A retomada do projeto da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) termina mais um ano sem avanços. Em fevereiro, a Petrobras anunciou um novo processo de venda da fábrica, localizada em Três Lagoas. A previsão era de que as negociações tivessem fim em 2020, mas os planos ficaram para o ano que vem.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, disse que a gestão estadual fica frustrada com mais um ano que o projeto não avança.
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“Chegamos ao fim do ano mais uma vez com a Petrobras não conseguindo players para que assumam a UFN3. Então nós tivemos uma frustração do processo licitatório competitivo estabelecido”, analisa Verruck.
Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a previsão era de que as negociações tivessem fim em novembro passado. De acordo com o secretário, o processo de retomada continua sendo importante para o Estado.
“Continua na nossa base, estamos conversando com o mercado. Obviamente, quanto mais isso demorar mais investimentos essa fábrica precisa para retomar, e isso nos preocupa. Mas volto a dizer, acho que é um empreendimento viável, necessário ao País, mas neste momento tivemos essa frustração pública em relação à UFN3, vamos entrar no novo ano com uma nova discussão sobre ela”, considerou.
HISTÓRICO
As obras da UFN3 tiveram início em 2011. Ela integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. No início da década passada, quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.
Depois da Operação Lava Jato, em que os responsáveis pela Galvão foram alvo de delações premiadas e envolvidos em denúncias de corrupção, as obras pararam. A Petrobras absorveu todo o empreendimento e acabou ficando com a parte das outras integrantes do consórcio.
As obras da unidade foram paralisadas em dezembro de 2014 por ilegalidades apontadas pela Operação Lava Jato, com 83% da indústria já concluída.
Quatro anos depois, em 2018, a subsidiária da Petrobras foi colocada à venda com a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.
No meio do ano passado, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da empresa. Caso o negócio fosse concluído com sucesso, as obras do empreendimento estavam programadas para recomeçarem em 2020.
O cronograma divulgado pelo governo do Estado na época apontava que a finalização das tratativas aconteceria em agosto, posteriormente em outubro e findou com o anúncio da Petrobras no dia 26 de novembro de que o negócio não foi concluído.
Como já noticiado pela reportagem, o principal motivo para que o contrato não fosse firmado foi a crise boliviana que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.
Além de ser o fornecedor oficial do gás natural matéria-prima para o funcionamento da fábrica, a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) era sócia com 12% do negócio, com opção de ampliar a participação para 30%.
Verruck explicou que a crise na Bolívia foi o grande entrave para o fechamento do negócio, mas o fato de a venda ser em conjunto e de a matéria-prima não ser fornecida pela Petrobras também influenciou no fim das negociações.
NOVA OPORTUNIDADE
A nova oportunidade de venda da UFN3, anunciada em fevereiro pela estatal brasileira, oferece ao mercado a unidade de forma individual, e não mais em conjunto com a Ansa. A expectativa é de que desta maneira mais compradores entrem na briga.
Segundo o governo do Estado, a empresa russa novamente demonstrou interesse em concluir o negócio na oportunidade.
O preço não foi divulgado pela Petrobras, mas o potencial comprador, depois de se enquadrar em todos os critérios de compliance (não estar inscrito em cadastros negativos nacionais e internacionais e nem envolvimento com corrupção) deverá ter capital superior a US$ 600 milhões (R$ 3,39 bilhões).