Governador disse que não tomará nenhuma medida casuística; Campo Grande teve a 2ª maior inflação do Brasil
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), descartou zerar a tarifa de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os alimentos da cesta básica, como solicitado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Para Riedel, zerar a alíquota de ICMS no atual momento é uma “medida casuística”. “Produtos agrícolas têm ciclos de mercado, são frutos de oferta e demanda, e estamos em uma conjuntura complexa de inflação alta. Não vamos tomar medidas casuísticas”, afirmou Riedel.
Ele destacou que, nos últimos anos, Mato Grosso do Sul já implantou uma redução expressiva sobre os itens da cesta básica e que alguns produtos têm alíquota com média entre 6% e 7%, em um contexto em que o imposto sobre os itens de alimentação chega a 17%.
“Temos, inclusive, alguns alimentos em que o imposto é zerado. Estamos entendendo. O Flávio César [secretário de Estado de Fazenda] está fazendo a discussão em nível nacional, pelo Comsefaz [Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal]”, complementou Riedel.
Em fevereiro, os alimentos não foram os vilões da inflação em Campo Grande, mas voltaram a pesar. A Capital teve a segunda maior alta inflacionária do Brasil e ajudou a puxar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o maior nível em 22 anos para fevereiro.
O IPCA do mês passado, aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 1,31%. Em Campo Grande, esse índice foi ligeiramente maior: 1,62%.
A alta no transporte coletivo urbano de 4,21% em 24 de janeiro contribuiu para puxar o índice para cima. Para piorar, o aumento nos combustíveis, sobretudo do óleo diesel, do etanol e da gasolina, também fez o índice subir.
O aumento na tarifa de água e esgoto em Campo Grande, que passou a vigorar no início de janeiro, foi outro ato que pesou na inflação local, afirma o IBGE. Ainda, a alta no segmento de educação, como nos cursos regulares (escolas particulares), também influenciou na subida do IPCA.
O fim do bônus de Itaipu Binacional também fez com que a energia elétrica passasse a ser um dos vilões em nível nacional. Em janeiro, o bônus financeiro da usina hidrelétrica foi diluído nas contas de luz em todo o País, contribuindo para segurar a inflação. Em fevereiro, porém, isso não ocorreu.
O preço dos alimentos, vilão dos meses anteriores, passou a ser em fevereiro um dos itens que contribuíram para tentar desacelerar a inflação, embora sem êxito. Houve uma queda no preço da batata, do leite e do arroz. Para cima, ficaram os preços do café moído e do ovo.
COMPARATIVO
Na comparação com outras capitais brasileiras, Campo Grande teve a segunda maior variação positiva do IPCA.
O 1,62% só foi inferior ao 1,64% de Aracaju (SE). O índice da capital sul-mato-grossense teve um peso de 1,57% na composição do índice nacional.
No acumulado do ano, a inflação em Campo Grande é de 1,65%. O índice muito similar do acumulado e de fevereiro tem uma explicação: em janeiro, a Capital teve um das menores variações do Brasil (0,04%) e ficou praticamente estável. No País, o acumulado inflacionário para o ano é de 1,47%.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários mínimos (qualquer que seja a fonte) e abrange 10 regiões metropolitanas do País, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 30/1/2025 a 26/2/2025 (referência) com os preços vigentes entre 28/12/2024 e 29/1/2025 (base).
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