Economia

Levantamento

Inadimplência em MS cresce e agosto termina com 1,098 milhão de nomes restritos

O valor médio da dívida por inadimplente sul-mato-grossense é de R$ 5.835

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O mês de gosto trouxe um novo aumento da inadimplência para Mato Grosso do Sul, com um total de 1.098.442 pessoas inadimplentes, conforme mostram os dados do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa.

O Estado não apenas viu um crescimento no número de negativados, mas também registrou um aumento significativo nas dívidas, alcançando 4.298.753 de débitos. O valor médio da dívida por inadimplente é de R$ 5,8 mil

As dívidas estão distribuídas entre diferentes categorias, com destaque para os Bancos e Cartões, que representam 30,24% do total. As Instituições Financeiras aparecem em segundo lugar, com 16,93%, seguidas pelos Serviços, com 15,33%.

Ao comparar esses números com os dados do mês anterior, nota-se uma leve variação nas proporções: em julho, os Bancos e Cartões correspondiam a 30,40%, as Instituições Financeiras a 17,38%, e os Serviços a 17,86%.

Essa mudança indica uma dinâmica nas categorias das dívidas que os sul-mato-grossenses enfrentam, sugerindo uma necessidade de atenção e estratégia para lidar com o crescente endividamento.

Por outro lado, o Brasil apresenta um panorama otimista em relação à inadimplência, com o principal indicador do setor registrando uma nova queda em agosto, conforme o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa.

Embora o país conte com 72,4 milhões de inadimplentes, o mês passado marcou a terceira menor taxa de inadimplentes no País em 2024, aproximando-se dos níveis de janeiro e fevereiro.

De acordo com análise de mercado, a redução de 200 mil nomes no cadastro de negativação é um reflexo da tendência de queda que vem sendo observada desde abril. Aline Maciel, gerente da plataforma Serasa Limpa Nome, destaca que a diminuição no número de inadimplentes alivia a pressão sobre o orçamento das famílias.

“Essa mudança não apenas melhora a saúde financeira das famílias, mas também sinaliza um ambiente econômico mais favorável, com um maior número de pessoas recuperando o acesso ao crédito”, avalia Aline.

ANÁLISE

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a incapacidade de quitar dívidas, levando em consideração as atuais condições econômicas, se dá principalmente em decorrência da má gestão das finanças.

“Como a renda é muito baixa para empregados do setor privado e de prefeituras, a pessoa aposta que vai ganhar mais, ou não faz a sintonia financeira esperada [finanças pessoais planejadas], aumentando novamente o endividamento que resulta na inadimplência”, relata.

Pavão ainda pontua que questões estruturais, como o crescimento econômico atingindo seus limites, são potencializadas por mudanças climáticas, geopolíticas, guerras e queda na demanda.

“Com as intempéries climáticas, o agronegócio está tendo queda de lucros e, por conseguinte, não conseguem ganho de produtividade e de renda”, analisa o economista.

O doutor em Economia Michel Constantino lista os principais fatores que contribuíram para o cenário em Mato Grosso do Sul.

“Estão ligados primeiramente a falta de planejamento financeiro, seguido pelo custo de vida alto, inflação, juros altos e ainda empregos chamados subempregos [sem carteira assinada], que são frágeis e não tem proteção”, elenca.

Para o mestre em economia Lucas Mikael, a expectativa é de que o cenário da inadimplência permaneça estável nos próximos meses, já que a mudança dessa realidade costuma levar tempo.

“Diversos fatores, como a instabilidade econômica e as flutuações do mercado, ainda impactam a capacidade de pagamento das famílias”, encerra.

PERFIL

O perfil dos inadimplentes em Mato Grosso do Sul revela um equilíbrio quase equivalente entre gêneros, com 52,3% de homens e 47,7% de mulheres enfrentando dificuldades financeiras.

Já as faixas etárias mais afetadas são as de 26 a 40 anos e de 41 a 60 anos, que somadas representam 70,1% do total de inadimplentes. A primeira faixa, entre 26 e 40 anos, conta com 35,1% dos endividados, enquanto a segunda, de 41 a 60 anos, abrange 35%. I

Por outro lado, os endividados com até 25 anos representam apenas 12% do total, e aqueles acima de 60 anos somam 18%. Esse cenário pode indicar que os jovens estão mais conscientes em relação ao endividamento, enquanto os idosos podem enfrentar dificuldades em honrar compromissos devido a aposentadorias fixas ou imprevistos financeiros.

No País, os segmento de Bancos e Cartões de Crédito representou 27,9% das dívidas, com uma diminuição de 0,46 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Já as contas básicas de água, luz e gás mostraram uma queda de 0,15 pontos percentuais em comparação a julho.

O setor de serviços, que inclui atividades como atendimento ao consumidor, transporte e administração, teve a maior redução, com uma diminuição de 1,22 pontos percentuais. Em contraste, o segmento de telecomunicações registrou um leve aumento de 0,5 ponto percentual em agosto, refletindo uma quase estagnação desse indicador.

SAIBA

Até julho deste ano haviam sido computados 56.904 novos nomes negativados em Mato Grosso do Sul, que totalizaram 1,096 milhão de inadimplentes no ano. Dados do Mapa da Inadimplência da Serasa revelaram que, em comparação ao último mês do ano passado [dezembro], o aumento foi de quase 5,47%, superando a média nacional que registrou elevação de apenas 1,34%.

 

Economia

Crescimento descontrolado das renováveis causa impasse de R$ 1,2 bi entre empresas e governo

Geradoras cobram ressarcimento por cortes na geração de energia por falta de transmissão

28/09/2024 23h00

Foto: Divulgação

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O crescimento desordenado das energias renováveis no Nordeste ameaça onerar ainda mais a conta de luz dos brasileiros, já inflada por subsídios concedidos a diversos segmentos da economia, incluindo as próprias energias renováveis.

Empresas do setor e governo discutem na Justiça uma fatura que já chega a R$ 1,2 bilhão, provocada pelo descasamento entre a implantação de usinas geradoras de energia e a expansão do sistema de transmissão.

As companhias querem ressarcimento por cortes involuntários na geração, intensificados por restrições impostas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) à transferência de energia para o resto do país após o apagão de agosto de 2023.

Sem linhas suficientes para escoar a eletricidade, essas usinas têm sido obrigadas a parar por determinados períodos do dia, um processo conhecido como "curtailment", comum no setor mas que se agravou após a apagão.

As empresas de renováveis alegam que, como não são responsáveis pelos cortes, devem ser ressarcidas pela perda de receita. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) entende que a regulamentação não prevê ressarcimento nesse caso.

Há hoje três tipos de corte involuntário de geração previstos pela agência: quando falhas em equipamentos de terceiros afetam o gerador, quando há riscos à confiabilidade do sistema ou quando há mais energia do que consumo.

O ONS diz em nota que os cortes atuais atendem justamente os dois requisitos para os quais a Aneel não prevê ressarcimento: confiabilidade do sistema e excesso de geração.
Associações que representam geradores solares e eólicos dizem que a queda na receita já vem afetando a saúde financeira dos projetos mais impactados, principalmente no Ceará, epicentro do apagão de 2023, e no Rio Grande do Norte.

"Os cortes prejudicam o fluxo financeiro e, consequentemente, a capacidade das empresas para honrarem contratos, empréstimos e pagamento de fornecedores", diz o presidente da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), Rodrigo Sauaia.

A Abeeólica, que representa a energia eólica, diz que, nas regiões mais afetadas, cortes podem chegar a 70% da receita de empreendedores. A entidade afirma que essas perdas podem ser compensadas em novos contratos de venda de energia, com aumento de custos para a indústria brasileira.

O setor foi à Justiça pedir liminar para que os valores sejam adiantados --venceu em um primeiro momento, mas depois a decisão foi derrubada. As empresas argumentam ainda que o debate gera insegurança jurídica sobre os investimentos.
O ressarcimento previsto em lei é pago com recursos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que abrange os subsídios pagos pela conta de luz e é hoje um dos principais fatores de pressão sobre o custo da eletricidade no país.

A Abeeólica diz que o impacto sobre a conta de luz é pequeno: pagar os cerca de R$ 700 milhões que o setor pleiteia custaria um aumento de apenas 0,04% ao consumidor, diz o diretor regulatório da entidade, Francisco Silva.

"Mas quando estamos falando de quanto as geradoras estão colocando de acréscimo na conta de energia [de seus clientes], a alta é superior."

O problema vem sendo alvo de alertas da EPE (Empresa de Planejamento Energético) e do próprio ONS há anos --em 2021, o então presidente da EPE, Thiago Barral (hoje no Ministério de Minas e Energia), já havia demonstrado preocupação com o tema em entrevista à Folha.

Mas o próprio governo vem impulsionando o crescimento desordenado com a recorrente prorrogação de subsídios para a instalação de novos parques eólicos e solares no país. O incentivo à geração distribuída, também subsidiada, ajudou a criar excedentes de energia renovável no país.

Neste mês, o ONS apresentou ao mercado uma alteração na metodologia de definição dos cortes, que resultará em um número maior de usinas afetadas, mas por menos tempo cada uma. A proposta divide a obrigação de parar operações por um conjunto maior de geradores.

Para a Absolar, embora reduza o prejuízo dos mais afetados, não resolve o problema do setor, ao não endereçar a questão dos parâmetros para definir os ressarcimentos. O ONS diz que a solução "visa aumentar a confiabilidade da operação e tem como efeito indireto reduzir a concentração de cortes".

A advogada Elise Calixto, sócia responsável pela área de Energia do FAS Advogados, acha que a solução pode ser uma repactuação dos contratos, como ocorreu quando as hidrelétricas viveram problema semelhante.

Nesse caso, empresas que tinham ações judiciais para receber ressarcimento por cortes de geração abriram mão das disputas em troca de mais prazo de concessão. O governo, por outro lado, deixou mais claras as regras para os cortes.

Economia

Governo avalia legalidade de medidas para conter apostas e teme estigmatizar beneficiários do Bolsa

Uma das alternativas em estudo é suspender ou trocar CPF de quem do programa social for identificado fazendo apostas online

28/09/2024 21h00

Governo vem quebrando a cabeça em busca de regularizar as casas de apostas o país

Governo vem quebrando a cabeça em busca de regularizar as casas de apostas o país Divulgação/ Agência Brasil

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia legalidade de medidas para reverter o cenário de explosão de apostas no país. O petista vem manifestando indignação e preocupação com o endividamento por bets de beneficiários do Bolsa Família. Além disso, integrantes do governo falam que é também preciso ter cuidado para não estigmatizar os que recebem o auxílio mensalmente.

Além dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social, a AGU (Advocacia-Geral da União) também estuda as possibilidades, analisando as questões legais sobre o assunto. O tema será discutido com o presidente na próxima quarta-feira (2), quando retornar do México.

Integrantes do governo dizem que há um vácuo regulatório deixado por Jair Bolsonaro (PL), e estudam a constitucionalidade de o governo determinar com o que o cidadão poderia ou não gastar seu dinheiro.

Uma alternativa na mesa seria fazer o controle por meio do CadÚnico, cadastro de beneficiários, ao qual só o governo tem acesso. A ideia seria avaliar quem está gastando com bets, e então suspender o CPF ou trocar o benefício de titularidade.

Essa possibilidade poderia expor menos quem recebe o Bolsa Família, mas está em estudo assim como as demais.

Há uma ala do governo que fala em uma regulação mais ampla e não apenas focada nos beneficiários. A ideia seria tentar diminuir os efeitos nocivos do vício no jogo em todos, não apenas nos mais pobres.

Como o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social) disse à Folha, a sua proposta para o tema seria a interdição do uso do cartão do Bolsa Família em apostas.

"A regulamentação das bets, coordenada pelo Ministério da Fazenda e Casa Civil, deve conter regra com limite zero para o cartão de benefícios sociais para jogos e controle com base no CPF de quem joga", disse o ministro responsável pelo Bolsa Família.

O presidente Lula (PT) demonstrou indignação a auxiliares em Nova York, nesta semana, ao se deparar com a notícia do impacto das bets nas contas da população mais pobres e alta de endividamento. Ele já cobrou de seu governo a edição, com urgência, de medidas para reverter esse cenário.

O chefe do Executivo tomou conhecimento da situação por meio da nota técnica feita pelo Banco Central, que indicou gastos de R$ 3 bilhões em apostas por beneficiários do Bolsa Família somente via Pix e no mês de agosto.

Lula externou a interlocutores preocupação com o impacto das pessoas em situação de vulnerabilidade, inclusive entre adolescentes e jovens.
Quase um terço (30%) dos brasileiros de 16 a 24 anos afirmou já ter apostado, segundo pesquisa Datafolha publicada em janeiro deste ano. O percentual entre os jovens é o dobro da média de 15% para todo país.

As bets são liberadas no país desde 2018, após lei aprovada no governo Michel Temer (MDB). O governo de Jair Bolsonaro (PL) deveria ter regulamentado o mercado, mas não o fez nos quatro anos de mandato --nesse período, as bets tiveram crescimento enorme, sem regras e fiscalização.

O ministro afirmou que, no primeiro semestre do ano passado, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Fazenda enviou uma medida provisória para o Congresso Nacional a fim de regulamentar as apostas eletrônicas. "Para botar ordem no caos que se instalou no país com essa verdadeira pandemia", disse Haddad.

"As bets foram legalizadas no final do governo [de Michel] Temer. E a lei previa que o Executivo teria dois anos para regulamentar, prorrogáveis por mais dois. Ou seja, a lei previa que, durante o governo do Bolsonaro, o assunto teria que ser regulamentado. Bolsonaro não fez isso. O governo Bolsonaro simplesmente sentou em cima do problema, como se ele não existisse", disse Haddad, dizendo ainda que é preciso que as pessoas saibam "toda a verdade sobre as bets."

O ministro afirmou que, no primeiro semestre do ano passado, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Fazenda enviou uma medida provisória para o Congresso Nacional a fim de regulamentar as apostas eletrônicas. "Para botar ordem no caos que se instalou no país com essa verdadeira pandemia", disse Haddad.

A regulamentação do mercado tem sido liderada pelo Ministério da Fazenda, onde foi criado uma secretaria para cuidar de prêmios e apostas. Os efeitos completos da legalização entrarão em vigor em janeiro de 2025, e o governo conta com grande arrecadação.

Mas, a partir do mês que vem, somente empresas que se cadastraram para serem regularizadas junto à Fazenda serão consideradas legais. Outros sites deverão ser derrubados.
 

*Informações da Folhapress 

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