Economia

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTE

Tereza Cristina concedeu entrevista ao Correio do Estado

A Ministra concedeu entrevista exclusiva e afirmou "Temos espaço para sermos os grandes provedores de alimentos do mundo"

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Em meio a queda de muitos ministros no governo do presidente Jair Bolsonaro, titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a sul-mato-grossense, Tereza Cristina Dias, se mantém firme. 

Considerada por críticos como um dos acertos do presidente, e criticada por uma ala bolsonarista, já que é do mesmo partido (DEM) do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a ministra trabalha para projetar o crescimento do agronegócio brasileiro.  

Apontado como o alicerce da economia não só de Mato Grosso do Sul, como de todo o Brasil, o agronegócio deve ser o “motor” que vai impulsionar a retomada econômica do País, nas palavras da ministra. 

Em entrevista exclusiva para os assinantes do Correio do Estado, Tereza Cristina, diz que Mato Grosso do Sul ainda pode expandir sua produção, principalmente, focando na qualidade destes produtos. “Mato Grosso do Sul é conhecido no mundo todo pela qualidade da sua carne, portanto, eu acho que nós temos como crescer, como verticalizar utilizando um maior número de animais por metro quadrado”, disse.

Tereza Cristina ainda ressalta que o País pode aproveitar o pós-pandemia para ser o grande provedor de alimentos no mundo. “Primeiro produzir para abastecer o Brasil e o excedente podemos aumentar e muito para continuar exportando e produzindo para o abastecimento de muitos outros países que são nossos clientes”.

A ministra destaca que o lançamento do plano safra 2020/2021 será ainda em junho, e que o foco do ministério é priorizar desde assentados, pequenos, médios e aos grandes produtores.

Além de falar sobre o agronegócio, o pós-pandemia e o abastecimento de alimentos para a população, a ministra ainda comentou sobre os caminhos do partido nas prefeituras do Estado e sobre a possibilidade de lançar um vice-prefeito na candidatura a reeleição do prefeito Marcos Trad (PSD).

Confira a entrevista na íntegra:

Muitos representantes do setor tem apontado o agro como principal estrutura que tem sustentado a economia, tanto de MS quanto para o País, para que a crise não seja mais impactante. Você acredita que o setor produtivo têm sido essencial para o enfrentamento da crise?

Com certeza, acredito, e os números mostram que o setor da agropecuária brasileira tem sido o motor da nossa economia. Desde que começou a pandemia nós tivemos a colheita de uma super safra, o abastecimento garantido da nossa população, as agroindústrias funcionando, as exportações acontecendo. 

Tivemos recordes em cima de recordes nas exportações brasileiras de soja, açúcar, proteínas de suínos, aves e bovinos, enfim, o Brasil vem exportando como nunca mostrando o potencial da sua agropecuária.

Os números das exportações tanto de soja, carnes e celulose no caso do Estado tem se mantido firmes, em alguns casos houve até aumento da demanda. Qual a importância do fortalecimento das relações comerciais com outros países? Há como expandir essas relações?

O Ministério da Agricultura trabalha desde o primeiro dia que nós chegamos aqui com a abertura de novos mercados e com a diversificação dos produtos. No mês de maio nós tivemos a grata satisfação de ultrapassar a abertura de mais de 60 mercados, mais de 600 habilitações de vários produtos para muitos países do mundo.

 Para a Ásia, para as Américas, enfim para o mundo todo, o Brasil tem sido um grande exportador de produtos agropecuários.  

Produtores e frigoríficos falam sobre a carne certificada e o quanto isso tem se valorizado, principalmente com o restabelecimento da relação com os Estados Unidos, acredita que investimento na produtividade e da qualidade das carnes brasileiras é o caminho?  

A certificação ela é sempre muito bem-vinda, porque mostra a qualidade que hoje consumidores cada vez mais exigentes querem, não só antes da pandemia, mas principalmente no pós-pandemia, onde as pessoas terão mais preocupação com a sanidade, com a qualidade e a origem dos produtos que vão consumir. 

Eu tenho certeza que o Brasil por ter hoje um serviço oficial de qualidade e também os produtores entenderem que a rastreabilidade e a certificação, não só da carne, mas de diversos produtos é fundamental para as exportações, nós precisamos aproveitar esse novo momento que o mundo vai viver, dessa exigência da qualidade e com isso os produtores que querem trabalhar com essa qualidade podem estar na frente, sair na frente do que o mundo hoje precisa .

 E com certeza isso traz mais renda para aqueles que queiram estar inseridos nessa certificação e nessa qualidade.  

Apesar de Mato Grosso do Sul não ter o maior rebanho, acredita que é possível ampliar essa fatia de mercado?

Eu não tenho dúvida, Mato Grosso do Sul já foi maior rebanho brasileiro de bovinos comerciais, hoje já não é mais. Mas o Mato Grosso do Sul é conhecido no mundo todo pela qualidade da sua carne , portanto, eu acho que nós temos como crescer, como verticalizar utilizando um maior número de animais por metro quadrado, tendo um desfrute maior do seu rebanho e principalmente prezando pela qualidade que sempre foi uma marca registrada do rebanho sul-mato-grossense.  

Como enxerga o segmento no pós-pandemia? Acredita que o setor sai da crise fortalecido?

Eu não tenho dúvida!  Se tem um setor que vai continuar o crescimento, continuar gerando emprego, trazendo renda para os estados e municípios brasileiros é o agronegócio. Até agora, apesar de todo esse novo normal que o Brasil vive com a pandemia , o Agro continua produzindo. Já está com a sua safrinha plantada, continua abatendo, mesmo com todos os problemas que nós temos enfrentado com os frigoríficos, com o problema da contaminação pela Covid-19, mas todos com abertura ao diálogo e preservando principalmente as pessoas, a segurança das pessoas que trabalham. Temos dado continuidade aos processos produtivos. Então eu acho que o Agro, que começa uma nova safra em setembro, tem tudo para ser o motor da economia , continuar sendo motor da economia brasileira.  

Nesse pós-pandemia, caso a demanda externa aumente ainda mais, isso é um risco para o desabastecimento da demanda interna?

Não de jeito nenhum! O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento cuida desses três segmentos, e o abastecimento do nosso povo  é super importante, então o Mapa acompanha a safra, primeiro a estimativa, depois o que foi colhido  e o que foi produzido. E a gente sabe o que é preciso ficar no mercado interno.  Hoje 70% de tudo que a gente produz, é para abastecimento do mercado interno. Depois disso, o excedente é que vai para as exportações. O Brasil hoje exporta para mais de 160 países, vários produtos da sua cesta de produção e eu acho que nós podemos expandir mais. Mato Grosso do Sul a exemplo disso nós temos aí áreas degradadas de pastagem que estão sendo reintroduzidas para a agricultura, aumentando a produtividade, aumentando a renda do produtor rural e fazendo com que a produção brasileira aumente também. Não só Mato Grosso do Sul , mas em outros estados do centro-oeste também acontece esse mesmo fenômeno. E nós temos um espaço enorme para sermos os grandes provedores de alimentos do mundo. Primeiro produzir para abastecer o Brasil e o excedente que nós podemos aumentar e muito para continuar exportando e produzindo para o abastecimento de muitos outros países que são nossos clientes.

Com os prejuízos causados pela crise, o Mapa vai oferecer algum apoio financeiro ao setor produtivo? Como ampliação ou facilitação de crédito?

O Mapa já fez a prorrogação de todas as linhas de custeio e investimento através de todas as instituições financeiras bancárias que trabalham com os produtores rurais e agora o Ministério já lança o novo plano safra 2020/2021, com novas linhas e taxas de juro, enfim, eu espero que atenda principalmente o pequeno e médio produtor e também o grande, então agora é esperar esse novo plano safra que será lançado até o dia 30 de junho.

Alguma ação do ministério que a ministra queira ressaltar?

O ministério da Agricultura hoje é o único que cuida de todas as categorias de produtores: os pequenos, médios, grandes e os assentados. Então hoje nós temos uma diversidade enorme de políticas públicas para atender esse público diverso que é nosso cliente, vamos assim dizer, do ministério da Agricultura.  A pesca e aquicultura também estão aqui no Ministério da Agricultura. Eu tenho a ressaltar que em breve vamos lançar o plano Safra 2020/2021 e com a mesma filosofia de atender um número maior de produtores e colocando muitos planos de ação para que atenda os mais diversos segmentos, tanto na parte de investimentos, quanto de custeio volto a dizer para atender o pequeno o médio e o grande produtor.

A senhora é favorável ao adiamento das eleições municipais?

Olha eu não sou favorável ao adiamento, agora se houver a necessidade,se ficar prejudicada a campanha, não vejo nenhum problema em se adiar as eleições. Até onde eu sei não existe consenso sobre esse adiamento e tudo indica que as eleições municipais não serão adiadas.

O partido ao qual é filiada, o DEM, tem 12 prefeituras no Estado, os planos são de avançar mais?  

O ideal seria avançar mais, é claro que a gente sempre pode ter surpresas. Agora a partir de julho é que as chapas serão montadas nos municípios e poderemos então ter a possibilidade de ter algumas prefeituras a mais. Então quanto mais prefeituras o DEM puder ter, melhor para o partido.

Em Campo Grande, existe o objetivo de lançar o vice na candidatura à reeleição de Marcos Trad?

Não é o objetivo, existe a possibilidade, porque eu acho que o DEM tem ótimos quadros. Se for possível, quem é o presidente da executiva municipal é o Luiz Henrique Mandetta e essa negociação passa pela executiva municipal. E também com presidente do partido, que é o vice governador Murilo Zauith.

CAMPO GRANDE (MS)

Expogrande 2026 vai ocorrer de 9 a 19 de abril

Serão 11 dias de shows, leilões, exposições, atrações e comida típica

20/12/2025 09h45

Exposição de animais na Expogrande

Exposição de animais na Expogrande Gerson Oliveira

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86ª edição da Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande (Expogrande) ocorrerá de 9 a 19 de abril de 2026, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, localizado na rua Américo Carlos da Costa, número 320, vila Carvalho, em Campo Grande.

De acordo com publicação da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), serão 11 dias de shows, leilões, exposições de animais, música e comida típica.

Atrações musicais, estimativa de público e arrecadação/movimentação financeira ainda não foram repassados pela associação.

Polícia Militar (PMMS) e Guarda Civil Metropolitana (GCM) vão marcar presença para realizar a segurança do evento.

Promovida pela Acrissul, a Expogrande é considerada a maior feira agropecuária do Estado e já recebeu o título de 2ª maior feira agropecuária do Brasil, ficando atrás apenas da ExpoZebu, realizada em Uberaba (MG).

A Expogrande 2025 ocorreu de 3 a 13 de abril, com shows de Hugo & Guilherme, Matuê, Matogrosso & Mathias, Chitãozinho & Xororó, Jorge & Mateus e Vh & Alexandre.

No ano passado, o evento recebeu 125 mil pessoas e movimentou R$ 640,7 milhões.

SALDO POSITIVO

Exportação de carne dispara em MS mesmo sob tarifaço

Entre julho e novembro deste ano, o Estado exportou 165,4 mil toneladas, alta de 13%

20/12/2025 08h40

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países Gerson Oliveira/Correio do Estado

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As exportações de carne bovina seguem em ritmo de crescimento no fim deste ano. Em Mato Grosso do Sul, entre os meses de julho e novembro, o Estado embarcou 165,4 mil toneladas de carne, volume 13% maior que o de todo o primeiro semestre, quando foram embarcadas 145,9 mil toneladas.

Os dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) apontam que o volume também é 18% superior ao resultado do segundo semestre de 2024, quando foram contabilizadas 140,4 mil toneladas destinadas à exportação.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), em relação ao volume financeiro movimentado, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países.

São US$ 516 milhões a mais que o US$ 1,2 bilhão comercializado nos 12 meses do ano passado.

As vendas de carne bovina aumentaram mesmo com o tarifaço da gestão de Donald Trump, que começou a valer em abril com taxa de 10% e que foi reajustado em mais 40% em agosto. As tarifas foram retiradas em 21 de novembro, e o resultado poderá ter reflexo apenas neste mês.

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros paísesEstado registrou aumento das vendas ao mercado internacional - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

A tendência de aumento e resiliência ainda deve permanecer, conforme avaliação da consultora de economia da Famasul, Eliamar Oliveira.

“Mesmo que dezembro tradicionalmente registre leve desaceleração em relação a novembro, a projeção aponta para um fechamento forte, com expectativa de superar 90 mil toneladas no quarto trimestre, repetindo o desempenho do trimestre anterior, que alcançou 94,6 mil toneladas. Esse comportamento confirma a consistência da demanda internacional pela carne produzida no Estado e reforça a importância da pecuária sul-mato-grossense nas exportações do agro brasileiro”, expressa.

Eliamar pontua que a intensificação do confinamento reflete o avanço de sistemas produtivos mais eficientes. São técnicas que reduzem o ciclo de engorda e permitem maior regularidade no abastecimento da indústria, de acordo com a consultora.

“Entre julho e novembro, o abate total em MS cresceu 6%, em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o abate de animais jovens, entre 13 e 24 meses, aumentou 7%, evidenciando o efeito direto dessas tecnologias na previsibilidade da oferta, especialmente no segundo semestre”, contextualiza.

“O uso ampliado de instrumentos de gestão de risco, como travas de preços, contribui para mitigar a volatilidade do mercado, garantir maior segurança sobre a rentabilidade e dar equilíbrio financeiro ao produtor, mesmo em cenários de custos elevados”, completa Eliamar.

MERCADO INTERNO

O relatório Agro Mensal do Itaú BBA aponta que, mesmo com as exportações aquecidas em outubro, o forte crescimento dos abates ampliou a disponibilidade interna de carne, acima do normal para a época.

Ainda assim, o boi gordo apresentou reação no início de outubro e avançou cerca de 5,6% até meados de novembro, movimento acompanhado por uma valorização ainda maior da carcaça casada, que subiu 7,9% no período.

Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), comenta que, neste fim de ano, o grande fator que tem impedido uma queda nos preços da arroba é justamente o aumento das exportações.

“Se não fosse esse desempenho mais forte no mercado internacional, a pressão seria nitidamente de baixa, porque o ritmo de abates segue elevado e o mercado interno não tem mostrado força suficiente para absorver toda essa oferta. As exportações, portanto, têm cumprido um papel essencial de sustentação da estabilidade atual”, detalha.

Bumlai ainda afirma que houve uma expectativa não realizada de valorização da arroba. “Por outro lado, é verdade que muitos produtores esperavam uma arroba mais valorizada para este fim de ano, algo que não se concretizou. O mercado está firme, porém, sem espaço para altas expressivas enquanto o consumo doméstico não reagir”, observa.

Eliamar corrobora que o desempenho robusto das exportações, ao mesmo tempo em que a produção apresentou crescimento moderado, acarretou menor disponibilidade interna de carne bovina ao longo do ano.

“Como resultado, a oferta doméstica permaneceu mais ajustada, o que se refletiu em valorização dos preços no mercado interno. No atacado paulista, o preço médio dos cortes bovinos ficou cerca de 26% acima do observado no mesmo período do ano anterior”.

FUTURO

Para 2026, os especialistas concordam que o cenário tem forte tendência positiva. O Itaú BBA fala em uma entrada no fim do ano com fundamentos sólidos: oferta elevada, exportações robustas e um mercado interno que, embora pressionado, deve operar com maior equilíbrio com o avanço das chuvas e a melhora das pastagens.

“Com a esperada redução gradual da oferta, fruto da virada do ciclo pecuário, e se houver melhora no consumo interno, aí, sim, teremos condições mais claras para uma recuperação de preços. A combinação de exportações fortes e mercado doméstico mais aquecido deve permitir um início de ano melhor para o produtor. Hoje, estamos em um momento de sustentação, em 2026, podemos entrar em um momento de valorização”, considera Bumlai.

A consultora da Famasul ainda ressalta que a expectativa para o mercado no encerramento deste ano é de manutenção do bom ritmo de exportações, o que ajuda a absorver parte da oferta. 

“No início de 2026, a combinação de pastagens mais estruturadas, oferta gradualmente mais ajustada e demanda externa consistente cria condições para um cenário de preços mais firmes. A tendência é de transição para um período de maior sustentação da arroba, acompanhando o início de um ciclo de oferta mais curta e um ambiente internacional ainda favorável à carne bovina brasileira”, conclui Eliamar.

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