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Pediu união

Defesa reforça legitimidade de nomeação e Petrallás pede união para mostrar credibilidade

Aprovado pela CBF para ser interventor da federação, Petrallás tem 90 dias para organizar o futebol sul-mato-grossense

28 MAI 2024 • POR João Gabriel Vilalba • 19h30
Estevão Petrallás explica porque foi nomeado pela Confederação Brasileira de Futebol   Fotos: Gerson Oliveira

Apresentando resposta aos questionamentos levantados pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) em relação à sua nomeação, o presidente interino da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Estevão Petrallás, realizou uma coletiva de imprensa para explicar à sociedade sul-mato-grossense os caminhos da entidade nos próximos 90 dias. Ele pediu a ajuda da imprensa e dos torcedores para que a federação volte a ter credibilidade no futebol nacional.

Ao lado de Estevão Petrallás, o assessor juridico do ex-presidente do Operário, Rafael Meirelles, aproveitou a coletiva de imprensa para apresentar argumentos em defesa da legitimidade da posse do novo presidente da FFMS.

No início da coletiva, Meirelles explicou à imprensa sobre um documento ao qual o Correio do Estado teve acesso, referente ao termo de posse da antiga diretoria em 2023, no qual o nome de Petrallás não consta, o que configuraria uma ilegalidade conforme o estatuto da entidade.

Divulgação/ 

"Esse documento é uma homologação e foi conferido por todos os vices e presidentes e registrado em cartório. Com esta ata em conhecimento de todos, o interventor hoje é legítimo para assumir suas funções na federação", relatou Meireles durante a coletiva de imprensa.

Ainda durante a explicação, o assessor jurídico de Petrallás explicou que a CBF poderia nomear qualquer um como interventor, mas escolheu Petrallás após uma análise minuciosa de seu currículo, o que reforça a legitimidade de sua nomeação.

"Todos os passos que foram seguidos até chegar na Confederação Brasileira foram rigorosamente dentro das legislações desportivas e mostra a legitimidade do pleito. A escolha de Petrallás pela CBF visa garantir a continuidade das atividades administrativas e da competição no futebol sul-mato-grossense", ressaltou. 

Estevão Petrallás recendo orientações do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues/ Rafael Ribeiro- CBF/ Divulgação 

Petrallas pede união de clubes para mostrar credibilidade 

A coletiva de imprensa aconteceu na CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), quando o interventor escolhido pela CBF para comandar o futebol de Mato Grosso do Sul teve que explicar sua ida ao Rio de Janeiro (RJ). Em reunião com o presidente Ednaldo Rodrigues, ele teve aprovação para o cargo. Ele relatou que se reuniu com pessoas que não conhecia e ficou surpreso ao saber que a CBF tinha seu currículo em mãos, incluindo informações sobre sua vida pessoal.

"Estive presentes na reunião entre os presidentes da federação. Quando pegaram o documento com o meu nome, percebi que eles não brincam em serviço com informações que nem tenho lembrança. Fiquei completamente surpreso como tudo ocorreu", explicou a  sua posse, bastante emocionado.  

Ainda explicando sua ida ao Rio de Janeiro no mesmo dia em que os clubes de Mato Grosso do Sul se reuniram para escolher um novo comandante, Petrallas relatou que o presidente da CBF o convocou para comparecer à sede da Confederação Brasileira de Futebol.

"Estive no Rio de Janeiro porque fui intimado pelo presidente da CBF e fui designado a dar credibilidade ao futebol do nosso estado por 90 dias", explicou. 

Entretanto, grande parte dos presidentes de clubes de Mato Grosso do Sul não recebeu bem a nomeação. Inclusive, eles realizaram um abaixo-assinado enviado ao TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul) contra o novo interventor. 

Questionado sobre como administrar uma federação, sabendo que 80% dos clubes não aprovaram o seu nome, Petrallas afirmou não entender a rejeição e pediu união dos clubes para reerguer o futebol de Mato Grosso do Sul. 

"Antes de tudo, não sou Cezário. Vou ao estádio sempre e acompanho os clubes de perto. Fiquei sim surpreso com a lista, porque jamais pensei que seria indesejado por um grupo que sempre ajudei. Quero e preciso de uma chance para mostrar minha credibilidade e trabalhar para levantar o nosso futebol", desabafou. 
 

Divulgação/ 
  Operação Cartão Vermelho 

O ex-prefeito de Rio Negro e presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Francisco Cezário, é um dos pelo menos cinco presos na manhã desta terça-feira (21) durante a Operação Cartão Vermelho, que aponta o desvio de mais de R$ 6 milhões da Federação, somente entre 2018 e o ano passado. Na casa dele foram apreendidos mais de 800 mil reais. 

A justiça emitiu sete mandados de prisão e 14 de busca e apreensão e até o fim da manhã pelo menos cinco pessoas haviam sido presas e levadas à Cepol, delegacia do bairro Tiradentes. Francisco Cezário é advogado e por isso a detenção foi acompanhada por representantes da OAB. 

Policiais e promotores passaram a manhã inteira na sede da Federação de Futebol recolhendo documentos que podem dar mais embasamento às investigações feitas até agora, que se estenderam por um período de 20 meses, segundo nota do Gaeco. 

Ele está à frente da Federação faz cerca de três décadas e seu sétimo mandato está previsto para acabar em 2027. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira pela assessoria do Ministério Público, ele e outros integrantes da Federação são acusados fazer mais de 1.2 mil saques, sempre de até R$ 5 mil, para tentar driblar uma possível investigação nas contas da Federação. 

Parte do dinheiro desviado, segundo acreditam os investigadores, era repassado pelo governo estadual, que somente no ano passado liberou R$ 1,35 milhão para os campeonatos estaduais da Séria A, Série B e para o futebol feminino. Em 2023, somente para o estadual da Série A, foram R$ 1,2 milhão. 

Além disso, a Federação também recebia repasses da CBF, cujos valores não aparecem na prestação anual de contas. Esta prestação de contas, por sua vez, mostrou que no ano passado a entidade fechou com prejuízo superior a R$ 218 mil. No ano anterior, em 2022, o rombo foi de R$ 492 mil. 

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