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Itaipu registra em 2024 menor geração de energia para o Brasil em 32 anos

No ano passado, 46,3 milhões de MWh foram disponibilizados ao consumir brasileiro, quase 4 milhões a menos que em 1992

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A usina hidrelétrica de Itaipu registrou, em 2024, a menor geração de energia elétrica para o Brasil desde que atingiu operação plena, em 1992.

O suprimento ao Brasil em 1992 foi de 50,15 milhões de MWh (megawatts-hora). Desde então, todos os valores de suprimento anual ao país foram superiores a esse resultado, com exceção de 2024.

No ano passado, cerca de 46,3 milhões de MWh foram disponibilizados ao consumidor brasileiro, ou 69% do total produzido pela usina.

Em contrapartida, em 2024, o Paraguai ultrapassou pela primeira vez a utilização de mais de 30% da produção anual, com 20,4 milhões de MWh.

O fornecimento de energia ao país vizinho foi o maior valor anual da história, superando os 20 milhões de MWh pela primeira vez.

A informação foi publicada pelo jornal Valor e confirmada pela Folha de S.Paulo.

Em 2024, a energia gerada por Itaipu foi 20% menor que em 2023, que teve a melhor geração dos últimos seis anos.

A usina foi responsável por cerca de 6% do consumo de energia do Brasil, além de cerca de 80% do consumo do Paraguai.

Em um comparativo com outras usinas, a produção de Itaipu no ano passado equivale a mais de três vezes ao Complexo Belo Monte, mais de 2 vezes ao produzido por Tucuruí e mais de 4,2 ao produzido por Santo Antônio.

A produção no ano passado foi afetada pela intensa estiagem que atingiu grande parte das bacias hidrográficas do Brasil e do Paraguai.

Além disso, houve mudança de perfil da carga, com a inserção massiva de fontes renováveis intermitentes no sistema elétrico nos últimos anos, principalmente as dos painéis solares.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) tem destacado que a política operativa relativa à Itaipu é direcionada para o atendimento da carga pesada e para o controle de potência em horários de ponta devido à sua grande capacidade de geração.

Itaipu, assim como as demais usinas hidrelétricas, tem sido mais demandada a partir do fim da tarde, para compensar a redução na geração destas fontes intermitentes, assim como para atender de forma rápida e segura o aumento do consumo de energia elétrica nesse horário.

Os mais de 46 milhões de MWh fornecidos ao Brasil em 2024 mantêm Itaipu, desde os anos 1980, como a usina que mais fornece energia ao SIN (Sistema Interligado Nacional), 60% acima da segunda usina que mais produz energia no país.

No ano passado, os governos do Brasil e Paraguai anunciaram um acordo para fixar a tarifa da usina hidrelétrica binacional nos próximos anos, sem mexer nos valores que serão cobrados dos consumidores brasileiros.

A tarifa de serviços de Itaipu, chamada "Cuse", foi fixada em US$ 19,28 por kW (kilowatt) até 2026, mas ficou acordado que o preço a ser repassado aos consumidores brasileiros se manteria em US$ 16,71 por kW, com a administração de Itaipu Binacional ficando responsável por compensar financeiramente essa diferença.

Segundo informações repassadas à Aneel pela estatal ENBPar, que faz a gestão da conta de comercialização de Itaipu, havia uma previsão de déficit de R$ 700 milhões na conta de comercialização para o ano de 2024.

Procurada pela reportagem para comentar o resultado, a Itaipu Binacional respondeu em nota que atendeu integralmente requerimentos energéticos dos sistemas brasileiro e paraguaio no ano de 2024.

"Como em qualquer usina hidrelétrica, a produção de energia em Itaipu depende de quatro fatores: água, unidades geradoras, sistema de transmissão e consumo de energia. Desses, somente a disponibilidade das unidades geradoras encontra-se sob controle da empresa. Destaca-se que, em 2024, esse índice atingiu 97,28% —valor superior à média histórica."

A usina ainda destacou que, de acordo com o Cemanden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), a estiagem observada foi uma das mais abrangentes e intensas registradas desde 1950.

"Finalmente, cabe ressaltar que, de acordo com o estabelecido no Tratado de Itaipu, a remuneração da binacional é pela disponibilização de sua potência às Entidades Compradoras (ENBPar e Ande)", complementou.

Por Folhapress

Economia

Mega-Sena acumula e irá sortear prêmio de R$ 8,5 milhões

Números sorteados foram: 08 - 27 - 36 - 37- 39 - 45

05/01/2025 20h00

Mega-Sena acumula e irá sortear prêmio de R$ 8,5 milhões

Mega-Sena acumula e irá sortear prêmio de R$ 8,5 milhões RAFA NEDDERMEYER/AGÊNCIA BRASIL/ARQUIVO

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Ninguém acertou as seis dezenas do concurso 2.811 da Mega-Sena que foram sorteadas na noite de sábado (4) no Espaço da Sorte, em São Paulo. O prêmio da faixa principal acumulou e está estimado em R$ 8,5 milhões.

Os números sorteados foram: 08 - 27 - 36 - 37- 39 - 45.

A quina teve 24 apostas ganhadoras e cada uma vai receber R$ 85.719,03. Já a quadra registrou 2.225 apostas vencedoras, com prêmio de R$ 1.320,87 para cada.

O concurso 2.812 será realizado na próxima terça-feira (7). As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio, nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet. O jogo simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 5.

Economia

Belém precisa mais que dobrar número de leitos de hotel para COP30

Rede hoteleira espera passar de 18 mil para 50 mil vagas

05/01/2025 13h00

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

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Construído com traços dos estilos art nouveau e neoclássico, o Mercado de São Brás foi reinaugurado em Belém, no Pará. A construção histórica abriga mais de 300 feiras e lojas que vendem alimentos, ervas, artesanato e vestuário. A restauração do local é a primeira de uma série de intervenções que estão sendo concluídas na cidade nos próximos meses.

Belém se prepara para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá de 10 a 21 de novembro de 2025. A conferência é importante encontro internacional para tratar de meio ambiente e de decisões que contribuam para frear o aquecimento global, causador das mudanças climáticas e desastres ambientais. 

Por toda a cidade são vistos canteiros de obra, tapumes, intervenções no trânsito e placas com a inscrição Capital da COP30.

"São mais de 30 obras estruturantes que estão sendo feitas em Belém, realizadas pelo governo federal junto com a prefeitura e o governo do estado do Pará. Os investimentos têm um motivo e um significado. Estamos dotando de infraestrutura uma cidade maravilhosa que vai ter um grande legado", informou o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia.

Vinculada à Casa Civil da Presidência da República, a Secretaria Extraordinária para a COP-30 foi criada pelo governo em março de 2024 para coordenar a preparação da Amazônia para receber a COP30.

Expansão hoteleira
No entanto, para fazer frente à magnitude da conferência, que deve receber mais de 60 mil pessoas, entre chefes de Estado, diplomatas, empresários, investidores, ativistas, jornalistas e delegações dos 193 países membros, um setor precisa enfrentar o desafio de mais que dobrar de tamanho: a hotelaria.

“A hotelaria de Belém está a pleno vapor. Todos os hotéis estão passando por reformas para atender a COP30”, informou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA), Antônio Santiago, em entrevista à Agência Brasil.

“O principal desafio ainda é aumentar a quantidade de leitos existentes”, disse o presidente da ABIH-PA, que espera receber 40 mil visitantes na cidade.

Santiago detalha que a capital tem atualmente 18 mil leitos de hotel e espera chegar na COP30 com um número entre 45 mil e 50 mil, seno que uma cama de casal conta como dois leitos.

De acordo com Santiago, com a inauguração de hotéis, a quantidade de leitos deve chegar a 22 mil. Belém vai ganhar três hotéis de alto padrão, construídos por grupos internacionais para o público A e B. Um deles ficará na área do Porto Futuro II; outro em um antigo prédio que pertencia à Receita Federal; e o terceiro em Castanhal, fora da capital, mas na região metropolitana.

Alternativas

Estão sendo feitas negociações com plataformas virtuais como Airbnb e Booking, para cadastrar imóveis e aumentar a oferta de quartos disponíveis para o período da COP30. Além disso, dois transatlânticos deverão servir como hotéis flutuantes com 5 mil leitos.

Dezessete escolas públicas serão transformadas pelo governo paraense em espécies de hostel temporário. “Com tudo isso esperamos chegar a mais 22 mil leitos”, destacou Santiago. Aproximadamente 2,5 mil pessoas estão empregadas atualmente no setor. “Para a COP30, a estimativa é uma contratação de 40% a mais de trabalhadores.”

De acordo com o presidente da associação, as cidades vizinhas no raio de 150 quilômetros também devem ter procura por quartos de hotéis.

Segundo a Secretaria Extraordinária para a COP30, R$ 224 milhões foram destinados pela estatal Itaipu para a construção da Vila Líderes, que vai disponibilizar cerca de 500 quartos de padrão cinco estrelas. As acomodações atenderão parte das delegações e, após a COP30, o local funcionará como centro administrativo do governo estadual.

O governo federal também destinou R$ 100 milhões, por meio do Fundo Geral de Turismo (recursos do Ministério do Turismo), para melhoria da qualidade de hotéis e serviços de turismo.

O governo do Pará informou à Agência Brasil que incentivou a modernização da rede hoteleira ao isentar o setor de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para compras de itens como frigobar, televisão, ar-condicionado e mobiliário.

Antônio Santiago, da ABIH-PA, projeta que a realização da COP deixará para a rede hoteleira de Belém o legado de mão de obra mais bem preparada e novos empreendimentos hoteleiros de excelência.

Movimentação
A COP30 será realizada em novembro de 2025, mas Belém e os hotéis já experimentam aumento de movimentação. De acordo com Santiago, desde o início do ano, a taxa de ocupação da rede hoteleira na cidade passou de 50% para 82%, em média.

No último dia 15 de dezembro, o ministro do Turismo, Celso Sabino, esteve no aeroporto de Belém para comemorar o recorde de 3,9 milhões de passageiros em 2024, número cerca de 8% maior que o registrado no mesmo período de 2023.

Segundo o ministério, o Aeroporto Internacional comporta até 7,7 milhões de passageiros por ano, “cenário que, com a realização das adaptações necessárias, atenderá a contento os visitantes de Belém durante a realização da COP30”.

Legado urbanístico

As atividades principais da COP30 vão ocorrer no Parque da Cidade e no Hangar Centro de Convenções, que são conectados e ficam no bairro Souza, a cerca de 20 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Belém.

O Parque da Cidade ocupa a área de um antigo aeroporto e ainda está em construção, com cerca de 70% das obras concluídas. Após a realização da conferência, o parque será entregue para uso da população. O projeto final prevê áreas verdes preservadas, lago artificial, instalações esportivas, o museu da aviação, um centro de economia criativa e boulevard gastronômico.

O investimento do governo federal para os preparativos da Conferência sobre Mudanças Climáticas beira R$ 4,7 bilhões. As intervenções, feitas em conjunto com as administrações estadual e municipal, são direcionadas para infraestrutura urbana, segurança, sustentabilidade, transporte e mobilidade, como a finalização do BRT Metropolitano (sistema de ônibus rápidos em pistas exclusivas), ampliação de vias e construção de quatro viadutos.

A Rua da Marinha, no polígono da COP30, passará de duas para seis faixas de rolamento. “A obra vai beneficiar a população de seis bairros, escoando o tráfego e melhorando a mobilidade”, diz comunicado enviado pelo governo paraense.

Avaliação

A professora Roberta Menezes Rodrigues, da Faculdade da Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), considera que todo investimento que a cidade vai receber “tende a ser visto com muito bons olhos”.

“Belém é uma capital, mas é uma cidade que tem déficits enormes de infraestrutura, de qualidade em termos de moradia. É uma cidade da região Norte que sempre foi relegada a segundo plano em termos de investimentos, em especial voltados para área relacionada à infraestrutura urbana”, ressaltou.

A avaliação da professora sobre as moradias belenenses é confirmada pelo Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou Belém como a concentração urbana com a maior proporção de habitantes morando em favelas (57,1%). 

Rodrigues, que participa de uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sobre o legado da COP30, considera que ainda é cedo para se ter clareza sobre o tema.

“Falar de legado agora, na verdade, é falar sobre dúvidas”, afirmou Rodrigues, que já enxerga contradição entre intervenções que estão sendo feitas na cidade e caminhos que deveriam ser seguidos justamente para se obter desenvolvimento ambiental sustentável.

“Por mais que a gente tenha grandes investimentos acontecendo na cidade, parte deles está presa ainda a uma lógica de investimentos e formas de intervenção desse modelo que a gente está questionando”, apontou.

“A gente está abrindo mais vias, rodovias, desmatando as poucas áreas verdes que restam na cidade e priorizando, por exemplo, o transporte individual, o carro, em vez de priorizar o transporte público.”

A professora reconhece que a cidade ganhará ativos importantes em termos de infraestrutura, locais como o Parque da Cidade e equipamentos culturais. “Belém nunca viu tanto investimento acontecendo ao mesmo tempo”, frisou.

No entanto, ela adverte que algumas iniciativas podem favorecer a valorização imobiliária em determinadas regiões, em vez de beneficiar a população em geral. Em alguns casos, pessoas chegam a enfrentar remoções, diz ela, se referindo a famílias que viviam na Avenida Tamandaré, onde acontecem obras do Parque Linear.

“É um tipo de investimento que está bastante ligado à valorização imobiliária.”

Legado ambiental

A professora Lise Vieira da Costa Tupiassu Merlin, do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA, destaca o fato de o evento internacional mais importante sobre meio ambiente ser realizado em uma cidade amazônica. “Atualmente há um grande déficit de protagonismo amazônico nas discussões climáticas.”

“Em que pese o mundo todo reconhecer a importância da Amazônia para a luta contra as mudanças climáticas, quase sempre as soluções e debates são moldados sem a participação de pessoas da região.”

Para a professora, Belém foi uma escolha adequada para exercer esse protagonismo, porque “tem a maior instituição científica da Pan-Amazônia, a UFPA”. Ela ressaltou ainda o “conhecimento ancestral” da população local.

Tupiassu Merlin acrescenta que, por outro lado, Belém situa-se no" estado que contém um grande mosaico de conflitos socioambientais, que contribuem para o acirramento das mudanças climáticas”.

Na opinião de Lise, o aumento do protagonismo depende de um posicionamento mais estratégico dos atores locais, “mas também de uma vontade genuína dos demais atores de querer se abrir para uma nova perspectiva de justiça climática”.

“A COP30 será, sem dúvida, uma oportunidade para isso, mas ainda há muito trabalho pela frente para que essa oportunidade se reverta em benefícios duradouros para a população”, concluiu.

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