Apesar de não ter a mesma relevância que o ouro, a prata permanece fazendo parte do cotidiano das indústrias. Para que a dinâmica atual fosse alcançada, no passado, explorações e estudos precisaram entender a conjuntura do metal. No século XVI, a Bolívia foi responsável por estimar mais de 60 mil toneladas do material em suas terras.
A mina de Cerro Rico, localizada na cidade de Potosí, colocou o país sul-americano em um patamar desejado por outras nações. Diante da quantidade colossal de prata, a região chegou a representar metade do metal comercializado mundialmente. As extrações culminaram no impulso do sistema econômico, transformando a área em um dos polos industriais mais importantes da era moderna.

Dentre as maiores riquezas históricas que a mina proporcionou, é necessário destacar o “real de a ocho”, a primeira moeda verdadeiramente global. Sobretudo, o Império Espanhol começou a produzir o objeto por meio da exploração do metal em Potosí. Conhecida como “dólar espanhol”, serviu para padronizar o comércio internacional por mais de 300 anos, sendo a base para a criação do dólar americano.
Segundo especialistas, estima-se que, no século 18, o “real de a ocho” representava 50% de todo o dinheiro em circulação no mundo. No entanto, a moeda somente foi substituída em importância global no século 19 pela libra esterlina britânica e pelo dólar americano, em meados do século 20. Grande parte do metal vinha de uma montanha nos Andes que recebeu o nome de Sumaq Urqu (“morro bonito”).
Crescimento e consequências da exploração da prata
Com a presença em alta escala de prata na região, a exploração desenfreada acarretou o crescimento caótico para Potosí. Por consequência, a cidade ficou conhecida por suas ruas extravagantes e cabanas modestas, salpicada de casas de jogos, teatros e igrejas. Porém, enquanto as minas produziam a matéria-prima que enriqueceu a Espanha, a Casa da Moeda de Potosí se encarregou pela produção do dólar espanhol.
Na cidade boliviana, as moedas eram carregadas em lhamas e viajavam por cerca de dois meses através dos Andes, até chegar a Lima e ao litoral do Oceano Pacífico. Nesse momento, as frotas espanholas levavam a prata do Peru até o Panamá, onde as moedas eram transportadas por terra, por meio do istmo centro-americano, para cruzar o Atlântico escoltadas.
Como resultado da disseminação do metal em todas as partes do mundo, problemas maiores para os espanhóis foram gerados. Em suma, a prata hispano-americana aumentou a oferta monetária e a consequência foi a inflação. Porém, independentemente dos altos e baixos da fortuna do país, sem Cerro Rico, a história teria sido muito diferente, já que moldaram a forma de comercializar e definir as moedas atuais.





