O comércio de São Paulo, maior polo varejista do país, enfrenta um dos maiores apagões de mão de obra já registrados. Segundo o Sindicato dos Comerciários, há cerca de 100 mil vagas abertas em diferentes segmentos, de supermercados a lojas de vestuário.
Apesar da alta demanda, o salário médio de R$ 2.216 é considerado baixo e está entre os menores valores pagos entre 86 setores da economia paulista, de acordo com dados do Caged. O número ficou abaixo da média geral da cidade, de R$ 2.747, e só superou o de dez setores, como serviços domésticos e pesca.
O presidente do sindicato, Ricardo Patah, afirma que o problema está ligado ao “binômio salário baixo e carga horária intensa”. Muitas empresas têm dificuldade em preencher vagas, o que compromete o funcionamento das lojas e o atendimento ao público.

Empresas tentam atrair profissionais com novos modelos de jornada
Em 2025, a remuneração média no comércio paulistano subiu para R$ 2.583, mas ainda é insuficiente para atrair novos trabalhadores. Grandes redes, como as drogarias Pacheco e São Paulo, além da recém-chegada H&M, passaram a adotar a escala 5×2, com dois dias de folga por semana, substituindo o modelo tradicional de seis dias de trabalho e um de descanso.
O comércio formal enfrenta forte concorrência com o mercado informal, que oferece horários mais flexíveis, e perde profissionais para áreas de transporte por aplicativo e serviços autônomos.
O setor, que responde por milhões de empregos no país, tenta se reinventar para reter profissionais. Consultores afirmam que, se não houver reajustes salariais e revisão de jornadas, o problema tende a se agravar, especialmente com a expansão de lojas e shoppings.




