Em recente pesquisa publicada na Revista Nature, cientistas identificaram picos disfuncionais referentes ao movimento de translação da Terra. Os dados mostraram a existência de “pontos críticos” de assincronia sazonal ao redor do mundo, ou seja, um descompasso das estações. Os registros exibidos por meio de satélites evidenciaram a possibilidade de danos ao ecossistema.
O estudo encabeçado pelo ecólogo Drew Terasaki Hart, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth, mostrou que as estações do ano não seguem um padrão uniforme. As análises contemplaram 20 anos de imagens, mostrando pontos quentes de assincronia sazonal. Em resumo, nas áreas em questão, os ciclos de crescimento de plantas e atividades animais ocorrem em tempos diferentes.

O detalhe curioso é que o ciclo evolutivo das espécies não acontece no mesmo período, mesmo que os ambientes sejam próximos. De acordo com os pesquisadores, as divergências são explicadas devido às variações climáticas, abraçando chuvas, características do solo e a distância vertical de um ponto terrestre até o nível médio do mar.
“O nosso mapa prevê diferenças geográficas acentuadas no calendário de floração e na relação genética entre uma grande variedade de espécies vegetais e animais. Explica até a complexa geografia das épocas de colheita do café na Colômbia — um país onde as plantações de café separadas por um dia de viagem pelas montanhas, podem ter ciclos reprodutivos tão desfasados como se estivessem em hemisférios opostos”, explica Hart.
Danos evidenciados pela assincronia da Terra
A falta de sincronia na Terra pode ser sentida de diversas formas, como nos impactos ecológicos, econômicos e evolutivos. Os dados comprovam que “as estações regulam o ritmo da vida”, acarretando prejuízos com a falta de crescimento vegetal. Dessa forma, os efeitos podem ser observados em meio à reprodução de espécies, na disponibilidade de recursos e até na agricultura.
Em um contexto mais simplificado, a questão sazonal pode acelerar a divergência evolutiva entre as populações e, depois de um determinado momento, até levá-las a se tornarem espécies distintas. Caso o estudo seja comprovado ao longo das décadas, a biodiversidade também pode esclarecer o motivo de algumas regiões abraçarem uma riqueza excepcional de espécies.
“O nosso mapa prevê diferenças geográficas acentuadas no calendário de floração e na relação genética entre uma grande variedade de espécies vegetais e animais. […] Sugerimos direções futuras empolgantes para a biologia evolutiva, a ecologia das mudanças climáticas e a pesquisa sobre biodiversidade, como nas ciências agrícolas ou na epidemiologia”, diz Terasaki Hart.





