Quase a totalidade dos passageiros do transporte coletivo tem medo de contrair Covid-19 ao utilizar os ônibus que circulam em Campo Grande, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), a pedido do Correio do Estado.
O levantamento, que foi realizado com os usuários do transporte coletivo da Capital entre os dias 18 e 19 de março, indica que 89,94% dos passageiros têm algum tipo de medo ao circular pela cidade nos ônibus do Consórcio Guaicurus, concessionária responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande.
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Esse grupo se subdivide entre os 26,10% que têm muito medo de ser infectado pelo coronavírus, os 36,48% que têm medo de contrair a Covid-19 e outros 27,36% que têm um pouco de medo de ficar doente ao viajar de ônibus pela cidade.
A pesquisa, que foi realizada com 318 pessoas e que tem uma margem de erro de 5,5% para mais ou para menos, também indica que 5,97% não têm medo de contrair Covid-19 nas viagens pelo sistema de transporte, e outros 4,09% não utilizam ônibus para se locomover.
O sistema de transporte coletivo de Campo Grande tem sido alvo de reclamações constantes, tanto dos usuários quanto de autoridades fiscalizadoras, entre elas o Ministério Público de Mato Grosso do Sul e o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.
No ano passado, o Ministério Público ingressou com uma ação para que a concessionária e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) intensificassem as medidas de biossegurança no sistema de transporte, como o uso obrigatório de máscaras e sua devida fiscalização, a desinfecção diária dos ônibus, além de oferecer métodos sanitizantes aos passageiros, como álcool em gel e pias com água e sabão nos terminais.
Na semana passada, o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rivaldo Venâncio da Cunha disse ao Correio do Estado que, para frear o contágio pelo coronavírus no sistema de transporte coletivo em Campo Grande, as restrições de capacidade deveriam de ser 30% dos veículos, e não 70%, como vem sendo adotado pelo município.
Análise
A pesquisa encomendada pelo Correio do Estado ao IPR também foi mais a fundo sobre o perfil dos usuários que têm medo de utilizar o sistema. Entre as mulheres, 43,60% dizem ter medo; 34,30% têm muito medo; e 19,19% têm um pouco de medo. Enquanto somente 1,16% diz não ter medo e 1,75% diz não usar o sistema.
Entre os homens, o temor é um pouco menor: 11,64% dos usuários dizem não ter medo de contrair a Covid-19 dentro dos ônibus, enquanto 36,99% têm um pouco de medo, 28,08% têm medo e 16,44% têm muito medo. Ao todo, 6,85% dos entrevistados não utilizam o sistema de transporte coletivo.
O grau de confiança na pesquisa é de 95%, o que significa que este levantamento estatístico tem 95% de chances de retratar a realidade.
Confusão
Para evitar a confusão registrada na manhã de ontem, em que os ônibus ficaram lotados no primeiro dia das medidas restritivas impostas pela Prefeitura de Campo Grande, a Agetran e o Consórcio Guaicurus mudaram a programação dos veículos e das linhas até sexta-feira (26). O regime de horários será o mesmo dos sábados, e não o dos domingos, como ocorreu ontem.
Na manhã desta segunda-feira (22) não houve frequência de linhas para algumas localidades, como o Parque dos Poderes, e os veículos em circulação nas primeiras horas do dia não foram suficientes para atender à demanda dos trabalhadores das atividades essenciais e dos trabalhadores domésticos, uma vez que a maioria não foi dispensada por seus empregadores.