Escavações em Jabal Sukari expuseram 12 galerias subterrâneas com até 35 metros de profundidade, equipadas com sistemas de ventilação primitiva. Arqueólogos identificaram rampas inclinadas de 45 graus para transporte de minério, além de canais de drenagem revestidos com argila impermeável. A descoberta de vigas de acácia intactas, usadas para sustentação, comprova conhecimentos estruturais surpreendentes para o período.
O assentamento adjacente às minas apresenta divisões claras: habitações modestas para trabalhadores contrastam com residências amplas para supervisores. Fragmentos de ânforas com registros hieráticos detalham cotas diárias de produção – 2,5 kg de minério por operário. Fornos de fundição com capacidade para 15 kg de ouro bruto por ciclo sugerem escala industrial coordenada.

Economia ritualizada na extração mineral
Altares domésticos exibem oferendas a Seth, divindade das tempestades e terras áridas. Instrumentos de medição calibrados com precisão de ±5 gramas foram encontrados junto a tabuletas de argila com contratos de trabalho. Moedas cunhadas com selos reais indicam pagamento diferenciado: artesãos recebiam três deben de cobre por mês (unidade de massa egípcia usada no Novo Reino, equivalente a cerca de 90 a 95 gramas de metal), contra um dos mineiros.
A aridez do deserto conservou materiais orgânicos raros: cordas de fibra de palmeira datadas por radiocarbono (1250-1100 a.C.) e restos de refeições em potes cerâmicos. Análises de sedimentos revelam técnicas de britagem usando rochas basálticas, com eficiência de 85% na separação do ouro.
Projeto de musealização dinâmica
A reconstituição in situ inclui uma fundição operacional com réplicas de cadinhos de cerâmica refratária. Visitantes observam demonstrações de técnicas antigas usando ferramentas recriadas digitalmente. Sensores térmicos mapeiam fluxos de trabalho originais, enquanto projeções 3D mostram a evolução arquitetônica do complexo ao longo de nove séculos de operação.
Pesquisas em andamento utilizam espectrometria de massa para rastrear origens geográficas do ouro extraído, comparando impurezas metálicas com artefatos de tumbas reais.





