A trajetória de Eike Batista ganha novo capítulo com um projeto que mistura biotecnologia, energia limpa e ambição industrial. O empresário, símbolo da ascensão e queda no mercado brasileiro, posiciona-se como pioneiro de uma revolução agrícola capaz de reposicionar o Brasil no cenário global de biocombustíveis.
Batista aposta em variedades geneticamente modificadas que prometem transformar a cadeia sucroenergética. Com produtividade de 354 toneladas/hectare – quase o dobro da cana tradicional, a tecnologia desenvolvida pelo agrônomo Sizuo Matsuoka permitiria uma produção potencial de 100 bilhões de litros/ano.
Para que Batista acerte desta vez, será preciso otimizar o território da empreitada, mas a nova tecnologia permite ampliar a colheita na mesma área cultivada. Para complementar, as plantas também são modificadas para resistir a pragas e secas.

O Elo com a Descarbonização Global
O projeto mira dois mercados em ascensão. O primeiro é o SAF (Combustível Sustentável de Aviação), uma alternativa crucial para setor aéreo cumprir meta de emissão zero até 2050.
Já o segundo são os biomateriais, que buscam substituir plásticos e produção de papel a partir de fibras vegetais. Batista destaca que o Brasil poderia suprir 25% da demanda global por SAF até 2035.
Uma vantagem estratégica também acompanha o empreendimento: a falta de concorrência. Diferente do modelo norte-americano, que é baseado em milho, a cana transgênica brasileira evita o conflito com culturas alimentares.
Essa particularidade posiciona o país como líder em bioeconomia circular e integração entre agricultura, energia e indústria. Também somos exportadores de tecnologia verde e pacotes completos de sementes, processos e know-how.
Aposta ou Fênix Empresarial?
Enquanto céticos lembram o colapso da OGX em 2013, entusiastas veem timing estratégico. A transição energética global criou uma janela de oportunidade para projetos escaláveis em bioenergia. Se bem-sucedido, Batista não apenas recuperaria seu patrimônio, mas reposicionaria o Brasil como potência tecnológica em energias renováveis. Esse seria um legado que poderia apagar seus fracassos anteriores.





