Mesmo com a recente alta do dólar nas últimas semanas, quem já tem uma viagem internacional planejada para os próximos meses pode aproveitar da cotação da moeda para comprar agora, pois o patamar ainda é bastante atrativo. A opinião é do gerente de mesa de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini.
“O dólar nesta faixa de preço*, abaixo do que é esperado pelo Banco Central, abaixo do que a maioria dos economistas estão prevendo, está em um bom patamar para comprar”, aponta Pellegrini.
Além disso, o especialista ressalta que possuir a moeda é mais seguro do que ter o dinheiro para comprar e optar por esperar o momento da viagem.
“Quando a gente lida com o dólar, o fato de estarmos “vendidos” (termo usado quando nos desfazemos do ativo) acarreta em um risco bem maior do que quando estamos “comprados” (quando possuímos aquele determinado ativo). Isso porque para cair, o dólar depende de várias boas notícias e uma série de fatores conjuntos. Agora, para o dólar subir, basta uma má notícia que ele sobe de uma só vez”, aponta.
Ou seja, se você esperar muito para comprar a moeda, pode ser que a compre por um preço muito mais alto. “Se o terremoto que devastou o Japão tivesse acontecido nos Estados Unidos, o dólar chegaria facilmente a R$ 2 dentro de poucos dias”, acredita Pellegrini.
O operador de câmbio da corretora Renascença, José Carlos Amado, tem a mesma opinião. “Acho mais fácil ter algum problema, como essa crise que está acontecendo no Japão, e o dólar subir bastante, do que a moeda cair muito”, diz.
Opinião diferente
Já o diretor da corretora de câmbio Pionner, João Medeiros, não acredita em uma alta maior do dólar e, diferente dos outros especialistas, aconselha que quem for viajar, espere para comprar a moeda mais perto da data de embarque.
“Apesar do esforço do G20 e do Japão em especial, o que vemos é o dólar se desvalorizando diante da maioria das moedas. Nessa semana, vi a maior alta do iene (moeda japonesa) da minha vida. O mesmo acontece com o franco suíço, o euro e o real, apesar de todo esforço que o BC faz para conter a valorização”, aponta Medeiros. “Com tudo isso, não vejo porque comprar dólar antes”, completa.
Já para quem não tem dinheiro suficiente para comprar de uma única vez, ele aconselha que compre aos poucos, poupando mensalmente para adquirir a moeda. “A pessoa vai fazendo uma poupança e coloca US$ 100, US$ 200 por mês de acordo com a possibilidade de caixa”, diz.
Pouca influência
De acordo com o gerente da Confidence, de uma maneira geral, o recente aumento do dólar, por conta da crise do Japão e na Líbia, não deve influenciar tanto o bolso de quem só precisa da moeda para pequenos gastos, como viagens internacionais, por exemplo.
“Como o viajante tem despesas menores do que uma tesouraria ou financeiro de uma empresa, por exemplo, eu acredito que esta alta não vá mexer muito no bolso”, aponta Pellegrini.
Para o especialista, o preço do dólar ainda está atrativo, mas o viajante deve ficar atento às intervenções do Banco Central com o objetivo de conter a sobrevalorização do real ante a moeda norte-americana.
“O Banco Central vem sinalizando há mais de um semestre que não quer saber deste dólar muito baixo. O dólar bateu R$ 1,65, o BC foi lá e entrou com novas medidas, com leilões mais fortes para conter essa queda”, diz. “Então, o viajante tem que ficar de olho nisso e perceber que dificilmente o BC vai deixar que se ultrapasse essa barreira do R$ 1,65”, aponta.
* Na última sexta-feira (18), a moeda fechou cotada a R$ 1,668 para compra e a R$ 1,670 para venda