Economia

NAVEGABILIDADE

Seca nos rios impacta agricultura e Estado deixa de movimentar 50% do recarregamento de soja

Grãos que sairiam de Mato Grosso do Sul em embarcações voltaram para caminhões

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O Rio Paraguai enfrenta a pior seca dos últimos anos. A régua fixada próximo à base da Marinha, em Ladário, acusa que o nível da água do rio Paraguai está 9 centímetros abaixo de zero no local. 

A situação não é muito diferente em Corumbá e Porto Murtinho. Com o baixo calado (profundidade), as embarcações ficaram sem condições de navegar e por isso a soja teve de voltar por meio de caminhões. Somente em um porto os prejuízos ultrapassam R$ 3 milhões.  

Conforme dados divulgados pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), em 2015 o nível mínimo do rio foi de 153 centímetros; em 2016, de 121 cm; em 2017 subiu para 155 e em 2018 chegou a 234 centímetros. 

No ano passado o nível mínimo do rio recuou para 95 centímetros e nesse ano já está negativo, porém, a situação ainda deve piorar, com recuo contínuo das águas até fim de outubro. Em Porto Murtinho, o calado está abaixo de 2 metros e a previsão é que em outubro chegue a 1,67 metro.

Os portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho precisaram suspender as operações hidroviárias. O Estado deixou de movimentar 50% do volume previsto de cargas de grãos e minério de ferro pela hidrovia em 2020.

De acordo com o sócio do terminal da FV Cereais, Peter Ferter, o transporte de mais de 200 mil toneladas foi inviabilizado. 

“A gente tinha 10 mil toneladas de soja para embarcar, deve dar mais de 200 caminhões, e nós tivemos que carregar de volta nos caminhões essa soja. Então impacta no pagamento do frete de ida e de volta, por conta do calado do rio que não dava para embarcar. Fora outros negócios que não conseguimos fazer. Com certeza tivemos prejuízos, mas é a natureza, não temos o que fazer. Não foi a primeira nem a última. As pessoas da região dizem que há uns 20 anos aconteceu o mesmo. O prejuízo foi de no mínimo R$ 3 milhões”, destacou.  

Ferter espera que no ano que vem a situação do rio seja outra. “Para o ano que vem já  tenho 400 mil toneladas [de soja] contratadas para serem embarcadas por Porto Murtinho. A nossa expectativa é embarcar até 1 milhão de toneladas de grão em 2021, se as chuvas ajudarem e tivermos o calado do rio em condições de fazer esse embarque”, reiterou.

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a Semagro estima que os terminais portuários de Porto Murtinho deixarão de exportar 40% do volume de soja pela hidrovia neste ano. “A seca extrema já prejudicou as exportações, com prejuízos enormes, e afetará também o turismo, a pecuária do Pantanal e a mineração”, afirmou o titular da Semagro, Jaime Verruck.

O secretário cita dois fatores que precisam ser atacados urgentemente: o alto nível de assoreamento do rio, com dragagem de manutenção, e a melhoria da sinalização náutica, hoje a cargo da Marinha.

CHUVAS

Dados do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) apontam que deve chover entre os dias 19 e 21 de setembro e também 25 e 26, embora em proporções abaixo do necessário para elevar o nível dos rios. 

No entanto, deve servir para melhorar a qualidade do ar e apagar focos de incêndios.

O gerente de Recursos Hídricos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Leonardo Sampaio, disse durante live transmitida pelo Facebook, que o rio deve continuar baixando. 

“Neste ano não houve cheia, ou seja, o rio não saiu de seu leito, o que geralmente ocorre nos meses de junho e julho. Nessa época, o nível do Rio Paraguai estava pouco acima de dois metros, agora já está negativo e vai continuar baixando. Isso restringe muito o uso do rio, sobretudo a navegação”, explicou.

QUEIMADAS

Outro problema enfrentado pelo setor rural de Mato Grosso do Sul são as queimadas. O governo do Estado declarou estado de emergência em razão da estiagem e das queimadas para todo o Estado. Medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial de MS nesta segunda-feira (14).

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,  Tereza Cristina Dias, disse durante coletiva de imprensa em Campo Grande, nesta terça-feira (15),  que os prejuízos para os produtores estão sendo contabilizados. 

“O Estado deve estar fazendo um levantamento. Nós também estamos fazendo com os problemas dos produtores não só do Pantanal. Tivemos produtores de florestas plantadas que tiveram grandes prejuízos na Costa Leste em Três Lagoas, Inocência, nesta região. Estamos levantando isso para ver como é que podemos ajudar. Mato Grosso do Sul tem 500 brigadistas voluntários que trabalham nas regiões apagando esses incêndios. É a união de todos, a precaução, que vai fazer com que a gente estanque esse problema até que a chuva chegue e aí possamos plantar uma grande safra novamente”, disse. 

O diretor-tesoureiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, reforça que ainda não há como contabilizar os prejuízos ao produtor. 

“Ainda não foram mensurados impactos econômicos das queimadas na agropecuária do Estado, entretanto, o Sistema Famasul está constantemente alertando produtores e trabalhadores do campo quanto à necessidade de medidas de prevenção e combate aos focos de incêndio em suas propriedades. As orientações estão sendo repassadas aos 69 sindicatos rurais e aos 200 técnicos de campo que atuam em mais de 5 mil propriedades rurais do Estado”.

Mais de 1 milhão de hectares do Pantanal sul-mato-grossense foram queimados.  

Hidrovia

A Hidrovia do Paraguai tem 3.227 km, de Cáceres (MT) a Nova Palmira (Uruguai), cortando o Pantanal de Mato Grosso do Sul por mais de 1.200 km (Corumbá-Porto Murtinho). 

ECONOMIA

Em MS, 13º de quase metade da população vai para o pagamento de contas

Expectativa é que festividades de fim de ano movimentem R$ 1,27 bilhão na economia local, com o Natal responsável por R$ 837 milhões e queda entre os que pretendem presentear no próximo dia 25

25/11/2024 12h51

Apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste 2024

Apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste 2024 Arquivo/Correio do Estado

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Levantamento sazonal feito pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio - MS (IPF-MS), com foco nas movimentações das festas de fim de ano mostram que, em Mato Grosso do Sul, quase metade da população que recebe 13º deve direcionar esse salário extra para o pagamento de contas. 

Por meio de entrevista em ponto de fluxo, a pesquisa entrevistou um total de 1.981 entre os dias 04 a 12 deste mês de novembro, ouvindo sul-mato-grossenses que moram nos seguintes municípios:

  • Campo Grande,
  • Dourados,
  • Ponta Porã,
  • Coxim,
  • Bonito
  • Corumbá
  • Ladário e
  • Três Lagoas.

Conforme levantamento, 44,27% devem se pagos com o 13º salário e 55,73% indicaram não receber esse dinheiro "extra", mostrando ainda que seja para os débitos do começo de ano ou que já venceram, quase metade (46,63%) deve direcionar os valores para contas. 

A grande maioria (27,48%) entre os que recebem o 13º indicaram que vão usar esse salário para o pagamento das contas que ainda vão vencer. 

Mais abaixo, 10,83% aponta que o 13º salário deve ir para as dívidas atrasadas, enquanto 8,32% indica que esse recurso vai para as tradicionais contas de início de ano, como os impostos sobre as propriedades Predial e Territorial Urbana (IPTU) e de Veículos Automotores (IPVA). 

Fora esse grupo, o ranking percentual de destino do 13º aparece com: 

  • 13,34% - Poupar/guardar o recurso
  • 11,63% - Comprar móvel/eletrodoméstico/eletrônico
  • 10,03% - Não decidiu ainda

Gastos de fim de ano

Conforme o levantamento da Fecomércio, a expectativa com as festividades de fim de ano é que o Estado movimente R$ 1,27 bilhão na economia local, com o natal responsável por R$ 837 milhões. 

Para a tradicional data do "bom velhinho", os gastos previstos estão estimados em R$ 414,8 milhões para presentes e R$ 422,6 milhões para comemorações, com outros R$ 434 milhões destinados ao Ano Novo. 

Regiane Dedé de Oliveira é economista do IPF da Fecomércio e cita o cenário tido como "positivo", apontando que o momento é oportuno para os comerciantes. 

"Oportuno para o comércio se preparar, atender bem e aproveitar o movimento gerado pelas festas de fim de ano. O gasto médio com presentes de Natal está em R$ 456, e o das comemorações em R$ 340, valores significativos que impulsionam nossa economia", diz.

Quanto ao Natal, se lançado olhar nos parâmetros de anos anteriores, é possível notar que apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste ano. 

No panorama do Estado, o percentual dos que comemorarão a data saltou de 54,67% para 83,49%, enquanto que, entre os que pretendem presentear o índice foi de 71,83% para 61,23%.


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DESTAQUE

Seguro rural cresce em MS, que é o 7º no ranking nacional, com 76 mil apólices

Eventos climáticos extremos são apontados como o principal motivo para a alta no número de pedidos em todo o Brasil

25/11/2024 08h30

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024 Foto: Paulo Ribas

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Mato Grosso do Sul registrou 76.802 apólices de seguro rural até este mês, conforme aponta o relatório Atlas do Seguro Rural, elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), consolidando o Estado como o sétimo maior na adesão ao serviço no País.

O avanço é impulsionado pelo aumento de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, que levaram os produtores rurais a buscar formas de mitigar riscos e garantir a sustentabilidade de sua atividade.

Ainda conforme o Atlas do Seguro Rural, até este mês em Mato Grosso do Sul, uma área de 12.455.782 hectares foi segurada contra possíveis prejuízos. Em valores, Dourados é a cidade com o maior investimento em seguro rural no Estado, com um total de R$ 2,805 bilhões, seguida por Maracaju (R$ 2,225 bilhões) e Ponta Porã (R$ 2,008 bilhões).

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024

Nos valores pagos pelas apólices acionadas neste ano, o relatório mostra um total de R$ 2,576 bilhões em Mato Grosso do Sul, com um investimento de R$ 1,722 bilhão pago pelos produtores rurais – valores conhecidos como prêmio.

O número crescente de agências de segurança rural em Mato Grosso do Sul reflete a busca dos produtores por formas de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelas oscilações econômicas do setor.

Para o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo (SRCG) Staney Barbosa Melo, o aumento é um reflexo direto das crises que o agronegócio vem enfrentando na esfera climática.

“Com diversas crises recentes, o interesse dos produtores em proteger seus trabalhos e negócios cresceu significativamente. Neste ano, observamos uma maior adesão não só ao seguro rural, mas também a instrumentos como mercados de hedge – uma estratégia utilizada no mercado financeiro essencial para a proteção de ativos contra as incertezas e a volatilidade – e opções,  que oferecem alternativas mais seguras”, explica Melo.

O economista reforça que a imprevisibilidade climática foi um fator decisivo. Eventos extremos como as inundações no Rio Grande do Sul e a estiagem prolongada no Centro-Oeste expõem os agricultores a perdas severas.

“Em Mato Grosso do Sul, sofremos com secas intensas nos últimos anos, e isso impactou diretamente nas safras. Houve casos de replantio e perdas que superaram os 30%, como na segunda safra de milho 2023/2024. Esses sinais evidenciam que algo está fora do normal com o clima”, pontua o especialista.

Melo destaca que, embora o seguro rural seja uma ferramenta cada vez mais procurada, seu custo elevado e a falta de subsídios adequados ainda são barreiras para muitos produtores.

“Produzir alimentos é uma atividade de alto risco. Quando o clima ou o mercado desfavorável impactam uma safra, os prejuízos podem levar anos para serem consumidos. Apesar do crescimento, ainda é muito custoso para o produtor se proteger de todos os riscos, especialmente com subsídios insuficientes para tornar o seguro mais acessível”, detalha.

O economista do SRCG afirma ainda que é preciso pensar caminhos para que o produtor rural consiga produzir com alguma garantia de que, se tudo der errado, ele poderá contar com alguma proteção de preços e produção.

“Nessa quadra histórica, o agro está se mostrando muito mais desafiador do que era na década passada. É preciso ser cada vez mais competitivo, e a competitividade passa pela segurança e permanência na atividade rural”, analisa.

“O produtor rural está sentindo esse movimento e está parando de olhar apenas para dentro da porteira. Está incorporando tudo o que existe de mais moderno em sua atividade, e o seguro rural é uma importante ferramenta demandada nesse processo”, pondera Melo.

PANORAMA NACIONAL

A área segurada de soja – principal produto do País atendido pelo mercado segurador por meio do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) – já ultrapassou a de 2023.

Ao Valor Econômico, o presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (CSR/Fenseg), Glaucio Toyama, afirmou que já são 3,8 milhões de hectares de soja assegurados para a safra 2024/2025, contra 3,1 milhões de hectares no ciclo passado.

Produtores de soja de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal contrataram apólices para assegurar 1,6 milhão de hectares, acima dos 1,1 milhão de hectares na safra 2023/2024.

A Brasilseg, que lidera o segmento de seguro rural no País, relatou aumentos de 719% e 134% nas contratações de apólices para seguro floresta e pecuário, respectivamente, entre janeiro e agosto na comparação com o mesmo período de 2023.

 A área segurada de floresta plantada passou de 52 mil hectares para mais de 426 mil hectares. Já a área de pasto protegida saiu de 4 mil hectares para mais de 10 mil hectares. Mesmo com o aumento da cobertura, o ano tem sido desafiador para as seguradoras que operam com ou sem subvenção.

Até agosto, o volume de arrecadação com o seguro rural caiu 3,2% (para R$ 9,6 bilhões), conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) compilados pela Confederação Nacional das Seguradoras (Cnseg). As cifras consideram também os seguros de vida e penhor rural. A entidade reduziu a projeção de crescimento para o mercado de seguro rural em setembro para 1% neste ano.

Em junho, a expectativa era de um avanço de 7,9%. No fim de 2023, de 23,1%. A justificativa para o corte foi a demora no desembolso da subvenção do PSR. Outra razão é a queda no preço médio do seguro rural (prêmio) de 7,47% para 6,86%, acompanhando o aumento da contratação fora do Rio Grande do Sul e do Paraná – historicamente, os principais consumidores do instrumento –, o que ajudou a pulverizar o risco.

O dado, da Fenseg, considera apenas o seguro das lavouras. O resultado está aquém das expectativas do mercado, que enxergava um potencial de expansão com o maior interesse dos agricultores pelas apólices, segundo Toyama. O esgotamento do orçamento do PSR, mesmo que mais tarde que o habitual, freou uma possível recuperação mais forte do mercado.

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