Cidades

REGULAMENTAÇÃO EM DEBATE

Por que os cigarros eletrônicos são proibidos enquanto os tradicionais são permitidos no Brasil?

Indústria defende produtos de tabaco aquecido como alternativa menos prejudicial, mas Anvisa mantém proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar no País

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No Brasil, a legislação proíbe a fabricação, importação, exportação e comercialização de alguns tipos de cigarro, dentre eles os famosos vapes e demais dispositivos eletrônicos para fumar. No entanto, a venda dos cigarros tradicionais é regulamentada.

O debate coloca em lados opostos, mas em husca de entendimento, as agências reguladoras e as indústrias de tabaco, que afirmam haver opções de dispositivos eletrônicos para fumar menos prejudiciais do que o cigarro comum.

Na última semana, o assunto foi um dos temas debatidos na Technovation, evento realizado pela Philip Morris Internacional (PMI), gigante do setor, na Suíça. O CEO da multinacional, Jacek Olczak, foi quem destacou o fato dos cigarros serem permitidos, enquanto as alternativas não, e criticou a demora em regulamentar os chamados produtos sem fumaça.

"Enquanto há o debate, as pessoas continuam a fumar", pontuou.

A proibição dos cigarros eletrônicos (ou dispositivos eletrônicos para fumar) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou em 2009 e se mantém até hoje.

A Resolução da Diretoria Colegiada RDC n° 855/2024 além de proibir a comercialização, importação, o armazenamento, o transporte e a propaganda dos DEF, reforça a proibição de seu uso em recintos coletivos fechados, público ou privado. 

O motivo alegado pela Anvisa foi a "falta de evidências científicas suficientes sobre a segurança e a eficácia desses dispositivos para cessação do tabagismo, além de preocupações com potenciais riscos à saúde, já que muitas dessas substâncias continham nicotina e outros aditivos prejudiciais".

O que defende a indústria

A indústria, no entanto, refuta as alegações da Anvisa, afirmando que há novos produtos no mercado, especialmente os de tabaco aquecido, onde estudos realizados demonstram que oferecem menos risco à saúde e poderiam ser uma melhor opção para as pessoas que não querem parar de fumar.

O vice-presidente internacional de comunicação da PMI, Tommaso Di Giovanni, afirmou que há 4 milhões de usuários dos chamados produtos sem fumaça (smooke free) no Brasil, que acabam por utilizar produtos ilícitos, já que não há venda legal no País, e que a empresa tenta conversar com os órgãos reguladores.

"A gente sempre tenta conversar com os governos, com as agências de regulamentação do setor, como a Anvisa, porque a gente acha que a conversa é importante. É importante porque a gente tem um conhecimento, uma experiência nessa área e é importante que isso seja ouvido pelos decisores públicos. A gente participou de uma consulta pública e sempre tenta conversar, mas a pergunta é: quanto que o outro lado está aberto a escutar? Sinceramente não sei como as coisas estão , mas está meio fechado neste sentido no Brasil. Neste momento os produtos não são vendidos num quadro de lei claro, mas tem produtos no mercado, tem 4 milhões de consumidores que usam produtos sem fumaça, a maioria cigarro eletrônico, mas esse produto é ilícito", disse.

Tommaso Di Giovanni complementa que o produto contrabandeado cria uma série de problemas, sendo o primeiro a falta de qualidade do produto, pois não há nenhum tipo de controle sobre o tipo de substância utilizada nos produtos ilícitos.

O segundo problema citado por ele é a perda de arrecadação por parte do governo.

Um estudo inédito da Escola de Segurança Multidimensional (ESEM) do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o Mato Grosso do Sul deixou de arrecadar R$ 104,09 milhões em impostos estaduais e federais em 2023 devido ao comércio ilegal de cigarros eletrônicos.

"O outro problema é que o consumo de cigarro baixou e depois parou. Então você tem o crescimento do comércio ilícito de produtos sem fumaça e as vendas de cigarro lícitas que continuam iguais. Na totalidade, as pessoas estão consumindo mais nicotina, o que não faz sentido do ponto de vista da saúde pública", afirma.

Di Giovanni explica que esta questão de saúde pública se dá pelo fato de haver produtos sem fumaça que utilizam a tecnologia de tabaco aquecido, que oferecem menos risco do que os cigarros tradicionais e até mesmo os vapes.

A PMI aposta na linha IQOS, que são dispositivos eletrônicos de tabaco aquecido, produzidos pela empresa. Diferentemente dos cigarros eletrônicos (vapes), que vaporizam líquidos com ou sem nicotina, os IQOS funcionam aquecendo diretamente o tabaco em vez de queimá-lo. Esse processo é chamado de "aquecimento sem combustão", o que supostamente reduz a quantidade de substâncias tóxicas em comparação ao cigarro convencional.

O vice-presidente de comunicação alerta, no entanto, que o risco é reduzido, mas não inexistente.

Países onde o cigarro eletrônico é regulamentado registraram queda no uso do cigarro comum, diz PMIPaíses onde o cigarro eletrônico é regulamentado registraram queda no uso do cigarro comum, diz PMI

Como está a situação na Anvisa

Neste ano, a Anvisa manteve a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), também conhecidos como cigarros eletrônicos. 

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) são também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar, heat not burn (tabaco aquecido), entre outros. 

A Anvisa afirma que se classificam como DEFs os produtos descartáveis - de uso único; os produtos recarregáveis com refis líquidos, em sistemas abertos ou fechados; os produtos de tabaco aquecido, que possuem um dispositivo eletrônico onde se acopla um refil com matriz sólida, usualmente tabaco e também as formas especiais de nicotina, como os sais de nicotina e nicotina sintética, assim como outras plantas e substâncias distintas do tabaco.

A atualização da norma proíbe a fabricação, a importação, a comercialização, a distribuição, o armazenamento, o transporte e a propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar. Com isso, qualquer modalidade de importação fica proibida, inclusive para uso próprio e na bagagem de mão do viajante.

Conheça os principais pontos da regulamentação atualizada:

  • Fica mantida a proibição de fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento e transporte, e a propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar, inclusive de acessórios, peças e refis.
  • Também permanece proibido o ingresso no país de produto trazido por viajantes, por qualquer forma de importação, incluindo a modalidade de bagagem acompanhada.
  • O uso de qualquer dispositivo eletrônico para fumar em ambiente coletivo fechado é vedado por lei.
  • A Anvisa realizará periodicamente revisões da literatura sobre o tema, sempre que houver justificativa técnico-científica.
  • As revisões da literatura deverão ser independentes e isentas de conflitos de interesse. Para essas revisões, a Anvisa publicará edital de chamamento para apresentação de estudos científicos.

O não cumprimento da resolução constitui infração sanitária e pode levar à aplicação de penalidades que incluem advertência, interdição, recolhimento e multa, entre outras.

A comercialização dos cigarros eletrônicos deve ser denunciada às Vigilâncias Sanitárias municipais, indicando o nome do estabelecimento e o endereço.

Regulamentação tramita no Senado

Tramita no Senado um projeto de lei que regulamenta o consumo e o comércio de cigarros eletrônicos (PL 5.008/2023), de autoria da senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos).

Para a senadora, a regulamentação permitirá um melhor controle do comércio, inclusive com o combate às vendas ilegais, e viabilizará uma melhor proteção dos potenciais consumidores, especialmente crianças e adolescentes. Ela avalia que, na prática, a proibição hoje vigente é ineficaz.

A iniciativa conta com o apoio da indústria do tabaco; seus representantes afirmam que as novas regras vão gerar mais empregos e mais arrecadação por parte do governo.

O projeto de lei autoriza o consumo, a produção, a comercialização, a exportação e a importação dos dispositivos. E também trata do controle, da fiscalização e da propaganda dos cigarros eletrônicos.

O texto proíbe a venda ou o fornecimento para menores de 18 anos e prevê que quem desobedecer essa regra estará sujeito a multa de R$ 20 mil a R$ 10 milhões, além de detenção de dois a quatro anos.

O projeto também determina que os dispostivos eletrônicos para fumar deverão ter registro junto à Anvisa, à Receita Federal, ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Atualmente, o projeto está em análise na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde seu relator é o senador Eduardo Gomes (PL-TO).

TRÁFICO

Avião que saiu de MS carregado com cocaína é interceptado em SP

Aeronave pousou em pista clandestina no interior de São Paulo e foi preso, com 400 tijolos de pasta base

16/12/2024 18h00

Avião saiu de MS e fez pouso em aeroporto clandestino de São Paulo

Avião saiu de MS e fez pouso em aeroporto clandestino de São Paulo Foto: Secretaria de Segurança de SP

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Uma aeronave que saiu de Mato Grosso do Sul foi interceptada no estado de São Paulo, carregada com pasta base de cocaína, nesta segunda-feira (16).

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o avião de pequeno porte pousou em um aeroporto clandestino próximo ao terminal aéreo de Penápolis, na região de Araçatuba.

Policiais que estavam a bordo do helicóptero da Polícia Militar do estado, já de posse de denúncia sobre o tráfico, se aproximaram para abordagem.

O piloto percebeu a aproximação dos policiais assim que desceu na pista e tentou manobrar o avião e fugir, mas foi impedido pelos militares.

Dentro da aeronave estavam cerca de 400 tijolos de pasta base de cocaína.

O piloto do avião de 33 anos e um passageiro de 45 foram presos no local.

inda segundo a PM, um carro estava nas imediações do aeroporto clandestino para fazer o transporte da cocaína, que seria desembarcada do avião e levada para o destino por via terrestre.

Viaturas do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) realizavam o cerco, mas o motorista abandonou o veículo e fugiu.

A ocorrência está em andamento e, até a publicação desta reportagem, a droga ainda não pesada e não foi divulgado o valor estimado de prejuízo ao tráfico.

Os presos e a pasta base serão encaminhadas à Polícia Federal de Araçatuba, onde o caso será investigado.

Avião saiu de MS e fez pouso em aeroporto clandestino de São PauloAvião estava carregado com cerca de 400 tijolos de pasta base de cocaína (Foto: Divulgação / Secretaria de Segurança de São Paulo)

Nova rota

Apesar de Mato Grosso do Sul ainda ser uma rota do tráfico, devido a posição de fronteira, traficantes estão criando novas rotas do tráfico de cocaína da Bolívia para países europeus, mas dessa vez, desviando o caminho tradicional.

Conforme reportagem do Correio do Estado, descobertas da polícia boliviana identificaram que a rota aérea, usando Santa Cruz de la Sierra até a Polônia, pode ser um caminho encontrado pelos criminosos para desviar da fiscalização que vem ocorrendo a partir de Corumbá, bem como em portos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Essa situação passou a ser uma linha de investigação depois que uma tonelada de cocaína foi encontrada escondida em pequenas porções de amêndoas, que seriam exportadas para a Polônia por uma empresa de importação e exportação chamada Adonai.

Entre representantes dessa empresa está, inclusive, uma servidora municipal da prefeitura de Santa Cruz de la Sierra.

Equipes da FELCN identificaram esse carregamento no dia 22 de novembro. A cocaína, que pode alcançar valor estimado no mercado ilegal na Bolívia de mais de US$ 3,3 milhões, estava camuflada em mais de 50 caixas em que estavam as amêndoas. 

A força policial que identificou o carregamento de cocaína dentro das amêndoas tem unidade instalada em Puerto Suárez, que faz fronteira com Mato Grosso do Sul, e os policiais da FELCN fizeram troca de informações para tentar identificar possíveis rotas alternativas que podem ser criadas.

Do lado brasileiro, as forças de segurança em Corumbá já identificaram diferentes recursos que traficantes tentaram utilizar. 

Houve apreensão de 3,3 kg de cocaína em palmilha de tênis, em outubro, na Nova Corumbá, e outros 4,6 kg com três pessoas, também na palmilha de tênis, em agosto, no posto de fiscalização Lampião Aceso, na BR-262. 

Em maio, 6,5 kg foram localizados dentro de caixas de suco na BR-262, em ônibus de viagem interestadual. Ano passado, 13 kg de cloridrato de cocaína foram encontrados diluídos em cosméticos e foram descobertos pela Receita Federal, no Posto Esdras, com uma mulher equatoriana.

Conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp), entre janeiro e novembro deste ano, a apreensão de drogas foi recorde e aumentou em 30% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram interceptados 525.163,6 kg de droga em 2024, contra 403.540,8 em 2023.

Com relação à cocaína, houve a apreensão de 11.623,1 kg. A maconha foi a droga mais interceptada, com 499,76 toneladas. 

Trabalho

Falta de funcionários leva empresária a "arregaçar as mangas"

Precisando recomeçar a vida e sem trabalhadores, uma mulher teve que ir a campo para fazer instalações de segurança em Campo Grande

16/12/2024 17h47

Arquivo Pessoal

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A empresária Juliana Miranda de Oliveira, de 40 anos, proprietária de uma empresa de segurança, ao se deparar com a falta de mão de obra qualificada, não perdeu tempo e foi a campo para atender sua clientela.

Após o divórcio, Juliana contou ao Correio do Estado que precisou recomeçar a vida e decidiu entrar para o ramo de segurança, atuando com a instalação de cercas elétricas, câmeras e concertinas.

Como sempre teve facilidade com vendas, inicialmente entrava em contato com os clientes, negociava pacotes e enviava funcionários terceirizados para realizar as instalações.

No início, a empresária relata que tudo correu muito bem e havia bastante serviço. Entretanto, os funcionários começaram a deixar a desejar no atendimento de qualidade.

“Comecei a procurar mão de obra, mas estava muito difícil. Foi quando contratei um rapaz e comecei a acompanhá-lo, aprendendo no dia a dia”, explicou a empresária.

Foi ‘como andar de bicicleta’: quando se deu conta, já estava realizando o serviço e auxiliando nas instalações para que ficassem prontas antes do tempo previsto — um aprendizado que, como ela mesma definiu, aconteceu “no dia a dia”.

A empresa trabalha com a instalação de concertinas, cercas elétricas, travas de motor, interfones, câmeras, entre outros.

Mulher no batente


Juliana relatou que, por ser mulher, já se deparou com olhares de desconfiança dos clientes — uma percepção que muda quando ela tira a escada, estica a cerca elétrica e entrega o serviço.

“Quando é o primeiro contato, eu sinto essa desconfiança. Teve um parceiro que trabalha com toldos que me contou que tentou passar meu contato para um trabalho, mas a cliente questionou o fato de eu ser mulher e preferiu não aceitar a indicação.”

No entanto, apesar da desconfiança inicial, no final, quando tudo está instalado e funcionando perfeitamente - já que Juliana é detalhista quanto à estética -, os elogios sempre ocorrem.

Arquivo Pessoal

Confiança


Por outro lado, enquanto enfrenta um pouco de desconfiança, Juliana percebe que, quando visita a casa de outras mulheres, as clientes ficam mais à vontade com sua presença.

“Gosto muito da minha profissão. Inclusive, tenho orgulho de entregar um serviço bem feito e de qualidade. Geralmente, peço para o cliente conferir. Se precisar de retorno, não tenho esse problema. Me sinto orgulhosa do meu trabalho.”

A única coisa que a incomoda é o calor escaldante ao qual fica exposta. Porém, no geral, ela relatou que a sensação de utilidade ao entregar uma obra compensa todo o resto.

Coração


O “nascer” da empresa veio do coração de Juliana, que pesquisou o nome de uma estrela e escolheu Alpha Tauri, a estrela mais brilhante de uma constelação. Assim, surgiu a Alpha Tauri Segurança.

Dizem que o fruto não cai longe do pé, e esse é o caso de Juliana. Filha de um mestre de obras, ela sempre observou o pai construindo. Mesmo quando era casada, resolvia sozinha os problemas de casa, sem esperar por ninguém.

Posteriormente, Juliana fez alguns cursos e se dedicou à observação. Após 13 anos cuidando da casa, sem necessidade de trabalhar, começou como motorista de aplicativo e, agora, possui uma empresa consolidada há seis anos.

Caso alguém questione a capacidade de Juliana, uma das maiores obras que ela relata ter realizado foi a instalação de cerca elétrica e alarmes em um condomínio de mais de 400 metros lineares, além da instalação de concertinas na Fiocruz, entre outros projetos.

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