Um time que não tenha dívidas, que represente Mato Grosso do Sul e que consiga unir torcedores de várias equipes, daqui e de fora do Estado, com um propósito maior: levar o futebol local para além das divisas em um plano de médio e longo prazo. O que para muitos é um sonho agora é um projeto e conta com muita gente com poder para fazer a diferença envolvida: o Futebol Clube Pantanal.
O Pantanal - clube formado a partir da antiga Associação Atlética Portuguesa - não é apenas a primeira Sociedade Anônima do Futebol (SAF) de Mato Grosso do Sul, mas também o time que está em vias de trazer de volta ao futebol local patrocinadores de peso.
O mais proeminente deles, que está em negociações não apenas com o clube, mas que conta com importantes padrinhos no Parque dos Poderes, é a Suzano S.A., certamente uma das empresas com maior faturamento e atividade no Estado.
Em 2024, a Suzano inaugurou sua megafábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo, onde já processa 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, além de um volume similar em suas outras duas plantas localizadas em Três Lagoas.
Padrinhos
A parceria com a Suzano ainda não está fechada, mas o que não falta são entusiastas. Uma autoridade de alto escalão do Parque dos Poderes, que pediu confidencialidade, informou ao Correio do Estado no mês de dezembro que as negociações estão em estágio muito avançado para um patrocínio à primeira SAF de Mato Grosso do Sul. Depende, é claro, da aprovação da maturação do projeto pelo lado do clube, de um certo apadrinhamento pelas autoridades locais e, por último, da aprovação da gigante da celulose.
Proporcionalmente, o despêndio da empresa de celulose para ajudar a bancar um projeto como esse é muito pequeno em relação à projeção que ela pode ter no Estado.
Para este ano, por exemplo, o FC Pantanal tem um orçamento de R$ 4,5 milhões e deve anunciar nesta semana o patrocínio de uma plataforma de apostas, a Segurobet, que ajudará a bancar parte do orçamento.
“Temos um planejamento para, em um período de 4 a 5 anos, chegarmos à Série B do Campeonato Brasileiro. Temos um estudo muito bem estruturado para atingirmos essa meta”, informou ao Correio do Estado Gilmar Ribeiro da Silva, o Mazinho, presidente do clube – ou da SAF, como queiram.
Mas os passos são dados lentamente. Para chegar ao objetivo, é preciso ser campeão de Mato Grosso do Sul neste ano, para disputar a Série D no próximo.
Para isso, o Pantanal contará com ninguém menos que o lateral-esquerdo Jean, campo-grandense, prata da casa, com passagens pela seleção brasileira e campeão brasileiro com a camisa do São Paulo e do Fluminense.
Se tudo ocorrer como o planejado, e o Pantanal vencer o Sul-Mato-Grossense, que começa no próximo fim de semana, e chegar à Série D no ano que vem, os gastos dobram, e vão para R$ 10 milhões para o próximo ano. Tudo isso já está planejado.
Mazinho nem menciona o nome da Suzano ao Correio do Estado, nem de outra gigante da celulose. Claro, o negócio ainda não está fechado. É preciso ser prudente.
Mas ele confirma que existem, sim, tratativas com grandes empresas e se limita a dizer isso.
Ao ser perguntado se os dirigentes de outros clubes não têm ciúmes do empenho de algumas autoridades para ajudar a levantar o FC Pantanal, Mazinho diz que os outros clubes também podem fazer projetos e prospectar investimentos. Sonhar é um direito de todos. “Mas poucos têm um CNPJ sem restrições e nenhum passivo judicial como nós”, pondera.