoções devem se estender até o fim do ano.
“Estamos organizando promoções até o fim do ano, com capas e películas, com descontos de até 60%, ‘compre um leve outro’ e brindes para poder movimentar o comércio. Essa pandemia deixou o comércio frágil, mas estamos com boas expectativas, aumentando as promoções, as pessoas vão buscar consumir mais no Centro”, informa.
Estoque
O presidente da CDL afirma que, apesar do otimismo, dois fatores ainda preocupam: a falta de estoque e a segunda onda de Covid-19.
“Por conta de a indústria ter paralisado no período de pandemia, dificultou um pouco a compra de estoque e muitos lojistas estão correndo para atender as vendas”, disse Vila.
Segundo a gerente Patrícia, todos sofreram com a falta de produtos no mercado.
“Muitas marcas decretaram falência, outras não estão produzindo com a mesma qualidade de antes, por conta de produtos importados. Mudamos algumas marcas, alguns modelos, para atender os clientes da melhor forma possível”.