Em meio a polêmicas, com pesquisas que demonstram queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e turbulências na relação com o Congresso Nacional, que derrubou um decreto do presidente com mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o diretório do PT de Mato Grosso do Sul e das demais 26 unidades da Federação ontem decidiram realizar as eleições internas da sigla em cédula de papel.
A decisão foi tomada após o partido do presidente Lula não conseguir que a Justiça Eleitoral emprestasse urnas eletrônicas para o processo de eleição direta (PED). O PT tinha consultado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade, mas foi informado pelo órgão de que a decisão sobre o empréstimo cabia aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
O partido defendia o uso das urnas eletrônicas no processo interno por avaliar que os equipamentos são mais seguros e confiáveis, além de agilizar a divulgação de resultados, entretanto, conforme informações de dirigentes do partido, apenas parte dos 27 TREs concordou em emprestar os equipamentos.
Sem uma decisão unificada da Justiça Eleitoral e para evitar que estados tivessem processos eleitorais diferentes, a sigla optou por definir que o pleito seria feito inteiramente em cédulas de papel, que foram produzidas pelo próprio partido, e que a contagem dos votos seria manual.
Em razão disso, a primeira prévia do PED só foi divulgada depois das 19h deste domingo pelo diretório de Campo Grande, enquanto o resultado final estava previsto para depois das 22h para a eleição estadual e somente para hoje ou amanhã o resultado da concorrência à presidência nacional do PT.
DESAFIOS
A exemplo dos outros estados brasileiros, o PT de Mato Grosso do Sul foi às urnas ontem dividido entre uma ala que deseja que o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva rompa com os partidos de centro e centro-direita e dê uma guinada totalmente à esquerda e outra que tenta refazer as alianças com esses partidos para garantir a reeleição de Lula em 2026.
Até o fechamento desta edição, o deputado federal Vander Loubet liderava a apuração, com 138 votos, tendo bem atrás o ex-prefeito de Mundo Novo e vice-presidente estadual da legenda Humberto Amaducci, com 24 votos. Com isso, Vander Loubet deve voltar ao comando da legenda em substituição ao atual presidente estadual, Vladimir da Silva Ferreira.
Entretanto, o parlamentar terá uma missão digna de um dos 12 trabalhos do herói grego Hércules – que, segundo a mitologia grega, teve de executar uma série de tarefas a mando do Rei Euristeu como forma de redenção de um crime –, pois as eleições ocorrem em um momento de crise no governo federal.
Em entrevista concedida ontem ao Correio do Estado, Vander disse que ficou impressionado com a mobilização do PT em MS e como os petistas estavam motivados na hora da votação. “Acredito que a gente fez o maior encontro da história do partido aqui no Estado, mas agora acabou a disputa e temos de dialogar com toda a militância”, avisou.
Ele relembrou que percorreu mais de 60 dos 79 municípios do Estado e participou de 10 debates. “Agora, com o fim da eleição, precisamos ter uma unidade total em torno da reeleição do Lula e da possibilidade de voltar a fazer um senador aqui em Mato Grosso do Sul”, pontuou.
Ele informou que seu principal compromisso, caso seja o vitorioso, será pautar sua gestão em três pilares. “O primeiro deles é promover a organização partidária, que é ir até onde está o filiado do PT. Nós vamos usar das ferramentas tecnológicas que a gente tem e da lista da Justiça Eleitoral para enxugar, saber de fato quantos filiados nós temos atualmente no Estado”, revelou.
Já o seu segundo pilar, conforme o deputado federal, é a questão da formação política, que seria uma necessidade que o partido tem e precisa sanar. “Queremos retomar a formação política porque cada militante com formação política vale por 100”, argumentou.
Conforme Vander Loubet, o terceiro pilar do seu mandato à frente da legenda é a questão da comunicação. “Temos de conectar os filiados do Estado com os da nacional para fazer essa via de mão dupla no conteúdo para que os militantes sul-mato-grossenses possam fazer a defesa do nosso projeto, bem como a defesa das ações do governo Lula em cada município e, principalmente, combater as fake news”, projetou.


Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE


