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RETOMADA

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Reativação de porto pode triplicar arrecadação de Ladário

Terminal portuário de Ladário vai levar grãos e gado e trazer sal, vinho, azeite e veículos para Mato Grosso do Sul, com isso a arrecadação pode triplicar

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Desativado há mais de 20 anos, o porto de Ladário recebeu na semana passada a cessão provisória da área portuária de embarque e desembarque. 

O terminal que já foi uma das maiores plataformas multimodais da América do Sul quer retomar o posto. Conforme a administração do município, a retomada do porto triplicará a arrecadação local. A ideia é que gado e grãos sejam embarcados em Ladário e sigam para a Argentina. 

No caminho contrário, os planos são de importação de azeite, vinho, frutas e até veículos.

O plano mais concreto é o recomeço do embarque de gado por meio da hidrovia. Segundo o secretário especial Hedyl Benzi, que liderou a Secretaria de Fomento ao Desenvolvimento Econômico no projeto, o retorno das operações será a redenção da cidade. 

“Essa cessão representa um marco para Ladário, tanto pela dificuldade em conseguir quanto pelo que ela inicia. Um grande projeto de geração de renda. 

Temos no primeiro momento a questão do embarque e desembarque de gado. Ele estava fechado e, para começar isso, precisávamos do trâmite jurídico de regularização. 

Em dois meses, estaremos embarcando gado. O porto é a redenção de Ladário, nosso município está estagnado. A arrecadação é de R$ 5 milhões mensais, conforme cálculo da equipe econômica. Triplicaremos para R$ 15 milhões”, informou.

Os trabalhos para o retorno do terminal tiveram início no ano passado, com a atualização das matrículas. O porto de Ladário estava fora do cadastro nacional de portos. 

Após sete meses, foi liberada a atualização das matrículas e o cadastramento no sistema da União. Depois foram elaborados o projeto e a justificativa para o pedido de cessão provisória.  

TRATATIVAS

A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) participa das tratativas com o intuito de fechar convênios comerciais entre a cidade e países vizinhos. 

De acordo com o economista-chefe da associação, Normann Kallmus, a arrecadação, não só da cidade, como do Estado, será maior. “A reativação do porto traz mudanças na matriz de geração de renda com o aumento da prestação de serviços e dos empregos. 

Vamos ganhar competitividade, os nossos produtos vão aumentar os ganhos”, considerou.

O prefeito de Ladário, Iranil Soares, disse que em no máximo três meses deve sair a cessão definitiva que vai autorizar o transporte de carga viva para atender a demanda do transporte de bovinos.

“E também o porto de carga seca, que está parado há mais de 20 anos. O município vai trabalhar para atrair investimentos da iniciativa privada para reativar o terminal de carga seca. 

Para promover o desenvolvimento e a geração de emprego na região pantaneira”, explicou.

O gestor reforça que a conquista não foi fácil. “Trabalhamos tecnicamente para que os potenciais da Pérola do Pantanal fossem explorados. 

A partir de agora, Ladário tem a cessão provisória da área, que já foi uma das maiores plataformas multimodais da América do Sul, que em breve será reativada. Não se trata de promessa, trata-se de uma realidade”.

EXPORTAÇÃO

Foram firmados convênios com terminais portuários dos países vizinhos. De acordo com Kallmus, o município vai se transformar em uma região de integração das cadeias produtivas. 

Nas parcerias firmadas com a Argentina, a intenção é a de levar grãos e bovinos e trazer produtos como vinhos, castanhas, frutas secas, azeitonas, azeite e distribuir de MS para o resto do País.

O objetivo, segundo o economista, é ser um entroncamento hidro-ferro-rodoviário e moldar a cidade para ser um centro de distribuição. “Fechamos convênio com Barranqueras, na Argentina, e mais ao sul com Ibicuy, que é um porto fluvial com capacidade de entrar um navio panamax [grande curso], com capacidade de 50 mil toneladas. 

Estamos organizando para que seja uma linha direta com a cidade, principalmente para exportação de soja – o frete ficará 25% menor e vai fazer com que nosso produto seja mais competitivo. 

Essa conexão com a Argentina vai ser muito importante na região de Rosário e Santa Fé, que são polos de exportação de farelo de soja da Argentina, fazendo com que nosso produto chegue direto na esmagadora de soja”, ressaltou Kallmus.

Outra intenção é fazer cabotagem, que é o transporte entre portos do mesmo País. A cidade pantaneira será distribuidora de sal, com 50 mil toneladas do produto mensalmente trazidas de Mossoró (RN). 

Atualmente, vindo de caminhão, o frete é duas vezes mais caro que o próprio produto. “O sal será carregado em Areia Branca [RN], vai descer pela costa até o Sul do País, entrará em Ibicuy [Argentina] e, de lá, chegará a Ladário. 

A economia será de 20% sobre o preço atual. Seremos um entreposto de sal, não só para MS, mas para os estados e países vizinhos, como Bolívia e Paraguai. O impacto será a economia de US$ 20 a cada U$ 100”, enfatizou o economista da ACICG.

Benzi explica que hoje há 54 câmaras de comércio argentinas interessadas em manter relação comercial com Mato Grosso do Sul. “Temos também encomendas de Dubai, Cidade do Cabo, Vietnã e China. 

Uma montadora fez uma proposta de 600 veículos por mês entrando por Ladário quando o porto estiver funcionando. Hoje, esses veículos dão a volta e entram pela Bahia. Por Ladário [o frete] ficará 74% mais barato”, detalhou o secretário especial.

FERROVIA

Para que a cidade pantaneira seja um centro distribuidor, um dos gargalos logísticos é a reativação da ferrovia. 

A estação que dentro do terminal portuário é essencial para o pleno funcionamento do transporte de cargas. Benzi diz que o pedido para antecipação da concessão da malha já foi requerido no Tribunal de Contas da União (TCU).  

“Entramos com a antecipação da concessão dessa malha ferroviária. Porque a Rumos tem mais sete anos e eles alegam que não há tempo para recuperar a malha. 

Já temos um compromisso do ministro Tarcísio de Freitas [Infraestrutura] de que a empresa que entrar será cobrada dessa nossa revitalização. Não vamos trocar a bitola [distância] do trilho, mas vamos recuperar e modernizar. Queremos aumentar a capacidade de carga e a velocidade, de 30 km/h para 90 km/h”, reiterou Hedyl Benzi.

Histórico

O porto de Ladário teve seu auge em 1998, quando chegou a embarcar 2 bilhões de toneladas no ano para exportação. Minério de manganês e grãos, principalmente o milho, eram os produtos básicos exportados.

Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

Economia

Em meio à crise, presidente da Petrobras descarta aumento de preços dos combustíveis

Na última semana, o presidente Jean Paul Prates confirmou que as etapas para conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, devem ser retomadas no fim deste ano.

18/04/2024 17h23

Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates Thomaz Silva/ Agência Brasil

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Durante um evento no Rio de Janeiro, com foco em "O Fortalecimento da Indústria Naval Nacional e o Setor Energético Offshore", o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, descartou um aumento nos preços dos combustíveis no Brasil a curto prazo.

"Estamos avaliando as condições de mercado. Não há razão nenhuma para aumento agora. Não está sendo avaliado (aumento para as próximas semanas). Estamos monitorando o cenário internacional. Por enquanto não há nada que faça mover. E o preço do petróleo indica isso", relatou ao jornal O Globo, na manhã de hoje (18).

Conforme divulgado pelo Correio do Estado, no início desta semana, a Petrobras anunciou que as etapas para a conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, devem ser retomadas até o final deste ano. A estatal informou que o processo licitatório para o reinício das obras será aberto em dezembro de 2024.

A expectativa inicial é que a unidade comece a operar até o fim de 2023.

Na semana passada, o governador Eduardo Riedel (PSDB) pediu ao presidente Lula que "olhasse com carinho" para a fábrica, que está com as obras paradas desde 2014. O pedido foi feito durante visita do presidente a Campo Grande.

Nesta segunda-feira (15), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou as falas do presidente, em entrevista à CNN, que as obras serão retomadas em breve.  
   

A UFN3, em Três Lagoas, está com as obras paralisadas - ReproduçãoA UFN3, em Três Lagoas, está com as obras paralisadas - Reprodução

Investimentos

De acordo com o presidente da Petrobras, rebateu um dossiê feito na semana passada, contra a permanência dele no comando da estatal e que apontava que Prates resistia em concluir a UFN3, que precisa de investimento de R$ 5 bilhões.

Durante a conversa, Jean Paul afirmou que sempre defendeu a importância da inclusão do projeto da fábrica no Planejamento Estratégico da Petrobras, o que foi feito em novembro do ano passado, após demonstração técnica de viabilidade financeira e decisão da estatal de voltar ao setor de fertilizantes.

O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, reafirmou que o dossiê sobre a não retomada da UFN3 não correspondia à realidade

"Estamos acompanhando o assunto junto com a ministra Simone Tebet e temos inclusive a previsão que a licitação ocorra no final de ano", disse.

Quando concluída, a UFN3 deve reduzir em 15% a dependência brasileira dos nitrogenados, contribuindo para a autonomia nacional no setor de fertilizantes.

A obra da UNF3 foi paralisada no fim de 2014, com 81% da construção realizada.

A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
 

Valor do petróleo 

Na tarde desta quinta-feira (18), o preço do petróleo Brent, usado como referência internacional, está em queda de 0,22%, a US$ 87,10. Na semana passada, chegou a passar os US$90. Segundo dados da Abicom, que reúne os importadores, o preço da gasolina cobrado pela estatal está 20% menor em relação ao cenário internacional. No caso do diesel, a diferença hoje é de 10%

Declarações 

Conforme informações do governo brasileiro, os preços feitos pela  Petrobras ocorreram em outubro do ano passado, quando a estatal reduziu o valor da gasolina nas refinarias, quando passou de R$2,93 para R$2,81. No caso do diesel, a queda foi em dezembro (caindo de R$3,78 para R$3,48).

Durante o evento nesta quinta-feira, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o impacto do conflito no Oriente Médio não deve intervir sobre os valores dos combustíveis no Brasil.

As declarações de Prates ocorrem em momento de crise na estatal, que se estendeu  ao Conselho de Administração da estatal, após falas de Silveira. 

A crise chegou até o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), com sede em São Paulo, que derrubou a decisão em primeira instância e reconduziu à presidência do Conselho de Administração da Petrobras, Pietro Mendes, um dos representantes da União no colegiado. Ele foi afastado na última semana. Logo em seguida, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu.

Questionado como estava no clima dentro da Petrobrás, Prates disse estar tranquilo.

"Eu estou tranquilo. O presidente Lula está na Colômbia. Eu não fui a Brasília para isso. Temos agendas em Brasília constantemente. Por exemplo, eu passei o dia inteiro no TCU (Tribunal de Contas da União). Fui ver as lideranças no Senado. São meus amigos afirmou Prates".

 

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