Economia

Em 2022

Programas sociais movimentaram R$ 1,2 bilhão na economia de MS

Volume resulta da soma do Auxílio Brasil, que pagou R$ 925 milhões em benefícios no ano passado, com o Mais Social, do governo do Estado, que transferiu R$ 312 milhões para a população mais pobre

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Em tempos de crise e de problemas econômicos, programas de distribuição de renda acabam se tornando uma personagem de estabilidade, delineando linhas básicas de consumo e diminuindo a profundidade e a largura do fosso entre ricos e pobres. 

Em Mato Grosso do Sul, o programa Auxílio Brasil, do governo federal, já rebatizado de Bolsa Família, distribuiu R$ 925 milhões em um ano. Pelo lado do Estado, o Mais Social em 2022 disponibilizou mais R$ 312 milhões. Isso significa que, em um ano, Auxílio Brasil e Mais Social distribuíram juntos R$ 1,237 bilhão. 

No acumulado dos dois programas sociais, os números são ainda maiores. Isso acontece porque o lançamento do Auxílio Brasil se deu em novembro de 2021, após o fim do auxílio emergencial, que distribuiu renda durante a pandemia. Nesse caso, em um período de 14 meses, o total acumulado chega a R$ 983,869 milhões. 

No mesmo raciocínio, porém, pelo lado do Estado, o Mais Social, em 20 meses, disponibilizou R$ 530 milhões para a população mais carente. Para este ano, as perspectivas apontam um número ainda maior.

O programa

O Mais Social foi lançado em abril de 2021, já na segunda gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), com a finalidade de combater a vulnerabilidade e a insegurança alimentar da população de Mato Grosso do Sul.

De acordo com a Secretaria de Estado de Administração (Sead), cerca de 87 mil famílias das 79 cidades do Estado inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) são atendidas pelo programa.

Por mês, são injetados R$ 26 milhões na economia estadual. Esse número, conforme adiantou o governador Eduardo Riedel (PSDB), vai subir para 100 mil famílias beneficiadas.

Os números da Sead mostram que, em sua capacidade plena, com 100 mil beneficiários, o Mais Social vai pagar por ano, incluindo o equivalente ao 13º salário, um total de R$ 390 milhões.

Desde a sua criação, o Mais Social já disponibilizou à economia sul-mato-grossense um total de R$ 530 milhões em 20 meses, sendo R$ 208 milhões em 2021 e R$ 312 milhões em 2022.

Hoje, o Mais Social disponibiliza R$ 300 mensais, por meio de cartão, na função débito.

Segundo a Sead, conforme o artigo 12 do Decreto 15.653/21, que regulamenta o Mais Social, Lei nº 5.639, de 5 de abril de 2021, o período regular de permanência no programa é de 24 meses, podendo ser prorrogado por igual período, após avaliação da situação socioeconômica e familiar do titular do benefício. 

“Nós já estamos preparando os estudos para que a gente possa fazer esse aumento. Isso depende de um monitoramento que estamos fazendo com as famílias que hoje estão no Mais Social, para verificarmos aquelas que estão atendendo aos critérios do programa. Então, após esse estudo, e isso está sendo bem rápido, nós vamos ter esse aumento de R$ 300 para R$ 450 por família beneficiária do Mais Social”, explica a titular da Sead, Elisa Cleia Nobre.

Entre os requisitos para receber recursos por meio do Mais Social, destacam-se: estar inscrito CadÚnico, mediante apresentação do Número de Identificação Social (NIS); comprovar a inscrição de todos os membros da família no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), mediante apresentação dos referidos documentos; ter renda mensal familiar per capita igual ou inferior a 1/2 salário mínimo nacional vigente; residir, ininterruptamente, no estado de Mato Grosso do Sul há pelo menos dois anos; e não ser beneficiário de outro programa social estadual com a mesma finalidade. 

Campo Grande e Dourados, as duas maiores cidades do Estado, também detêm as duas maiores demandas do Mais Social. Por lei, o Mais Social deve ser utilizado para compras de itens de alimentação, higiene pessoal e até gás de cozinha em estabelecimentos como mercados, minimercados e supermercados dentro do estado de Mato Grosso do Sul.

A compra de bebidas alcoólicas (cerveja, cachaça e similares) e produtos à base de tabaco (fumo, cigarro e similares) é proibida pela Lei nº 5.639/21. O Decreto nº 15.653, de 15 de abril de 2021, que regulamenta a lei, também fala da possibilidade de exclusão do beneficiário pelo uso indevido do cartão, o que ocorreu na semana passada, quando um pente-fino do governo encontrou pagamentos de bebidas alcoólicas e serviços de streaming.

Auxílio Brasil

No ano de 2022, o maior benefício do governo Jair Bolsonaro pago à população mais carente, o Auxílio Brasil, injetou R$ 925 milhões na economia estadual, mas o período total de duração foi de 14 meses, o que dá um somatório de R$ 983,8 milhões. 

Em dezembro, o Auxílio Brasil em Mato Grosso do Sul atingiu o recorde de 212.678 famílias contempladas, com um valor médio registrado de R$ 607,73, e o montante injetado na economia registrou recorde de R$ 129,169 milhões. 

Com a mudança de governo e já rebatizado de Bolsa Família, o valor médio do benefício será de R$ 600, mas haverá um bônus de R$ 150 por criança devidamente matriculada nas escolas. Neste caso, esse novo número só será conhecido no início de fevereiro.

Economistas defendem programas sociais 

A análise do economista Renato Gomes sobre a importância dos programas sociais em todas as esferas de Poder Executivo, por mais que seja numérica, não esconde o poder de humanização em flexibilizar a obtenção de recursos financeiros por famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica. 

Segundo Gomes, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para Mato Grosso do Sul é de R$ 155 bilhões. Ele explica que, por este número, o valor gasto nos dois maiores programas sociais existentes hoje, no valor de R$ 1,5 bilhão, representa menos de 1% do somatório de riquezas geradas.

Ainda de acordo com Renato Gomes, esse recurso tem maior impacto no setor terciário, especificamente no comércio.

Nesse caso, como o setor representa dois terços do PIB, já passaria a representar 1,5%. “Trata-se de um dinheiro que ajuda quem está em situação de vulnerabilidade social. Hoje, com a população girando em torno de 2,8 milhões e levando-se em conta que cada família tem pelo menos duas pessoas e meia, o número dá 20% das famílias. Infelizmente, o PIB leva em conta vendas que não têm efeito na economia popular. Na outra ponta, você tem um produtor de soja que vende para o exterior com poucas pessoas trabalhando para ele. Mas PIB é faturamento. É por isso que são necessários outros critérios para avaliar impactos sociais”, detalha Gomes.

Já o economista Eduardo Matos deixa claro que essa estratégia, que visa prover aos estratos sociais menos favorecidos acesso aos bens de consumo básicos, guarda em si o anseio pelo crescimento econômico, visto que, pela distribuição de renda, o consumo aumenta, e isso reflete em acréscimo no lucro do setor produtivo.

No entanto, ele explica que a política assistencialista não deve ser o objetivo final, porque não é capaz de gerar crescimento sustentável, isto é, mudanças estruturais.

“Portanto, para essa injeção [de investimento] ser algo benéfico, deve combinar outros tipos de políticas, como de aperfeiçoamento da mão de obra e geração de empregos e, sobretudo, não deve ser algo eterno”, avalia Matos. 

Saiba: Governo identificou “farra” em programa - Neste mês, o governo de Mato Grosso do Sul identificou “farra” com o cartão do Mais Social feita por alguns beneficiários. Eles desviaram a finalidade do programa e usaram os recursos para comprar bebida alcoólica, por exemplo. 

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CONTAS PÚBLICAS

MS adere a programa que alivia dívida bilionária e dá fôlego fiscal para 2026

Estado deve formalizar adesão ao Propag, que reduz juros da dívida de R$ 9,6 bilhões com a União e abre espaço no orçamento

15/12/2025 08h20

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida Marcelo Victor

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), deve confirmar nesta semana a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) da Secretaria do Tesouro Nacional.

A adesão deve dar fôlego financeiro a MS em 2026, em razão da carência de 15 meses para pagamento após a renegociação da dívida de R$ 9,6 bilhões com a União e entes externos, além da redução dos juros, medida que deve zerar o serviço de pagamento da dívida no próximo ano e reduzi-lo nos anos subsequentes.

Atualmente, o serviço dessa dívida com a União tem custado em torno de R$ 676 milhões por ano, aproximadamente 3% da receita corrente líquida de Mato Grosso do Sul, que no segundo quadrimestre do ano era de R$ 21,2 bilhões.

A dívida de Mato Grosso do Sul com a União é de R$ 9,6 bilhões, sendo R$ 7,6 bilhões (79,7%) referentes a empréstimos e financiamentos internos, inclusive os decorrentes das reestruturações de dívida que vêm sendo roladas desde a década de 1990.

Outros R$ 1,68 bilhão (17,5%) da dívida se referem a empréstimos e financiamentos externos (para entidades de direito privado, não governamentais) ou para entes internacionais em que a União é a garantidora da dívida.

O volume de precatórios é de R$ 186 milhões (1,9%), considerado baixo quando comparado ao de outros estados. Por fim, há ainda R$ 80 milhões em dívidas de contribuições sociais.

A dívida consolidada líquida de Mato Grosso do Sul é de R$ 5 bilhões. O valor desconsidera a receita corrente líquida e representa aproximadamente 24% do que o Estado arrecada.

No comparativo com outros estados brasileiros, a situação de Mato Grosso do Sul não é das piores, como as de São Paulo (R$ 372 bilhões), Minas Gerais (R$ 191 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 217 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 128 bilhões), mas é uma situação pior que a de Mato Grosso, que tem uma dívida de R$ 5 bilhões, por exemplo.

O programa

A adesão ao Propag começou no fim de novembro, quando o governador Eduardo Riedel enviou projeto de lei à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul solicitando autorização para aderir ao programa. O projeto foi aprovado na sexta-feira e já foi encaminhado para sanção do governador. A expectativa é de que a adesão ao Propag vire lei ainda nesta semana.

O projeto autoriza o governo de Mato Grosso do Sul a transferir recursos ao Tesouro Nacional por meio de amortização extraordinária do saldo devedor de R$ 9,6 bilhões, além de transferir participações societárias em empresas de propriedade do Estado. A lei também autoriza a gestão estadual a transferir bens móveis e imóveis à União, desde que haja manifestação de aceite pelas partes.

Secretaria de Estado de Fazenda; erário deve ter folga fiscal com renegociação da dívida

Também está prevista, como condição para ter acesso a condições mais favoráveis de pagamento da dívida, a cessão de créditos líquidos e certos do Estado para o setor privado, desde que previamente aceitos pela União.

Por fim, MS poderá transferir à União recebíveis de créditos inscritos na dívida ativa da Fazenda Pública estadual, “confessados e considerados recuperáveis”, ou seja, não vale a transferência do que é chamado de “dívida podre”.

Pagamentos

A adesão ao Propag consiste no pagamento com os ativos citados acima e também com outra forma de quitação: o parcelamento da dívida em até 30 anos, com taxa atrelada ao IPCA (inflação) acrescida de juros zero, ou de 1%, ou de 2%, a depender de algumas condições, como porcentual de antecipação da dívida e contribuição para o Fundo de Equalização Federativa (fundo de compensação da reforma tributária).

Como a primeira parcela do pagamento do Propag só vence 15 meses após a assinatura do acordo com o Tesouro Nacional, o Estado poderá ter um forte alívio financeiro em 2026, sem a necessidade de repassar a dívida à União.

Atualmente, o serviço da dívida é de R$ 676 milhões por ano, o que representa repasses de R$ 53 milhões por mês, valor que deve ser reduzido com a adesão ao programa.

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ECONOMIA

Setor financeiro é o maior pagador de impostos do país e cresce mais que PIB, diz estudo

O Brasil enfrenta uma carga tributária superior à registrada em 75% dos países, em níveis semelhantes aos de economias desenvolvidas, de acordo com o material da Fin.

14/12/2025 21h00

Arquivo/Agência Brasil

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O setor financeiro é o que mais paga impostos federais no Brasil desde pelo menos 2011, indica estudo da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin) divulgado neste domingo, 14.

Com base em dados de arrecadação da Receita Federal, a pesquisa concluiu que, entre 2016 e 2021, a indústria financeira pagou, em tributos, cerca de 10 pontos porcentuais a mais do que a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) sugeriria.

O Brasil enfrenta uma carga tributária superior à registrada em 75% dos países, em níveis semelhantes aos de economias desenvolvidas, de acordo com o material da Fin. Ao mesmo, tempo, 4,5% do PIB são gastos com redução de impostos para atividades escolhidas. "Consequentemente, enquanto as empresas no Brasil pagam um elevado volume de impostos, algumas atividades pagam muito mais do que outras", dizem os pesquisadores.

Os números foram revelados em um contexto de disputas de narrativa entre fintechs e bancos sobre quem enfrenta a tributação mais alta. No final de novembro, o CEO do Nubank, David Vélez, afirmou que a fintech vem sendo a maior pagadora de imposto no Brasil, com um alíquota efetiva de 31%. Em resposta, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alegou que a diferença decorre da rentabilidade mais alta e acusou a instituição de Vélez de se aproveitar de "assimetrias regulatórias".

Um dos 5 maiores setores

De acordo com o relatório da Fin, a atividade financeira representou 4,8% do PIB brasileiro em 2024, o equivalente a R$ 483,6 bilhões em valor adicionado. É um dos cinco maiores setores da economia, à frente de áreas intensivas em mão de obra O segmento apresentou crescimento de 7,5% em 2023 e de 3,7% em 2024, acima da expansão do PIB (3,2% em 2023 e 3,4% em 2024), aponta o trabalho.

"Os dados mostram com clareza que o sistema financeiro brasileiro não apenas impulsiona investimento, inovação e consumo, como também sustenta uma parcela significativa do emprego formal e da arrecadação pública. Com um ambiente econômico favorável, o potencial de contribuição desse setor ao País pode ser ainda maior", disse a presidente da Fin, Cristiane Coelho.

O crédito ao setor privado alcançou 93,5% do PIB em 2024, aquém da mediana internacional (de 139,0%), conforme o estudo. Apesar disso, entre 2019 e 2024, a métrica cresceu 16,5 pontos porcentuais, o terceiro maior avanço entre cerca de 40 economias analisadas. Para efeito de comparação, pela mediana dos países avaliados, o crédito privado como proporção do PIB teve retração de 5,7 pontos porcentuais.

Em meio à popularização do Pix, o estudo mostra ainda que o Brasil está entre os mercados que mais ampliaram o volume e o valor de transações eletrônicas. Já em relação ao mercado de trabalho, o número de empregados do setor cresceu, em média, 3,2% ao ano de 2011 a 2021, enquanto a remuneração nominal subiu 7,4% ao ano.

"Quando observamos todas as atividades que compõem o setor financeiro, fica clara a sua verdadeira dimensão: em 2024, ele respondeu por quase 5% do PIB brasileiro e foi a atividade, entre as grandes acompanhadas pelo IBGE, cujo desempenho mais se correlaciona com o consumo e o investimento futuros", afirma o economista Vinícius Botelho, gerente de Assuntos Econômicos da Fin.

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