Em 2016, uma tragédia abalou o mundo do futebol. O avião que levava a delegação da Chapecoense caiu na madrugada do dia 29 de Novembro na Colômbia, local onde ocorreria o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. Além dos jogadores e comissão técnica, havia jornalistas e tripulantes. Dos 77 passageiros que estavam a bordo do voo, somente 6 sobreviveram.
É de se esperar que em uma situação como essa, o futebol fique em segundo plano e o sentimento de perda tome conta de todos que acompanham e amam o esporte. Por isso, a comoção foi enorme, tanto de times brasileiros quanto de outras equipes mundo afora, todos estavam devastados com essa notícia terrível.
Entretanto, a reação mais linda possível veio da Colômbia, por meio do Atlético Nacional, time que faria a final da Copa Sul-Americana contra a Chape. De bate-pronto, o time colombiano cedeu o título da copa a qual teriam “herdado”, para a equipe brasileira. Esse ato mostrou que o respeito e a empatia estão acima de qualquer rivalidade, nesse aspecto o Nacional demonstrou uma grandeza que supera qualquer taça. Mas as homenagens não pararam por aí.
Homenagem emocionante da torcida no estádio
As palavras de carinho logo após o acidente se transformaram em um gesto ainda mais grandioso. A torcida e a direção do Atlético Nacional resolveram promover um evento para homenagear as vítimas. Esse ato aconteceria no estádio da equipe e se daria no mesmo horário em que a partida estava marcada para acontecer.
No dia 30 de Novembro, por volta das 21h30, já não havia mais espaço para ninguém dentro do Estadio Atanasio Girardot. Os torcedores lotaram as arquibancadas, munidos de faixas, cartazes e camisetas de apoio aos familiares das vítimas. O evento contou também com a presença de autoridades brasileiras e colombianas, que foram ao campo para render homenagens a todos que partiram.
Os cantos entoados pela torcida colombiana se misturaram com os da torcida brasileira e soaram de forma uníssona, lembrando-nos que apesar dos pesares, o futebol é muito mais capaz de unir, do que separar pessoas. Mesmo essa sendo uma lição muito difícil para muitas pessoas do meio do futebol.
Relembre alguns momentos da trajetória da Chape na Sul-Americana
A Chape não tinha o time mais brilhante naquela edição da Sul-Americana. Era, portanto, um azarão em praticamente todas as análises de especialistas e um vencedor pouco provável nas casas de apostas esportivas da época. Mas a equipe foi crescendo durante a competição e, sob o comando do técnico Caio Jr. acabou eliminando gigantes do futebol do continente, como San Lorenzo e Independiente.
A campanha, ironicamente, começa com uma derrota contra o Cuiabá na Arena Pantanal, por 1x0. No entanto, em Chapecó, o time mostrou resiliência e venceu por 3x1, com atuação excelente de Rangel. No confronto seguinte, contra o poderoso San Lorenzo, mais uma vez a decisão seria na Arena Condá, em Chapecó. Foi nela, que um dos personagens mais marcantes dessa conquista apareceu de forma decisiva, o goleiro Danilo. Após o empate no tempo normal, San Lorenzo e Chapecoense decidiram a vaga nos pênaltis e Danilo garantiu a classificação dos brasileiros de forma brilhante.
O Junior Barranquilla da Colômbia também sofreu nas mãos da Chapecoense, apesar da derrota no primeiro
jogo, o time brasileiro venceu com autoridade a segunda partida por um placar de 3x0. A Chapecoense estava, pela primeira vez na sua história, na semifinal de uma competição internacional.
Se tudo tivesse acabado aí, já seria mais do que suficiente para esse grupo de jogadores escrever seu nome na história do clube. No entanto, ainda havia um jogo crucial, que testaria o poder de reação do time. O adversário era simplesmente o Independiente, da Argentina, uma das equipes mais tradicionais do continente. Após um empate por 1x1 na Argentina, a torcida da Chape lotou a Arena Condá para empurrar o time para mais uma classificação.
O empate sem gols, segundo o regulamento da época, dava a vaga para a equipe brasileira. Isso fez com que os argentinos fossem com tudo para cima desde o começo do jogo. A pressão foi intensa, mas a bola não entrava e persistiu assim até os 48 minutos do segundo tempo, quando uma falta marcada para o San Lorenzo fez a bola parar no pé do atacante argentino, “somente” com o goleiro Danilo a sua frente.
A palavra “somente” entre aspas não foi escrita por acaso. Danilo se agigantou na frente do adversário, fechou o gol em um lance de puro reflexo e impediu o gol que classificaria o San Lorenzo. A narração do saudoso jornalista Deva Pascovich, disse de forma brilhante, que o espírito de Condá baixou sob a arena e impediu o gol argentino.
Apesar de tudo o que ocorreu depois, essa campanha não pode nunca ficar esquecida, bem como os jogadores, comissão técnica e jornalistas que relataram tudo brilhantemente. Todos partiram como campeões e é exatamente assim que eles merecem ser lembrados para sempre.


