Economia

análise

Em MS, tarifaço de Trump impacta mercado de quase US$ 700 milhões

Taxação dos EUA força redução de preços nas cadeias produtivas; para Jaime Verruck, o caminho é buscar mais competitividade

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O tarifaço de 10% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, nesta semana, vai gerar impacto em um mercado de US$ 669,5 milhões anuais – na cotação de ontem, o valor ultrapassava R$ 3,7 bilhões.

Este é o volume que o setor produtivo de Mato Grosso do Sul vendeu para os Estados Unidos durante todo o ano de 2024. O volume financeiro das vendas para o país norte-americano aumentou 28,3% neste período, em comparação à movimentação de 2023, quando os EUA compraram US$ 522 milhões em produtos sul-mato-grossenses.

Pouco mais da metade das compras norte-americanas de produtos de Mato Grosso do Sul é de proteína animal: aproximadamente 60% do total. Também tem uma participação significativa no comércio com os Estados Unidos a celulose, além de óleos e gorduras, tanto animais quanto vegetais, informa o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

Verruck explica de uma forma simples o impacto das tarifas no mercado local: “Quando olhamos para o impacto, o que temos de entender? Se são US$ 669 milhões e eu coloquei 10% de tarifa que não existia antes, teremos US$ 66 milhões ficando em algum lugar no caixa do governo norte-americano”.

Segundo o secretário, o tarifaço de Trump impõe novos desafios na relação comercial e no mercado a partir do momento em que há um aumento do custo para a entrada de um produto no mercado norte-americano.

“Para que eu continue vendendo pelo mesmo preço, vou ter de comprimir minha margem ou ser mais competitivo”, explica Verruck.

A análise de Verruck nos apresenta uma situação complexa, porque, em um primeiro momento, a tarifa reduz a competitividade do produto sul-mato-grossense e eleva o custo final ao consumidor norte-americano. Mas é justamente essa a pergunta que paira sobre o mercado, pois a elevação do preço no mercado interno, embora possa acontecer, não é o objetivo de Donald Trump, que deseja proteger a indústria local e minimizar o impacto inflacionário dentro de seu mercado.

“Essa é a primeira grande dúvida: como essa elevação de custo se dilui ao longo da cadeia produtiva”, analisa o titular da Semadesc.

Verruck, que além de secretário de Estado em MS também é mestre em Economia e doutor em Educação, não vê muita margem de manobra para o Brasil negociar uma redução da tarifa, muito menos para fazer uma retaliação aos Estados Unidos. Por isso, avalia que o impacto é inevitável.

“Nós vamos ter impacto efetivamente em Mato Grosso do Sul. O mundo inteiro vai ter impacto. Fala-se até, dada a elevação de custo, em um processo recessivo”.

Na análise do secretário, a diversificação de mercados entre outros países não é tão fácil de ser concretizada como se pensa. “Todo mundo vai fazer isso [procurar outros mercados]. Nós vamos ter de reduzir preços, porque não há perspectiva de alocarmos aproximadamente US$ 700 milhões em outros mercados, pois já atendemos a China e a União Europeia, que também estão sendo taxadas”, avalia Verruck.

Segundo o titular da Semadesc, o que precisa ser feito, em meio à reorganização do mercado global após o caos causado nas cadeias de suprimento, é “avaliar como nós vamos continuar vendendo para os EUA com uma taxa mais elevada”. O caminho, segundo ele, é ser ainda mais competitivo.

Oportunidades na Ásia

Para o doutor em Economia e professor da UCDB Michel Constantino, que também é colunista do Correio do Estado, no médio prazo, as tarifas de Donald Trump poderão ter um impacto positivo para o Brasil e Mato Grosso do Sul. O motivo para isso, segundo ele, não são os 10% de taxação impostos ao Brasil, mas as tarifas bem mais altas impostas à China e a outros países asiáticos.

“Como a tarifa é uma barreira comercial, que aumenta o custo para vender para aquele país, esses países vão procurar outros mercados. Podemos vender mais para a Ásia e aumentar a comercialização na região”, explica.

Quando o economista fala em Ásia, ele destaca países que estão em rápido crescimento, como Índia, Indonésia e Vietnã, e não necessariamente a China, que é um importante parceiro, mas cuja economia passa por uma redução nas taxas de crescimento.

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Economia

Mega da Virada e IA: Chatbots sugerem números para o sorteio de R$ 1 Bilhão

A Nova Fronteira da Sorte: inteligência artificial na busca pelo prêmio recorde

19/12/2025 09h15

Mega da Virada tem prêmio estimado em R$ 850 milhões para este ano

Mega da Virada tem prêmio estimado em R$ 850 milhões para este ano Foto: Divulgação

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Com a Mega da Virada 2025 prometendo um prêmio estimado em até R$ 1 bilhão, o maior da história das loterias brasileiras, a busca por estratégias para acertar as seis dezenas atinge um novo patamar.

Em um fenômeno que reflete a crescente integração da tecnologia no cotidiano, apostadores e veículos de comunicação têm recorrido a chatbots de Inteligência Artificial (IA), como ChatGPT, Google Gemini e Llama, para sugerir combinações de números.

A curiosidade em torno das "apostas" da IA é compreensível. Em um sorteio onde a probabilidade de acerto é de uma em mais de 50 milhões, qualquer pista ou método parece válido.

A popularidade dos chatbots, capazes de processar vastas quantidades de dados, levanta a questão: pode a IA realmente oferecer uma vantagem sobre a sorte cega?

O Que a IA sugere e como Ela Pensa

Ao serem questionados sobre as dezenas para a Mega da Virada, os modelos de linguagem avançados, como o ChatGPT, não se limitam a gerar números aleatórios. Eles utilizam o histórico de sorteios da Mega-Sena para criar combinações que, segundo seus algoritmos, são "equilibradas" ou baseadas em padrões de recorrência.

Por exemplo, em consultas recentes, diferentes IAs sugeriram combinações que incluem dezenas que historicamente saíram mais vezes, como o 10 e o 05, que já foram sorteados cinco e quatro vezes, respectivamente, na história da Mega da Virada.

A tabela a seguir ilustra algumas das sugestões de dezenas geradas por IAs para o sorteio de 2025, conforme reportado pela imprensa:

Mega da Virada tem prêmio estimado em R$ 850 milhões para este anoFeito por Denis Felipe com IA

O Alerta dos especialistas: sorteio aleatório vs. análise de dados

Apesar do fascínio, especialistas em probabilidade e a própria Caixa Econômica Federal, responsável pela loteria, são categóricos: a IA não pode prever o resultado da Mega da Virada.

A Mega-Sena é um jogo de probabilidade puramente aleatória. Cada sorteio é um evento independente, o que significa que o histórico de dezenas sorteadas não influencia o próximo resultado.

A chance de um número sair é exatamente a mesma para todos os 60 números disponíveis, independentemente de quantas vezes ele já tenha sido sorteado ou da análise de um algoritmo.

Em declarações à imprensa, a Caixa tem reforçado que a utilização de IAs para gerar números se enquadra mais no campo do entretenimento e da curiosidade do que em uma estratégia matemática eficaz.

O próprio ChatGPT, quando questionado sobre a possibilidade de prever o resultado, costuma responder que "não existe uma fórmula garantida para ganhar na loteria".

"As loterias são jogos de azar baseados em sorteio aleatório. A IA pode analisar dados históricos, mas isso não confere poder preditivo sobre eventos futuros e independentes como um sorteio de loteria." 

PAGAMENTOS

Mais de um terço das prefeituras de MS fecha o ano em atraso com fornecedores

Levantamento da CNM mostra que prioridade aos salários pressiona despesas correntes e revela fragilidade fiscal no Estado

19/12/2025 08h40

Prefeitura de Campo Grande promete pagar 13º em parcela única

Prefeitura de Campo Grande promete pagar 13º em parcela única Divulgação

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Mesmo com a maioria das prefeituras de Mato Grosso do Sul garantindo o pagamento do 13º salário aos servidores, 36% dos municípios do Estado encerram o ano com atraso em pagamento a fornecedores, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

O dado revela uma fragilidade fiscal estrutural, que vai além da folha de pessoal e se concentra, principalmente, nas despesas correntes necessárias para a manutenção dos serviços públicos.

Conforme reportagem publicada pelo Correio do Estado na edição de ontem, apesar do compromisso de pagar o 13º salário em dia, parte dos prefeitos admite incertezas em relação à folha de pagamento de dezembro, especialmente em municípios com menor arrecadação própria e alta dependência do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

De acordo com a pesquisa da CNM, 26 prefeituras sul-mato-grossenses informaram estar com pagamentos a fornecedores em atraso, o que representa 36% dos municípios que responderam ao levantamento no Estado. Outros 63% disseram estar em dia, enquanto 1% não respondeu.

O porcentual de MS fica acima da média do Centro-Oeste, em que 29% dos municípios relataram atrasos, evidenciando que o problema fiscal é mais acentuado no Estado do que no conjunto da região.

Prefeitura de Campo Grande promete pagar 13º em parcela única

PRIORIDADE

Os números indicam que a prioridade dos gestores municipais tem sido manter em dia os compromissos com o funcionalismo.

Segundo a CNM, 99% das prefeituras de Mato Grosso do Sul afirmaram que os salários dos servidores estão em dia, com apenas 1% admitindo atraso. O dado confirma que os prefeitos têm concentrado esforços para evitar passivos trabalhistas.

No caso do 13º salário, 94% dos municípios de MS informaram que o recurso extra de 1% do FPM contribui para viabilizar o pagamento do benefício.

Ainda assim, o levantamento mostra que 45% das prefeituras do Estado optaram por pagar o 13º de forma parcelada, enquanto 55% disseram realizar o pagamento em parcela única, indicando estratégias diferentes para lidar com o fluxo de caixa.

A Prefeitura de Campo Grande, que pretende pagar o 13º salário dos servidores até a data-limite, no dia 20, está entre as que farão a transferência em parcela única.

Apesar de o esforço para manter salários em dia, 7% das prefeituras sul-mato-grossenses admitiram que a folha de pagamento de dezembro pode atrasar, porcentual que reforça o alerta sobre o limite financeiro enfrentado pelos municípios no fim do ano.

A incerteza sobre a última folha do exercício aparece como um dos principais sinais de estresse fiscal apontados pela CNM.

Outro dado que chama atenção na pesquisa é a possibilidade de transferência de problemas para o próximo exercício. Segundo o levantamento, 24% das prefeituras de Mato Grosso do Sul afirmaram que podem deixar restos a pagar sem cobertura financeira para 2026, enquanto 75% disseram que não pretendem recorrer a essa prática.

Embora a maioria negue a intenção, o porcentual revela que quase um quarto dos municípios já admite dificuldades para fechar o ano sem empurrar despesas.

Mesmo diante das dificuldades, 79% dos prefeitos de Mato Grosso do Sul afirmaram acreditar que conseguirão fechar as contas deste ano, enquanto 19% disseram que não conseguirão cumprir todas as obrigações até o fim do exercício.

O dado revela um cenário de otimismo moderado, sustentado, em muitos casos, por medidas de contenção de gastos e postergação de despesas.

NACIONAL

No escopo nacional, a pesquisa deste ano atingiu 75% dos municípios do País e reúne a percepção de gestores municipais sobre o desempenho fiscal, os desafios de gestão e as expectativas para o próximo ano.

A pesquisa revela que o 1% adicional do FPM será decisivo para o pagamento do 13º salário já que 94,7% das prefeituras afirmam que o repasse extra ajudará a pagar o adicional. A ampla maioria dos entes locais (98%) está com o pagamento da folha em dia, incluindo a de dezembro.

Em uma visão anual, o primeiro ciclo da gestão 2025–2028 foi marcado por desafios fiscais e de governança. Para 80,2% dos gestores, o principal entrave foi a crise financeira e a falta de recursos.

A instabilidade política e econômica aparece em segundo (67,5%), seguida pelos desafios na gestão da saúde (63,4%) e pelos reajustes salariais concedidos ao longo deste ano (62,2%).

Para o próximo ano, a pesquisa mostra que as expectativas para o desempenho da economia estão divididas, ainda que com leve viés otimista: quase metade dos gestores (44,6%) acredita que a economia será boa ou muito boa, enquanto 35,8% demonstram pessimismo. Outros 16% não projetam cenário nem positivo nem negativo para 2026.

“Os dados revelam que, apesar das dificuldades relatadas pelos gestores, as prefeituras chegam ao fim do ano com maior controle fiscal. Porém, acreditamos que o ano de 2026 trará desafios significativos, que podem ser acentuados com o cenário político-eleitoral, à medida que podem ser aprovadas pautas-bombas com custos insustentáveis para as finanças municipais”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

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