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Tribunal de Contas fecha o cerco contra serviço de ônibus

Consórcio Guaicurus ainda não cumpriu determinações da Justiça em ação do Ministério Público

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Depois de ter dado meses de prazo após o último reajuste da tarifa, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) fechou o cerco contra o Consórcio Guaicurus, que administra o serviço de ônibus urbano em Campo Grande, exigindo as propostas para a elaboração do Termo de Ajuste de Gestão (TAG) destinado à melhoria do transporte público. O procedimento foi proposto pelo conselheiro Waldir Neves Barbosa no início de 2019, para a realização de averiguação prévia no Consórcio Guaicurus.  

Relatório elaborado pela equipe técnica do TCE apontou algumas irregularidades, como desconformidades na gestão da concessão dos serviços prestados, com ilegalidades e descumprimentos contratuais. O relator intimou tanto o consórcio quanto a prefeitura para que apresentassem justificativas sobre as irregularidades.

Agora, diante do cenário atual, o conselheiro concluiu pela necessidade urgente de retomar as tratativas finais do TAG, a fim de apresentar para a sociedade uma solução para o problema, que vem se arrastando ao longo dos anos sem ao menos ter sido trazida uma única melhoria.  

O TCE deu prazo de cinco dias para que o consórcio e a prefeitura apresentem as propostas de melhorias para que o TAG seja concluído.

NA JUSTIÇA

Além da cobrança da Corte de Contas, o grupo de empresas também está sendo obrigado judicialmente a adotar novas medidas de biossegurança contra o novo coronavírus no transporte coletivo urbano. Nesta sexta-feira, ao ser indagado sobre o assunto, o administrador do consórcio, João Resende, disse que “não fomos notificados pelo Judiciário ainda”.

Ele alegou que muitas coisas determinadas já estavam sendo feitas. “Ficamos sabendo pela imprensa, são coisas que já estávamos fazendo. E mesmo sem a notificação oficial, estamos concluindo o protocolo, que deverá ser protocolado até segunda-feira na prefeitura”, disse.

Segundo Resende, algumas providências, como a limpeza dos ônibus, já estavam sendo realizadas pela empresa. “Nós só aprimoramos. Também estamos medindo a temperatura dos passageiros e dos motoristas. Temos dado curso para os motoristas sobre o coronavírus e respeitamos a limitação da quantidade de pessoas no transporte em pé”.

Sobre a manutenção do distanciamento de 1,5 metro entre os clientes ainda nas plataformas de embarque, Resende afirmou que as orientações têm sido dadas, mas que também depende da colaboração e conscientização da população para que funcione.

“Temos orientado, não só com os fiscais, mas distribuindo material impresso sobre o distanciamento e com avisos sonoros nos terminais sobre a importância de manter a distância e do uso de máscaras”, afirmou.

Ainda conforme alegou, a medição da temperatura tem sido feita por três equipes itinerantes, que percorrem todos os terminais de Campo Grande.

 

MULTA MILIONÁRIA

Na terça-feira, a prefeitura, por meio da Agência Municipal de Regulação, multou o Consórcio Guaicurus por descumprir a obrigatoriedade de contratação de seguro de responsabilidade civil, geral e de veículos. O seguro tem como objetivo cobrir encargos relacionados a danos pessoais, morais ou materiais decorrentes da prestação do serviço, incluindo danos causados por eventuais acidentes de trânsito.

Mesmo após notificação da irregularidade, o concessionário não realizou a contratação, o que acarretou a multa de 5% sobre o valor da receita diária, que é de R$ 5.558.677,00 (receita operacional mais recente durante 30 dias), por dia de inadimplemento.

Desta forma, o cálculo utilizado foi no valor de R$ 9.264,46, que corresponde aos 5% da receita operacional. Como o Consórcio Guaicurus descumpriu a notificação por 1.321 dias, a multa aplicada foi no valor de R$ 12.238.353,86.

HORÁRIOS

Com o novo decreto de funcionamento do comércio e outras atividades essenciais, os horários de ônibus em Campo Grande foram alterados.  

De segunda a sexta-feira, as linhas permanecem sem alteração, mas os horários poderão ser alterados conforme a demanda. A partir das 21h, entrará em operação novo atendimento, as “linhas dinâmicas”, que transportarão clientes cadastrados, com ponto de integração na praça Ary Coelho (PegFácil da 13 de Maio e PegFácil da Afonso Pena). 

Os horários de partida serão às 21h15min e 22h30min. O cliente deverá se cadastrar informando seus dados pessoais, bem como o ponto de ônibus em que deseja embarcar/desembarcar, pois o consórcio definirá o roteiro das linhas considerando as informações recebidas, garantindo embarque/desembarque conforme o cadastro.

Nos sábados e domingos, a operação será com a frota da operação Covid-19 (11 linhas) e funcionará até as 21h20min, somente transportando funcionários de serviços essenciais – que deverão se identificar.

A operação Covid-19 se caracteriza por 11 linhas que estão em operação desde o início da pandemia, em março: 050 – Hospitais/Centro; 129 – Aero Rancho/Região; 130 – Moreninhas/Região; 232 – Mata do Jacinto/Região; 240 – Santa Luzia/Região; 327 – Santa Emília/Região; 328 – Coophavila/Região; 413 – Indubrasil/Região; 420 – Júlio de Castilhos/Região 523 – Maria Aparecida Pedrossian/Região; e 525 – Itamaracá / Região. (TG)

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

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